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História Grávida do inimigo do meu pai - Angel Eyes.


Escrita por: LittlePenguim23

Notas do Autor


Olá mozisss, como estão? Olha só quem voltouuuu!! Antes de tudo, queria agradecer por todos favoritos e comentários, eu estou tão feliz que vocês nem imaginam!

Não sei se já disse em alguma nota que iria mudar muita coisa na fanfic, se não disse, irei mudar, e, bem, esse capítulo é uma delas! Espero que gostem, foi bastante difícil de escrever porque eu não sabia como juntar tudo, estou tentando fazer capítulos menores e não sei se tá dando muito certo, de qualquer forma, é isso! Ah, feliz dia dos pais para os papais, mamães, ou qualquer pessoa que tenha assumido a figura paterna na sua vida, conhecidentemente estou postando o capítulo nessa data, haha! Espero que gostem, relevem qualquer erro, tá? Boa leitura!

Capítulo 9 - Angel Eyes.


Seus olhos, eles brilham tanto

Quero guardar a luz deles

Não posso fugir agora

A menos que você me mostre como — Demons, Imagine Dragons.

 

Atlanta, Geórgia.

Estados Unidos.

 

•┄┄┄┄┄────•
Justin Bieber Point Of View 
•┄┄┄┄┄────•

 

— O homem é o animal mais difícil de eliminar. Se ele escapar, ele voltará para te matar. — digo ao morder um pedaço da rosquinha, o olhar confuso de Christian pesa sobre mim no instante que Ryan segue até o alvo preso na parede, ele já havia jogado todos os dardos.

— Então isso quer dizer que você matou ele? — Chaz que até então estava concentrado em seu notebook é direto ao me questionar sobre Alexander Accardo. Bebo um pouco do café antes de reprimir os lábios e fazer um barulho com a boca para o responder.

— Sim, eu mandei matar o filho da puta do Accardo. Estou feliz do que fiz. 

— Nós estávamos em parceria com ele, cara. Tem certeza que fez o certo? — Ryan comenta, não havia desaprovação em seu tom mas estava visível que ele sabia que esse ato nos renderia novos problemas. 

— Eu nunca matei ninguém que já não merecesse morrer. — sou sincero e vejo o loiro rir pelo nariz, Christian entorta os lábios. 

— E como dirá isso para os outros? — Christian pergunta e eu faço um bico antes de dar de ombros e relaxar na cadeira.

— Minha palavra é a melhor coisa que tenho a oferecer. — sorrio divertido, a risada de Chaz é o que ganha a nossa atenção seguidamente, para mim, esse já era um assunto finalizado. 

— Diga que não foi nada pessoal, apenas negócios. — Chaz faz referência a algo que o filho da puta havia usado como desculpa a um tempo, foi inevitável não gargalhar disso. Nós quatro estávamos em um dos galpões na cidade, ele fica próximo à fronteira que ligava Geórgia ao Alabama. Novamente nos deixamos levar por assuntos aleatórios que antecediam o trabalho, são oito da manhã e ninguém pensa direito nesse horário. 

— Iker tá se saindo bem com a gente. — Christian comenta e eu concordo com a cabeça. 

— Ele está fazendo ótimos negócios com a carga que você trouxe, além do que, ele foi foda na Venezuela. — Ryan diz e eu volto a beber o café, concordo com tudo. Esses meses foram corridos e obviamente soubemos como juntar tudo, consegui trazer uma carga extensa de metanfetamina do continente asiático, nesse mesmo período Ryan e Iker viajaram para Venezuela em busca de novos contratos com produtores de cocaína. 

— O cara trabalha bem, o que fode é a mulher dele, pé no saco do caralho. 

— Nem me fale sobre mulher. — Christian diz e então nós rimos, pelo que entendi ele e Lua estão em crise no relacionamento. 

— Ei bro, tá ligado no filho da puta que subiu agora no subúrbio? — Chaz muda de assunto ao falar diretamente com Ryan que continuava brincando com dardos. — tá com a língua muito solta. — finaliza, eu havia voltado a comer as porcarias em cima da minha mesa, estou cansado pra caralho e não sei quando terei tempo para comer de novo, o dia tá corrido. Não demora para que entrem em um assunto a respeito do cara, suspiro pesadamente tentando não me envolver, depois de tantas coisas nesses últimos dias estou me abstendo de assuntos irrelevantes, descobrir quem matou o meu pai e tá rondando a minha gente tem sido o meu alvo. Depois da morte de Jeremy, a quase dois meses, estamos trabalhando feito loucos. Os últimos dias ganharam nossa atenção de maneira surreal, as merdas parecem ter se juntado e feito um acordo para acontecerem de uma única vez.

