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História Guardiões - O dia


Escrita por: Loutte_ e likehardliquor

Capítulo 52 - O dia


03 de dezembro de 2016

Point View Of Tay

Passamos a manhã inteira preparando a cidade para o que virá depois do pôr do sol. Uma barreira esconde a floresta e vai ocultar os barulhos, impedindo-os e ir para a cidade, onde os mundanos estarão dormindo sob um feitiço de sono muito parecido com o da Bela adormecida que T-Sty e Perrie estão encarregadas de lançar. Se alguém, por alguma razão, atravessar a barreira, não vera na além das árvores, assim teremos tempo de mandar embora antes que algo aconteça. Ainda assim, alguns de nós, mais especificamente alguns dos elfos ficarão para guardar as entradas junto de Gared e Gareal. Haegar e Nymeria permaneceriam na guerra conosco, lutando com os outros elfos pela nossa causa.

A cada minuto, eu sentia a tensão aumentar. Ontem, enquanto todos nós estávamos resolvendo assuntos pendentes, impulsionados pelo presságio mais inesperado de todos, não parecia tão ruim... Talvez, a maioria de nós ainda tivesse aquela sensação que tudo isso não passa de um sonho, mas agora ficou claro que é bem real. Mais real que qualquer coisa que já enfrentamos até aqui.

As poções estão prontas, um grande estoque de poções de energia e cura instantâneas. É claro que elas não ajudam cem por cento com ferimentos profundos, mas são de uma grande ajuda até mesmo para esses, afinal, antes setenta e cinco por cento do que nada, certo?

Os conselheiros já nos disseram que estarão ao nosso lado, e agora, a todo o momento, feiticeiros chegam para nos cumprimentar e assumir uma posição em nosso grupo. Estamos em um bom número, e com certeza estaremos em vantagem quanto a isso contra os pecados... Mas os sete pecados capitais continuam sendo o maior problema. Demônios tão antigos são sempre muito fortes, e isso significa que não podemos bobear nem um só momento, se tivermos a chance, devemos matá-los. Nossas armas o fazem com maestria, mas para isso, precisaremos chegar bem perto ou usar de sua distração.

Sean e Liam parecem mais próximos, mas estranhamente, Liam ainda não chega muito perto de Melanie, quase a ignora. Niall está mais confiante, e posso dizer que Shawn parece empenhado... Harry e Perrie passaram toda a manhã com Zayn e Gigi, que por alguma razão, recebem olhares desaprovadores de Lauren. Justin e Selena finalmente assumiram um relacionamento, Louis parece confiante enquanto conversa com Chris sobre o que eles farão para comemorar essa noite. Dinah e Normani estão mais unidas do que nunca, e não desgrudaram nem um segundo sequer. T-Sty também parece confiante, apesar de estar quase pirando com o seu artefato que toda era oscila entre suas formas de anel e adaga ao comando de sua dona.

- No que tanto pensa? - Ouvi a voz serena de Sofia soar perto de meu ouvido.

Suas mãos deslizaram por meus ombros e envolveram meu colo superior em um abraço, e sua cabeça deitou sobre meu ombro com o rosto contra a pele sensível do meu pescoço. Eu sorri suavemente e levei a mão ao encontro da pele macia de seus braços, depositando em uma parte dela uma suave e serena caricia, sem desviar os olhos do cenário à minha frente.

Todos pareciam mais calmos agora, sentados por todos os lados do espaço da floresta. Os vampiros estavam se preparando em algum lugar no subterrâneo da cidade, os lobisomens estavam fazendo uma última ronda antes de apenas esperar conosco pelo momento tão aguardado.

- Em como as coisas mudaram em tão pouco tempo - lhe respondi baixo. - Até setembro nós éramos um bando de adolescentes mimados e infantis discutindo por besteiras e tentando proteger uma cidade... E agora nós somos um bando de adolescentes que amadureceram muito desde aquele mês, preparando-se para lutar contra sete dos demônios mais fortes de todo o inferno...

Ela mexeu suavemente o rosto e suspirou, fazendo meu corpo se arrepiar com o contato de sua respiração quente em minha pele.

- Está com medo? - Perguntou bem baixo.

Pensei bem sobre isso, mas então suspirei pesadamente e balancei a cabeça negativamente.

- Não estou com medo, não mais - lhe respondi no mesmo tom. - Não da guerra... Mas tenho medo de perder isso, perdê-los e... - Olhei-a de soslaio, ela agora me fitava com o rosto próximo ao meu. - Tenho medo de perder você.

