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História Guerra e Paz - Capítulo XII - Como vestir a morte -


Escrita por: KimonohiTsuki e JonhJason

Notas do Autor


Como prometido ao Ítalo! Em agradecimento aos cinco comentários do capítulo anterior, eu adiantei esse aqui para vocês ;D
Espero que gostem!

ESTE É UM CAPÍTULO DO PRESENTE! Para entendê-los completamente só com os complementos dos capítulos do passado, leiam com isso em mente, algumas dúvidas serão explicadas mais tarde.

Capítulo atualizado em: 28/04/2023
Betado por: JonhJason & Rêh-chan

Capítulo 13 - Capítulo XII - Como vestir a morte -


Fanfic / Fanfiction Guerra e Paz - Capítulo XII - Como vestir a morte -

Capítulo XII - Como vestir a morte -

- Essa mulher, você sabe quem ela é? – O homem de alta estatura, cabelos azuis escuros até a cintura e intensos olhos de igual tonalidade, dizia em tom preocupado.

- Sim, seu nome é June, ela era a amazona de Camaleão, mas agora trabalha como civil para Athena. – Outro homem respondia. Seus cabelos igualmente compridos, porém azuis claros, mesma cor de suas orbes. – Veio para a cerimônia do meu menino como todo mundo.

- Eu sei bem disso, Afrodite! Quero saber se você lembra quem era o mestre dela. - Questionou impaciente batucando o balcão de madeira com a mão esquerda.

O cavaleiro de peixes respirou fundo, sabia que esse momento ia chegar assim que soube do retorno da ex-amazona.

Estavam numa parte mais afastada de Rodorio, numa pequena loja cuja frente era composta por um balcão de madeira adornado com todo o tipo de flores. O homem dito como Afrodite estava do outro lado da superfície de carvalho, de mãos nuas e, equipado com uma tesoura, se ocupava em podar algumas rosas, enquanto escutava seu parceiro tão inquieto.

- Sim, eu sei Milo. Daidalos de Cefeu era seu mestre, o homem que matamos por ordens de Saga, enquanto ele se passava por Grande Mestre.

- Então!

- Então o que Milo, seja mais específico. Ela tem todo o direito de voltar ao santuário, mesmo não sendo mais amazona, continua trabalhando em nome de Athena.

- Eu sei disso! Eu quero dizer... – Bufou frustrado, dando as costas ao balcão e encarando o céu. -...Você não se sente culpado? Ele foi executado por nós como traidor... Mas no final era inocente. Saga era o verdadeiro culpado quando não estava em suas melhores faculdades mentais.

- Milo. – Soltou a tesoura e encarou as costas do amigo. – Isso já faz mais de vinte e quatro anos.

- Eu sei! Mas... Vendo-a subir as doze casas com Soleil... Ela não mudou praticamente nada em todos esses anos. Quando a vi parecia que eu estava novamente na ilha de Andrômeda. – Fechou os olhos com pesar. - Frente ao corpo frio de Daidalos caído no chão.

- Isso já aconteceu há muito tempo. E tenho que te lembrar de que eu fui morto por Andrômeda na batalha das doze casas? Ele já se vingou, gosto de pensar que não devo mais nada a esse assunto.

- Mas eu sobrevivi depois disso...

- E morreu pela segurança da Terra, ajudando os cavaleiros de bronze a passar pelos muro das lamentações e derrotar Hades. Milo, olhe para mim. – O escorpiano obedeceu, virando-se e ficando frente à expressão séria do pisciano. – Eu também não me orgulho das coisas que eu fiz no passado, mas elas são isso agora, passado. Quando voltamos à vida, Athena nos deu a oportunidade de seguirmos em frente. Isso não significa apenas viver nossas vidas como civis, e sim esquecermos os erros de outrora e olhar pelo amanhã.

   - Eu não sei se sou capaz de fazer isso. – Respondeu sincero desviando o olhar para alguns lírios sobre a bancada. – Ver novamente aquela mulher, sorrindo ao lado de Soleil. Por que justamente de Soleil?! É como se o passado tivesse voltado para me assombrar e rir da minha cara.

- Meu caro amigo, te darei um conselho. – Tornou a pegar a tesoura e voltar ao seu trabalho. – Se sua consciência o corrói tanto, vá até esta mulher e converse, peça perdão.

- Isso não trará Daidalos de volta.

- Não, mas pode aliviar essa sua consciência. Não custa tentar. Mas o que eu disse é verdade, você tem que seguir em frente. Tenho que te lembrar de que você sequer tem um aprendiz ainda? – Colocou em tom sério. - Todos sabem de sua consideração com Soleil, ele é como seu sobrinho, ou algo assim, porém, ele nunca será um cavaleiro. Você deveria se focar agora em conseguir um aprendiz para te suceder como cavaleiro de ouro e assim poder seguir com sua vida, aproveitando a oportunidade que os deuses nos deram.

- Você parece Camus falando assim...