— Tudo bem, esse realmente é um assunto relevante mas temos que adiantar por aqui. — digo ao deixar o doce que eu comia na sacola de papel, logo minha atenção passa para o celular que agora tocava, o mesmo estava na mesa a minha frente, faço uma breve careta mas logo solto outra risada ao pegar o aparelho e o virar para os caras, Lua estava me ligando. A morena tem essa mania estranha de nos ligar para ter certeza do paradeiro de Christian, não é como se isso fosse legal mas é a forma que ela lida com a preocupação e considerando o fato de que o celular de Chris descarregou a um bom tempo não duvido que ela esteja pirando. 

— Atende. — Christian exaspera e logo solto outra risada descontraída, eu e os garotos ficamos enrolando e brincando até que a ligação caia, novamente ela me liga e então eu atendo. Lua está com Emma e as crianças em uma fazenda que temos em uma área afastada do centro de Atlanta, elas foram para lá no início da semana, acreditávamos que precisavam se distrair e aquele local além de ser extremamente grande, é seguro. 

Assim que voltei da França, segui viagem para Bangkok, o funeral do meu pai seria na capital tailandesa já que lá, além de ter sido o local de sua morte, estava sendo o seu exílio. Jeremy Bieber havia sido descoberto e morto, esse fato não se apaga da minha mente, preciso vingar o filho da puta. Lembro com clareza de seu corpo totalmente carbonizado, a morte do homem fez justiça a sua vida e foi completamente suja, acredito que ao menos com isso ele tenha estado satisfeito, foi algo digno para o grande Jeremy. De qualquer forma, ando ocupado com a segurança dos meus dois irmãos mais novos, não tinha convivência com ambos mas acabei os encontrando lá com a até então, mulher de Jeremy. Eles continuam morando na Ásia por ser o mais seguro. Nesse meio tempo o condomínio de Christian foi invadido e por isso Lua passou um tempo em minha casa, diria que Christian também mas tanto eu quanto ele não sabemos mais o que isso significa, tudo tem sido muito puxado.

— Você sabe que me ligar e eu te dizer onde ele está não significa que ele esteja vivo ou que não esteja te traindo, certo? — digo e então desvio quando Christian joga um caderno em minha direção, novamente solto uma risada ao o ouvir gritar que o celular havia descarregado e outras coisas para que a mulher do outro lado da linha escute. 

— Tudo bem, calem a boca. — Lua fala irritada. — Porra Justin, mande calarem a boca. — continua, eu não sigo a sua “ordem” e continuo brincando até que a mesma grite, após isso relaxo na poltrona e pendo o rosto para o lado esperando que ela continue. 

— Está ocupado? — questiona. 

— Pra caralho, e só pra constar: você está me fazendo perder tempo. 

— Droga, eu não estou com paciência pra você. Pode uma única vez adiantar nessa merda, assumir o que fez e vir para cá? Emma está entrando em trabalho de parto e precisamos que você traga algumas coisas, já ligamos para a equipe que vai cuidar dela. Pode fazer isso? — diz de maneira rápida, eu podia ouvir a voz de Ethan e Elena ao fundo, entre abro os lábios e em seguida os reprimo de forma rápida. Além delas acredito que apenas Bree esteja na casa.

— Porra, Lua.

— Você entendeu Bieber? — fico em silêncio.

— Sei que sim, irei ver como Emma está, venha logo e por favor, traga um dos panacas com você, de preferência Christian. Preciso que alguém fique com as crianças, não sei como faremos isso com eles aqui. — diz de maneira rápida e logo resmunga algo para, creio eu, Elena. Reprimo brevemente os lábios e troco poucas palavras com a mesma antes de desligar o celular, honestamente eu estou perplexo, minha filha irá nascer?

— O que ela queria? — Ryan pergunta ao jogar mais um dardo no alvo, Christian havia saído do galpão para fazer sabe se lá o que, acabo franzindo a testa ao encarar o loiro em pé a minha frente, eu estou completamente inerte e confuso, lentamente coloco meu celular na mesa. 

— Ela... — pauso ao passar a mão no rosto e bagunçar o cabelo, além de ter muitas coisas para fazer hoje eu realmente estou perplexo. Não faço ideia de como irei para lá, tenho compromissos durante o dia todo, além do que, Emma já havia comentado algo sobre o estilo de parto que teria e eu realmente não quero participar disso. 

— Emma está tendo a menina. — digo e o olhar de Chaz logo se volta para mim, Ryan me encara quase que em pânico, o que eu faria? 

