Estava tudo escuro, televisão desligada, cortinas levemente abertas e apenas a lua cheia iluminando a sala. Giyuu havia pego no sono durante o segundo filme, agora sentia seu corpo pesado talvez estivesse exagerando em sua rotina de exercícios e no treinamento para aprimorar suas habilidades. Porém, diferente das outras vezes, o peso em seu peito trazia um leve calor contra seu corpo, junto de um cheiro doce de lavanda, misturado ao incenso que havia queimado durante o primeiro filme, junto de uma sensação macia contra seu peito. Olhando para baixo, havia a Shinobu, toda aconchegada junto dele, com os cabelos soltos e o abraçando como se fosse um urso de pelúcia.
Aquela seria a situação menos esperada por Giyuu, se encontrasse Nezuko aninhada em seu peito, mas a arredia Shinobu, nunca. Não sabia como reagir, se tentava sair ou aceitava aquela sensação estranha mais um pouco.
Em seu ponto cego, Tomioka era observado por Tanjirou e Kanao, o casalsinho apenas estava no canto da sala vendo vídeos no celular do ruivo e observando os dois enroscados no sofá, uma cena, que na cabeça dos pombinhos, superava vários vídeos de Ships assistidos por eles.
– "Tanjirou... será que a Nee-san..." - sussurava Kanao.
– "Hmm, Shinobu-san é bem difícil de ler, mas, acho que aquele perfume cheiroso, os incensos e..."
– " O pijama?"
– "Eh... é... Acho que ela está um pouco gamada nele. E acredite, meu primo é meio seco, mas gosta da Shinobu-san, apenas precisa de um pouco de choque de realidade."
– "Entendo, espero que os dois se acertem logo, o Giyuu-san e minha irmã combinam muito." - dizia enquanto deixava uns rizinhos escaparem.
No sofá Giyuu sentia Shinobu subir em seu corpo, apoiando a cabeça sobre todo o peito dele, dando uns risinhos sem vergonha, acompanhados de uns apertos de seus braços aos poucos já envolvendo o pobre exterminador. Com uma das mãos livre, ele afagava a cabeça dela vagarosamente, sentindo aquele perfume gostoso a cada mínima brisa que vinha das janelas.
" É inesperadamente bom, estar assim com a Shinobu...quase...um dejavú..."
Sem imaginar que sua bela adormecida já estava acordada, mas estava com vergonha demais para o encarar.
Enquanto as coisas estavam correndo bem na casa das Kochou, nas forjas da família Hotaru, as coisas estavam bem agitadas, faltavam apenas duas espadas para serem trabalhadas e afiadas, mas ninguém as encontrava. Himitsu Hotaru, o futuro chefe da família, corria pelos túneis, perguntando a todos, onde diabos as espadas da família Kamado e Tomioka, tinham ido parar.
– Haganezuka- onisama! HA-GA-NE-ZU-KA!
Os gritos ecoavam pelo local, sem qualquer resposta do irmão, mas, fazendo alguns ferreiros sairem de suas forjas para ver o motivo do excêntrico, porém brilhante ferreiro chefe estar sendo chamado pelo mais novo e são. Todos diziam a mesma coisa, ele havia recolhido um total de 8 nichirins antigas e cujo o aço estava novamente rubro, para trabalhar nelas. Ao ouvir isso Himitsu estava um pouco mais calmo, mas ainda assim precisava achar seu irmão, pois, pela manhã, iriam abandonar aquele ponto e rotacionar para um novo esconderijo, fora da cidade. Caminhando até o fim da forja, o mais novo encontrava as portas da forja principal fechadas e vários primos batendo nelas, chamando por Haganezuka.
– Anda logo, seu pervertido em aço! Temos que deixar tudo pronto,leva tempo pra selar a forja e guardar os aços solares! HAGANE...!
– CALEM A BOCA! - gritava o tal. – Estou limpando a forja, já vou abrir, porra!
Os passos firmes eram ouvidos do outro lado, ao abrir a porta, uma nuvem de fumaça saía de dentro da forja principal, suas chamas ainda estavam acesas e o cheiro do aço trabalhado era forte.
– Oni-san! Onde estão as espadas, você as restaurou?
– Himitsu...Sim, ficaram uma obra de arte. Aquelas espadas velhas que a família Ubuyashiki nos enviou...tinha que ver o quão belas eram as cores...
– Onde elas estão?! - um uníssono entre a família de ferreiros era entoado, deixando todos sem jeito e o prodígio com um sorriso enorme.
– Eu já as enviei, em breve as atuais famílias de caçadores vão ter espadas que foram restauradas por mim, as mesmas espadas que destruíram o corpo do antigo rei demônio.
– Não acredito...- dizia um dos ferreiros.
– Oni-sama... você sabe muito bem dos procedimentos, antes temos de testar e ver se o balanço está equilibrado....