Seus lábios se curvaram em um sorriso gentil. Seus braços se moveram lentamente e uma de suas mãos alcançou a minha que repousava sobre sua pele e entrelaçou os nossos dedos que se encaixam com perfeição.

- Você não vai me perder, Morgado - disse ela. - Não hoje. Não essa noite.

- Então eu ainda corro o risco de ficar sem você? - A olhei nos olhos.

Seus olhos castanhos tinham um brilho diferente agora, nada que eu tenha reparado. Ela mordeu o lábio e deu de ombros. Pareceu pensar sobre minha pergunta. Ela então beijou meus dedos cautelosamente e sorriu outra vez.

- Nós sempre corremos o risco de perder pessoas que gostamos e que queremos por perto - ela disse em um murmúrio. - É um triste e inegável fato. Mas você não vai me perder, não agora, não assim... E talvez nunca, ou talvez daqui a um ano, ou menos ou mais... - Ela suspirou e beijou meus lábios, provocando um estalo baixo com o gesto. - Mas não pense nisso agora, não pense nisso hoje, daqui a um ano ou mais ou menos. Sim? Apenas aproveite nossos momentos...

Pode parecer estranho, mas consegui compreender o que ela me disse. Tentei sorrir, afastando a ideia de perdê-la de minha cabeça. Acariciei seus dedos e então suspirei.

- É o que você faz? - Perguntei curiosa.

Ela riu baixo, e assentiu despreocupadamente.

- É exatamente o que eu faço - disse serenamente.

- Então, acho que posso fazer isso também - disse em um tom fingindo pensar.

Ela me deu um empurrãozinho e eu ri baixo, encostando minha testa na dela. Ficamos em silêncio por alguns segundos, antes de ouvirmos uma voz conhecida:

- Fizeram um bom trabalho aqui!

Point View Of T-Sty

Kit vinha na frente, caminhando com as mãos nos bolsos. Ao seu lado, Emília nos oferecia um belo e amistoso sorriso, e atrás deles, vinham os conselheiros de Lake City e outros guardiões. Todos nos oferecendo sorrisos amistosos e confiantes.

Agora eu estava arrependida de pensar mal dos meus, afinal, de repente todos os feiticeiros começaram a chegar prontos para nos ajudar nesse momento tão importante. Em breve, aquele dia que parecia tão distante e que tanto temíamos, e que vai mudar nossas vidas de uma vez por todas, chegará e nós estamos nos saindo bem. Não posso dizer que somos personificações da calma, mas com certeza posso dizer que estamos prontos para enfrentar o que virá. Não apenas pela vantagem que nossa estratégia nos deu, mas também por confiança real e não a cega que carregávamos antes disso tudo começar. Até aqui enfrentamos tantos monstros e momentos ruins, em um curto espaço de três meses e dois dias, que agora estamos sim mais fortes. Prontos para enfrentar qualquer coisa que nos desafie, e isso se aplica aos Sete Pecados.

Lauren foi a primeira a ir cumprimentar o grupo.

- É tão bom ver vocês aqui hoje! - Disse se aproximando.

- Não pensaram que deixaríamos vocês sozinhos nessa, não é? - Emília tinha um sorriso orgulhoso. - Vocês nunca estiveram sozinhos, e não seria agora que ficariam.

- E os outros feiticeiros? Já chegaram? - Simon, um dos conselheiros, perguntou.

- Sim, estão pela floresta ou pela cidade aguardando - Zayn disse o cumprimentando. - Teremos uma noite e tanto. De acordo com o feitiço que as meninas usaram para ver o estado da prisão, temos até as seis para nos preparar.

- E o que mais falta fazer? - Kit pareceu disposto.

- Nada, na verdade - Lauren respondeu. - Nós já planejamos tudo. Ally foi com Troy ver os últimos detalhes que faltavam checar.

- Troy? - Emília ergueu uma sobrancelha.

- É um dos lobos da matilha de Leigh-Anne. Eles estão juntos, na verdade, não sei direito o estado dos dois, mas é algo desse gênero - Camila disse com um sorriso divertido dançando em seus lábios. - São até fotos juntos, tirando o fato que minha irmã mal passa da cintura dele...

- Ela é muito baixa - Kit observou.

- E ele é quase um poste ambulante - Sofia acrescentou.