- E ele tem razão. – Aproximou-se mais, apoiando o cotovelo sobre a madeira para ter certeza que os poucos transeuntes na rua não pudessem ouvi-lo. – Nós dois sabemos o que te prende ao Santuário. Essa é a principal página que você tem que virar, meu amigo.

- Afrodite! – Exclamou o escorpiano horrorizado, completamente rubro, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam. – O que pensa que está insinuando?!

- Eu não preciso insinuar nada. – Alegou afastando-se enquanto dava de ombros. – Agora, peço que vá embora, ainda não terminei os arranjos que preciso que meu menino entregue e você está afastando todos os meus clientes.

De fato, as pessoas ao redor já começavam a cochichar sobre a visita do ruidoso escorpiano.

- Muito bem. – Colocou de mau grado. – Pedirei perdão a essa mulher então, ou pelo menos tentar.

- Pense no resto que eu disse também. – Deu uma piscadela, irritando ainda mais o outro que foi embora batendo o pé.

Afrodite suspirou, passando seus longos cabelos para trás com as mãos, sujando-os parcialmente com terra sem perceber ou se importar. Guardou a tesoura numa gaveta abaixo do balcão, pediu educadamente para uma senhorita da loja vizinha ficar de olho em seu estabelecimento, e entrou numa porta ao fundo do comércio que levava ao resto da construção. Uma casa.

O cômodo seguinte era uma sala humilde, tendo de móveis apenas uma pequena mesa de centro e um sofá vermelho de veludo, contudo, havia vasos de diferentes tipos de flores que davam um ar agradável ao lugar. Na mesinha havia alguns poucos porta-retratos que mostravam presentes que o tempo havia dado aos moradores dali.

No primeiro, treze homens juntos na mesma foto, alguns pareciam ter sido obrigados a estar ali, mas a maioria parecia sorrir. No segundo, uma mulher com uma criança nos braços. No terceiro e último quadro, uma criança de cabelos azuis olhava para o chão segurando um buquê de rosas.

Afrodite observou as fotos por breves instantes antes de anunciar em tom irritado para uma porta do lado esquerdo do sofá.

- Muito bem, ele já foi.

Dito isso, da entrada lateral saíram duas pessoas, ambas de cabelos azuis espetados, um com roupas casuais, e outro de capa e capuz.

- Acheh qui eli num ia embora nunca. – Tentou dizer o mais alto de boca cheia, comendo um bolo. – Ersa está de parabéns, esse bolo está muito bom!

- Máscara, por favor, não fale de boca cheia. – Resmungou irritado, então seu olhar voltou-se ao segundo homem que o observava contrariado. – Agora Ikki, pode me explicar o que você faz aqui no mundo dos vivos?

O mencionado bufou aborrecido.

- Eu não devo explicações a você, Peixe.

- Sim, você deve, afinal está em minha casa. – Impôs, entrecerrando os olhos, seu tom assumindo um leve teor de ameaça. - E acredito que Athena odiaria saber que um espectro anda vagando próximo ao Santuário, sem mencionar que seu irmãozinho tampouco seria feliz ao saber que você foi descoberto enquanto bisbilhotava por conta própria, porque eu duvido muito que ele diria para você fazer algo assim.

O cavaleiro encaminhou-se com graça e elegância até o sofá e sentou-se, sem deixar de encarar seu visitante.

Ambos trocavam uma pequena luta com seus olhares, mesmo seus cosmos sutilmente começavam a se elevar.

Máscara apenas olhou de um para outro, desinteressado, também se encaminhando ao estofado e jogando-se nele. Esticou as pernas sobre a mesa o que derrubou a primeira foto, onde ambos, Peixe e Câncer, estavam presentes entre os treze integrantes.

-...Tire suas pernas daí agora ou eu lançarei uma rosa sangrenta em seu coração. – Ameaçou o pisciano, ao que o italiano resmungou palavrões em seu idioma materno e sentou-se corretamente, sem levantar a foto.

Com isso a atmosfera parecia ter suavizado um pouco, e com uma reclamação Ikki sentou-se de qualquer jeito no chão, mesmo ainda parecendo irritado.

- Eu só queria saber como vocês estão se preparando para a guerra iminente, não imaginei que estivessem em festa! – Alegou cruzando os braços.

- Se quer minha opinião, Shiryu está usando a minha sucessão apenas como pretexto para reunir todos no Santuário. – Observou Afrodite, colocando a mão sobre o queixo. - Ele não quer alastrar o pânico, o que o anúncio de uma Guerra Santa certamente faria.

- A maioria dos cavaleiros de prata não passa de pirralhos inexperientes, nunca estiveram numa batalha de verdade. Essa guerra vai ser um massacre. – Cantarolou Câncer colocando os braços atrás da cabeça, encarando o teto, divertido.

- Máscara! – Reclamou o dono da casa. – Você esqueceu que já morreu por subestimar um cavaleiro jovem? – E acrescentou o último em voz baixa. – Por uma atitude assim que você nunca se casou.

- Che cazzo! Ho appena dico la verità! Questi  ragazzi sono tutti inesperti!* – Exclamou Câncer exasperado.

- O que... Foi que ele disse? – Questionou Ikki sem entender.

