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História Guerra e Paz - Capítulo XXIV - Romã, flores e relógios.


Escrita por: KimonohiTsuki e JonhJason

Notas do Autor


Quanto tempo faz que eu não posto de sexta-feira?

Capítulo do passado.

Capítulo atualizado em: 08/07/2023
Betado por: JonhJason & Rêh-chan

Capítulo 25 - Capítulo XXIV - Romã, flores e relógios.


Fanfic / Fanfiction Guerra e Paz - Capítulo XXIV - Romã, flores e relógios.

Capítulo XXIV - Romã, flores e relógios.

Sorento não podia reclamar de sua vida.

Era verdade que seus companheiros haviam morrido na Guerra Santa contra Athena, mas ele ainda continuava vivo. Era uma dádiva que não podia desmerecer. Poder ainda gozar da existência terrena, praticar sua música e proteger o corpo humano de Poseidon, mesmo que soubesse que seu deus não voltaria a Terra pelos próximos dois séculos pelo menos.

A noite começava a cair lentamente, enquanto estava sentado em uma das varandas da mansão Solo, seu senhor e chefe organizava mais uma de suas incontáveis festas, porém, pelo menos boa parte do dinheiro arrecadado no evento seria revertido para ajudar as pessoas que ainda sofriam as consequências das grandes enchentes há quase um ano.

Errou uma nota de sua flauta ao lembrar-se inevitavelmente que esses humanos sofreram por sua culpa. Era verdade que acreditava nos ideais de Poseidon de que a Terra havia sido manchada pelas ações humanas, e os mares, sobretudo, sofriam muito por isso. Porém,  uma enorme chacina era mesmo a forma correta de purificar o planeta? Quantas pessoas que morreram durante as enchentes não passavam de inocentes? Que não eram verdadeiramente culpadas pelos maus que acometeram a Terra? Quantos, ao contrário, haviam dedicado suas vidas em tornar o mundo um lugar melhor? E jamais conseguiriam... Porque suas mortes chegaram prematuramente.

Sem notar, a melodia que entoava começou a soar triste, reflexo de seus pensamentos conflitivos e sensação de culpa que invadia seu ser.

-...Tuas melodias tristes são belíssimas, mas sinto muita amargura em suas notas. - A voz que conhecia tão bem como sendo de Julian Solo apareceu na varanda, caminhando a passo lento.

Quando sua figura completa apareceu banhada pelas últimas horas do Sol, Sorento abriu os olhos surpreso, notando a cor âmbar das orbe contrárias e a cosmo energia familiar.

Imediatamente, saiu de onde estava sentado e ajoelhou-se no chão, apoiado com o joelho direito e o pé esquerdo. Abaixando a cabeça, ainda segurando sua flauta com as mãos.

- Senhor Poseidon. - Declarou surpreendido, porém polido.

- Surpreso em me ver, imagino. - Seguiu no mesmo tom suave que o humano dono daquele corpo costumava usar. A divindade continuou caminhando até o balcão que o Marina anteriormente usava de assento, apoiando ambos os cotovelos e olhando pensativo para o mar. - Mas eu apenas vim conversar.

- Conversar? - Repetiu o músico curioso.

O deus voltou sua vista ao outro, fazendo um gesto com a mão para que se levante, porém ainda apoiado sobre a superfície de mármore frio. Sorento obedeceu, mas continuou de cabeça baixa.

- Sim. Estive falando com meu irmão, no mundo dos sonhos, local aonde o sono induzido do selo de Athena me colocou. – Disse em tom casual.

Isso espantou o homem de olhos cor cereja. Sabia que pouco depois da ajuda do deus dos mares, Hades tinha sido derrotado, o que provavelmente significava que ele também estava selado. Mas o que o deus dos mortos iria querer com seu senhor? Porém ainda havia uma terceira opção.

-...Refere-se a Zeus, meu senhor? – Perguntou com cordialidade.

- Não, esse desgraçado sumiu sem deixar vestígios desde que concedeu a Terra, sem meu consentimento, cabe dizer, a Athena. -  Colocou numa voz mais amarga. - Não, eu não me dignaria a trocar palavras com aquele ser depois de tudo o que aconteceu por sua necedade. Eu estava conversando com Hades.

Uma preocupação latente atingiu o guerreiro, que levantou o rosto analisando seu deus com preocupação.

- Meu senhor, ele buscou vingança por sua ajuda a Athena?

O receio claro estampado nos olhos daquele mortal de que pudesse sair ferido de um encontro com o imperador do submundo fez Poseidon sorrir, mas do que irritá-lo por achar que seria nocauteado facilmente. Sem qualquer dúvida estava frente a um homem excepcionalmente leal, exatamente o que precisaria para o que estava por vir.

- Está tudo bem, nos desentendemos um pouco, mas nada tão forte ao ponto de transcender ao mundo físico. -  Explicou para aliviar seu soldado. – Para ser sincero, foi uma das conversas mais civilizadas que já tivemos... Ele parecia lidar com meu... Temperamento... Com mais tranquilidade que o habitual. Embora algumas vezes também parecia algo bipolar. 

