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História Harry Potter e o Mistério dos Black's-Harmione - Onde Está Hermione?


Escrita por: Kathy_Lyn

Notas do Autor


Boa tarde amores. Tudo bem? Espero que sim!

Peço desculpas pela demora em retornar com o capítulo. Para quem não viu a notinha que deixei no capítulo anterior, explico que estou a utilizar medicações para um problema de dor crônica que tenho há anos e não tenho me sentido muito bem. As medicações têm reações adversas severas que me incapacitam bastante. Então sinto muita sonolência, tontura, desânimo. Não estava bem para pegar o computador e ler/editar.
Assim que não se preocupem se eu demorar um pouquinho a voltar aqui. Mas logo me acostumarei às medicações e as reações passarão. Espero que compreendam.

Agradeço muitíssimo a todos que favoritaram e comentaram. Vocês são lindos ^_^
Deixo aqui mais dois capítulos que estão separados apenas por asteriscos *** Beijos. Espero que curtam.

Ps: Os textos em itálicos representam lembranças.

Capítulo 36 - Onde Está Hermione?


Um vento gélido e cortante perpassou o seu rosto, trazendo de volta, certa lucidez. De olhos fechados, escutava o assobio que a brisa produzia ao dissipar-se. Sentou-se vagarosamente e retirou os feixes de cabelo que caíam sobre seu rosto, permitindo-se enxergar. A primeira visão que obteve foi a de um lugar semiescuro, de paisagem quase negra. Estava sentada no solo, sobre uma relva escassa e seca. Não havia vegetação no local, apenas um longo e extenso terreno montanhoso de terra pura, cinza e úmida.

Olhou a sua volta, tentando compreender o que havia acontecido. Tinha a nítida impressão de estar completamente sozinha. Nenhuma alma viva parecia habitar aquele local.

Alguns minutos se passaram até que conseguisse se manter de pé. Uma sensação tocara seu ser desde que despertara; era como se a densidade do ambiente houvesse aumentado várias vezes mais, quase sufocando quem respirava aquele ar.

Caminhar foi difícil, principalmente porque o fazia contra o vento que, ora, soprava rajadas intermitentes e assombrosas. Talvez fosse chover, considerou ao olhar o céu e deparar-se com um aglomerado de nuvens cinzentas e baixas, pairando por sobre as montanhas. Não era possível avistar o sol ou qualquer emanação de luz que pudesse ultrapassar as barreiras quase sólidas daquelas nuvens. O dia parecia ter sido cruelmente interrompido e, o sol, distanciado-se outros milhões de quilômetros do Orbe Terrestre.

Mas, onde estaria? Era a pergunta de maior importância em sua mente. Lembrava-se apenas de haver despertado na manhã do dia vinte e sete, na mansão Black. Por acaso havia sido raptada por algum comensal? Seu coração disparou à simples possibilidade de rever Andromeda. Entretanto, a lógica chamou-lhe à razão. Não estava presa, nem sequer haviam comensais naquele lugar. Todavia, não encontrara alguém.

 Minutos mais tarde, após muito caminhar e, entre indagações sobre o que ocasionara sua chegada àquele local, sentou-se debaixo de uma solitária árvore com a qual deparara-se no caminho. E se a mansão Black houvesse sido atacada? Harry aparatara com ela naquele lugar, deixando-a para protegê-la. Mas onde estaria Ted Lupin? E se os comensais o houvessem pegado também? Alarmou-se, sentindo seu coração disparar com rapidez. “Oras!”, repreendeu-se. Mais estava parecendo o Ronald, abordando tanto pessimismo. Quando aprendera a pensar assim? Meneou a cabeça em sinal negativo, diversas vezes, procurando uma boa explicação que lhe pudesse elucidar a mente.

No entanto, antes que pudesse explanar o ocorrido com positivismo, divisou algo estranho surgindo no solo, logo abaixo de si. Como se a terra adquirisse aspecto liso e uniforme, transmutou-se numa espécie de espelho ou vidro transparente, pelo qual viu surgir, em seu reflexo, a triste e desditosa imagem de Sírius Black, a gritar e clamar por compaixão.