- Nada. – Retou importância. – Ele está irritado de voltar para o Santuário deixando suas caças para trás. De qualquer forma, apenas Kiki e Shura devem saber o que se passa na cabeça do Grande Mestre, afinal, são mais próximos a ele.

- Bem, já é alguma coisa, suponho. – Resmungou o Benu. – Mas falando na caça, quantas almas podres você conseguiu até agora? – Dirigiu a pergunta à Mascara da Morte.

- Você como espectro deveria saber.

- Eu tenho cara de quem cuida desses pormenores?! Eu prefiro caçar, as contas ficam com Daidalos. Mas eu apostaria minha Sobrepeliz que Shaka já passou de você.

- Há! Aquele metido a Buda nunca será melhor caçando espíritos malignos do que um cavaleiro de Câncer!

Os dois já estavam acalorados em meio à sua discussão, quando Afrodite apenas suspirou cansado, estava ficando velho para este tipo de coisas.

- Falando em Daidalos, era sobre ele que Milo queria falar. Ainda se sente culpado pela sua morte. – Comentou Peixes chamando a atenção dos outros dois. - Estive tentado a dizer-lhe que o antigo cavaleiro de Cefeu não está exatamente morto, mas conhecendo nosso Milo, em cinco minutos Camus já estaria sabendo e em menos de dez todo o santuário.

- Esse escorpião é incapaz de guardar um segredo, mesmo que custasse sua vida. - Resmungou Máscara.

- Aaah sim, claro. – Ironizou o sueco. – E você pode falar alguma coisa?! Se tivesse mantido sua boca fechada eu não estaria metido nessa loucura! Ajudar a esconder um espectro de Athena?! Como se não me bastasse a fama de ter cometido uma traição contra nossa deusa quando fiquei do lado de Saga!

- Duas traições. – Corrigiu Câncer. - Tecnicamente, ressuscitarmos como espectros na última Guerra Santa e tentarmos arrancar a cabeça de Athena também foi uma traição.

- Aaaaah siiiim, obrigado por me lembrar! – Colocou em tom sarcástico.

- De qualquer forma. – Interrompeu Ikki. – Eu não me preocuparia com Daidalos. Eu diria que ele se acostumou muito bem com a vida no Submundo.

-.-.-.-.-.-

Nunca imaginou que o Submundo fosse um lugar tão...

Burocrático.

Cada novo morto devia constar nos registros, ele ou ela deveria cruzar as terras do mundo dos mortos provando sua determinação até chegar à sala de julgamento, caso tentasse escapar desse destino, acabaria se perdendo nos campos Asfódelos.

Esses campos desolados possuíam saídas que levavam aos Campos Elísios, Tártaro, Salão de julgamento, e até mesmo de volta para a Terra, tudo dependia das ações que os mortos se utilizavam para tentar encontrar seu caminho.

Além disso, todos os seus pecados, em vida e em morte, ficavam registrados nos livros da vida, que sempre deveria ser consultado ao julgar uma alma e encaminhá-la para sua pena ou benção.

As almas demasiadamente sujas não poderiam ter o privilegio de trabalharem no Submundo para diminuírem sua aflição, ficariam presas nos campos Asfódelos ou confinadas no Tártaro. Apenas os espíritos realmente arrependidos podiam tornar-se Esqueletos, trabalhadores que limpariam suas almas graças ao seu labor e assim garantir seu lugar no paraíso.

Mas isso não mudava o fato de que os Esqueletos eram apenas humanos assustados e sem experiência nenhuma com o trabalho da pós-vida.  Mesmo quando ficavam experientes, já haviam feito o suficiente e seus espíritos eram presenteados com a redenção, deixando o mundo inferior com uma mão de obra inexperiente e sempre mutável. Gerando problemas administrativos que jamais imaginou que o reino dos mortos teria que enfrentar.

 Daidalos observou com um sorriso breve como a alma de uma jovem senhora que guiava outras almas até o juízo sorria para ele uma última vez, antes de adentrar aos portões dourados que levavam aos Campos Elísios. Era sempre bom quando um espírito alcançava a libertação, mas de certo modo também era triste vê-los partir.

Ainda mais quando trabalhavam tão bem...

Podia soar realmente absurdo para um antigo cavaleiro de Athena, mas esperava com ânsia o retorno dos espectros para suas atividades no mundo inferior, afinal, eles possuíam milênios de experiência em administrar o reino.

Com tanto a se fazer, tantas almas que vigiar, tantas penas e bênçãos a distribuir, o loiro perguntava-se como era possível que os espectros ainda eram capazes de se preparar para uma Guerra Santa contra Athena a cada reencarnação.

Deixando o grande salão de julgamento, foi até a recâmara onde o corpo de Shun repousava, o jovem deus deveria estar descansando no profundo de sua consciência, uma vez que não podia sentir sua presença em nenhum lugar. O corpo de seu antigo pupilo parecia dormir sobre o trono de mármore, como se fosse acordar a qualquer instante.

