História Guilty Love - 1. Those Eyes

Lauren Jauregui POV

- Karla Camila Cabello Estrabão, 22 anos, reside em Tottenham, Hampstead, Sul de Londres. Estudante de moda divide apartamento com duas amigas. – Vero lia os relatórios e eu permanecia em silêncio tentando associar alguma coisa importante – Lauren... Preste atenção.

Ajeitei-me na cadeira mordendo a ponta da caneta:

- Estou prestando atenção, só que nada disso faz sentido pra mim.

Falei, voltando a encarar a foto a minha frente.

- O quê não faz sentido pra você?

- Como uma garota de 22 anos, estudante de moda, que divide apartamento com duas amigas está desviando milhões da empresa do pai?

Minha melhor amiga ajeitou-se na cadeira, me encarando:

- Lauren, tem certas coisas que a gente não questiona. Você consegue dimensionar o quanto essa causa é importante pra visibilidade do seu escritório?

- Vero, não é só isso que está em jogo nisso tudo – suspirei.

- E o quê mais? Lauren, ele é pai dela e certamente a conhece como poucos...

Falou e eu cogitei a ideia da minha melhor amiga está certa, mas a onda de porquês invadia os meus pensamentos e eu não podia simplesmente ignorar o fato de que em todas as histórias já contadas, existem duas versões e eu precisava ouvir a dela.

- Onde essa moça estuda, Vero? Os lugares que ela frequenta, os amigos. Seu relatório inclui tudo isso?

Perguntei sugestiva e ela gargalhou:

- Você está precisando de alguém que te foda direito, isso sim!

- Vero... – sorrir – foco!

- Sim, Lauren. Foco. – fala abrindo a pasta novamente – Camila estuda na Central Saint Martins, frequenta balada, ama cinema, teatro, museus...

- E os amigos? – falei apoiando os cotovelos na mesa.

- Dinah Jane Hansen e Allyson Brooke.

- Namorado?

Vero gargalha a minha frente:

- Ela é lésbica.

- LÉSBICA?

Perguntei um pouco alto demais e Vero arqueou as sobrancelhas:

- Tem interesse? – gargalhou.

- Idiota – respondi um pouco sem jeito – ela só me pareceu hétero e...

- E? – Vero perguntou esperando ansiosamente pela resposta.

- Esquece Iglesias – falei um pouco constrangida – isso não importa...

- Você bem que poderia usar esse par de olhos verdes pra ajudar nas coisas que queremos saber, que tal?

Perguntou sugestiva e eu arregalei os olhos:

- Pirou?

Vero gargalhou levantando-se de onde estava desde que começamos a estudar sobre a vida de Camila Cabello:

- Vem, temos que sair.

- E pra onde iremos? – perguntei levantando e pegando o meu casaco que estava na minha cadeira.

- Em uma boate onde uma das amigas da Camila, se apresenta. É uma forma de vermos tudo de perto, e quem sabe nos aproximarmos, certo?

- Sim. – falei parando ao lado da minha melhor amiga – tudo pelo meu escritório! Mas acho que vamos precisar de roupas apropriadas, você não concorda?

- Plenamente. Vamos lá, olhos verdes, “Operação Conversar e Conquistar.” – Veronica falou.

- Vero, o certo não é “Dividir e Conquistar”? – perguntei

- Que seja, Jauregui. Vamos logo.

 

Camila Cabello POV

Me encontrava deitada pensando se eu deveria ou não finalmente fazer uma tatuagem,  afinal eu sempre achei algo tão sexy, mas na época que eu comecei a me interessar pelo assunto meu pai foi taxativo e me disse um grande não, porém hoje em dia nós quase não tínhamos mais vínculos e eu poderia fazer o que bem entendesse.

Estava a tanto tempo pensando nesse assunto que não percebi que eu estava prestes a me atrasar e justamente por estar alheia acabei voltando a dormir. Acordei o que me pareceram ser minutos depois com minha melhor amiga jogando água na minha cara.

- MAS QUE PORRA? – gritei, completamente acordada agora pelo susto e água gelada na minha cara.

- Nós estamos atrasadas, Karla Camila, estou tentando te acordar tem 30 minutos.

- Que? Dinah ainda pouco eram 05:00 a.m – informo a ela com meu olhar assassino.

- Pois saiba você que são 07:45 a.m, e se a senhorita tiver mais um atraso, Mrs. Agron vai foder com a sua vida naquela universidade.

- Puta que pariu. – levantei rapidamente e me encaminhei para o banheiro a fim de fazer minha higiene matinal e tomar o banho mais rápido da história, sai do banheiro dez minutos depois gritando por Dinah, eu tinha até 08:15 a.m pra pisar naquela sala antes da minha vida estar completamente fodida.