Julian começou a brincar com o nó de sua gravata azul, mesmo tom de seus longos cabelos que ondulavam junto ao vento, destacando-se sob o material branco de seu impecável frac. Sorento, trajando a mesma linha de vestimentas formais, porém de cor roxa e uma gravata bufante, guardou silêncio sem saber exatamente o que comentar frente a isso, suas madeixas onduladas e lilases que somente chegavam a seus ombros, também sendo acariciadas pela brisa.

- Falamos sobre o que aconteceu em nossas últimas guerras, sobre Athena e também acerca da humanidade. – Listou com seriedade. – E ele está disposto a parar por hora seus confrontos contra nossa sobrinha e ainda dar uma nova chance aos humanos.

Isso surpreendeu o marina.

- Hades?! O senhor do Submundo, dando uma chance aos humanos? – Repetiu espantado.

- Sim... Eu também me surpreendi. – Levou uma mão ao queixo, pensativo. – Ele parece estar sendo bastante influenciado pelo último cavaleiro de Virgem. O corpo humano que possuiu nessa era, embora, parece que eles fundiram suas mentes ao invés da possessão propriamente dita.

- Um cavaleiro de Athena é o corpo de Hades nessa era? – As revelações não paravam de aparecer, e algo lhe dizia que estavam apenas começando.

Forçou um pouco sua memória, tentando recordar as informações que reuniu sobre os guerreiros de Athena antes de atacar os cavaleiros de bronze no hospital após sua guerra interna no Santuário*. O último a defender a casa de virgem era alguém chamado Shaka, conhecido por ser o homem mais próximo de deus.  Era no mínimo irônico que um homem assim tenha se fundido com uma divindade.

- Também me surpreendi, mas isso não é o importante. – Seguiu o imperador – Eu concordei sobre a trégua contra Athena sob uma condição, mas ainda tenho dúvidas sobre dar uma nova chance a humanidade. – Voltou a encarar o mar. – Meu irmão mais velho é capaz de ver através da alma das pessoas. Ele, melhor que ninguém, sabe da podridão que a raça humana alcançou, presenciou em primeira mão seus pecados durante séculos... Talvez séculos demais. - Acrescentou  o último com um deixe de tristeza. -...E ainda assim, está disposto a dar uma oportunidade mais aos humanos e mesmo Athena. – Ele soltou um longo suspiro, fechando seus olhos – Era como estar novamente frente ao velho Hades, antes de sua sucessão ao trono, quando era um forte e implacável guerreiro, que, no entanto, odiava confrontos e sempre preferia a paz, mas no instante que a batalha fosse inevitável, sempre defendia seus ideais. – Tornou a abrir os olhos. – O mundo inferior escureceu sua alma e o tornou uma figura melancólica e solitária. – Um pequeno sorriso se abriu – Mas parece que esse tal humano está conseguindo mudar isso aos poucos... E eu espero que ele consiga.

 Sorento escutava tudo fascinado, não imaginava realmente que ainda existisse qualquer afeto fraternal entre esses dois irmãos, nunca lutaram juntos contra Athena, ao contrário, era muito mais fácil que se juntassem à deusa para lutar contra o outro. Uma parte dele gostaria de ter escutado como se deu essa conversa, para entender como isso pôde acontecer.

- Quanto a mim. – Voltou-se ao marina, exibindo um olhar novamente sério. – Não me vejo sendo capaz de perdoar os humanos tão facilmente. Porém, eu vi que tu e Julian percorreram o mundo desde meu confronto com Athena ajudando as pessoas que sofreram pelas enchentes que eu causei. Por isso vim perguntar-te diretamente. A ti que me continuou fiel mesmo após meu selamento. Responda-me com a mesma sinceridade que tens com tua música. Crês que os humanos mereçam uma nova oportunidade?

O austríaco observou abismado seu senhor, incapaz de acreditar que a divindade fosse capaz de confiar nele ao ponto de perguntar sua opinião sobre isso. Sentia-se ao mesmo tempo agraciado, honrado, no entanto, inevitavelmente sentia também que Atlas havia abandonado seu dever e agora era ele que sustentava sob seus ombros toda a Terra.

Uma resposta em falso e ele poderia condenar toda a humanidade. Uma frase mal interpretada e poderia acarretar a raiva de seu deus, o que de certo modo também poderia condenar milhares de vidas.

Respirou fundo, inclinando a cabeça em sinal de respeito. Tinha que usar suas palavras com a mesma precisão que tocava as notas de suas melodias.