Em apenas dois meses poderia ver aqueles olhos esmeraldas mais uma vez, aquele sorriso se abrir de uma forma além da espectral. Subiu as escadas sem tirar os olhos de seu jovem senhor. Chegando à sua altura, suavemente acariciou os cabelos esverdeados.     

Já possuía uma enorme consideração por ele quando o treinou na ilha de Andrômeda, a relação de mestre e discípulo já roçava a paternal. Agora depois de vinte longos anos de convivência, mesmo que não fisicamente, claramente podia dizer que o amava como um verdadeiro filho. Esse jovem que foi obrigado a crescer e amadurecer tão rápido. Daria sua vida sem pestanejar por sua segurança, mesmo sem perceber, seu afeto e confiança acabaram dando lugar a uma sólida lealdade.

É verdade que, a princípio, permaneceu no Submundo para impedir que Shun se deixasse envenenar pela função de deus dos mortos, o que por consequência, o faria perder sua índole bondosa e acabar atentando contra Athena e a Terra. Mas ao ver tudo o que havia enfrentado durante esses anos,  com orgulho era capaz de considerá-lo seu senhor, talvez com tanta devoção quanto a que tinha pela deusa da guerra.

Caminhou então até o espelho negro ao lado do trono, o objeto tinha praticamente sua altura, tocou sua superfície sutilmente com os olhos fechados.

Quando tornou a abri-los, imagens de diversas pessoas diferentes apareceram refletidas na superfície escura.

Ikki, de capa, parecendo sair de dentro de uma pequena loja de flores.

Um homem loiro acompanhado de um de cabelos brancos, ambos curtos, que pareciam pedir informações numa pequena cidade.

Um de madeixas azuis escuras e espetadas que seguia dois homens mais velhos.

E outro de olhos violetas, sorria sutilmente para uma mulher de longos cabelos.

Dezenas e dezenas de pessoas diferentes fazendo atividades distintas apareciam frente ao espelho.

Até parar na imagem de um homem, de aparência andrógena, que parecia estar cercado por algumas pessoas de má índole numa rua sem saída, tarde da noite.

- Kairos. – Chamou, e o reflexo sumiu para dar lugar a uma figura de cabelos castanhos escuros curtos, espetados e vibrantes e intensos olhos vermelhos, usava terno negro e gravata cor de sangue, além de sorrir abertamente.

- OOOH! Daidalos! Meu caro! Há quanto tempo não entra em contato! – Alardeou a imagem em tom cantante e bem humorado, tirando de sua cabeça uma alta cartola. Muito embora seu sorriso ardiloso parecesse trair suas palavras.

- Kairos, o que está fazendo? Verônica precisa de sua ajuda.

- Nada me deixa tão feliz quanto ter um coração que não se esquece de seus amigos! – Exclamou em tom teatral, fazendo exagerados movimentos com sua mão direita, como simulando uma reverência.

   - Estou falando sério Kairos. – Colocou em tom mais firme. – Se um dos nossos morrer antes de sequer recobrar suas memórias, eu pessoalmente convencerei nosso senhor de que você não merece uma segunda chance. Eu sinceramente não sei por que ele confia em ti em primeiro lugar.

A falsa felicidade sumiu em um instante, dando lugar a um olhar predatório.

- Não me ameace, humano. – Disse em tom ríspido. Mas logo riu abertamente, fazendo sinal com as mãos, como se pedisse para o outro se acalmar. - A lealdade dá tranquilidade ao coração! Nosso senhor me fez uma oferta nessa vida que eu jamais pensaria em recusar! Acredite em mim quando digo que o tempo que fiquei preso foi o suficiente para eu por minha “cachola” no lugar! – Deu uma batida suave em sua própria cabeça mostrando a língua. – Eu apenas quero auxiliar nos desejos do jovem mestre, sou-lhe completamente leal!

- Mostre isso então ajudando Verônica. Ele está na França, Bairro de Montmartre em Páris. Sua presença é fraca, mas você deve ser capaz de localizá-lo.

- Oooh! Ouuuii, ooouuii*! – Recolocou seu chapéu na cabeça. – Irei imediatamente por nosso queriiido companheiro! Afinal, a vida é muito curta! Passar esse momento de forma vil seria um desperdício! – E com uma última exageradíssima reverência o espectro desapareceu, retornando o espelho ao negro.

Daidalos respirou fundo. Ansiava pelo retorno dos antigos servos de Hades, e ao mesmo tempo, temia o que sua volta poderia trazer. A quem seriam leais? Aceitariam seu novo senhor? Tentariam orquestrar uma traição às suas costas?

Ele ainda não sabia, mas estaria lá para proteger Shun, mesmo que de seus próprios homens se fosse necessário.

-.-.-.-.-.-

 Chris Champrouge talvez não tivesse a melhor vida de todas, mas a razão de realmente não poder reclamar tinha um nome, chamava-se Claire Champrouge.

Nasceu no interior da França, sua mãe pouco mais do que uma jovem adulta e seu pai um homem bem mais velho. Foi um parto que todos os médicos desacreditavam que funcionaria, Claire possuía uma doença crônica degenerativa, era difícil até mesmo acreditar que havia ficado grávida. Contudo, contrariando a tudo e a todos, num dia 11 de junho, sob o signo de gêmeos, nasceu o pequeno Chris. Era como se os deuses quisessem que essa criança visse a luz.