— Ela está parindo? Porra, Bieber. — Chaz fala animado e eu o olho de maneira rápida, é como se eu estivesse sob o efeito da maconha ou de algum analgésico forte, estou inerte a isso. 

— Caralho, dude! Você será pai, porra. — é a vez de Ryan falar, droga, eu serei pai. 

Porra, eu terei uma filha. 

Alguém irá me chamar de papai e não será no sexo, isso é estranho.

— Parabéns, cara! — Chaz comemora e eu pisco algumas vezes ao balançar a cabeça positivamente. 

A mãe da minha filha é filha do meu inimigo. 

Eu serei pai. 

Pai. Caralho.

— O que ela queria? — Christian pergunta ao novamente voltar, provavelmente havia ido lá fora para mijar. 

— Avalon tá nascendo, cara. — Ryan avisa animado e Christian logo me olha entusiasmado, o que eu estou fazendo aqui? Inferno. 

— Você irá entrar pro time, bro. — Chris fala rindo e eu continuo com a feição fechada, ainda não pude associar as informações, hoje eu estarei entrando no pior estado de vulnerabilidade de um criminoso.

Minha cabeça vai explodir.

Porra. 

— Só... — dou uma pausa após negar com a cabeça. — Só vamos terminar com essa merda. — digo ao me referir ao trabalho, eles dão de ombros mesmo que ainda sim escolham abrir a boca para me fazer algumas perguntas e comemorar em certo ponto. Eu estou perdido e não sei o que pensar, eu não quero isso. Não quero essa responsabilidade. Caralho, pela primeira vez me arrependo da minha inconsequência, como deixei isso acontecer? 

Como terei uma filha nessas condições? Como montarei uma família com o sangue inimigo? Desde que vi Emma a primeira vez deduzi que ela seria a “presa”, afinal, era tão vulnerável quanto uma, mas agora, analisando a nossa vida deduzo que a mesma também tem potencial para ser o lobo da história, a sua postura em não desistir da gravidez nos encurralou de grande forma, talvez eu devesse ter acabado com ela quando tive tempo, hoje é tarde, hoje eu não tenho como fugir. A partir de um erro nosso estamos entrando na pior merda e nos dando o maior luxo das nossas vidas: o de continuar o legado. 

Se tudo der certo, os Bieber tem um herdeiro. Se tudo der certo, os Cooper também. Ter engravidado a filha do meu inimigo não foi algo esperto, acreditar que me importarei e colocarei parte dos meus sentimentos nisso também não será positivo, nada mais faz sentido e tudo que consigo pensar agora é que vou ser pai e não estou nem perto da casa dos trinta, que caralho. 

[...]

— Nasceu? — questiono Luanna no instante que vejo o seu rosto impaciente e fechado, são quase sete da noite, estive adiantando algumas coisas até vir para cá, de qualquer forma a última coisa que eu iria querer ver seria alguém tendo um filho. A morena a minha frente logo pega uma das bolsas que eu segurava e no instante que abre os lábios um grito ecoa pelo cômodo, ela sorri erguendo o dedo indicador. 

— Isso te responde? — pergunta e eu arregalo os olhos pronto para me virar e sair daqui. 

— O bebê, tio. — Ethan conclui após se embolar com diversas palavras, concordo com a cabeça para o garotinho assustado entre as minhas pernas, o olhar irritado de Lua queimando sobre mim é um inferno. 

— Nem pense que irá fugir. — ela diz e eu entorto os lábios, nos conhecemos desde a infância/pré-adolescência, o jeito mandão da esposa de Christian continua o mesmo. 

— Lua eu... 

— Olhe aqui, seu desgraçado. — após me cortar ela aponta o dedo em meu rosto mas logo desce o olhar para Ethan. — Sim, querido. Essa palavra é feia. — amolece a voz e o olhar mas logo os ergue para mim. 

— Eu estou o dia todo tendo que explicar para crianças de dois anos o porquê dela estar sentindo dor. — seu tom de voz era baixo porém ameaçador, como Christian mora com essa bruxa?

— Vendo a minha amiga que mais parece um bebê sofrendo para ter um bebê. — continua.

— E sentindo muita raiva do cretino do seu amigo, depois de você ter passado várias horas para chegar aqui com a droga de duas bolsas e não ter trago nenhum dos imbecis com você não pense que irá sair porquê simplesmente não quer ver a merda de um parto, você... 

— Cala a porra da boca, Luanna. — a corto e então deixo a bolsa que eu segurava jogada no sofá. 

— Só cala a droga da boca. — volto a repetir e então me viro para ir até o corredor, ela sorri convencida e eu quase a mando ir para o inferno. 