- É uma honra para minha pessoa que o senhor me julgue digno de responder tal pergunta. – Colocou com respeito. - Muito para o que é, pouco para o que poderia ter sido* em momento algum eu verdadeiramente duvidei de seu desejo de purificar a Terra. Acredito de corpo e alma que sua vontade, meu senhor, era trazer os tempos de ouro da humanidade de volta, antes do momento em que a caixa do infortúnio foi aberta por Pandora e os homens se afundaram em maus sentimentos... - Levantou o rosto, encarando os olhos desfocados do imperador. – Porém, se há algo que Athena e o cavaleiro que me derrotou me fizeram enxergar, é que ainda existe esperança. Ainda há aqueles que lutam para fazer da Terra um lugar melhor, por essas pessoas, mesmo que por horas pareçam ser apenas uma única nota numa longa sinfonia, eu acredito que a raça humana mereça outra chance.

- Compreendo. – Poseidon disse somente, fechando novamente os olhos. – Eu imaginava que esta seria tua resposta. É muito semelhante ao que meu irmão disse. Porém, admito que eu não seja alguém fácil de mudar de parecer, teria que nascer de novo, começar do início vivendo entre os mortais, a igual que Athena, para talvez me convencer. E é exatamente isto que pretendo fazer.

- Senhor Poseidon...  – Espantou-se o austríaco, receoso com as palavras de seu deus -...O que quer dizer?

- Quero dizer que por enquanto, isso é um adeus Sorento de Sirene. – Abriu os olhos que aos poucos começavam a recobrar o foco. – Até que eu volte a nascer como humano e cresça como tal, peço que continue cuidando dos Solo com a mesma devoção que mostrou a mim. Não demorará para que voltemos a nos reencontrar. – Sua voz começava a fraquejar, dividir-se. - Mas até lá, abra sua mente antes de descansar, há coisas que precisas saber.

- S-senhor Poseidon!  - Alarmou-se, sentindo a cosmo energia desaparecendo rapidamente.

- Eu confio em ti, Sirene... – Declarou em tom arrastado. E no momento seguinte o brilho voltou completamente aos olhos do grego, que olhou confuso para todas as direções, até se centrar em Sorento. -...Sorento...? Eu estou na varanda... Que estranho. – Voltou a ver seu entorno enquanto coçava a nuca sem entender. -...Talvez eu tenha bebido demais.

-...Lamento que talvez sim, senhor Julian. – Mentiu o músico tentando sorrir, seu coração acelerado e preocupado pelas últimas palavras do deus. – Porém acredito que de vez em quando não há nenhum mal.

O milionário riu, fechando seus olhos e sentindo o cheiro da brisa do mar.

- Sim acredito que você tem razão, mas se não se importar, sua música seria uma ótima forma de me deixar sóbrio.

- Como desejar. – E levou a flauta novamente aos lábios, entoando a melodia que sabia ser a favorita de seu chefe.

Porém seus pensamentos estavam distantes, centrando-se na última fala de Poseidon. “abra sua mente antes de descansar, há coisas que precisas saber.” Antes de descansar... Estaria se referindo a quando fosse dormir? O imperador havia mencionado o mundo dos sonhos, talvez quisesse dizer que iriam se reencontrar ali... Mas isso se devia ao fato do selo de Athena impedir que a possessão de Julian tomasse muito tempo, ou existe algo mais que não poderia ser dito ainda?

Não sabia, mas sentia que logo iria descobrir.

-.-.-.-.-.-

June levantou-se mecanicamente da cama e se dispôs a caminhar, saindo do alojamento das amazonas.

Caminhou em direção a Rodorio, não era completamente consciente do que fazia, como se algo ou alguma coisa a estivesse instigando a continuar caminhando.

“É doloroso, pobre jovem, abandonada à própria sorte.” – Ouvia uma voz masculina em sua cabeça. - “Tudo por causa da dolorosa morte, ô vil criatura, que arranca do seio da vida o último suspiro da existência, sufocando-o com suas mãos gélidas como esqueletos.”

Como em transe, entrava lentamente pela cidade que aos poucos começava a se recolher devido a chegada da noite, seus pés descalços arrastados pelo chão de pedra começavam a se arranhar e formar feridas, mas a jovem não parecia consciente de tal martírio, seguindo a caminhar.

“Mas não te preocupe, ô doce mulher, siga meu chamado que eu te ajudarei, a por fim de uma vez a temível morte, esta que só serve para causar-nos dor e sofrimento.”

Não deteve seus passos, chegando às estradas rurais da pequena cidade grega, o contato da terra contra seus pés fragilizados fazendo o sangue começar a escorrer, sangue este, no entanto, que ao tocar o solo, faziam nascer pequenos brotos de flor.

Apenas parou de caminhar quando ficou frente a uma enorme oliveira, onde apoiado sobre seu tronco estava um senhor de idade. Usava um capuz que escondia seu rosto, ainda assim eram visíveis seus longos cabelos e barba branca que se mesclavam.

- Muito bem humana, muito bem. – O idoso retirou seu capuz revelando seu rosto marcado pelo tempo. – Foi mais fácil trazer-te aqui do que foi com aquele cavaleiro de Aquário que lamentava a perda de seu melhor amigo.