Seu pai nunca foi realmente presente, sequer vivia na mesma casa de apenas dois cômodos. Mas apesar da vida difícil Claire era absolutamente feliz, nunca deixava de agradecer aos céus a cada dia por a permitir ser mãe. Um dia, porém, ela percebeu que seu menino era um pouco diferente. Certa manhã quando tinha apenas quatro anos, ele roubou um pedaço de carne da cozinha e escondeu num lugar do quintal, capturando todas as moscas que buscaram o cheiro de sangue. Ele as criava como se fossem seus pequenos animais de estimação, com um carinho e zelo tal que sua progenitora não teve coragem de censurar o ato.

Contudo, seu pai Alfred Cargrise, desde então sempre olhou torto para a criança, claramente enjoado.

Quando Chris completou oito anos, Cargrise o pegou brincando com as maquiagens de sua mulher. Naquela tarde, o agarrou pelos cabelos loiros que começavam a ficar longos e o arrastou até o quintal, chamando a atenção de sua mãe que correu para seu auxílio. Ambos sofreriam a agressão do adulto se um desconhecido de algum modo não tivesse simplesmente aparecido do nada e parado o punho do francês. Mãe e filho nunca descobriram quem era o rapaz, Chris apenas se lembrava que ele se vestia muito elegantemente de terno, gravata e até mesmo cartola. Mas tão logo apareceu, tão logo sumiu como se nunca tivesse existido.

Desse dia em diante, Claire levou seu filho para Paris, viver de favor na casa de alguns velhos amigos. Lá a mãe sempre trabalhou muito para que ele tivesse a melhor educação. O pequeno começou a ajudá-la muito novo, aprendendo a costurar e consertar roupas, algo em que acabou sendo muito bom. Às vezes Claire se questionava se o seu filho tinha tendências mais afeminadas por sua culpa, talvez pela falta de ter um pai de verdade, mas ao ver o belo homem de longos cabelos loiros sorrindo para ela com o documento que comprovava que ele havia sido aceito na Universidade de moda, isso definitivamente não importava. Ela amava seu pequeno Chris, independente de quem ele fosse.

Por isso, quando o universitário se viu cercado por bandidos numa rua sem saída esquecida de sua bela Paris, ele não temeu a morte.

Ele temeu por sua mãe, ela não possuía mais tanto tempo de vida, e saber que seu único filho foi cruelmente assassinado a iria ferir muito além de qualquer doença ou morte. Por ela, quando o jogaram no chão puxando seus longos cabelos, a igual seu pai fez em sua tenra idade, rezou internamente para todos os deuses que conhecia para que salvassem sua vida, ao menos, até que sua mãe encontrasse o deus da morte primeiro.

Para sua sorte, de fato, uma antiga divindade ouviu sua prece.

- Ora, ora... - Um homem alto de terno e cartola, idêntico a de suas lembranças infantis apareceu a passo lento, sorrindo de lado e chamando a atenção dos bandidos que estavam a espancar sua presa. - Humanos querendo atentar sobre a doçura da vida. Impedindo que alguém agonize a toda hora sob a pena da morte, fazendo-o, ao invés disso, morrer de um só golpe. Quem creem que são para atentar contra seus semelhantes?

- Quem é você maldito?! – Um dos homens, cuja mão estava ensanguentada e coberta de fios de cabelos loiros o observou com ódio.

- Por que está ajudando um travesti?! Algo repugnante que nem sabe se é homem ou mulher não merece sequer viver! – Um segundo rosnava, o sangue não só tingia suas mãos, como também seu rosto.

- Quem se importa! Vamos matá-lo também! – E o último, segurava em mãos os pedaços de pano sujos de rubro que arrancaram por impulso do ódio de sua vítima.

Mas Kairos não prestava atenção a esses sinais de barbárie, ele encarava o que havia acima desses seres, o que havia arrancado todo o rastro de humanidade de suas almas. Enormes fumaças negras cercavam seus corpos, como a figura difusa de gigantes Lestrigões* sedentos por carne fresca. Sem dúvida nenhuma, já não eram mais humanos.  

- Não ponhais vossa confiança em tábuas podres. – Recitou dando alguns passos em direção aos homens, que repentinamente pareceram congelar onde estavam, como se o tempo tivesse parado por alguns instantes.

O que, de fato, aconteceu, ao menos para eles.

O espectro ajoelhou-se ao lado de seu companheiro, roupas rasgadas, cabelo faltando pedaços e parecia tossir sangue.

- Q-quem... – Tentou dizer Chris, mas cada palavra parecia ser fatal. Observava os homens congelados sem conseguir entender. – É você...?!

Não respondeu, olhando sério pela primeira vez para a situação, Verônica estava ferido demais, provavelmente havia quebrado alguns ossos, seu corpo era de um simples humano com pouco treinamento físico. Se demorasse demais, havia o enorme risco dele morrer.