 Sem ao menos tentar encontrar uma explicação lógica para tal feito, como um feitiço ou coisa qualquer, pulou para trás, respirando ofegante. A imagem de Sírius, sob seus pés, distorcia-se em completa agonia, causando espanto e pena.

A garota enrugou a face, encabulada com o episódio. Os olhos fixos no chão, buscavam compreender que diabos se passava. No entanto, a rogativa do pobre homem era insana, impedindo qualquer possibilidade de pensar. E como em um impulso, correu, observando como o chão que ganhavam seus pés, transmutava-se de forma igual, durante largo trajeto. Apenas parou quando cansou-se do cenário e alçou a vista, percebendo uma camada de fumaça cinza surgir defronte sua, causando ainda mais estranheza. Tal fumaça, assemelhava-se a uma cortina de poeira, embora não fosse muito nítido o que se enxergava detrás da mesma. No mesmo instante, os gritos de Sírius cessaram, dissipando a imagem projetada no solo, bem como o esdrúxulo aspecto liso que ele adotara antes.

Hermione, ainda ofegante, franziu a testa, analisando a novidade. Lembrava-se de já haver visto algo similar, embora não lembrasse exatamente onde.

A mistura de susto e temor, era muito pequena comparada à curiosidade que sentia por saber mais daquele lugar. Talvez esse sempre houvesse sido seu pior defeito; defeito do qual Harry Potter também compartilhava. Era naqueles exatos momentos em que a lembrança de sua mãe adotiva aparecia-lhe à mente, relembrando uma velha expressão trouxa que dizia que “a curiosidade havia matado o gato”.

Longe de acreditar que sofria qualquer risco de morte, eram outras preocupações que lhe invadiam o íntimo. A principal delas, encontrar Harry ou Ted Lupin. “Meu bebê”, sussurrou ao lembrar-se de que nem ao menos o alimentara naquela manhã. “Ele sempre acorda faminto”, martirizou-se.

Não obstante, novamente outra anormalidade interrompeu suas preocupações, causando mais espanto.

Naquela cortina de fumaça transparente e quase negra, viu surgir as feições sérias e enigmáticas de um velho amigo, esvoaçando sua túnica com o rápido caminhar que fazia de um lado ao outro. Alvo Dumbledore, com seu ar inconfundível, inquietava-se diante a figura impertinente de um Snape vários anos mais jovem.

Os olhares penetrantes de ambos, revelavam tortuosos segredos que somente o túmulo guardara.

Hermione fitou bem a fixa imagem de Alvo, rememorando um rápido flash que passou por sua mente, onde a voz rouca do velho de barbas brancas, entoou em seus ouvidos... “Sírius Black”.

 —É a única escolha, Severo. Não consigo pensar em outra possiblidade.

—E por que tem de haver uma possibilidade? – O mais jovem indagou, pouco preocupado – Por que não deixa que as coisas fluam naturalmente como devem ser?

—Você não compreende, homem! O destino do mundo bruxo está nas mãos daquele garotinho! Ele é o único que pode derrotar Voldemort!

—Eu sei! E não é por isso mesmo que o estamos protegendo? Não fui eu, por amor à mãe dele, quem mais se sacrificou durante esses anos? – Ele fez curta pausa, como se elucidasse difíceis explicações – Tenho plena confiança de que ele vai conseguir derrotar Voldemort – Dumbledore crispou a língua, descrente.

—Mas ele não o pode sozinho, Severo... Ninguém faz nada sozinho! Preservar a vida dessas crianças é garantir que Harry seja o vencedor da batalha que, sabemos, um dia chegará! Harry Potter, Ronald Weasley e Alyvia Black... Os destinos destas três crianças estão entrelaçados, como se transformassem-se em um só. Os dois são peças fundamentais na vida do escolhido. A garotinha principalmente. Eu não posso deixar que ela simplesmente morra naquele véu – O velho terminou sua narração, observando os olhos fixos do companheiro, pesar sobre si.

—E a solução que encontrou foi a de sacrificar uma alma que nem mesmo está a par da situação? - Nada parecia convencer Severo Snape de que a decisão que escolhera, era a melhor, concluiu Dumbledore. Então o barbudo alçou a vista, contemplando o nada com grande serenidade.