A amazona não esboçava qualquer reação frente às palavras que lhe eram ditas, seu olhar sem foco encarando os intensos olhos negros e cósmicos daquele que a chamara até ali. A figura, por sua vez, encurtou a distância que os separavam, andando de forma circular ao redor da mulher analisando interessado sua figura.

- Quem diria... Uma reles amazona de Athena é tudo que eu preciso para finalmente ter o poder da morte sobre minhas mãos. – Tomou uma das madeixas loiras e suaves entre seus dedos enrugados. – Hades pensa que restituirá seu poder com a ajuda daquele cavaleiro de Virgem, porém, justamente ele será a causa de sua ruína.

- Toque em apenas mais um fio de cabelo e lamentarás não poder desfrutar da morte... Chronos.

O deus virou o rosto para a voz infantil, deparando-se com uma criança de olhar severo e maria-chiquinhas negras, mesma cor de sua túnica que cobria todo seu corpo.

- Ora, ora, Hécate... Quem diria.

- Não repetirei outra vez Chronos. – Ameaçou apontando seu cetro de madeira de fim retorcido em espiral.

- Lutarias comigo por uma mortal? – Ironizou, e ainda assim, soltou os cabelos afastando-se um pouco do humano para concentrar-se no divino. – Faz isso por lealdade ao Submundo e seu novo senhor, ou será que existe outra... Razão?

Andou até ficar frente a frente com a bruxa do Olimpo, seguindo sob sua mira.

- Eu não te devo qualquer satisfação sobre minhas ações Chronos. – Disse em tom áspero. – Contudo, mesmo não tendo a força para derrotá-lo, eu lhe garanto que tenho o suficiente para te causar muita, mas muita dor.

- És muito insolente! – Colocou com desagrado, ampliando sua voz, fazendo o tempo de tudo congelar ao seu redor, como se os ponteiros do relógio tivessem parado. Não havia mais som, vento, ou movimento por toda a planície em que estavam. - Quase tão insolente quanto meu pequeno irmãozinho Kairos. Será que tu desejas ter o mesmo fim que ele? – Diminuiu a distância que os separava, encarando a deusa que também parecia ter congelado. – Imagine só. A grande Hécate, bruxa do olimpo, deusa do nascimento e maternidade, selada no corpinho de um bebê qualquer.  Seria no mínimo irônico, não crês?

No instante seguinte, porém, o deus deu um salto para trás, com uma enorme cratera em seu estômago, que ao invés de carne humana, parecia-se abrir como um buraco negro no cosmos.

- Não penses que és o único capaz de apagar a existência de outro deus. – Impôs Hécate recolhendo seu báculo. – Tampouco me subestime Chronos, pode ser a última coisas que faças. Eu sou uma deusa do Submundo, seus poderes temporais não me afetam.

- Sua hetera.* – Colocou com desgosto a divindade, enquanto seu corpo se reconstruía devagar. - Essa humana és tão importante assim?

- Eu não permitirei que use de meios sujos para defraudar o imperador das trevas. – Declarou com imponência, batendo seu báculo contra o chão.

- Escondes algo Hécate, e eu descobrirei o que é. – Respondeu asperamente lançando um último olhar de superioridade sobre June. -  Mas por hora irei me recolher, não pretendo entrar numa luta divina por uma reles mortal.

Dito isso sua figura se desfez, deixando as duas mulheres sozinhas.

A bruxa suspirou longamente, antes de correr em direção a June para verificar se estava tudo bem. A mesma seguia imóvel, seu olhar ainda sem foco e distante, contudo, a atenção da maternal bruxa se centrou nos pés descalços e sangrentos da bela jovem.

- O que aquele homem te forçou a fazer minha querida. 

Então, olhando para trás, para o caminho que a humana havia feito, era possível ver minúsculos brotos de flores crescendo, ainda eram pequenos, mas já era capaz de saber que flor eram.

Narcisos.

A bruxa soltou um suspiro nostálgico. Porque se lembrava, mesmo que não esteve lá quando tudo começou, era a única que verdadeiramente se recordava dessa história. A história de quando uma aposta entre mãe e filho foi longe demais, mudando para sempre o destino do mundo dos mortos. Eros para se provar frente à sua progenitora, atirou uma flecha de puro amor e paixão no imperador das trevas, o qual descansava sob uma árvore após ter escapado de seu próprio reino pela primeira e única vez, em busca de um sopro de vida.

Quando despertou, seus olhos se focaram na mais bela deusa do olimpo, que colhia narcisos, como sempre, na companhia de suas meia irmãs Athena e Arthemis. Incapaz de controlar os sentimentos despertados em seu coração, Hades foi a presença de Zeus pedir a mão de sua sobrinha em casamento, contudo, o deus supremo hesitou frente a ideia, sabendo que Deméter era avidamente protetora de sua pequena filha, que era pouco mais que uma adolescente pura e virgem que se chamava Koré.

Consumido aos poucos pelo amor incontrolável, o imperador por primeira vez falhou em seu labor, permitindo que a amargura de tal sentimento não correspondido acabasse definhando consigo e seu reino.