“Daidalos.” – Falou mentalmente. – “Quem atacava Verônica é uma das almas podres. Três delas. Sem a energia de um deus do Submundo, eu não consigo pará-los por muito tempo, meu cosmo não é suficiente."

Era absolutamente frustrante ter que depender da energia de seu senhor, ainda mais sabendo que esta era escassa uma vez que fora utilizada em grande parte para a reconstrução do submundo. Graças a isso, nas últimas duas décadas tudo que pôde fazer foi servir como um simples vigilante da reencarnação de cada um dos espectros, garantir que não tivessem suas almas ceifadas por alguém ou alguma coisa. Mas mantinha-se firme, o acordo com seu jovem senhor faria tudo valer a pena.

“Kairos.” - Contudo a voz que o respondeu mentalmente não pertencia ao ex-cavaleiro de prata, e sim ao próprio imperador do submundo. - “ Em um minuto alguém irá ajudar vocês, por favor, proteja Verônica e tenha cuidado.”

“Em um minuto existem muitos dias.” -  Declarou cantante, abandonando seu tom sério. - "Mas mesmo enfraquecido, eu já fui um deus, jamais me permitiria matar por um simples humano possuído.”

“Não subestime uma alma podre.” – Alertou Shun. - “Embora seja dois meses antes do previsto, peço que faça Verônica recobrar suas memórias, será mais fácil saírem vivos desse modo.”

O antigo deus bufou, o excesso de zelo de seu senhor às vezes o irritava, ao mesmo tempo o desconcertava, e no fim, apenas o fazia sorrir.

“Que assim seja! Meu coração está sempre a vosso serviço!”

Toda essa conversa não durou mais do que alguns segundos, nos quais Chris seguiu tossindo enquanto tentava se levantar, os atacantes seguiam parados no tempo e Kairos brincava com as abas de sua cartola.

Virou-se repentinamente para o loiro, assustando-o, pois seu salvador agora possuía íris amareladas. O humano tentou dar um passo para trás, mas ainda assim o estranho tocou sua testa com seu dedo indicador.

Uma corrente elétrica atingiu todo seu corpo, ao mesmo tempo em que imagens e mais imagens invadiam sua mente.

- Lembrar é fácil para quem tem memória. – Anunciou novamente com seu tom brincalhão, segurando pelas costas o corpo de olhos opacos que parecia repentinamente sem vida. – Hmmmm... Mas agora tenho um grande problema! – Soltou o outro sem qualquer delicadeza, deixando-o cair com um estrondo no chão, colocando a mão no queixo, pensativo. – Como carregar esse idiota até a cavalaria chegar? Hmmmm~~ - Andou de um lado para o outro ignorando o fato de que seu companheiro quase parecia ao ponto de convulsionar. - Não acho que mesmo com suas memórias ele será muito útil... No máximo poderá criar algumas roupas decentes ao Jovem Mestre, o traje muitas vezes mostra o homem! E francamente, um suspensório sem sequer um terno é uma afronta a boa vestimenta!

Parou, notando que os humanos pareciam prestes a voltar a se mexer.

- Muuuuito embora, a figura da morte, em qualquer terno que venha é espantosa!*...Então talvez não faça qualquer diferença a roupa que o Imperador da Morte usar... - Os homens então recuperaram suas forças, pareciam confusos por alguns segundos, mas logo voltaram ao ataque.

Agilmente Kairos desviou de seus golpes, tomou Verônica sobre seus ombros como um simples saco de batatas e saiu em pequenos saltos do beco escuro, quase como se dançasse.

- Isso é terrível! – Anunciou em tom teatral, enquanto os três começavam a perseguí-los. – Acredito que cometi um engano! Essa frase não é de Shakespeare e sim de Cervantes! Como os dois morreram no mesmo dia, acabei me confundindo!

Lançou um olhar para suas costas, haviam passado 45 segundos, nesse tempo acumulou um pouco mais de energia, o suficiente para derrubar três humanos fortes sem qualquer dificuldade, mas novamente, esses já sequer eram humanos. Além disso, ela estava se desgastando rapidamente sendo usada para parar o tempo de civis que possuíam o azar de transitar nesse instante pelas ruas da noite parisiense.

47 segundos. Como irmão de Chronos e também um deus do tempo, mesmo preso num corpo mortal, tinha certeza que seu jovem senhor não havia estipulado um minuto por nada.

50 segundos. Agradecia ao fato de que ao menos conseguia manter sua velocidade, mesmo com sua quantidade ínfima de cosmo disponível, se movia de tal forma que o cenário ao seu redor não parecia passar de um borrão.

53 segundos, porém lidava com algo monstruoso, pior do que imaginara a principio, o corpo dos três começava a se deformar, ombros e braços quebravam com estalos horríveis, dando origens a outros braços e cabeças que viravam em posições impossíveis.

55 segundos...