—Numa batalha, Severo, às vezes temos que fazer sacrifícios para atingirmos a vitória. Da mesma forma que um jogo de xadrez, onde sacrificamos boas peças, afim de não perder a peça principal.

—Às vezes, professor, você se esquece de que somos pessoas e não peças de um tabuleiro...

 

A tristeza no rosto de Snape era quase chocante. No entanto, ela dissipou-se juntamente com aquela cortina de fumaça, pouco a pouco. Hermione, perplexa, ainda tentava compreender o que era mais estranho... Se aquele lugar, aquele acontecimento ou as palavras de Dumbledore. Não teve tempo de decidir-se; quando a fumaça terminou por desaparecer de sua frente, viu surgir, no cenário logo atrás, a silhueta de um homem, sentado em algumas pedras, mais adiante. Começava a adquirir medo daquele lugar. Tinha grande vontade de correr dali ou desaparatar novamente em casa. Entretanto, a visão daquele homem sentado, era praticamente um convite para que se aproximasse e tentasse obter respostas. Era inevitável fazê-lo.

Então rendeu-se, cortando o longo espaço que os separava, à passos curtos. Quando mais próxima, pôde observar a aparência estranha do homem, ainda de costas para si; vestia roupas maltrapilhas e sujas. Seus cabelos compridos e desgrenhados, tinham um aspecto horripilante. Estagnou a poucos metros dele, pensando em recuar. Talvez não devesse pedir informação alguma. Talvez fosse um louco...

 Contudo, o homem girou a cabeça vagarosamente, como se já esperasse por ela e soubesse que se encontrava logo atrás de si. E ao divisar o rosto dele, Hermione conseguiu reconhecer, mesmo que dificultosamente, os traços de Sírius Black.

 —Sente-se aqui – Ele pediu, tranquilamente, embora sua voz denotasse desânimo. A garota, por sua vez, não conseguiu mover-se do local, não sabia se pela surpresa ou pela indecisão. De repente, milhares de pensamentos começaram a percorrer seu cérebro, sempre rápido em compreender as coisas, trazendo certas conclusões. Aquele lugar, fosse o que fosse, não pertencia ao mundo bruxo, sequer ao planeta Terra. E se estava ao lado de Sírius, apenas uma hipótese tinha por quase concreta...

—Eu... – Ela raciocinou, finalmente, segundos depois, rendendo-se e sentando-se na pedra baixa, ao lado do homem – Eu estou morta? – Sua voz fina, saiu quase inaudível, como se aquela suposição a atemorizasse horrivelmente. Sírius torceu os lábios e suspirou com profundidade, depositando suas mãos frias e sujas sobre as dela – Esse lugar... – Ela voltou a girar os olhos, alçando a cabeça – Acho que o reconheço... Por que é apenas como um vazio, a forma que nos lembramos daqui?

—Acho que porque você era pequena demais para se memorizar tanta coisa horrível – A voz dele soou grave e rouca. Talvez houvesse tempos que não proferisse palavra.

—Então é aqui que vêm parar as almas que atravessam o véu... – Hermione concluiu em rápido raciocínio. E espantou-se consigo mesma, porque não estava assustada ou coisa do tipo. A tranquilidade pareceu atingir-lhe de forma estranha – Eu sinto muito – Uma fina lágrima escorreu por seu rosto, silenciosa – Não acredito que você tenha passado todo esse tempo aqui...

—Dois anos... Talvez quem me ver nessa calma toda, imagine que eu tenha me acostumado a viver aqui – Ele soltou uma pequena risada, carregada de ironia – É impossível acostumar-se a esse inferno! Mas eu acho que já chorei demais, já gritei demais... Já esperei demais... Esperei que alguém viesse me resgatar, mas ninguém veio... Dumbledore, aquele velho dos infernos...

 Hermione o fitou por longos instantes, refletindo sobre as palavras que ele acabara de dizer, ao mesmo tempo em que se permitia analisar, com exatidão, a aparência do pobre homem. Era como se Sírius Black houvesse sido pisoteado por uma multidão de gigantes.

 —Sírius... – Ela suspirou com tristeza, voltando a tocar nas mãos dele.

