-Lin? Angelina, minha Lin?- ele perguntou com a voz embriagada sem se soltar do abraço.
-Não, sou Monalisa! Que saudades John- disse e ele me largou um pouco pra olhar meu rosto, ele é mais alto que eu... Que merda! E ele estava... UAU! Voltei a chorar de novo.- Por quê você foi embora? Porque? Eu fiquei sozinha sem uma mulherzinha pra defender! Fiquei só, pra reconstruir a minha vida sozinha em um lugar onde existiu o nós.- Ele sorriu de canto logo após uma fungada. Estava tão lindo, tão crescido, mas tão idêntico. Posso ter ficado anos sem o ver, mas não perdi a intimidade que eu tinha, me sinto como se ontem mesmo eu tivesse o jogado na piscina durante a noite ou obrigado ele a assistir desenho comigo ou feito cócegas nele até que ficasse vermelho.
-Senhorita, quer uma água?- disse uma atendente me estendendo um copo com água.
-Obrigada!- disse e tomei um gole da mesma
-Jonathan, pode me explicar por que eu estou olhando para um clone seu, só que mulher?- perguntou a Merendeira... Ops, Merida.
Eu ri e a abraço. Até porque se não fosse ela, eu não teria reencontrado o meu irmão.
-Obrigada, Merida!- disse a abraçando na ponta do pé, ela era alta... Para a minha infelicidade era linda, ela tinha aquele rostinho angelical, ela era toda angelical! Se fosse ela ao me receber no céu alegando ser um anjo, eu iria acreditar numa boa!
-De nada, eu acho...- disse ela
-Linda, ela é minha irmã!- disse Jonathan
-QUE?- ela perguntou de olhos arregalados. Meu sorriso se desfez e lá vou eu chorar de novo.
-Merida!- disse John a repreendendo.
-Desculpa, é que eu só fiquei surpresa- sequei as lágrimas que insistiam em cair.
-Então- digo com a voz rouca por conta do choro- Prazer, Merida!
-Quero que vocês me expliquem direitinho essa historia, pensei que você era filho único- disse ela com a mão na cintura.
-Pois é, eu não sou, Amor! Eu tenho a minha irmã gêmea a Angelina!- disse John
-E a Lucy.- disse e ele assentiu depois fez careta e me olhou.
-QUE?- perguntou
-Vamos tomar um sorvete? Pelo visto, temos muito a conversar!- disse ela
Concordamos e paramos em uma sorveteria que por acaso era chinesa. A sorveteria era grande, luxuosa e o sorvete deveria ser caríssimo. E só para relembrar ela é chinesa, o que significa que o cardápio é escrito com aqueles desenhos.
-O que vocês desejam?- perguntou o cara lá.
-Eu quero esse daqui- disse apontando pro cardápio deixando-o a vista do carinha.
-Eu vou querer esse- disse John fazendo a mesma coisa que eu- E ela vai querer este!
O cara saiu em direção ao balcão.
-Vocês sabem o que pediram?- perguntou Merida
-Não!- Eu e John falamos em uníssono.
-Vocês são idênticos!- ela exclamou
-Claro, ela ta parecendo um menino- ele disse
-Melhor você parar que hoje se eu não chorar é sinal de que eu posso te matar- disse encarando o cardápio com um interesse fingido.
Ele tirou minha touca deixando meu longo, e põe longo nisso, cabelo cair pelos meus ombros até que os largos cachos chegassem a minha cintura.
-Nossa, você é linda!- Falou Merida com os olhos azuis arregalados em sinal de surpresa.
-Obrigado- disse eu e John ao mesmo tempo.
-Eu falei com ela não com você!- disse Merida ao meu irmão
-Mas nós somos gêmeos!- respondeu. Eu ri.
O cara chegou com os nossos sorvetes. O John ficou com o de menta, Merida com o de flocos e eu fiquei com uma coisa estranha que eu não fazia a mínima ideia do sabor.
-Moço, que sabor é esse?- perguntei e ele riu.
-Original da casa- ele disse com seu sotaque e eu fiz careta fazendo os dois idiotas rirem da minha cara.
O cara saiu.