— Ela está no terceiro quarto. — diz antes que eu pergunte e então eu sigo para lá, com as mãos geladas enquanto a escuto resmungar em alto tom, eu não queria ou deveria estar aqui. A última coisa que Emma gostaria de ver no mundo seria o meu rosto e convenhamos: eu não estou nada ansioso para presenciar um parto. 

Entre abro os lábios ao tentar focar nos quadros das paredes, a decoração desse lugar é repleta de ostentação, muitas das festas particulares que fizemos foi aqui, distante de tudo. Eu tinha imagem distorcidas e algumas explícitas de diversos momentos nesse local, seja trabalhando, me drogando ou fodendo, esse lugar me rendeu história e nenhuma que a minha filha precise saber. Eu não estou preparado para isso, eu não sou um bom exemplo. Respiro fundo ao deixar minhas mãos no bolso no instante que me vejo na porta do quarto que ela está, por ser o mais espaçoso ele não tinha dono, quem chegasse primeiro ficava, droga, já fiz tanta merda nesse cômodo. Reprimo brevemente os lábios ao ouvir os murmúrios de lá de dentro, a fala de Lua também era escutada por mim, provavelmente está falando com Christian no telefone, o que estou fazendo aqui? Engulo brevemente a seco enquanto permaneço olhando para a porta amadeirada, o que mudaria a partir de hoje?

Jeremy Bieber não foi um bom pai, eu se quer o consideraria um porém ele fez algo que se encaixa nos padrões da paternidade: me ensinou o que sabia. Jeremy me ensinou e me mostrou tudo que conhecia e apesar de ser um egoísta do caralho sempre me disse algo: “você será melhor que eu”. Outras crianças são educadas de forma agradável e enviadas para Harvard e Yale e eu? Eu fui criado para ser um criminoso, o melhor deles. A frase dizendo que eu seria melhor ecoa em minha mente com clareza sempre que estou frente à frente com alguém que nos deve algo, alguém que atrapalha o crescimento da gangue ou simplesmente alguém que estivesse no local errado e na hora errada, Jeremy era impiedoso nesse quesito e eu sou melhor que ele, eu faria mais, meu legado será maior. Meu pai foi o pior dos homens mas ainda sim, um grande criminoso, e o que eu faria agora? Como iria lidar com isso? Em relação à vida, costumes e trabalho, eu havia aprendido, mas o que me resta se tratando de ser pai? Eu não poderei falhar.

Encosto a testa na porta ciente de que a partir de hoje eu estava completamente exposto a mais um problema, eu poderia decepcionar a pouca memória do garotinho que um dia eu já fui e não sei se consigo lidar com isso ou com todo esse dilema, é tudo mais complexo do que eu de fato queria e eu sei que não é o meu desejo errar com ela, depois de tantas desconfianças, tantos pensamentos e discórdias em relação a Emma eu finalmente havia aceitado a ideia de que ela carregava algo meu e eu não posso falhar com isso. Eu não posso falhar com o que há de esperançoso no meu mundo, eu não suportaria errar com a minha filha que se quer nasceu e ter isso em mente agora me abala de forma profunda. Ele me criou para dor, eu não posso ter uma fraqueza. 

Minutos se passam e eu continuo estático, a ouço conversar e ser aconselhada no quarto, vozes femininas a incentivavam e até brincavam com a mesma, eu sabia que as pessoas ali estavam a envolvendo em um ambiente tranquilo mas o que aconteceria quando eu entrasse? Não queria que ela escolhesse esse tipo de parto mas não opinei porque em partes é melhor ela ter em casa do que em um hospital, mas qual a segurança disso? Suspiro pesadamente quando ela grita outra vez, acredito que o tempo quieta tenha sido a interrupção de uma contração para outra, vamos lá Bieber, seja homem e entre na porra do quarto. Reprimo os lábios ouvindo a sua agonia e os incentivos das outras, me mantive dessa forma até que minha atenção seja roubada para Elena que entrava saltitante no corredor, talvez já tenha se acostumado com o barulho. A olho e logo a vejo parar e sair correndo de volta para sala, solto um riso nasal, como seria minha relação com minha filha? Digo, não tenho tanta experiência com crianças e não acho que eu leve jeito para isso, por que diabos estou me preocupando tanto e estou tão nervoso? É como se realmente fosse importante e... Droga, isso é importante! Novamente alguns minutos se passam, eu não estava contando mas entendia que já se fazia um bom tempo que eu estava em pé e só quando tudo novamente está em silêncio eu decido bater e abrir a porta do quarto, por que eu precisava participar disso? 