—Hermione... – Ele também imitou o gesto de carinho que ela lhe dedicara, acrescentando um meio sorriso descrente – Desculpe tê-la trazido aqui... Foi a única forma que encontrei de te dizer a verdade – Ela nada mais disse, apenas esperou que ele continuasse, embora ele tenha gasto grande tempo para prosseguir – Por tanto tempo tentei encontrar uma forma de falar com você ou com Harry... Com quem quer que fosse... Você foi a que mais me registrou a presença. Sempre foi capaz de sentir as pessoas... – O olhar dele voltou a recair sobre ela e Hermione pareceu compreender – Eu não queria te machucar, apenas tentar me comunicar com você... Apenas fazê-la entender que eu ainda estava aqui, esperando por alguma ajuda.

 A garota franziu o cenho, ao mesmo tempo em que imagens de horas antes, percorria sua mente.

 A casa estava muito silenciosa naquela manhã. Peasegood, ainda roncava no quarto que lhe fora reservado, no primeiro andar. Harry, dormia com tranquilidade, virado de bruços sobre o braço esquerdo. Estavam exaustos e talvez só acordassem horas mais tarde.

Portanto, virou-se para o canto e pensou adormecer novamente. Não obstante, uma súbita vontade lhe atacou; quis muito retornar ao esconderijo de Sírius, naquele instante. E, embora relutasse por alguns minutos, o sono acabou desaparecendo, convencendo-a de vez.

Quando adentrou o quartinho de Ted, avistou-o dormindo feito um anjinho. A respiração lenta, indicava um estado de sono profundo, do qual Hermione agradeceu. O bebê também demoraria a acordar. E foi com esse pensamento, que desceu novamente as escadarias sob o piso do quarto, iluminando o esconderijo com a ponta da varinha. Como na vez anterior, conjurou feitiços que acenderam os archotes e velas, já não sentindo-se tão estranha naquele lugar. Talvez começara a acostumar-se.

A busca, naquele dia, nunca parecera tão determinante. Empenhou-se em olhar gaveta por gaveta, armário por armário, lentamente, ao passo que uma angustia lhe crescia no peito. Não havia absolutamente nada sobre o véu. Nada, concluiu tempos depois, já cansada. Preparava-se para ir embora quando um pequeno som chamou-lhe a atenção. Manteve-se parada por alguns instantes, tentando encontrar a proveniência de tal barulho. Pareciam batidas, como se uma mão batesse suavemente contra a madeira do solo.

 —Tem alguém aí? – Indagou, olhando a parede do lado oposto à entrada da sala. Não obteve resposta. Então, vagarosamente, aproximou-se da tal parede, grudando um ouvido nela, afim de escutar. O som parecia provir do outro lado – Tem alguém aí? – Voltou a perguntar, presumindo que permaneceria outra vez sem resposta. Em seguida, observou novamente o local. A parede, na qual ainda mantinha-se grudada, parecia diferente das outras. Era decorada num papel de parede bege, desenhado com longas listras negras que se findavam ao encontro com o chão. Numa delas, Hermione pôde sentir, ao tatear com as mãos, uma fina fresta pela qual também se adentrava um ar mais frio. Era uma passagem! Reconheceu. E num simples brandir da sua varinha, a mesma se abriu, revelando outra pequena sala escura e fria.

Não havia nada ali, além de uma luz azulada que emanava do chão. Sobre ela, uma espessa camada de fumaça negra cobria uma abertura no solo, que media cerca de uns oitenta centímetros.

Curiosa, agachou-se perto do buraco, tentando olhar através daquela camada negra, afim de avistar o que tinha lá em baixo. Ao analisar a fumaça negra, percebeu-se tratar-se, na verdade, de uma espécie de fluido ectoplásmico, conferindo grande semelhança a algo que já havia visto antes. “O véu negro”. Mas, nem sequer conseguiu concluir seu propósito. Aquela emanação estranha envolveu-a com rapidez, puxando-a totalmente para dentro de si, fazendo-a deslizar pelo buraco abaixo.

 —Era uma antiga tubulação de ar pela qual eu entrava no esconderijo, quando pequeno. Era coberta por uma  comporta de madeira, no teto do porão – Sírius explicou – Eu costumava brincar lá ou me esconder quando a louca da minha mãe queria me bater. Anos mais tarde, quando mamãe decidiu fazer reformas na casa, eu abri aquela outra passagem, que você encontrou no quarto.