- Vamos Dinah, eu já acordei atrasada pra caralho e você ainda fica enrolando. – Falei impaciente com a minha melhor amiga, já essa deveria ser a terceira vez só nessa semana que eu me atrasava pra aula.

- Eu estou indo, Camila. Não me culpe pelo seu próprio atraso. – A loira respondeu de forma irritada, ela odiava que a apressassem.

- Não culpei, apenas estou pedindo pra você colaborar, não posso chegar atrasada novamente. – Suspirei.

- Okay, estou pronta. Vamos. – Falou finalmente saindo do quarto.

- Na próxima vez, eu deixo você ir andando. – Disse me encaminhando com Dinah para meu carro, um Aston Martin Vanquish na cor preta, poderia dizer que esse carro era meu pequeno bebê de tanto cuidado que eu tinha com ele. Entrei no lado do motorista e a loira no do passageiro e logo arranquei com o carro, em direção a Central Saint Martins, a melhor escola para um estudante de Moda em Londres.

- Não me venha com esse papo ou eu paro de cozinhar e ir pra festas com você no meio da semana. – Olhei pra ela incrédula.

- Dinah, hoje é sexta-feira.

- Eu não me referia a festa de hoje e sim a de quarta-feira que você fez questão de me arrastar.

- Você não reclamou. – Revirei os olhos diante a declaração da mesma, sendo que eu sabia o quanto ela havia se divertido.

- Lógico né? Tinha álcool envolvido, Chancho.

- Então não adianta vir com essa agora.

Depois disso, tudo o que se ouvia era o ronco suave do motor do carro enquanto eu continuava a correr pelas ruas a fim de chegar pelo menos uns 2 minutos antes da aula começar e consequentemente não levar outro sermão da Mrs. Agron pelo terceiro atraso consecutivo, não demorou mais do que 5 minutos para finalmente adentrar o grande campus da CSM, estacionei o carro, dei um rápido adeus a Dinah e depois de travar meu bebê, sai correndo para minha primeira aula do dia.

Depois de 2 horas de uma aula extremamente entediante da Mrs. Agron, eu finalmente pude ir ao refeitório do campus comer algo, já que dado meu atraso eu não consegui nem tomar um copo de suco antes de sair de casa. Acabei encontrando Dinah no meio do caminho e ela me parecia mais feliz, acho que tinha encontrado com uma de suas muitas paqueras e dado alguns beijos para estar sorrindo daquela forma.

- Encontrou com quem para estar assim felizinha no meio do dia? – perguntei maliciosa.

- Não importa, você só deveria estar feliz porque eu estou feliz e esqueci da sua gracinha de hoje de manhã. – respondeu rapidamente com um sorriso irônico no rosto

- Okay, não tá mais aqui quem perguntou. Que horas vamos nos encontrar na saída? Acho que tenho aula até 02:00p.m e depois tenho que passar no escritório do meu querido papa. – falei enquanto andava ao seu lado.

- Tenta não arrumar confusão por lá, Chan. – ela disse num tom de aviso.

- Eu vou tentar, mas você sabe que não posso prometer nadinha. – pisquei pra loira que revirou os olhos pra mim.

- Já tá valendo a tentativa. – suspirou - Eu tenho aula até as 03:00p.m, te encontro em casa as 07:00p.m então? -  falou pensativa.

- Feito. Escolha a roupa perfeita, porque hoje vamos nos dar muito bem.

- Estou contando mesmo como isso, Karla.

- O que eu falo, eu cumpro, você sabe. – sorri largamente pra polinésia que apenas me sorriu de volta.

- Okay, até mais tarde bunduda. – dito isso, estapeou minha bunda e continuou seu caminho.

- Até, loira.

Depois de finalmente comer alguma coisa, voltei para a sala a fim de assistir a todas as aulas do dia que ainda faltavam, até que voltei a entrar no meu carro e dar partida para ir ao encontro do meu pai. Esse encontro não seria algo legal e amigável, eu sentia que meu pai estava prestes a aprontar e como eu escolhi cursar Moda em vez de Administração para comandar o império Cabello, o Mr. Alejandro, um dos homens mais influentes da Inglaterra guardava um grandessíssimo ressentimento de mim, depois de dirigir por pelo menos uns 20 minutos até o centro da cidade, eu finalmente cheguei ao grande prédio onde ficava a Cabello’s Publicity, simplesmente a melhor empresa de publicidade voltada a engenharia que existia em toda Londres, o mesmo continha 55 andares para abrigar todos os funcionários e suas divisões de serviço, entrei no prédio e fui direto ao 55° andar, aonde ficava a sala da presidência, encontrei a secretária do meu pai já a minha espera.