— Oh, você é o pai? — a mulher vestida de rosa ao lado de Emma que por sinal estava acocorada no chão é a primeira a se dirigir a mim, a mãe da minha filha tinha uma feição exausta. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e tudo que ela usava era um top, eu nunca estive tão desconfortável em estar vendo uma mulher semi nua. Concordo com a cabeça ao fechar a porta atrás de mim, ela sorri de forma doce. 

— Então era você que ela estava esperando, agora Avalon vem. — ela brinca com Emma que tenta soltar um sorriso, ela visivelmente está acabada. Umedeço os lábios ao visualizar o espaço e além da mulher de cerca de trinta e poucos anos vestida de rosa, Bree, outra médica e uma amiga de Lua também estão no cômodo. A amiga de Luanna está aqui para fotografar e gravar tudo. 

— Você está atrasado, garanhão. — a mulher de rosa sibila para mim ao se afastar de Emma e seguir em minha direção, acredito que seja uma enfermeira. Me mantive quieto, estou mais perdido que cego em tiroteio, isso é quase trágico. Poucos segundos se passam até que eu pare o olhar em Bree, a empregada que Emma estreitou os laços de amizade, a mesma logo sibila um “vá logo para lá”, Emma estava tentando normalizar a respiração e se mantinha na mesma posição, engulo a seco, estar no meio de tantas mulheres também nunca foi tão desconfortável assim, esse dia está completamente estranho. 

— Você está bem? — questiono ao chegar ao seu lado e lhe ajudar a ficar de pé, ela tenta assentir mas logo se apoia em mim e me pede ajuda para sentar, faço isso e fico ao seu lado na cama, eu não sei muito desse tipo de parto mas pelo que entendi ele é voltado para a naturalidade das coisas, a intenção é que Emma faça isso, a médica e a enfermeira estão aqui para a auxiliar, mas o trabalho é dela. 

— Nunca senti tanta raiva de você quanto hoje. — comenta ao apoiar sua mão em minha coxa, eu puxava uma espécie de travesseiro para perto dela, ele era em um formato triangular e lhe serviria de apoio, solto um riso nasal. 

— Devia ter escolhido fazer a cirurgia. — digo enquanto a ajudo a se posicionar ali, meu olhar logo se desvia para a médica de rosa que nega freneticamente com a mão, merda, é claro que eu precisaria a apoiar. Pigarreio interrompendo a grávida em sua fala. 

— Mas tudo bem, será saudável para ela nascer aqui. — é o máximo de apoio que consigo dar, estou desconfortável. Emma concorda com a cabeça e apoia seus pés na cama de modo que suas pernas ficassem abertas em direção à parede, eu não tinha ideia de quanto tempo levaria até a próxima contração ou até que Avalon nascesse. 

— Hm, vai demorar muito? 

— O corpo dela está reagindo muito bem, não falta muita coisa para que a dilatação seja total. A qualquer momento a garotinha de vocês pode chegar. — a outra médica responde minha dúvida, umedeço os lábios concordando. 

— Acho que aquelas escadas estão fazendo efeito agora. — Emma brinca ao direcionar o olhar para Bree e eu não entendo nada, alguns segundos se passam até que ela se sobressalte ao meu lado e leve a mão até a barriga, logo começou a choramingar. 

— O que... Droga, você precisa de ajuda? — questiono nervoso ao levar minha mão as suas costas, a mesma solta um grunhido quando finca as unhas em minha coxa. Por que essas filhas da puta não estão vindo ajudar ela? 

— Me coloca no chão. — pede ao apertar os lábios e fazer uma careta por conta da dor, rapidamente lhe dou apoio e a coloco da forma que estava antes, Emma se contorcia ao grunhir, eu não quero ficar aqui, que caralho. 

— Porra, vocês não vão fazer nada? — digo irritado ao me sentar na beirada da cama atrás de Emma, ela apoiou seus braços em minha coxa ao pender o rosto para o lado e soltar um murmúrio desconexo sobre o quanto estava doendo. Se uma daquelas desgraçadas disse algo, eu não ouvi.

— Eu não vou conseguir. — diz quando apoia o rosto em minha coxa, engulo a seco tentando a deixar confortável, o chão está repleto de almofadas. 

— Claro que vai. — digo, eu duvidava disso mas de qualquer forma entendo que preciso a ajudar em algo, não faz sentido algum uma criança sair de dentro dela.