—E então você começou a usar como um esconderijo – Hermione concluiu, sentindo, agora, uma leve preocupação.

—Tantas lembranças, tantas coisas pessoais eu guardei naquele lugar... Só pra mim – O olhar dele divagou, perdendo-se no horizonte rochoso à sua frente – Acho que foi por isso que você veio parar aqui. Eu tentava entrar nos seus sonhos, mas acho que foi você que entrou no meu mundo... Eu tentei por tanto tempo me comunicar com algum de vocês... Você me viu tantas vezes em seus sonhos, mas não conseguia compreender o que eu dizia... – A garota contemplou-o mais uma vez, sentindo os olhos arderem devido a uma desesperada vontade de chorar. Lembrou-se da noite em que sonhara com ele, na mansão Tonks – Eu não queria tê-la puxado daquela forma. Não queria que houvesse caído... – Ela apenas concordou, meneando a cabeça – Quando voltar, por favor, diga ao Harry que eu não pretendia que as coisas fossem assim. Hermione... – Ele voltou a olhá-la, firmemente – Conte a verdade ao Harry. Ele precisa saber.

 Hermione assentiu com veemência, notando como Sírius fechava os olhos e suspirava lentamente, talvez buscando o refazimento de suas forças.

 —Sírius – Voltou a proferir o nome dele, sentindo algumas geladas lágrimas deslizarem novamente pelo rosto – Me mostra... Me mostra o que você queria que eu visse, naquele dia, quando me puxou pelo véu.

 O homem nada mais disse. Abriu os olhos e fitou-a com pesar, elevando a destra que tocou diretamente o topo cabeça da menina, como se lhe transferisse seus mais íntimos segredos. Hermione sentiu um punhado de pensamentos novos adentrando sua mente, revelando o cruel plano que deu fim à vida daquele pobre homem.

 —Dez anos, Severo! O tempo acabou... Não posso mais esperar... – Dumbledore, batia, freneticamente, a ponta dos dedos contra a espaçosa mesa de sua sala, na diretoria de Hogwarts. Snape, pouco parecia preocupado com a situação.

—Se não brincasse tanto com o destino das pessoas, talvez não estivesse tão apurado – O outro resmungou, infeliz.

—Falta muito pouco... Muito pouco para que a batalha contra Voldemort finalmente se acabe. E Harry ainda tem tanto por fazer, Severo. Tanto por descobrir, por realizar... Eu não posso permitir que a garota morra, logo agora.

—Então vá em frente – Palpitou, dando de ombros – Sírius já foi sacrificado há muito tempo. Não é ele o seu alvo? Termine o que começou há dez anos!

—Como? Como convencer o Black de que essa é a coisa certa a se fazer? – Debruçou o queixo sobre o dorso das mãos, pensativo – Salvei a garotinha em troca da vida de Sírius Black. Eu não imaginava que as coisas fossem chegar a esse ponto. Pensei resolvê-las antes do esperado! O Black não podia ter fugido de Azkaban!

 —Quando você atravessou aquele véu, aos cinco anos de idade, Dumbledore se desesperou. Você não podia morrer, não naquele momento. Tinha um destino traçado ao lado de Harry. Ajudá-lo a vencer Voldemort, era sua missão, assim como a do garoto Weasley – Revelou, diante o olhar perplexo da garota – Não é preciso que ninguém te diga o quanto foi útil na jornada do meu afilhado, não é, Hermione? Sem sua ajuda, Harry não teria conseguido... Dumbledore sabia disso e por essa razão, ele precisava encontrar outra alma para o véu, alguém que lhe substituísse. Você havia sido jogada através daquele arco, por causa da magia do Vínculo Mágico. Somente alguém da nossa família, de poderes similares, poderia lhe substituir. E eu era um condenado... Assim concluiu aquele velho caduco... Nunca me deixariam sair de Azkaban. Trocar a pena de Azkaban pela pena desse lugar, talvez fosse uma boa escolha... – O homem torceu os lábios, contrariado – Mas eu estava preso, afinal. E você precisava ser resgatada com rapidez. Então ele fez a troca, utilizando de um poderoso feitiço que somente ele conhecia. Minha alma, deveria ser entregue ao véu num prazo máximo de dez anos, selando assim, o compromisso que ele mesmo havia feito...