- Mais um minuto e você ia deixá-lo uma fera por se atrasar.

- Eu sei, Alycia, mas tanto você quanto o senhor magnata ali sabem que eu não sou uma vagabunda, estava em aula.

- Eu sei, pequena. Mas ele não gosta da sua escolha de curso e você sabe disso.

- O que você queria que eu fizesse Alycia? Era seguir o meu sonho ou o sonho do meu pai e na última vez que eu chequei a vida ainda era minha.

- Certo, não precisamos discutir sobre isso, apenas entre, sim?

- Sim senhora.

- Não me chame de senhora, Karla Camila, tenho idade pra ser sua namorada.

- Okay, okay.

Alycia Debnam-Carey conhecida como a secretária do meu pai, ou também como meu antigo caso, era uma das únicas amigas que eu mantinha dentro dessa empresa, ela era uma das pessoas mais inteligentes e competentes que eu conhecia isso tudo tendo apenas 24 anos. Assim que passei pela morena e dei um abraço na mesma, a porta atrás de nós se abriu revelando um Alejandro com cara de poucos amigos voltada para mim, como sempre.

- Boa tarde, Karla. – formal como sempre, quando se tratava de falar comigo.

- Boa tarde, senhor Cabello. – respondi da mesma forma.

- Eu ainda sou seu pai, garota. Me trate como tal. – falou taxativo, como se ainda tivesse algum direito de ser assim.

- Irei fazer isso quando você reaprender a me tratar como filha. – retruquei no mesmo tom.

- Quando você desistir dessa palhaçada que é cursar Moda, posso voltar a te tratar como filha. – falou com desdém e naquele momento tive vontade de voar na cara daquele homem que costumava ser o meu pai.

- Sendo assim, vou continuar a te tratar como senhor Cabello. Pode me desejar logo o que você deseja com a minha pessoa? Ainda tenho compromissos marcados para hoje. – falei indiferente e revirando os olhos.

- Por compromissos, você quer dizer ir a balada com aquela garota que você mora? – seu tom severo, como se ele tivesse o direito de estar com raiva sobre o que eu fazia ou deixava de fazer.

- Primeiramente, isso não lhe diz respeito mais e segundamente essa garota tem nome e se chama Dinah Jane Hansen. – respondi raivosa.

- Que seja, Karla. Te chame aqui porque tenho uma proposta pra você. – disse como quem não queria nada, como eu disse, ele estava aprontando alguma.

- Que seria? – perguntei já entediada de estar ali.

- Você assumir meu lugar enquanto eu resolvo uns problemas que surgiram.

- O QUE? Você só pode estar brincando. – gritei quase soando desesperada.

- Não estou, eu ensinei a você como essa empresa funciona desde o primeiro andar até o último. Além do mais, você sabe perfeitamente bem que eu não tenho outra pessoa a quem recorrer que não seja você.

- E a Alycia, pai? Você sabe que eu não tenho tempo pra isso, não me venha com essas suas brincadeiras, por favor.

- Eu já falei com ela, e vocês vão dividir os horários, ela vai ficar de 08:00 a.m até 02:00 p.m o horário que eu sei que você sai da faculdade.

- Você só pode estar brincando. – voltei a repetir completamente revoltada com a cara de pau do homem sentado a minha frente.

- Não estou. Pense bem, Karla você vai receber por isso, não vai ser um favor.

- Okay e por quanto tempo seria isso? – resolvi entrar no seu jogo.

- Por três meses.

- QUE? – gritei pela segunda vez em menos de dez minutos, esse homem só podia estar fazendo uma piada.

- Você poderia, por obsequio, parar de gritar. – pediu paciente.

- Farei isso assim que você disser por qual motivo realmente me chamou aqui.

- Eu acabei de lhe falar. Olha, vamos fazer da seguinte forma, use o final de semana para pensar e me dê uma resposta na segunda.

- Não. Não preciso pensar nisso pra saber que minha resposta é não.

- Karla, isso aqui não é um jogo. Pense na proposta e me responda na segunda.

- Okay, que seja. Terá sua amada resposta na segunda. – respondi completamente emburrada, saindo porta a fora.

Cheguei em casa com o humor levemente melhor depois de passar alguns minutos apenas correndo a toa pelas ruas no Londres no meu carro, não tinha nada melhor do velocidade pra me acalmar, além é claro de uma noite de sexo, noite essa que eu pretendia ter ainda hoje, assim que pisei na sala vi uma Dinah de jeans e sutiã andando pro lado e pro outro conversando no telefone com uma cara nada amigavel, assim que ela desligou aproveitei pra alfinetar.

- Que foi? Seu novo casinho te deixou na mão?