- Briareu, Coto e Giges!! Os três Hecatônquiros!! – Exclamou, abandonando completamente sua postura despreocupada, seus olhos completamente amarelos e dentes tomando uma aparência pontiaguda, uma aura de puro ódio envolvendo seu corpo. – MALDITO SEJA CHRONOS, MEU IRMÃO! AINDA NÃO SE PASSARAM OS 243 MESES QUE VOCÊ NOS OFERECEU!!

57 segundos...

- O quê... Onde eu estou?! – Chris acordava atordoado no ombro de Kairos, com dificuldade conseguindo olhar para trás. – O QUE POR THANATOS É AQUILO!

- Verônica! Não há tempo para explicar! – Exclamou exasperado. – Você consegue usar parte do seu cosmo para deter aquelas coisas?!

Verônica estava completamente atordoado, se sua estrela maligna havia despertado, por que ainda recordava-se com perfeição de sua vida humana?! Vendo aqueles seres horrendos de três cabeças e seis braços, que se multiplicavam, pensou novamente em sua mãe Claire. Havia sido servo da própria personificação da morte, Thanatos, mas agora temia que sua morte ferisse uma mulher humana?! Sempre odiou sequer tocar um humano vivo!

- Farei o que puder! – Exclamou, concentrando todo seu cosmo, que por alguma razão parecia ser muito ínfimo.

A terra começou a tremer e engolir as três monstruosidades. Kairos parou derrapando, virando-se para os inimigos que se debatiam tentando se libertar, mas isso apenas os prendia mais. Inclinou-se para permitir que o outro espectro descesse, mesmo com corpo trêmulo e diversas escoriações.  

Contudo, no instante seguinte, os monstros ficaram imóveis, como se correntes invisíveis os estivessem segurando. O antigo deus suspirou cansado, deixando-se cair no chão, um sorriso voltando ao seu rosto. Chris o observou sem entender.

- 1 minuto. – Declamou como simples resposta.

O tilintar de armaduras contra o chão denunciava passos se aproximando, chamando a atenção dos espectros. Daidalos, usando a sobrepeliz de Griffon, posicionou-se protetoramente frente a eles. Ao seu lado vinham mais duas pessoas, um homem e uma criança.

A criança, de cabelos curtos, lisos e vermelhos, que não aparentava ter mais de dez anos, parou ao lado do antigo cavaleiro de prata, enquanto o segundo adulto continuou caminhando na direção dos seres presos pela terra e pelas correntes de Daidalos. Sua armadura dourada ressoava enquanto caminhava, seu dono sereno mesmo frente à tais bestas.

Cabelos loiros compridos e olhos fechados, Shaka de Virgem sentou-se em posição de lótus frente aos Hecatônquiros.

Em suas mãos, um extenso rosário de centenas e centenas de contas, envolvido por seus braços e estendido entre suas mãos.

Ele começou a entoar um mantra, enquanto Daidalos se voltou aos outros dois.

- Vocês estão bem? – Questionou preocupado.

- Aaah! Eu sou o fantoche da fortuna! – Dramatizou Kairos, tirando seu chapéu ao recém-chegado.

- Quem é você? – Verônica perguntou, sentando-se com dificuldade no chão. – Não se parece com Minos... O que está acontecendo aqui?! Por que essas coisas nos atacaram?!

- Meu nome é Daidalos, digamos que estou substituindo Minos, por enquanto. E sobre isso... - Seu olhar se encontrou com o antigo deus, que voltou a ficar sério.

- Não há dúvidas, meu querido irmão quebrou o acordo. – Colocou em tom ácido.

O juiz apertou os punhos com força.

- Então estamos sem tempo... Nosso senhor ainda não se recuperou completamente. – Esses dois meses farão muita falta a Shun, tinha certeza.

- Oláaaa? Queridos! - Verônica de Nasu voltou a chamar a atenção. – O que está acontecendo aqui! Já se passaram 243 anos?! Estamos em outra Guerra Santa?! Por que demônios um cavaleiro de Virgem está nos ajudando?! Ele é um traidor?!

- Deixemos que o tempo esclareça as dúvidas. - Declarou Kairos batendo no ombro de seu companheiro. - A fortuna conduz ao porto muitos barcos sem timoneiro.

- Eu não faço ideia do que você quis dizer com isso! – Exasperou-se.

- Por hora o melhor é que te levemos ao hospital. – Explicou Daidalos calmamente. - Lá você poderá entrar em contato com sua família, informá-los que se ausentará por alguns meses, então de volta ao Submundo te explicaremos tudo.

Abriu a boca para dizer que aquilo era ridículo, um espectro se importando com sua família humana?! Dando satisfação a ela antes de partir para seu dever com o mundo dos mortos?! Não fazia sentido!

Porém sua humanidade o impedia de falar, seu coração batia aliviado com a ideia de ver aquela que o deu a luz ao menos mais uma vez, não custava nada dar uma explicação a quem lhe deu tanto amor. Ele sempre lidou com a morte, mas essa mulher lhe deu sua vida.

Com isso em mente, apenas balançou a cabeça afirmativamente.

Por outro lado, algo estranho acontecia. Shaka emanava seu cosmo com uma intensidade quase divina, envolvendo o rosário e por sua vez, as três criaturas, sugando suas almas para as contas. Ou era isso que deveria estar acontecendo.