— Você está sendo forte. — repito ao abaixar o rosto e o apoiar em seu cabelo, ela aperta minha pele ao resmungar baixo, não consigo imaginar qual a sensação, expelir algo que por hora faz parte de você deve ser completamente doloroso e eu estou lutando contra tudo que sou para permanecer aqui vendo isso. Apoio brevemente o meu rosto no seu mas logo endireito a minha postura e olho para as mulheres ali “ela não vai conseguir, porra” é o que escapa dos meus lábios quando os entre abro para sibilar a frase, Emma não parece que terá força para isso. A médica ri ao negar com a cabeça e após alguns minutos de tortura com ela apertando minha pele e grunhido coisas desconexas tudo passa e ela volta a conversar de forma normal, parto é coisa de gente maluca, eu não posso continuar aqui, estou ficando estressado e nervoso. Me mantive quieto mesmo que comentando uma coisa ou outra enquanto ela continuava no chão apoiada em minhas coxas, não vi Emma muitas vezes depois da viagem a França. 

— Tudo bem, vamos voltar para a banheira. — a médica fala e eu deduzo que seja a jacuzzi no banheiro do quarto, eu com certeza perderei todo espírito para fazer festas nesse local, Emma com esse parto está manchando toda a imagem de putaria que eu tinha dessa casa. Novamente a ajudo a se levantar, Bree saiu do quarto e uma das médicas também, a outra seguiu para o banheiro. 

— Não sai daqui, por favor. — Emma pede quando se apoia em mim ao ficar de pé, engulo a seco, não quero a ver dessa forma, é traumatizante. A mesma sustenta o olhar no meu e eu consigo ver seu nariz se avermelhar a medida que seus olhos marejam, ela tinha dito que estava emotiva. Entorto os lábios. 

— Você não participou de nada, mas por favor, não me deixa sozinha agora. — volta a pedir e por ter certeza de que de fato não participei de nada concordo com a cabeça, não sei a razão para ela me querer aqui, mas não irei a deixar agora, talvez por pena, preocupação, eu não sei, mas ficarei aqui. Emma é um tanto medrosa, já reparei que só dorme com a luz ligada e que não gosta de ouvir e participar da vida criminal, acredito que seja a forma que ela se protege e ao a ouvir dizer algumas vezes que não iria conseguir entendo que esse pedido foi a forma que ela encontrou de tentar achar em mim um homem que se preocupa e que está disposto a cuidar e proteger a filha, espero não falhar com suas expectativas. Minutos se passam, novas contrações chegam, ela brinca, chora, come, e nada de Avalon nascer. 

— Por que está demorando tanto? Pensei que já tivesse nascido. — Ryan questiona ao morder a maçã, assim como Christian e Lua, ele está no banheiro. Chaz ainda não chegou na fazenda, ele foi buscar a minha mãe, já são nove da noite. Emma suspira pesadamente ao erguer o rosto que estava apoiado na borda da hidromassagem, as bolhas que a banheira fazia impedia que nós víssemos com clareza a nudez da garota.

— Demorei para ter dilatação. — explica, seus cabelos já estavam soltos. O banheiro é bastante espaçoso, a amiga de Luanna está grudada em nós a todo tempo, já tirou diversas fotos. 

— Passei o dia tendo contrações leves e rápidas, quando começou a ficar forte já era noite. 

— Por que não quis fazer cesárea? — questiona e eu umedeço os lábios apoiando a cabeça na parede, estou de braços cruzados. Agora, depois de algum tempo, já me adaptei ao momento. Obviamente levei uma dura da médica, eu estava deixando Emma nervosa pelo simples fato de estar nervoso, depois de as xingar por não estarem fazendo nada entendi que esse é de fato o intuito. 

— Esse não é o melhor momento para você me lembrar de outros tipos de parto. — Emma diz ao soltar uma risada fraca, inevitavelmente também rimos um pouco. Elena está no colo de Christian e Ethan está na beirada da banheira brincando com a água, estamos em um momento em família e é engraçado pensar assim, mas é tão real. 

Eu entendo que para ela esse talvez não fosse o melhor momento para tudo que anda acontecendo, mas em certos pontos me sinto abençoado por esse erro meu ter nos proporcionado isso, ela se adaptou a eles e todos se adaptaram e gostam dela, seria bem mais complicado caso não fosse assim. No intervalo de uma contração para outra acabamos conversando mais, brincamos ao tirar algumas fotos engraçadas e obviamente levamos reclamação, estou começando a entender que esse momento de fato está sendo saudável. Ryan declarou o seu luto antes de sair do banheiro, segundo ele, depois do que viu, não teria coragem de fazer festas aqui, estou compartilhando do mesmo sentimento e isso é estranho. Na verdade, tudo é muito estranho, afinal, minha filha é filha da filha do meu inimigo, tudo bem, isso não podia ser melhor. 

A cada resmungo, relutância, murmúrio de dor, gritos e choro, nada mais vem a minha cabeça se não a certeza: eu vou ser pai e a mãe da minha filha é incrivelmente forte. 