-Vamos lá, coma, Angelina!- disse ela
-Vocês se merecem! – disse revirando os olhos e eles se beijaram e ficaram se beijando pela longa eternidade.- Acho que o sorvete de vocês já derreteu e meu pavio já acabou.- disse e eles partiram o beijo rindo.
-Que pavio?- ela perguntou. É loira mesmo, essa não nega!
-Eu sou uma vela, né!- respondi, ela riu e John ficou calado.
-Mas vocês não se veem a quanto tempo?- ela perguntou
-Oito anos, longos oito anos!- disse experimentando meu sorvete de cor roxa. Era bom, tinha gosto de gelatina sabor frutas vermelhas.- Hm, bom!
-Por que?
-Divorcio, cada um ficou com uma guarda. Mamãe comigo e papai com John, ele o trouxe para Inglaterra e eu fiquei no Brasil. Eles me escrevem, mas eu nunca os escrevi, não tinha o endereço deles. Só que eu vim cursar dança aqui. E obrigada linda, se não fosse você, talvez, eu nunca mais o visse.- disse e percebi que já chorava um rio inteiro. Ela sorriu pra mim, mas John continuava calado. O olhei e percebi que ele chorava. Ele sempre fora sensível.
-E a mã-mãe, Lin?- perguntou ele soluçando e com a voz embriagada.
-Ela está bem, casou-se de novo!- disse e ele me olhou. É, eu estava chorando também!
-Como?- perguntou um pouco ofendido.
-Depois de um ano que vocês se foram, ela conheceu o Pedro, ele que a tirou da depressão. Logo eles começaram a namorar, se casaram e a mãe engravidou- disse e ele arregalou os olhos .
-Eu tenho um irmãozinho?- perguntou e um sorriso brotou de seus lábios. Tenho certeza, mas muita certeza que seus olhos brilharam.
- Você tem Lucy, uma irmãzinha- disse sorrindo. Eu a amava, do mesmo jeito que ela me lembrava, ela me lembrava John. Foi ai que seu sorriso aumentou e seus olhos castanhos ficaram cor de mel e isso só acontece quando estamos muito, mas muito felizes mesmo!
-Eu quero vê-la!- ele disse sem desmanchar seu lindo sorriso, que mostrava dentes brancos e ridiculamente perfeitos.
-E mamãe quer te ver!- disse
Ele sorriu mais ainda, só que seu sorriso se desmanchou e seus olhos se apagaram.
-O que foi, amor?- perguntou Merida preocupada.
-Eu não sei se a mamãe ainda me ama- ele disse me olhando
-Posso te garantir que seria o melhor presente de natal que ela ganharia- disse sorrindo e chorando. Ele sorriu e pegou na minha mão.
-Eu... Eu quero vê-las!- disse e pagou a conta.
Fomos em direção a sei lá onde, só estava os seguindo.
-Entre, Lin- ele disse abrindo a porta do carro preto para mim.
-Eu to com o meu carro, eu posso ir pegar ele e encontro vocês em frente a entrado do shopping- disse
-Nada disso! Você vai com a gente e depois você busca seu carro!- disse Mérida me empurrando para dentro do carro.
-Eu dirijo!- falei e John me olhou feio.- Você não sabe aonde é! –exclamei e ele saiu do banco do motorista bufando.
-Se acontecer algo com meu carro, juro, mas eu juro que enfio a sua cabeça no vaso sanitário.- Ameaçou e Mérida riu.
-Não se eu fizer isso com você antes, Querido Jonathan!- disse o olhando pelo retrovisor e dando um sorriso desafiador. Ele fez o mesmo! Irmãos, não importa quanto tempo passe, sempre seremos irmãos!
Dirigi o trajeto todo com o carro em silencio, mas era um silencio confortável!
-Puxa, muito obrigada Deus, esse é o melhor presente de aniversário e natal que eu poderia ganhar!- pensei
-Estamos chegando?- perguntou Merida ao meu lado, ela estava muito inquieta.
-Estamos quase lá, esta nervosa para conhecer a sogrinha?- perguntei e ela me deu um sorriso nervoso. É ela realmente está muito nervosa para conhecer a sogra!
-Eu estou mais nervoso- disse John batendo o pé.