Seus servos, desesperados com o rumo dos acontecimentos planejaram raptar a deusa primaveril a fim de salvar o mundo dos mortos de seu colapso. Embora hesitante, o amor é capaz de fazer mesmo o homem mais equilibrado do mundo cometer uma loucura, e assim numa tarde ensolarada de primavera, o chão se partiu sob os pés de Koré, e uma carruagem de cavalos infernais emergiu, levando-a consigo para o mundo inferior, deixando apenas uma cesta de narcisos como único indício do crime realizado.

Desesperada pelo sumiço da querida filha, foi a vez de Deméter falhar com suas funções, permitindo que as plantações morressem e o frio devastasse a terra. Foi o sofrimento de uma mãe que a fez agir, saindo de seu isolamento em cavernas escuras para ajudar a deusa das estações a encontrar sua filha perdida usando-se de sua magia.

Contudo, quando finalmente encontraram a pequena jovem, ela já não era apenas uma adolescente, havia se transformado numa forte mulher, que dispensando as flechas de Eros, havia se apaixonado por si mesma pelo imperador, aceitando desposar-se e consumar sua união com ele, tornando-se a Imperatriz do submundo, conseguindo até mesmo a lealdade e apreço dos servos de seu marido.

Mas ainda amava sua mãe e temia o que ela poderia fazer com os humanos se continuasse no mundo inferior, porém também sabia que Hades ou mesmo ela não suportariam a ideia de serem separados para sempre. Quando Hermes veio buscá-la, porém, um dos servos do senhor do Submundo revelou que a deusa primaveril havia ingerido seis sementes de romã, e de acordo com as leis do mundo inferior, isto prendia sua alma ao mundo dos mortos e ao seu amor.

Para resolver tal embate, Zeus decretou que Koré deveria permanecer seis meses com sua mãe na superfície e os outros seis meses do ano em seu reino com seu esposo, período em que seria conhecida como Perséfone.

A doce jovem havia conquistado também seu coração, e por consideração a sua mãe e apreço à imperatriz, resolveu abandonar a superfície e tornar-se uma divindade do Submundo para acompanhá-la.

Voltou a olhar a humana June com tristeza, a existência de Perséfone havia sido apagada, nem Deméter ou Hades eram capazes de recordar-se que ela um dia existiu. Contudo, sua alma dormia no corpo dessa mortal, a qual cuidou desde bebê depois da morte de seus pais, fazendo se passar por sua avó, até que teve que deixá-la cumprir seu destino. Fingiu a própria morte, forçando-a sofrer a perda, enquanto a assistia sendo encontrada pelo cavaleiro de prata Daidalos, que a treinaria para ser uma amazona, até que um dia conheceria e se apaixonaria pelo seguinte cavaleiro de Virgem, aquele que tinha em seu próprio destino assumir o labor de Hades.

Agora precisava esperar o dia em que os dois voltassem a se reencontrar...

Com sua magia fez levitar June, enquanto que com um suave movimento de seu báculo fez as feridas de seus pés se fecharem. Com suavidade, a posicionou sentada sob a imponente oliveira, vendo como ela encostando a cabeça em seu tronco, parecia uma ninfa do próprio Elísios.

Com mais um movimento, Hécate fez suas próprias roupas mudarem, para um vestido roxo com flores, ao tempo que fez sapatos vermelhos surgirem nos pés da amazona, e então seu báculo desapareceu.

Adiantou-se até June, sacudindo seus ombros e assim arrancando-a do transe, fazendo olhar confusa para todas as direções.

- Irmãzinhaaa! - Exclamou contente a deusa em corpo de criança, sentando-se ao lado da perdida amazona. - O que você está fazendo aquiii?

-...Você.... É a menina do mercado... - Notou, reconhecendo a pequena criança da qual comprou romãs no mercado do ilhéu mais próximo da ilha de Andrômeda.

- Siiim, meu nome é Perseia. - Declarou feliz a menina. - Eu e minha mãe moramos em Rodorio, mas sempre viajamos para vendermos frutas no norte da África e no Oriente médio, como eram as caravanas antigas, isso não é legal?

- Hãaa... Imagino que sim. - Tentava se lembrar como havia chegado até ali, o último momento que recordava era de estar deitada no alojamento das amazonas, teve a impressão que alguém a estava chamando e então acordou embaixo de uma oliveira.

- Como o mundo é pequeno, você não acha? Nos encontramos num lugar taaaaão longe e agora aqui! Você vai ficar na cidade? Eu ficarei ateeé o final do mês! - Sentou-se ao seu lado. - Você vai ficar? Diiiiiz que sim! Eu me sinto sozinha sendo apenas eu e mamãe. - Resmungou fazendo biquinho.

A manha da criança fez um pequeno sorriso surgir na amazona, fazendo-a esquecer-se um pouco de sua miséria.

- Eu não tenho certeza por quanto tempo ficarei, a verdade é que eu não tenho mais para aonde ir... - Colocou com tristeza, levantando-se. Notando que estava usando uns sapatos vermelhos que nunca tinha visto antes.