– Pff...uma espada restaurada por mim, feita por um artesão de nossa família, tenha dó, elas estão prontas para triturar aquela peste do Douma.
Um frio estranho invadia a casa de forjas, seguido de pequenas explosões nas alas que ainda estavam quentes com o fogo aceso. A fumaça deixava tudo trabalhoso, os ferreiros não sabiam se tinha algum metal quente escorrendo ou estilhaços espalhados pelo chão.
– Cuidado! Todos fiquem onde estão! - gritava Himitsu.
Sem notar que seu irmão estava dissipando a fumaça com um leque pesado, abrindo caminho, sem medo de pisar em algo que possa lhe machucar. Seus sentidos logo gritavam, para abaixar, ele fazia o oposto, avançando com aquele leque de ferro e couro.
– Afastem-se! Soem o alarme! Está casa foi tomada!
O pânico dos ferreiros era claro, mas Himitsu, nem pensava duas vezes, voltava para uma das sala passadas e ia até o alarme que havia a cada uma ou duas, alarme este que não era para os ferreiros, e sim, para os caçadores, avisando que aquele local tinha sido invadido.
– Nossa... realmente seu compromisso com o trabalho é... incrível, no mínimo. - dizia Douma, encostado na entrada da sala.
Himitsu olhava para o corredor atrás do demônio, nada, nenhum sinal de vida.
– Oni...san...
– Hm? Ah, seus irmãos? Sinto muito, tenho um fraco por esse tipo de laço, acho que matei ele, junto dos outros. Vocês ferreiros começam a ter filhos em que idade? Ainda estão na Era Meiji?
– Mas...o calor que estava lá fora.
– Sim, foram inteligentes, aquele calor me impediu de usar meu kekijutsu, em partes, mas nada que força bruta e garras afiadas não possa ajudar! - dizia o oni, radiante como um sol, sorrindo.
Himitsu sacava uma adaga,em seu interior havia um mecanismo semelhante a uma seringa, com quase 500ml de um veneno criado por uma antiga mestra de venenos da era de Musan, algo que nunca foi usado e testado devidamente, mas certamente era letal para um oni.
– Nossa...uma faca. Está querendo brincar? Tente dar um passo, Sr. Ferreiro Chefe.
Aquela frase era esquisita, mas ele tinha apenas aquela chance, a tolice de Douma foi menosprezar o porte do oponente e a periculosidade da arma. O jovem ferreiro tentava respirar fundo, mas, naquele momento, era como se seus pulmões estivessem sendo esfaqueados, sua visão embaçou e um zumbido lhe entupia os ouvidos.
– Eu amo isso! Todos os que me caçaram fizeram o mesmo, exceto por uma pessoa. Todos acham que sou pretensioso, mas, não prestam nem pra notar o quanto estão afundados na merda! - gritava ele, rindo da incapacidade do menor, que aos poucos sentia seu corpo enrijecer, olhando para o borrão que agora era a faca. – Oh... você estava tão perto de mim...deixa eu adivinha, seus pulmões queimam, consciência oscilando e sente o hálito frio da morte? Eu amo isso!
– Va...i..
– Sabia que seus primos, irmãos e tals não conseguiram falar nem isso?!- o demônio sorridente se aproximava, pisando na mão do garoto e erguendo seu rosto. – Sabe, mesmo com a morte a sua porta, vocês ferreiros mantém esse olhar destemido e firme... e eu odeio esse olhar.
Para o ferreiro apenas a escuridão chegou, Douma pisou em suas costas e arrancou sua cabeça com tanta força, que acabou saindo uns pequenos fragmentos da coluna.
– Que nojo, homens são repulsivos até quando morrem.
Dizia enquanto jogava a cabeça do garoto dentro do forno da forja, abandonando aquele lugar coberto de uma névoa gélida, sem notar que havia deixado alguém para trás, Haganezuka. O ferreiro ao ver algumas forjas vazando notou que não era apenas uma falha de trabalho, entrou na primeira sala que encontrou vazia e com cheiro forte, enfiou-se no armário abaixo do forno de forja e lá ficou, prendendo sua respiração, dando o máximo para ocultar sua presença, tendo total noção do cenário que veria ao sair de lá.
Na residência Kochou, a madrugada era calma os mais novos estavam jogando juntos no chão, quase cercando Giyuu e Shinobu, ambos dormindo, sem notar que agora estavam de mãos dadas, uma cena que fez seus hóspedes e Kanao, não resistirem e tirar várias fotos e rirem até pegar no sono, fazendo várias montagens, sem notarem que o mais velho da casa preferiu fingir seu sono enquanto ouviu as fofocas deles sobre o "casal", deixando apenas um juramento, de que Tanjirou iria lhe pagar, algo inédito para seu coração livre de ódio e que o fez pensar estar andando muito com Shinobu e com o casal de amigos dela, em especial o anão exterminador de onis, Iguro.
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