- Não me enche, Karla. E passa já pro banho, quanto mais cedo eu chegar naquela balada mais eu vou beber e pegar pessoas.

- Definitivamente teu casinho te deixou na mão. – gargalhei audivelmente, o que me rendeu uma careta da loira e um tapão no meu braço. – AI, DINAH. Seu tapa dói. – choraminguei.

- Ótimo, porque era pra doer mesmo. – revirei os olhos e fui direto pro banheiro, antes que eu apanhasse ainda mais.

Depois de uma hora de um relaxante banho com água morna, fui ao closet decidir qual seria o look que eu usaria hoje, queria algo que fosse fatal, algo que fizesse uma mulher cair aos meus pés e implorar por uma boa foda. Sendo assim, optei por um calça de couro colada que realçava minhas pernas e bunda, um top cropped de manga comprida listrado e um par de scarpins pretos e por útlimo uma maquiagem leve que consistia em rímel, delineador e batom, para destacar meus olhos e lábios, sai do quarto chamando por Dinah e não pude evitar de deixar meu queixo cair assim que a vi, a loira usava um short jeans escuro, com uma blusinha solta com uma jaqueta de couro por cima e seus inseparáveis loubotins.

- Jane, tem certeza que você ainda quer sair? – perguntei maliciosamente – Porque eu posso facilmente fazer você ter a melhor noite da sua vida. – terminei convencida.

- Qualquer dia desse, eu ainda comprovo essa tua teoria, Camilinha. Mas por hoje, terei que recusar.

- Okay, okay. Não se pode ganhar todas né? – falei com cara de cachorrinho, a fazendo rir.

- Não, não pode. Vamos então? – ela falou apontando na direção da porta.

- Après, mademoiselle.

- Merci. – eu e Dinah aprendemos a falar um pouco de francês depois de uma de nossas muitas viagens a Paris e desde então, costumamos falar casualmente só pra não esquecermos o idioma.

Entramos no carro e eu segui até a Maddox, uma das baladas mais luxuosas de Londres, conhecida por seus inigualáveis drinks e pelos maravilhosos dj’s que não deixam ninguém parar de dançar, a receita certa para se ter uma ótima noite. Assim que chegamos, estacionei numa das vagas vips que tinham por ali e eu tenho certeza que todas as pessoas que estavam na fila esperavam ver uma celebridade saindo do carro, o que sempre era motivo de risada para nós duas, porque só tínhamos acesso vip pela quantidade de pessoas que fazíamos vir com a gente e pela quantidade de vezes numa mesma semana que aparecíamos por ali, ao adentrar o local fui diretamente ao bar com Dinah.

- Vamos lá, loira, hora da nossa tradição de todas as noites. – sorri empolgada.

- Maaaalik. – Zayn Malik, era o melhor bartender de toda Londres, e o mesmo já conhecia nossa tradição, então era sempre por ele que procurávamos.

- Dinah Jane e Camila Cabello, que surpresa vê-las por aqui. – debochou o moreno, com a garrafa de tequila nas mãos, o mesmo puxou três copos pra mim e três pra Dinah de trás do balcão e os encheu. – Bem-vindas, meninas. E que a sorte esteja a favor de vocês essa noite. – ele sorriu e voltou a atender os outros clientes. Devo dizer que essa famigerada frase de Jogos Vorazes surgiu numa das vezes em que eu estava muito bêbada e não tinha conseguido ficar com ninguém, estava no bar com o Malik reclamando e acabei soltando um: “A sorte nunca está ao meu favor, Zayn.” desde então, ele nos fala isso antes de começarmos nossa noite.

- Então vamos lá, Chee. A uma boa noite de sexo. – falei com um sorriso de canto, a loira arqueou a sobrancelha sorrindo.

- A uma boa noite de sexo, Chan. – brindamos e bebemos rapidamente os três copos. E foi assim que eu terminei o terceiro copo que eu cruzei meu olhar com uma mulher que mais me parecia como Afrodite - a deusa grega do amor e da beleza – nos pés um par de saltos scarpins na cor vermelha, as coxas grossas marcadas pela calça jeans escura, seios bem delineados pela blusa apertada e um pouco decotada na cor branca, boca perfeitamente desenhada e marcada por um batom vermelho e por último um belíssimo par de olhos verdes delineados de uma forma que só o olhar daquela mulher chamava a atenção e naquele momento eu decidi que era para aqueles olhos que eu queria olhar enquanto gozava, deixei Dinah conversando alguma coisa aleatória com o Malik enquanto ia na direção daquela morena maravilhosa, assim que me aproximei a olhei de cima a baixo e percebi ela fazer o mesmo comigo.

- Oi, me chamo Camila. – disse com um sorriso de canto.

- Lauren.