Alguns riram, mas meus olhos não desgrudaram de LA. Eu não gosto dele, nunca gostei para ser sincera. É um homem esquisito, com expressões e olhares que denunciam sua capacidade de fazer qualquer coisa para chegar onde quer. Pisquei parra então olhar para Harry e Zayn, que parecem tão desconfiados quanto eu, e o homem pareceu não perceber que é alvo de olhares nem tão amigáveis.

- Está tudo bem? - Sofia perguntou se aproximando um pouco mais.

Eu olhei para ela e esbocei um sorriso sutil, ignorando o lado de mim que respondia que não e lhe contava todas as minhas desconfianças sobre o homem que nós pouco conhecemos.

- Está sim - disse-lhe enfiando as mãos nos bolsos, sentindo a luva ter melhor resultado ao trabalhar junto do moletom quentinho de meu casaco. - Então, o que houve com a Tay? Ela parece preocupada, ou tensa...

- Estamos em uma guerra - Sofia disse e suspirou, desviando os olhos para a namorada que agora falava com os recém-chegados. - Mas ela vai ficar bem... Só está um pouco preocupada, como qualquer pessoa normal fica a essa altura do campeonato. E você? Por que estava olhando para o Reid?

Ela havia notado, e Sofia sempre foi confiável. Por que esconder dela?

- Eu não vou com a cara dele. Não consigo confiar nele.

- Também não sou a maior fã dele, se você quer saber... - Ela disse baixo. - Ele me parece um trapaceiro, e eu não gosto disso. E olha que raramente me engano sobre o caráter das pessoas!

- É por isso que eu gosto de você - eu disse sorrindo. - Você nunca banca a cega!

Ela sorriu, mas então as sobrancelhas se uniram e o sorriso se desfez.

- Você acha que ele pode estar do lado inimigo?

- Talvez... Depois que Demi nos trocou eu não tenho confiado muito nas pessoas. Para ser sincera, só confio em vocês e nos nossos pais - respondi. - Não me surpreenderia descobrir que ele está com os inimigos. Mas não me preocupo com o que podem dizer. Os nossos andam tão desconfiados quanto eu, então não dirão nada sobre nossas armações e números.

- Espero mesmo que esteja certa.

- Pode contar que estou. Nós vamos vencer essa guerra, Sofia. Pelos mundanos, nossos antepassados e por nós. Vamos mostrar aos pecados que eles não nos assustam, e vamos acabar com eles de uma vez por todas.

Sofia sorriu em concordância e então nós duas nos aproximamos do grupo para cumprimentar os outros guardiões e conselheiros, com sorrisos e apertos de mão, até mesmo com Reid.

- Então o que planejaram? - O próprio perguntou com um sorriso enquanto se escora em uma árvore.

Olhei para Sofia e Tay, que retribuíram o olhar desconfiado.

- Apenas lutar. Não tem mais muito que planejar - Lauren disse serena.

- Pensei que a essa altura vocês estariam apavorados - ele disse pretensioso.

- Estávamos apavorados há alguns dias, mas nós reconhecemos o nosso potencial e sabemos que podemos vencer. Então, é o que faremos - Zayn cortou. - Além disso, eles são apenas demônios metidos a Deus, com alguns traidores do código da Sociedade das Sombras, covardes o bastante para não mostrarem suas caras - provocou, e vi a expressão de Reid oscilar para algo muito parecido com fúria. - Sabe como é... Quando se tem coragem se mostra quem é, e não fica se escondendo por uma cidade esperando o momento de atacar pelas costas... Mas somos bem inteligentes. Derrubamos vários deles, e continuaremos derrubando, principalmente essa noite.

- Seus pais devem estar extremamente orgulhosos de vocês - Simon disse sorrindo largamente, nos permitindo ver toda a sinceridade em seus olhos. - Até eu estou! Foram forçados a crescer, e mesmo assim cresceram com gosto, sem perder nada de seu caráter e do aprendizado!

- Obrigado, Cowell - Zayn disse sorrindo.

O homem sorriu de volta para o rapaz e então todos nós nos ajeitamos.

- Bem, vamos ver os conselheiros? - Reid sugeriu claramente desconfortável. - Eles devem saber que já chegamos, e devemos cumprimentá-los.

- Claro - Simon respondeu sem olhar o outro. - Vamos, guardiões. Depois vocês podem voltar ou fazer o que quiserem até a hora da batalha final.

