História Happy With You - Billie Eilish and Melanie Martinez - Dylan

Melanie

Todos conversaram a tarde inteira, eram novidades e altos papos aleatórios de gente mais velha, por incrível que pareça, até Joseph participava e eu só absorvia. Como um garoto de treze anos consegue entender pessoas do triplo da idade dele? É diferente, mas deixa isso pra lá. Já havia anoitecido e Margareth comunicou que seu filho estava voltando para casa em alguns instantes. Chegou a comentar que o mesmo estava passando a semana na casa do pai, o qual Margareth era casada,  o garoto irá passar essa semana conosco. Minha mãe me olhava com uma cara como se quisesse dizer "você pode conversar com ele", eu só soube ignorar. E o pior é que ela não permaneceu quieta.

- Acho que vocês se darão bem, Melanie - Minha mãe diz dando um gole no chá em que estava bebendo e eu arregalo os olhos para ela entender que eu queria que ficasse quieta.

- Também acho, eles têm a mesma faixa etária - Margareth diz rindo e eu não sabia nem onde enfiar a minha cara.

Quando eu menos esperei, o garoto tinha chegado, cumprimentou todos de longe com um simples "Boa noite" e foi para o seu quarto. Estava com uma calça jeans preta e um suéter cinza básico com as típicas golas de camisa social por baixo. Parecia um calouro cursando faculdade de direito, não me surpreenderia se fosse verdade já que poderia ser influência da mãe. Não consegui ver muito bem seu rosto, passou quase direto e mal chegou perto de nós. 

Todos já haviam se acomodado em seus aposentos, não era tão tarde e eu também não conseguia dormir. Mexia-me de um lado para o outro, tentei de tudo, mas não consegui pegar no sono, acho que dormi demais durante a viagem. Resolvi ir para a cozinha beber um pouco de água, bebia enquanto olhava para o relógio na parede. Não sabia o que fazer para que o sono viesse, então fui explorar mais o quintal da casa. Era grande, tinha uma grama muito macia também, me lembra o campo em que Billie e eu íamos. Sentada na grama vejo uma luz vermelha um pouco longe dali, então percebo que era um minimercado que estava aberto. Peguei uns trocados e fui para lá sem nem saber o que ia comprar. 

Entrei no minimercado e havia diversas coisas, tanto comestíveis quanto objetos de coleção. Não era bem um minimercado, estava mais para uma lojinha mesmo. Havia bonecos, cartas, games, diversos objetos de coleção e guloseimas visíveis pelo vidro envolta do balcão do caixa. Ali se encontrava um rapaz ruivo com barba e olhos verdes, usava um moletom amarelo e a parte de baixo não era possível visualizar. Estava escorado no balcão com uma das mãos mexendo na barba enquanto me encarava. Talvez achou estranho uma garota de cabelos peculiares com um vestido rosa simples e um roupão por cima aberto em uma loja de gamer, colecionador ou sei lá como chamam esse lugar. 

- Olá, aqui tem cigarro?

- Boa noite... Tem não, moça - Mantém postura.

- É uma pena, acho que só aqui está aberto

- Temos balas, chocolates, mas se o caso só for cigarro, eu posso te vender o meu, ainda nem abri - Mostra a caixa fechada.

- Ah! É muita gentileza, mas você irá ficar sem depois

- Ah, não, tudo bem, eu posso comprar outro amanhã 

- Tudo bem

Comprei a caixa de cigarros e saí de lá com a mesma no bolso do roupão e voltei para a casa de Margareth. Estranhei um pouco aquele rapaz, mas achei ele gentil. Fui para dentro a procura de um esqueiro na cozinha e peguei o mesmo voltando para o quintal. Sentei-me na grama e acendi um cigarro para relaxar um pouco, terminei de fumar e acendi o segundo.

- Vai com calma, senão você pode ficar mal depois disso - Ouço uma voz masculina, atrás de mim e me viro rapidamente ao levar um susto, era o filho de Margareth. Estava com uma bermuda preta, uma camisa branca e uma corrente no pescoço, seu estilo estava totalmente diferente de quando havia chegado. Consegui ver alguns detalhes de seu corpo e me impressionei por ele não sentir nem um pouco de frio com aquela temperatura de vinte e dois graus que faz aqui fora.

- Eu não te acordei, não, né? - Indago e ele ri.

- Não, na verdade eu nem dormi... E pra me acordar com barulho aqui de baixo, só se você estourasse uma bomba pra eu conseguir ouvir do meu quarto - Riu.

- Que bom que isso não aconteceu... Você fuma? - Estendo a caixa.

- Não, não, obrigado mesmo assim... Seus pais sabem que você fuma? - Indagou sentando-se ao meu lado com as pernas dobradas e os braços apoiados nas mesmas. Consegui ver melhor seu rosto com a luz do quintal, tinha olhos claros, cabelo escuro e usava óculos redondos parecidos com os do Harry Potter.

- Não, eu não contei, mas eu não preciso da permissão deles já que eu sou maior de idade, a menos que eles se incomodem de eu fumar na casa ou na frente deles, aí eu os respeitaria, lógico. E se com você for o caso, eu posso jogar fora esse cigarro também, não tem problema por mim

- Não, tudo bem, eu não me incomodo... Qual é o seu nome? - Olhou se direcionando a mim.

- Melanie... E o seu? 

- Dylan, prazer - Estende sua mão para um cumprimento e eu aperto a mesma. - Pelo que minha mãe andou dizendo, você mora na California, não é mesmo? 

- Sim, mas eu sou de Nova York

- É cansativo se mudar, principalmente pra outro estado, não é?!

- É, eu já havia me mudado antes, mas nada tão longe quanto Los Angeles

- E pra onde você foi?

- Vim pra Nova Iorque... eu sou de Baldwin

- Uau... - Diz olhando para frente impressionado.

- Você sempre morou com a sua mãe?

- Não, morei com meu pai quando eu tinha sete anos, mas voltei pra minha mãe com onze

- Entendi... - Termino de fumar e vou para dentro da casa. - Já vou indo para o quarto, tá um pouco frio aqui fora. - Vou para os meus aposentos e Dylan faz o mesmo. Ele não é sem noção como eu achava que fosse, é educado até, parece Margareth, tanto o jeito quanto a aparência.

Já era quase dez horas e a casa estava em total silêncio, acho que os únicos acordados éramos nós dois. Finalmente peguei no sono e dormi abraçada em um dos travesseiros.

[...] 

Terça-feira, 8:48

Acordei com o som da porta batendo, era minha mãe que entrou depois me chamando para tomar café da manhã. Não consegui abrir o olho, a claridade tomava conta do quarto então fui abrindo aos poucos.

- Merda! Esqueci de fechar a cortina! - Resmunguei.

Levanto com o maior desânimo, acho que o pior jeito de acordar é com a decepção, dessa vez é a decepção de esquecer de fechar a cortina. Odeio dormir e acordar com claridade, isso me deixa completamente mal humorada. 

Tomei um banho e coloquei um vestido preto e branco combinando com o meu cabelo. Havia golas bordadas e um pequeno laço largo no meio. Desci para a cozinha encontrando todos sentados em frente a mesa, exceto Dylan que não estava presente ao local. Sentei-me com eles e vi a mesa recheada de coisas para o café da manhã, comi uma torrada e cereais apenas.