- Mas eu te vi usando uma máscara antes, você não pertence àquele tal Santuário? - Questionou curiosa.

- Sim, na verdade sim... Você saberia qual o caminho de volta para lá?  É que...  Estou meio perdida. - Respondeu, lembrando-se que da última vez que se viram, usava sua armadura.

A garotinha abriu um enorme sorriso, balançando a cabeça afirmativamente, levantando-se de um salto.

- Claro que eu sei! Vem! Eu te levo lá! - Começou a correr na frente da humana, forçando que a seguisse. Discretamente a deusa invocou seu cajado em menor tamanho, usando sua magia sobre si mesma para que nenhum dos cavaleiros ou mesmo Athena a reconhecesse.

Embora o próprio tempo fosse seu inimigo, não se importava, cuidaria de sua querida protegida Perséfone e da humana que a resguardava, com a mesma proteção que a mesma Deméter teria.

-.-.-.-.-.-.-

A cosmo energia em volta da armadura de Escorpião desapareceu de repente, contudo, as chamas que a cercavam seguiram com intensidade.

- Está morta. - Declarou Kiki em tom sombrio, vendo as cores douradas da armadura se opacarem. - E se isso continuar ela será destruída!

- Onde está o Hyoga quando precisamos dele? - Questionou Jabu, o estranho frio que sentia finalmente passando.

- Eu o vi saindo do Santuário enquanto me encaminhava para a primeira casa. - Esclareceu Geki.

- Eu conversarei com Hyoga mais tarde. - Colocou Shiryu com imponência. - Nesse momento, temos que nos centrar em apagar essas chamas.

O Grande Mestre entrou em posição de ataque, instintivamente Kiki e Geki, que estavam mais próximos se afastaram. Ele jogou os dois punhos para trás, focando seu cosmo no direito.

- Cólera do Dragão!

Com o movimento de sua mão, uma enorme rajada de vento no formato de um grande dragão coberto de cosmo acertou com tudo o fogo, as labaredas foram envolvidas pela forte brisa, formando um tufão que subiu até o teto da oitava casa.

A chama parecia estar se consumindo, porém, repentinamente ela envolveu todo o ar ao seu redor criando um pilar de fogo.

- CUIDADO SHIRYU! - Exclamou o ariano, o ciclone parecia ter ganhado vida própria, prestes a atacar o libriano. - Muralha de Cristal!

Uma parede cristalina parou o movimento, porém ao bater na superfície as labaredas se dispersaram pelas laterais.

- Afastem-se! - Avisou Geki saltando para o lado.

Seiya, que a igual que Shiryu era dos mais rápidos, agarrou Jabu pela gola de sua roupa, enforcando-o no processo, tirando-o literalmente da linha de fogo.

- Você es-tá tentando me matar?! - Resmungou rouco o escorpiano.

- De nada. - Colocou sagitário com ironia.

- Desculpe! - Lamentou Kiki, vendo que sua tentativa de ajudar o grande mestre quase acabou com mais feridos.

- Essas chamas definitivamente não são normais. - Começou Ban sério, que junto a Nachi e Ichi, já estavam distantes e não precisaram se afastar.

- Elas parecem ter vida própria. - Seguiu Nachi preocupado. - E lembram a presença estranha que senti vindo de Marin e do corpo de Shun...

Isso alertou todos os presentes.

O fogo por sua vez continuou a queimar com intensidade, por trás da muralha que seguia de pé,  consumindo aos poucos a armadura.

- Significa que pode ter alguma relação com aquele tal miasma?! - Colocou Ichi exasperado.

- Definitivamente estas não são chamas desse mundo. - Seguiu Shiryu sério. - Sobretudo porque não emitem qualquer calor. Eu já li algo similar num velho livro de meu mestre. O rio Flegetonte, um dos que cortavam o mundo dos mortos, era composto por chamas que não queimavam, além do poder de regenerar as almas, para que elas pudessem pagar suas penas por mais tempo.

- Por que tudo que vem desse Submundo tem que ser tão aterrador? – Resmungou Nachi com pavor.

- Você não tem ideia. – Colocou Seiya sombrio, então voltou-se ao chinês. – Mas Shiryu, eu não me lembro de nenhum rio assim no Submundo.

- Sim, eu tampouco. – Concluiu sério.

- Independente de onde venham essas chamas, eu não vou permitir que ela destrua a armadura de ouro! – Declarou Kiki com determinação.

Adiantando-se mais uma vez a parede de cristal. Concentrou todo seu cosmo, sentindo como a energia fluía por todo seu corpo, por cada fibra do seu ser, percorrendo cada fio de cabelo, como uma galáxia dentro de si.

- Quanta energia. – Exclamou Geki admirado.

Seiya, por sua vez, adiantou-se animado até o Grande Mestre.

- Shiryu! – Declarou sem desviar a vista de Kiki que seguia acumulando sua energia. – Ele está...?!

- Sim, ele está despertando o sétimo sentido. – Declarou com um sorriso.