O grupo se afastou com sorrisos e acenos, e então Lauren se virou nos calcanhares. Ela tinha um olhar estranho, mas então respirou fundo e ergueu as sobrancelhas.

- Vocês viram isso? - Perguntou baixo. - Ele ficou muito desconfortável com o assunto, principalmente quando contamos vitória sobre o grupo adversário.

- É porque ele pertence ao grupo adversário, Laur - Zayn respondeu no mesmo tom baixo. - Eu duvido que ele esteja ao nosso lado, e você verá quando tudo começar e terminar.

Point View Of Austin

Dimensão dos mortos, presente.

Tamborilei os dedos sobre os lábios, fitando o movimento agitado na água. Não é segredo para ninguém que à medida que tudo isso se aproxima, eu fico cada vez mais agitado e ansioso... Não quero que meus irmãos morram, não quero que meus amigos morram... Shawn parecia desequilibrado quando foi ao meu túmulo, e isso pode lhe atrapalhar na guerra. Até onde ele conseguirá lutar e aguentar tudo em seus ombros? Até quando ele vai acreditar em si mesmo? Por que parece que ele está começando a duvidar de seu valor agora, e eu não posso fazer nada para ajudar.

Estou preso em um mundo paralelo, torcendo para que eles vençam sem poder ajudar de verdade... Sou inútil daqui, e terei de ver seus erros e acertos sem interferir. A guerra será a última batalha contra os pecados, mas e depois? Eles não terão paz, nunca. Mesmo que todo esse legado tenha sido criado para terminar quando o dia amanhecer amanhã, eles são feiticeiros e sempre estarão cara a cara com as criaturas, vivendo em duas sociedades paralelas e muito distintas. Escondendo-se em mentiras, para protegerem a si mesmos, porque os mundanos, aqueles que crescemos aprendendo a proteger com nossas vidas, destroem tudo que temem e não compreendem. Tudo aquilo que não pode ser explicado, feito por outro ou controlado é caçado e destruído.

Durante toda a história, seres da Sociedade das Sombras se encontraram sem a máscara com seres da sociedade mundana, e isso resultara em perseguição e histórias em livros e lendas muitas vezes alterados de forma abominável. Nós estamos na história do romance, como Drácula, estamos em lendas como criaturas que caminham nas noites uivando para a lua, como aqueles que foram caçados e queimados em fogueira, afogados e condenados pela igreja.

Tanta perseguição e acusação, junto de toda a distorção e a imagem manchada por aqueles que queriam se aproveitar do medo mortal, nos fizeram vestir a máscara que um dia fora ameaçada pelo desejo de dominação mundial... Por que viver torturando e matando, quando se pode viver em paz mesmo que seja preciso um esforço para isso? Não faz sentido. Quando você prevalece sobre outrem, com métodos que o subjulgado não pode usar você não está sendo forte ou liderando. Está sendo covarde e fraco. Mostrando que teme tanto, que sente necessidade de derrubar, mostrando que não se garante consigo mesmo e que precisa se sentir mais usando suas habilidades sobre pessoas que não podem desenvolver algo similar para se defender. Não é um caçador e a caça, porque muitas vezes, a caça possui alguma vantagem que se usada com sabedoria lhe garante sua vida.

É apenas uma caça contra caça.

Esfrego meu rosto e respiro fundo, olhando o outro lado do rio. Jade apareceu nele, mas depois desapareceu quando a mandei ir embora, e isso me deixou feliz. Poder vir ao rio, pensar, como faço desde que cheguei sem ela para me tirar a paz, devolve-me a tranquilidade que adquiri e ela me tirou quando apareceu de novo no meu caminho, falando como se não tivesse tido escolha, como se importasse para ela ter me matado... A verdade é que ela nunca se importou.

Aqui o tempo não passa, as estações mudam e o estágio do dia também, mas nem um relógio funciona. Tornam-se apenas decoração para nossos corpos e lugares. Essa é uma morte supostamente tranquila, que de acordo com os salvadores, será tranquila de verdade quando a guerra terminar, quando o próximo dia amanhecer para os nossos da dimensão dos vivos.

- Aqui está você de novo - Liana exclamou trazendo-me de volta.

