Ah segunda-feira! Tu és tão bela! Sinto até vontade de cantar!
– Mi, você está feliz demais. Você odeia as segundas. – Armin dizia enquanto subíamos a escadaria para a entrada da escola.
– Que paranoia, Armin! – tentei fazer meu ar de inocente. – Não posso acordar feliz, não?
– Não. Não pode. – ele disse desconfiado.
– Que maldade! – tentei parecer ofendida, mas a ansiedade estava me matando! – Vem logo. Quero entrar logo. – e puxei o loiro comigo. Assim que entramos no corredor dos armários sentimos…
Um cheirinho de vingança. Na verdade era um fedor de coisa podre, mas dá no mesmo.
Todo mundo tapando o nariz, especulando o que diabos teria morrido ali. Provavelmente a dignidade do Rivaille. Sorri internamente.
– Por favor, me diga que você não tem nada haver com isso. – Armin sussurrou enquanto tapava o nariz.
– Eu? Eu não! – dramatizei.
– Mi! Você não presta! Mente na maior cara de pau! – ele riu discretamente.
– Cala a boca e olha! – lá vinha o diretor e vários professores e também o zelador. – Bom dia, diretor Smith. Que bicho morreu aqui? – eu perguntei inocente. Ainda morria de vergonha devido ao incidente do banheiro, mas minha vontade de ferrar o Rivaille era bem maior!
– Bom dia. Não sei, senhorita Ackerman. Mas viemos descobrir a fonte desse fedor horripilante.
Depois de alguns minutos descobriram que o fedor vinha de um dos armários. O do Levi. Estava fedendo muito, mas todo mundo aguardava para ver o que diabos tinha lá. Bando de curiosos!
A melhor teoria até agora era de um cadáver. Mas também foram feitas suposições com ratos.
– Aposto 10 reais que vão encontrar um cadáver lá. Um cadáver de frango. – eu disse baixinho pro loiro. Ele arregalou os olhos.
– Você é tão cínica, Mi. Me lembre de nunca te irritar. – ele disse baixinho também.
O dono do armário logo apareceu. Seus urubus lhe sobrevoando. Ótima analogia para usar hoje.
Me mantive longe, não consegui ouvir o que o diretor dizia a ele. Ah não. Não é uma questão de covardia, é que essa só é a primeira parte da minha vingança. E quando o mimadinho abriu o cadeado e a porta um burburinho começou. Risadas e "Meu Deus", alguns faziam sinal da cruz, duas garotas vomitaram no chão. O diretor ficou vermelho de raiva.
Havia um frango podre lá, fedorento e cheio de larvas e várias velas pretas. As aulas foram canceladas naquele dia e adivinhem só quem foi obrigado a ajudar na limpeza?! Uma semana de trabalho comunitário no caminhão de lixo e eu ri até a barriga doer.
Nunca uma segunda-feira foi tão linda!
Agora vamos a segunda parte.
Naquela noite eu imprimi vários folhetos com os seguintes dizeres: Quer seu amor de volta em três dias? Saber a sua sorte? Fazer um trabalho pra conquistar a morena? Vá ao armário da Macumba e trate com o Pai Levi.
Essa parte foi mais difícil. Pois deixar tudo aquilo de folhetos na porta em horário de entrada sem ser vista é complicado. Mas consegui. Logo os folhetos estavam se espalhando. Agora sim era hora do mimadinho saber com quem ele se meteu.
Peguei um dos folhetos e fui na direção dos armários. Ele estava lá no seu. Sozinho dessa vez, onde estão os urubus? Me encostei de costas no armário ao lado do seu.
– Deve ser bem humilhante recorrer a macumba pro papai não perder a fortuna. – ele me olhou com seu olhar gélido. Nossa pareço uma gelatina de tanto que tô tremendo (sintam o sarcasmo) – Foi divertido me colar na privada, né? – ele ficou calado, apenas me olhava com um ódio mortal. – Mexeu com a pessoa errada, Rivaille.
– Você me paga! – ele ameaçou baixinho.
– O quê? Vai fazer um vodu pra mim? – me aproximei e o olhei de cima – Tudo o que você fizer eu posso fazer o dobro pior, baixinho. – eu disse dando um encontrão de ombro nele.
– Vaca! – ele gritou. Todos os alunos, inclusive eu, pararam para olhar. Me virei pra ele.
– Vaca? Sério? Acho bom me contratar pra fazer suas pegadinhas, quem sabe assim seu canal ganha mais likes. – me virei e segui meu caminho. Só ouvi risadinhas enquanto andava.
Não foi atoa que fiquei conhecida no Fundamental por Demônio Chinês (apesar de eu não ser chinesa, e sim metade japonesa).
A culpa disso é do meu tio! Foi ele que me ensinou a não abaixar a cabeça pra ninguém. Eu era bem pequena quando meus pais morreram, então Kenny me cria desde então, ele é irmão da minha mãe. Imagine o que um militar aposentado pode ensinar para uma criança. Sempre que eu me metia em encrenca ele fazia a mesma pergunta: Onde eu errei com você, Mika? Quinze minutos depois me fazia contar cada detalhe do que eu fizera e ria até não poder mais. "Um Ackerman nunca abaixa a cabeça pra ninguém, Mikasa" ele repetia depois.
Ainda pequena meus colegas não me queriam por perto. Eu era a esquisita de todos. Kenny não tinha o menor jeito com meninas, meu cabelo era bem curto, estilo masculino, as roupas também o eram. Eu não tinha amigos, até na Creche as outras crianças não gostavam de mim! Então surgiu o Armin e fizemos amizade. Ele era meu Thor, sempre tentando me colocar na linha, e eu era o Loki dele, sempre aprontando.
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