Novamente algum tempo de contrações e desespero se passam, Tiana, amiga de Lua, pede para que eu também entre na banheira para que ela fizesse algumas fotos, eu relutaria mas sabia que entre tanta dor física Emma precisava disso e por essa razão não me surpreendi quando assim que me sentei lá a mesma veio chorar em meu peito, no momento, apesar de desconfortável, me pareceu algo positivo, agora, a vendo prestes a parir, estou me vendo em uma armadilha, por que diabos entrei na água? 

— Oh meu Deus, ela está chegando, querida. — Pattie fala com os olhos cheios de lágrimas, apenas nós dois, as médicas e Tiana estávamos aqui vendo isso. Direciono o meu olhar nervoso e inquieto para Emma que estava sentada no meio das minhas pernas, a mesma estava com a cabeça deitada em meu ombro e agora trincava os dentes ao reprimir um grito, suas mãos estão entre as pernas e mesmo desse ângulo eu posso ver a cabeça da criança, a água está em uma temperatura agradável e se já não tivessem me explicado que é normal e saudável a criança nascer na água eu estaria pirando. Tudo bem, eu estou pirando. 

— Tá doendo muito. — Emma diz entre o choro e essa fala antecede o grito, as médicas as incentivavam e eu estou tentando me concentrar em tudo, menos no quanto estou nervoso e no quanto quero fugir desse local, eu realmente serei pai. 

— Ela está quase chegando, vamos. — murmuro encostando minha bochecha em sua cabeça e logo me afasto com sua inquietação, vez ou outra eu parava o olhar em minha mãe e por trás de toda a ansiedade e lágrimas, eu sabia que depois de muito tempo ela está sentindo orgulho de algo relacionado a mim. Até então Pattie era a única pessoa que eu temia decepcionar, depois de fazer isso tantas vezes acabei me adaptando ao comodismo, hoje, agora, me vejo completamente perto de ter outra pessoa com quem me preocupar, minha filha, minha esperança, ela está chegando. 

— Você é forte. — é a última coisa que digo para a mulher que se contorcia e depois de mais um grito vindo dela, o desespero para colocar a criança em seu peito é tudo que vejo. O choro de Avalon ocupou todo o local, eu não sabia para quem olhar ou o que fazer quando percebo que a pequena criaturinha já estava deitada sobre o peito de Emma que agora ria e chorava, eu não sei o que sentir, não sei o que fazer ou dizer. 

— Oi filha, oi meu amor. — a voz chorosa e embolada de Emma ecoa pelo local enquanto o choro de Avalon ainda se mantém presente, depois dos olhos esbugalhados e da completa vontade de fugir me vejo tendo outra reação no momento que um sorriso largo e emocionado escapa, agora é oficial: eu sou pai. 

[...]

— Pensei que tivesse nos abandonado. — Emma brinca quando me vê entrar no quarto, depois que Avalon nasceu e nós saímos da banheira, quase não pude ficar perto das duas. Todos que estavam aqui prestigiando o momento avançaram de forma rápida na nova novidade, minha garotinha. Sorri fracamente me aproximando da cama em que ela estava sentada, diversos travesseiros estavam em suas costas e agora Avalon estava quietinha em seu colo, já é madrugada. 

— Eu tentei fugir, a enfermeira de rosa não deixou. — respondo ao tentar soar de forma séria, de qualquer forma nós dois rimos, eu não conseguia a chamar por outro nome se não “a de rosa”, ela me deu uns esporros quando eu reclamei porque a mesma estava parada enquanto Emma morria de dor. 

— Então veio aqui para sair pela janela? — comenta ainda em tom humorado e eu sorrio ao me acomodar ao seu lado na cama, não parece que a algumas horas atrás ela se contorcia, concordo com a cabeça e alargo o sorriso quando vejo o seu, instantaneamente repouso o olhar na bebê em seu colo, Avalon é linda. 

— Ela é chorona como você. — comento após algum tempo em silêncio, a garotinha estava usando branco e tinha as mãozinhas próximas ao rosto, Emma ri, em poucas horas de vida Avalon já chorou bastante. 

— E resmunga como o pai. — complementa e eu entorto os lábios mesmo que ainda estivesse sorrindo, esse parto, de certa forma, me renovou. Eu me importo com a coisinha pequena nos braços de Emma. 

— Você fez um ótimo trabalho. — sou sincero ao erguer os olhos para os dela, um sorriso fraco ganha espaço em seus lábios no instante que assente com a cabeça. Emma não é tão frágil como eu pensava, ela conseguiu e foi extremamente forte para uma garota de dezessete anos. Me sinto confortado em saber que Avalon a tem como mãe, agora, mais do que nunca, sinto que nós dois iremos entrar no caminho certo para a proteger. 