Olhei para ela, e a vi se sentar ao meu lado. Era estranho ver alguém do século XV/XVI vestida com um jeans e uma camiseta de alças, nos pés, saltos altos, mas é assim que esse lugar funciona. Basta imaginar e ele lhe dá objetos e roupas, mostra novas tendências e acontecimentos do outro lado, permitindo que aprendamos a ser como eles em nossa situação.

Ela se ajeitou suavemente e suspirou pesado.

- Sabe... Quando minha mãe me dizia o que a vidente falou para ela, eu sempre duvidava. Achava impossível, mas agora, olhe só para mim. Estou torcendo por meus descendentes, para lutarem contra sete forças sobrenaturais e extremamente perigosas, que podem destruir o mundo se assumirem o controle...

- O que a profecia dizia? - Perguntei a fitando.

Ela suspirou e abraçou as próprias pernas.

- Que por séculos a prisão se manteria forte, mas então ela se romperia. Os descendentes ditariam o futuro do mundo, mas o principal estaria nas mãos de duas almas laçadas desde o berço.

- Lauren e Camila... - Sussurrei.

- Sim - ela disse. - Elas são como partes dos meus pais. Eles também são almas laçadas...

Olhei bem para o riacho a nossa frente, coçando minha nuca.

- Eles vão se sair bem - ela disse baixo.

- Eu sei que sim - disse.

- Está preocupado com seu irmão - deduziu.

- Ele parecia atordoado ontem - respondi.

- Era apenas o presságio falando alto, unido aos pensamentos profundos dele - ela disse e acariciou minha nuca. - Ele vai ficar bem, Austin, termine onde terminar.

Suspirei pesadamente.

Puxei uma folha fina de grama e comecei a picar em meus dedos, lembrando-me da cena. De como eu queria responder a ele... A culpa nunca pertenceu a ele. Eu errei, eu confiei demais.

Liana pegou a grama de minhas mãos com cuidado e a jogou para o outro lado. Ela então se levantou habilidosamente e tentou sorrir para mim, da melhor forma que conseguia. Estendeu a mão destra e disse:

- Vamos? Está quase na hora.

Olhei para sua mão, e a segurei, erguendo meu corpo de uma vez com um impulso contra o solo e usando o mínimo de apoio dela possível. Quando me ergui, por cima de sua cabeça eu a vi do outro lado, Jade. Estava com seus irmãos, e os três nos fitavam fixamente. Jesy e Jacob com raiva, mas Jade tinha alguma outra coisa no olhar. Não mostrei para Liana, ou disse qualquer coisa. Apenas sorri para a garota que tanto me ajudou e sai dali com ela.

Point View Of Camila

O feitiço já começou a fazer feito. Da floresta, posso ver a fumaça azulada cair sobre as construções da cidade inteira... Está cedo, mas todos eles adormeceram e aparecerão em suas camas. O resto do dia de hoje será substituído por novas lembranças falsas em suas mentes, e o mesmo acontecerá com qualquer mundano residente que atravessar a fronteira com uma das cidades. Os outros que não pertencem à cidade passarão direto sem notar qualquer coisa estranha. Ninguém na cidade ouvira os sons ou verá nada na floresta, envolvida por uma barreira protetora. Ninguém sai dela, e ninguém de fora que não tenha sangue pertencente a essa sociedade será capaz de ver ou ouvir qualquer coisa que acontece aqui. Sequer atravessá-la.

Olho meu relógio, e falta apenas um minuto para as seis, quando a prisão finalmente se romperá. Nosso exército está junto, e ao todo somos centenas. Vampiros, feiticeiros, lobisomens, bruxos, elfos... Tudo para a proteção da cidade. Gared e Gareal estão nas entradas da cidade com alguns de seus súditos para o caso de algum imprevisto por lá, e nós ficamos ombro a ombro, prontos para enfrentar o que vier.

O sol já se tornou inofensivo, e por isso, os vampiros começam a chegar para nos completar. Elle, Andy e Kelin na frente junto dos alfas que nos acompanham, dos líderes dos elfos, dos conselheiros e de nós, guardiões.

- Olhem - Tay murmurou ao meu lado.

Eu segui seu olhar e vi pessoas se aproximando por entre as árvores. Estranhos. Lobisomens com olhos amarelos e vermelhos cintilando fúria. Vampiros com peles pálidas e com todo o globo ocular negro em volta e no centro da íris vermelha. Feiticeiros também os acompanham, com os olhos presos em nossa direção. Por um momento, pensei que houvesse mais, mas não há.