 Hermione abaixou o olhar, sentindo seu coração palpitar com força. Parecia difícil assimilar tudo aquilo, a história que Sírius apenas começava a lhe contar... Sírius havia morrido por sua causa?

 —Quando você contou a ele sobre os planos de Bella, Dumbledore viu a oportunidade perfeita para que tudo desse certo; eu tinha que estar lá, no departamento de Mistérios, naquela noite. Eu precisava atravessar o véu. Mas como? – Uma risada estridente foi proferida por ele, embora a mesma estivesse longe de inculcar felicidade – Me convencer foi tão fácil...

 —Me preocupa, Sírius... Essa ligação que Hermione tem com Bellatrix. Isso ainda pode desmoronar o segredo que nós trabalhamos por manter, todos esses anos – Virou-se para homem de compridas barbas negras – Se Bella descobrir que a sobrinha está viva, não hesitará atentar contra sua vida novamente.

—Também estou muito preocupado, Alvo – Ele levantou-se da poltrona onde passara sentado muitos minutos, caminhando pela sala da mansão Black – Minha prima está determinada a encontrar o portador do Vínculo Mágico.

—Ela desconfia de que seja você. Ela está crente nessa suposição – O velho explicou – Precisamos fazê-la acreditar que é você, Sírius. É o único jeito de tirá-la do caminho de Hermione e, em consequência, fazê-la também acreditar que conquistou o que tanto queria. Ela não vai pensar duas vezes para te empurrar contra aquele véu...

*****


 

28 de dezembro, ano 1998.

 

Harry abrira os olhos de um pequeno cochilo que tirara no sofá da sala. Ajeitou os óculos, completamente tortos e endireitou-se no assento, pigarreando. À sua frente, um Peasegood sonolento o encarava.

—Dorme um pouco. Precisa descansar.

—Não conseguiria dormir, nem se quisesse... – Meneou a cabeça, insatisfeito – A única coisa que quero, é ter alguma notícia de Hermione! – Suspirou, profundamente, completando sua frase, em seguida – Uma notícia boa.

—Potter – Minerva adentrou o local, tomando a atenção de ambos – Arthur me informou agora a pouco que Kingsley já enviou uma equipe de buscas atrás da senhorita Granger.

—Isso é bom! – O garoto levantou-se, encarando-a – Já que ela não está somente passeando, como quiseram me fazer acreditar – McGonagall torceu os lábios.

—Ora, Potter, não seja malcriado! Só queríamos ajudar...

—Obrigado pelo aviso, Minerva, querida – Peasegood intrometeu-se – Vá descansar um pouco. Eu fico aqui fazendo companhia ao Harry.

 A diretora abriu a boca tencionando dizer algo. Entretanto, ponderou o pedido do amigo, concordando que seu cansaço, beirava o limite. Talvez fosse bom tirar um cochilo. Alguém precisava raciocinar naquela casa. Então apenas assentiu e girou nos calcanhares, subindo as escadarias.

Harry observou-a sumir e desviou o olhar, em seguida, fitando o relógio na parede. Eram quase oito da manhã. O céu, começava a substituir a negridão da noite por um tom azulado que progredia a cada passar de minuto.

O garoto jogou-se sentado na poltrona, outra vez, recostando a cabeça sobre a palma da mão.

Aquela sensação sufocante que sentia no peito, piorava intensamente, com tão somente divisar o rosto de Hermione em sua cabeça. “Onde você está?”

Não aguentava mais esperar. Não aguentava mais matutar possibilidades e possibilidades. Queria apenas vê-la entrando pela porta, correndo para abraçá-lo, como sempre fizera a cada regresso, mesmo das pequenas despedidas. “Ah! Minha doce Hermione...”

 —Harry, eu estive pensando... – O garoto quase deu um pulo ao ouvir a voz estridente de Peasegood, interrompendo-lhe as boas lembranças que começava a recordar. Ajeitou novamente os óculos e alçou as sobrancelhas, pondo atenção ao falatório do amigo – E se Hermione não chegou mesmo a sair de casa?