Sentia como uma enorme explosão tomava todo o seu indivíduo.

- Muralha de Cristal! – Criou outra parede cristalina paralela a primeira, depois outra surgiu do lado esquerdo, uma terceira do lado direito, e por último, uma na parte de cima, formando um cubo perfeito junto ao chão, prendendo as chamas dentro.

A cosmo energia seguiu emitindo e os olhos do lemuriano tornaram-se brancos enquanto o cubo começava a diminuir mais e mais.

- O que ele está fazendo? – Questionou Sagitário confuso.

- Não existe fogo sem oxigênio Seiya, ele está tentando prender as chamas num espaço sem entrada de ar, forçando-as a consumir todo o oxigênio disponível e assim se extinguir. – Explicou o libriano.

- Hãaaa... Certo. – Concordou coçando a nuca, sem entender uma palavra. – Espero que ele consiga!

E de fato, o cubo continuou a diminuir de tamanho, até contornar com perfeição a urna da armadura, fazendo as labaredas se consumirem até se apagar. No instante seguinte as muralhas se romperam e Kiki perdeu suas forças, teria caído no chão, se Geki não tivesse lhe ajudado.

- Obrigado. – Disse fracamente.

- Meus parabéns Kiki. - Elogiou o taurino.

- Ainda assim... – Seguiu o ariano com tristeza, enquanto Shiryu se agachava para analisar a urna.

A mesma se abriu ao seu toque, e por todo o chão as peças da armadura de Escorpião se espalharam. Sem qualquer vestígio do brilho dourado que elas costumavam ter.

-...Eu não pude impedir que isso acontecesse... - Lamentou abaixando sua cabeça.

O Grande Mestre por sua vez levantou-se e caminhou até o ariano, colocando a mão sobre seu ombro.

- Não seja tão duro consigo mesmo Kiki, você sozinho foi capaz de parar essas chamas.

- Além disso, conseguiu se comunicar com a armadura. - Acrescentou Geki com orgulho.

O ariano deu um minúsculo sorriso, enquanto o chinês se voltou aos demais.

- Agradeço a pronta ajuda de todos, por hora investigarei o ocorrido e assim que houver melhores informações todos serão informados. - Declarou seriamente. - Até lá, podem retornar aos seus afazeres. Kiki, por favor, venha comigo até o salão do mestre.

Todos assentiram com a cabeça, e começaram a se dispersar. Geki deu um último tapa amigável nos ombros do lemuriano, fazendo suas pernas voltarem a vacilar, e seguiu com Ichi, Ban e Nachi.

- Você não vem Jabu? - Questionou Hidra ao escorpiano que seguia encarando a armadura despedaçada com tristeza. Sem responder, contudo, ele seguiu os demais.

- Eu vou descer até Áries acalmar minha irmã, enquanto você fala com Kiki, e logo subirei também ao salão. - Explicou Seiya. - Vi algo no cemitério que... Olha, eu não sei explicar, mas deve ter algo haver com o que passou aqui.

- Muito bem. - Concordou Shiryu.

E lançando um elogio ao ruivo, bagunçando seus cabelos, correu escadaria abaixo.

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Saindo do portal de sonhos de Poseidon, dois pares de passos ecoaram pelo corredor. Dois olhares de tons diferentes se abriram e expressões distintas se mostraram.

-...Eu... Não acredito que concordei com isso. – Disse Shun colocando ambas as mãos na cabeça, uma expressão exasperada em sua face.

“... Eu não te obriguei a nada, antes que me acuses...” - Defendeu-se Hades, que parecia mal humorado.

- Eu digo o mesmo a você. – Respondeu o humano um pouco mais tranquilo, encarando o divino. – Você realmente quer dar outra chance aos humanos?

“...Não fique convencido por isso...” – Colocou com amargura o deus. – “...Apenas temos outro inimigo com que nos preocuparmos por hora. Apenas isso...”

- Porque será que eu não acredito em você. – Respondeu com ironia.

O antigo senhor dos mortos lançou um olhar de superioridade a sua contraparte.

“...E tu aceitaste que Athena pode não ser tão boa quanto vós cavaleiros acreditastes...”

- Eu... - Mordeu o lábio inferior, começando a caminhar pelo corredor. -...Apenas disse que suas ações podem ser... Um pouco precipitadas e impensadas.

“...Ainda assim aceitaste a condição de Poseidon para a trégua...” – Seguiu em tom vitorioso.

- Sim... - Suspirou com tristeza. -...Não é como se tivéssemos muita escolha.

"...Diga por ti, eu sempre soube de sua incompetência..."

Pararam seus passos frente ao portal o qual pertenciam, onde o nome de Hades ainda encontrava-se talhado ao topo. Porém Shun não notou isso, sua atenção foi tomada pelo sangue espalhado pelo chão, junto a ramos secos de flor.

- ...Você terá que me dizer o que aconteceu aqui... E o que houve com Morpheu. - Declarou em tom sério.