Em número, eles estão em minoria, quando comparado conosco. Eles não são tantos, e é obvio também que não são muito experientes. Provavelmente, um plano B depois de termos destruído todo o exército que tinham na nossa cidade.

Meu coração está acelerado, e enquanto eles se alinham a nossa frente, nos fitando em um misto de fúria, surpresa e medo, eu noto que há alguém que conheço bem entre eles. Meus olhos repousam em uma garota morena, de longos cabelos negros e alisados que tem os olhos amarelos presos em mim. As presas estão à mostra e seu rosto ligeiramente deformado na semitransformação da licantropia. Suas garras estão abaixadas e seu peito sobe e desce, evidenciando uma respiração acelerada.

- Day - sussurrei.

Lauren me olhou no mesmo instante e eu retribui o olhar.

- Ela era uma das minhas melhores amigas em Vancouver... - Sussurrei.

- Camz, eu... - Lauren foi interrompida.

Todos foram.

O chão tremeu e no espaço de alguns metros entre nosso grupo e o outro, uma cratera se abriu. Pedaços do solo começaram a despencar, como se não houvesse nada em baixo e nós chegamos para trás rapidamente, temendo que seja um ataque inicial, mas não é.

Daquela coisa saiu um homem de trás brutos e olhos claros. O cabelo batido baixo, ombros largos e musculosos e vestes escuras. No mesmo momento eu tive a impressão de ser alguém movido a ódio, seus olhos carregam isso. Raiva. Ira... É ele. O primeiro pecado.

Mantive meu corpo firme, nem mesmo desviei o olhar por um só segundo.

Ao lado dele, uma mulher surgiu. Extremamente bela, de olhos claros e longos cabelos negros. O corpo belo, dotado de curvas e exalando sexualidade feminina em seus traços delicados. Luxúria.

Os dois pararam na beirada e olharam para trás, de onde o resto saiu.

Um gorducho de barba falhada saiu reclamando algo, e logo pude notar que é a gula pela forma de seu corpo. Uma mulher de cabelo dourado e olhos claros, seios fartos e cintura fina saiu em seguida, sentada no ombro de um rapaz jovem de olhos claros e cabelo castanho com pele ligeiramente bronzeada, apareceu na beira, saindo de cima do rapaz com ajuda de Ira... Preguiça e Orgulho, provavelmente. Em seguida vieram os dois últimos. Um garoto de olhos claros, extremamente azuis e lábios finos, foi quem saiu carregando consigo uma caixa debaixo do ombro. Ele olhou para os lados e sorriu apertando mais a caixa. Avareza. Por fim, foi vez de uma garota de longos cabelos loiros e olhos claros com traços delicados que olhava para os outros de cima a baixo, e fez o mesmo com o resto de nós. Inveja.

Ela cruzou os braços e respirou profundamente ao nos ver, não parecendo nada amistosa.

Cara a cara com os sete pecados, eu pude notar o quanto eles parecem comuns em seus corpos físicos, e ao mesmo tempo tão característicos. Eles exalam seus pecados carnais, e ao mesmo tempo não impõem nem um tipo de medo.

O solo se fechou atrás deles, e então os sete deram passos para trás, afastando-se de nós com sorrisinhos de canto.

- Finalmente nos conhecemos - disse Ira.

- A descendente de Alastair é ainda mais bela que ele - Luxúria exclamou com voz aveludada. - Uma pena que eu tenha de matar você.

- Também tenho que matar você, mas não sinto pena alguma - Lauren disse sorrindo, e girou a espada entre os dedos.

- Vocês podem ficar ao nosso lado, lutar conosco. Terão suas vidas garantidas assim - disse Orgulho.

- Prefiro morrer pelo que acredito - respondi. - Mas nós não vamos morrer hoje. Vocês sim.

Orgulho gargalhou e Luxúria deslizou a língua pelos lábios.

- É o que veremos querida - exclamou ela.

- Você vem? - Perguntou Inveja.

Não entendi com quem falava, mas então, ouvi uma risada masculina. Olhei na direção e lá estava Reid, caminhando para os pecados.

- É claro que sim - ele disse. - Nunca perco.

- Traidor - Kit rosnou.

- Eu lamento ter que lhe dizer isso, Reid - Simon exclamou. - Mas vai perder agora.

- É o que veremos, meu querido amigo - disse LA com sua espada afastando-se para os pecados.

- Chega de conversa - Zayn sibilou. - Vamos lutar.



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