— Obrigada. — diz ao umedecer os lábios e sorrir de forma fraca, novamente volto a encarar Avalon e seus pequenos detalhes, tudo nela é pequeno e isso é tão bonito. Minha mãe surtou em lágrimas e em felicidade ao ver a netinha, toda dúvida que eu tinha em relação à paternidade realmente se esvaiu, mesmo sendo recém nascida e tendo um rostinho de joelho, seus traços lembram os meus.

— Pode pegar ela? Acho que estou começando a ficar com câimbra — Emma diz e eu concordo com a cabeça, ainda me sinto receoso mas já a peguei antes, inclusive, quem cortou o cordão umbilical foi eu. O primeiro bebê que eu peguei no colo foi a minha filha, e eu não a quebrei, isso me surpreendeu. Não posso negar que tudo relacionado ao parto foi extremamente intenso, eu a apoiei como nunca pensei que pudesse fazer, parecíamos um casal imaturo e desesperado com o primeiro filho, eu estou feliz com isso. 

— Cuidado com a cabeça. — me alerta e eu assinto enquanto acomodo a nossa garotinha em meus braços, sorrio fracamente vendo um biquinho se formar nos lábios da bebê, logo endireito minha postura e coloco as pernas em cima da cama ficando mais confortável.

— Onde todos estão? — ela pergunta ao se mexer um pouco e encostar o rosto em meu ombro para admirar Avalon. 

— Uns dormindo, outros comendo, não sei. — digo e então ficamos em silêncio por algum tempo, nossa respiração era tudo que se podia ouvir no quarto, nós dois parecíamos uns idiotas. Nossa filha foi capaz de nos apaziguar, ela é incrível. 

— Acha que seremos bons pais? 

— Não, e você? — digo de forma sincera e rápida ao direcionar o olhar para ela, a mesma ri fazendo uma careta. 

— Eu vou tentar. — diz entre o riso cansado, sorrio e novamente a sinto deitar a cabeça em meu ombro. 

— Prometa que nunca irá a decepcionar. — pede enquanto acaricia a perninha coberta de Avalon, pisco algumas vezes analisando o rosto da minha filha, eu nunca faria isso com ela. 

— Prometo. 

— Ela é linda. — Emma diz após algum tempo. — minha pequena esperança. — finaliza e eu sorrio me deixando levar pelo momento repleto de paz, é como se agora nada mais importasse. Dane-se o crime, as putas, festas e minhas mágoas, eu tenho algo mais valioso em meus braços e eu nunca irei abrir mão disso. Nunca irei abrir mão dela. 

— Você é tão pequenininha. — murmuro para a bebê que vez ou outra se mexia em meu colo, volto a sorrir. 

— Acha que... — pauso a minha frase quando viro o rosto e noto que Emma tinha os olhos fechados, ainda apoiada em mim tive a certeza que a mesma havia pegado no sono. Reprimo os lábios e logo volto a olhar a garotinha que agora tinha os olhos bem abertos. 

— A mamãe dormiu. — digo como se ela pudesse me entender, logo levanto um pouco mais o seu corpinho e encosto o rosto em sua testa podendo sentir o seu cheiro suave, inevitavelmente toco meus lábios em sua cabeça e logo a acomodo melhor em meu colo.

— Espero que você me ajude nisso de ser pai. — confesso enquanto me deixo levar por seus olhos de um anjo pequeno, oficialmente ela é a coisa mais incrível é pura que eu já vi na vida. 

— Seus olhos são tão brilhantes. — digo ao sorrir orgulhoso, eu sinto algo forte por ela, algo que nunca pensei que pudesse sentir. Gosto da forma que mesmo tendo pouco tempo de vida ela me encara como se a pureza existente em seu olhar pudesse me salvar de mim mesmo.

— Você é importante para mim, filha. — é a última coisa que digo antes da consciência me sacudir fortemente, com Avalon em meu colo e Emma dormindo ao meu lado agora consigo entender de forma clara e preocupante: essa é minha família e nada irá me impedir de cuidar das duas. 


Notas Finais


E então? O Justin deu uma melhorada, né? Me digam o que estão achando, é importante para mim saber se estou seguindo no rumo certo com GDIDMP. Enrolei muito para esse parto porque na primeira vez que escrevi a fanfic fiz tudo muito rápido, quis retratar um pouquinho desse tempo intenso da gravidez. Não sei ao certo quando irei atualizar mas espero que ainda essa semana, acredito que seja só isso, beijossss!!

All the love, Ray.
Xx

Trailer da fanfic: https://youtu.be/aMznYxq5Edo


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