"...Tu não irás gostar, mas eu te direi, depois..." - Tomou o braço do mortal e o puxou de volta de onde vieram, sem dar a Shun a chance de ver o nome ao topo. - "..Àquela energia que sentimos antes está me preocupando..."

As portas se abriram prontamente, dando vista novamente para um enorme campo de flores. Porém assim que entraram os portões fecharam-se com um grande estrondo.

- Mas o quê- E ao olhar para trás, Hades percebeu que estava sozinho. Rapidamente procurou por todas as direções, mas Shun havia desaparecido completamente. -...O que isso significa?!

Pensou em retornar, mas as portas se cobriram de ramos que então apodreceram e se dissolveram.

- Então eu terei que passar pelo profundo de meu subconsciente também? - Ironizou, continuando a caminhar sem importar-se. - Eu sou o deus da morte, não há tortura, miséria ou desgraça que eu não tenha presenciado, nenhuma realmente ainda me afetará.

Ao fim de suas palavras, inúmeros narcisos cobriram o campo. Uma mulher em vestido negro que arrastava ao chão e longos cabelos ruivos e lisos que chegavam ao seu quadril emergiu de um emaranhado de pétalas brancas, porém ela não possuía rosto, como um manequim.

Mas o que mais espantava a divindade era a semelhança que ela possuía com a humana June que Shun tanto se importava, mesmo sem a face, eram completamente idênticas com a única exceção sendo a cor de suas madeixas.

-...Quem...-

Porém suas palavras morreram em sua garganta, quando sentiu algo se materializar em sua mão esquerda. A Espada do Submundo, cuja lâmina estava banhada de sangue.

- Eu não vou perdoar o que fizeste com Athena. - Desviou o olhar da lâmina para encontrar um velho conhecido, que sempre reencarnava para deter seus planos. Usando a armadura divina de Pégaso, seus cabelos castanho claros e intensos olhos azuis que se destacavam na pele bronzeada. Havia apenas uma coisa que realmente o diferenciava de suas tantas reencarnações futuras.

Sua armadura não cobria o calcanhar.

- Aquiles, traidor do próprio sangue, não é nem um pouco prazeroso te rever, mesmo numa ilusão. - Taxou com desgosto.

A trilha de sangue que escorria da espada acabava atrás do cavaleiro, onde aos poucos surgia a figura de uma outra mulher, também odiosamente conhecida, Athena, de cabelos longos e castanhos, também trajava sua armadura, partida na região da cintura, de onde escorria o líquido carmesim.

-...Pelo menos em sonhos eu quero ter o prazer de te matar. - Ameaçou sombrio, caminhando lentamente em direção a deusa. - Eu desfrutarei esquartejar teu corpo devagar.

Contudo, alguém agarrou seu braço direito, virou-se para ver a mulher sem rosto segurando-o com as duas mãos.

- Que estás fazendo? - Questionou tentando se soltar.

- Hades! - Aquiles, por sua vez, tomava o báculo de sua deusa e apontava para o imperador dos mortos.

- AQUILES! - Berrou a deusa esticando a mão para seu defensor, temor preenchendo seus olhos castanhos.

O cavaleiro, porém,  não ouviu.

- Lança de Pégaso! - Exclamou correndo numa velocidade surpreendente com a arma em mãos.

Apesar de ser incapaz de avançar,  Hades também ergueu a espada, pronto para disferir seu golpe.

- Relâmpago Negro!

Porém, o choque dos golpes nunca aconteceu, porque de braços abertos no meio dos dois, a jovem ruiva havia intervido, sendo acertada pelo golpe cortante em suas costas e tendo o peito atravessado pelo báculo.

Parte dos raios ainda acertou Pégaso, que parecia incapaz, no entanto, de expressar sua própria dor diante da cena. E apenas um corte se formou na bochecha esquerda de Hades.

O grito incompreensível de um nome saiu dos lábios de Athena, que se arrastou até o corpo que caía lentamente ao chão, num baque que se misturou com o som da arma caindo das mãos ensanguentados de Aquiles, que seguia chocado com o que havia acontecido.

O imperador das trevas observava quase que hipnotizado a cena da mulher que caía ao chão, seus cabelos ruivos ao seu redor como raios de sol, misturando-se com perfeição com o sangue que escorria de seu coração.

Sangue este que se misturou com o de Pégaso, que caiu de joelhos. Com o de Athena, que debruçou-se sobre a jovem, e com o de Hades,  onde uma única gota fruto de seu corte, escorreu como uma lágrima caindo sobre a trilha carmesim. Formando um vínculo de miséria, dor e sangue entre os três, frente a perda da deusa cujo nome foi esquecido.

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Notas Finais


* Apenas no mangá, Sorento ataca os cavaleiros de bronze no hospital depois da luta das doze casas.

* Esta é uma frase de Mozart, famoso compositor e músico austríaco.

* Hetera - Na antiga Grécia, era uma espécie de cortesã de classe elevada, como uma prostituta de luxo, que se sustenta por clientes ricos.


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