-Acalme-se, ela sente muito a sua falta! Ela te ama mais que a si própria.- disse com um sorriso reconfortante o olhando pelo retrovisor, ele respondeu ao meu sorriso.
-Eu te amo, Lin.- ele disse
-Eu te amo, John- disse sorrindo
-Oh, que lindo!- disse Merida com uma voz melosa.- Ainda bem que eu filmei!
-Você o que?- perguntei a olhando assustada. Jonathan riu.
-Ela faz faculdade de cinema!- ele respondeu meus futuros pensamentos
-Atá!- disse prolongando o primeiro “a”- Chegamos!- exclamei estacionando o carro em frente a minha casa.
Todos descemos do carro. Entrei em casa com eles logo atrás de mim, se eu estava tensa imagine ele.
-Mãe, cheguei!- gritei
-Ela foi na padaria, já deve estar voltando!- disse Rose sem me olhar, como se eu fosse um ser insignificante. Uma lágrima escorreu, mas logo a tratei de limpar.
-Ela não tem que buscar Lucy na escola?- perguntei confusa, afinal já eram 4:30 e ela sai 4:15
-Ela não foi a escola- respondeu brevemente a Rose fitando a TV.
-UOU, quem é ele? É gatinho!- disse Annie olhando pra nós.
-Meu namorado!- respondeu Merida de cara feia.
-Ah, desculpe-me!-disse Annie e foi ai que a Rose olhou para nós e arregalou seus olhos.
-Quem são vocês?- perguntou Rose com um tom esnobe.
-Não lhe interessa!- disse ríspida e subi- Gente, venham comigo!- e eles me seguiram e John continuava calado.
-Esse é o quarto de Lucy- disse apontando para a porta que estava fechada.- Você esta bem?- perguntei olhando John. Ele assentiu.
Corri para seus braços e o abracei. Um abraço, um mero abraço era tudo que eu precisava e ele também.
-Vem!- disse e abri a porta, revelando uma pequenina criança fantasiada de princesa conversando com o ursinho de pelúcia. Seus olhos verdes brilharam assim que me viu.
-Irmã!- ela gritou e correu para me abraçar. Me agachei e abracei.
-Minha linda!- disse e me levantei com ela no colo, apesar dela ter cinco anos, aparentava três. Quem mandou ser baixinha igual a certas pessoas aqui?- Esses são meus amigos- disse e olhei para Merida que sorria escancaradamente e olhei de Merida para John... Seus olhos estavam lindos, o tom de mel perfeito, só não babava pois sua boca estava fechada.- Esse é o Jonathan, mas pode chama-lo de John- disse e ela se jogou para frente para que ele a pegasse. E assim John fez.
-Você parece com a minha irmã- ela disse e nós sorrimos- Quer ser meu irmão também?- Ela perguntou e me olhou- Pode?- Assenti. Oh, crianças...- Você quer?- ela perguntou balançando seus cachinhos, eu vi uma lagrima cair do olho de Merida que registrava tudo com sua filmadora.
-Claro, princesinha!- Ele disse
-Ei, princesinha aqui sou eu!- repreendemos eu e Merida em uníssono. Lucy cai na gargalhada, mas aquela gargalhada gostosa.
-Vem brincar com as minha bonecas- disse Lucy o puxando. Ele olhou pra mim e eu mexi os lábios em forma de “Se ferrou!”, como eu disse: Irmãos, sempre irmãos!
-Filha, vem lanchar!- disse minha mãe abrindo a porta.
Minha mãe olhou a quantidade de gente e arregalou os olhos, mas logo relaxou a face e sorriu.
-Amigos novos?- perguntou minha mãe se referindo a Merida que tinha desligado a câmera e a John que estava de costas.
-Ela é nova, agora ele... Ele é uma amizade antiga, sabe!- disse coçando a nuca e olhando para o alto evitando as lagrimas que insistiam em cair.
-Quem é? O Vinicius?- perguntou e John se virou para encara-la.- Jo-Jo-Jo-Jona-Jonathan?- ela perguntou com os olhos arregalados. Ele sorriu e ela correu para abraça-lo e eu fiquei ali, abraçada de lado com Merida e nós chorando tudo que tínhamos para chorar, ou seja, todos os oceanos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.