As três contas do rosário que deveriam prendê-los começaram a rachar, até quebrarem em mil pedaços. Imediatamente a isso as correntes também se partiram, e os monstros conseguiram se desprender do chão, suas figuras se expandindo cada vez mais, destruindo ainda mais a rua e os poucos carros estacionados.

Finalmente livres e assumindo tamanho de gigantes, o número de cabeças e braços começou a se multiplicar de forma alarmante, enquanto caminhavam e batiam com seus novos membros em tudo ao seu redor.

- SHAKAA! – Berrou Daidalos quando esses golpes iam na direção do dourado.

- Kahn! – Proferiu o virginiano, e ao seu mando uma esfera de pura cosmo-energia dourada o envolveu, protegendo-o completamente.

Contudo, o impacto dos golpes foi tão absurdo contra a proteção, que parte de sua energia desviou na direção dos espectros. Daidalos deu um passo à frente, porém, não foi necessário. O pequeno menino ruivo que seguia ao seu lado, sem dizer qualquer palavra, invocou a mesma proteção de seu mestre, envolvendo os quatro, fazendo o impacto atingir apenas a rua.

- Impressionante. – Declarou o juiz para o menino que desmanchou a proteção em seguida. – Eu não esperaria menos de um sucessor da casa de Virgem.

O pequeno não disse nada, nem esboçou uma reação, apenas voltando a encarar as costas do cavaleiro de ouro. Agora de pé, Shaka resolveu mudar de estratégia.

Levantou a mão esquerda até a altura de seu ombro, com a palma aberta para frente, a mão direita esticou para baixo, também com a palma para frente. Sua cosmo energia se concentrando num ponto no centro de seu tórax.

- Ciclo das Seis Exis- Porém foi repentinamente interrompido, dando um passo para trás, como se algo o tivesse atingido.

Daidalos correu em sua direção.

- Shaka! – O virginiano levara a mão esquerda para seu rosto, onde um corte escorria algo de sangue.

Ao tempo que os três seres gritavam e berravam, enquanto seus corpos derretiam desmanchando-se grotescamente, como se ácido tivesse sido jogado sobre todos, consumindo-se em si mesmo até não restar sequer os ossos. Mas as almas negras que haviam envolvido os três rapazes de antes, simplesmente subiram em direção ao céu.

- Eles vão voltar. – O cavaleiro declarou com firmeza.

- Temos que nos preparar para quando isso aconteça. - Seguiu o juiz. – Sinto que isso foi apenas um aviso.

- Cuide de seus amigos sob a chave de sua própria vida! – Exclamou animado Kairos dando saltos até os dois. – Quem ia imaginar! Ser um dia salvo por um cavaleiro de ouro!

Shaka virou-se para o espectro, abrindo seus olhos azuis vibrantes e os franzindo em direção ao outro.

- Não confunda as coisas, espectro. – Declarou em tom calmo, porém frio. - Te ajudar foi apenas um infortúnio. Meu interesse era apenas expurgar da Terra esses seres.

- Claaaro, claaaro. Mesmo um demônio citará as sagradas escrituras se isso for para o bem de seus propósitos. – Provocou, mesmo sentindo uma enorme cosmo energia o sufocando desde que o outro abrira seus olhos.

- Não é momento para isso. -  Daidalos interveio. – Agora precisamos todos nos reorganizar. O pior ainda está por vir.

Sem mais, Shaka deu as costas aos espectros, caminhando em direção ao final da rua, onde estava seu aprendiz.

- Eu preciso ir imediatamente ao Santuário. – Começou o cavaleiro tornando a fechar os olhos. – O próximo ataque será lá, ou nas terras de Poseidon.

- Eu te levarei até antes de Rodorio, preciso de fato encontrar-me com Ikki que está por lá. – Shaka não reagiu a esse fato, como se fosse irrelevante. – Kairos, retorne o tempo parado dos civis e leve Verônica até o hospital mais próximo, é uma questão de tempo até as autoridades chegarem até toda essa destruição.

Daidalos então tocou o ombro do cavaleiro, ao tempo que a criança segurava a capa de seu mestre e os três desapareceram.

Kairos bufou impaciente, recolocando sua cartola.

- Eu preferia mil vezes receber ordens de Pandora, ela era muito mais voluptuosa e interessante.

-.-.-.-.-.-

Sob o trono do imperador do Submundo, há vinte anos e um mês jazia o corpo de um jovem. Cabelos verdes compridos, pele pálida. Seu coração não mais batia, seus pulmões não mais respiravam, o sangue não mais corria por suas veias.

Contudo, depois de 241 meses, as pontas de seus dedos começaram a se mexer.

E seus olhos lentamente se abriram.

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Notas Finais


* Que merda! Eu apenas digo a verdade! Esses rapazes são todos inexperientes!

* Siiiiim, siiiiim!

* Os Lestrigões, na mitologia grega, eram gigantes que se alimentavam de carne humana, citados por Homero na Odisseia.

* Essa frase dá nome ao capítulo.


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