—Do que está falando, Arnaldo? – Harry aproximou-se do homem, notando a chegada de Monstro que carregava uma enorme bandeja nas mãos. Com seu ar resmungão, retirou duas xícaras de chá e depositou sobre a mesinha de centro, juntamente a um prato de biscoitos.

—Quer dizer... Nós olhamos mesmo em todos os lugares? Harry, essa casa é tão grande, conhecemos mesmo tudo por aqui? – O menino abriu os olhos, pensativo. Peasegood tinha razão. E se não conhecessem todos os cômodos da casa? Ainda assim... O que estaria fazendo Hermione escondida?

—Não faz sentido. Hermione não se esconderia de nós... Ainda que ela estivesse em algum lugar da casa, já teria aparecido...

—E se ela passou mal? – Cogitou a possibilidade, como se um punhado de ideias lhe surgissem à mente – E se ela se machucou ou algo do tipo?

—Eu não tinha pensado nisso! – Harry voltou a levantar-se, largando a xícara de chá que havia acabado de recolher.

 Acompanhado do amigo, realizaram nova busca na residência, procurando, agora, por algum cômodo desconhecido ou oculto por qualquer feitiço. A tarefa parecia incutir a Harry, certas dúvidas. Como por exemplo: Se existisse mesmo algum ponto da casa que não conheciam, como Hermione o teria descoberto? O que a teria levado a esse local?

 

Horas mais tarde, retornaram novamente à sala, emburrados. Quaisquer que fossem as ideias que tinham, nunca os levava a lugar algum. Sempre retornavam à estaca zero.

 

—Vou dar um pulo ao Ministério... Talvez eu possa ser útil em alguma coisa – Arnaldo contou, entristecido.

 Harry aspirou o ar com força observando o amigo partir. Caminhou até a janela da sala e pôs-se a contemplar o sol que já pairava à certa altura no horizonte. No piso de cima, Ted choramingava, vez e outra. Pobre Ted. Mal havia dormido pela noite.

 

—Senhor Potter... – O garoto virou-se ao ouvir o seu nome, deparando-se com  a figura esquisita de Monstro, a fitar-lhe com receio.

—Monstro, o que quer? Estou ocupado... – Deu-lhe as costas, voltando a observar a paisagem.

—Senhor, não evitei ouvir, mais cedo, a conversa que o senhor teve com o aquele funcionário do Ministério.

—Peasegood? – O elfo assentiu, aproximando-se.

—Se alguém conhece bem essa casa, esse alguém sou eu – Sugeriu, arrancando uma expressão surpresa do rosto de Harry que, novamente, não havia pensado na hipótese – Esta casa, senhor Potter, é como o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Há lugares que você pode ver e há lugares que não se pode ver.

—Desenrola, Monstro! – Harry gritou, fazendo o pequeno recuar – Você sabe onde está Hermione?

—Eu não a vi! – Garantiu – Mas posso ajudá-lo a procurar.

—Então anda! Vamos logo! – Ordenou – Me mostre esses tais lugares “que não se pode ver!”

 E o pequeno voltou a assentir, saindo ligeiro da sala. Harry acompanhou-o até a cozinha, onde o elfo parou, de frente a uma parede.

 —Houve um tempo em que essa cozinha era, na verdade, um porão – Monstro tornou a falar, alçando a vista à grande parede defronte sua – Mas, em certa reforma que a senhora Black realizou na mansão, fechou parte desse porão e fez daqui, sua cozinha.

—Isso quer dizer que... Tem um porão, atrás dessa parede? – Harry indagou, confuso, ao que Monstro concordou.

—Senhor Potter, se tem algum lugar dessa casa onde imagino que a menina Granger esteja, é atrás dessa parede! – Palpitou, como se tivesse plena certeza do que dizia. Harry o olhou por alguns instantes, talvez pensativo na possibilidade de encontrar a namorada ali.

Não soube o motivo, mas, sentiu, na segurança de Monstro, uma ponta de esperança surgir. De qualquer forma, não tinha resposta alguma. Precisava verificar qualquer possibilidade que aparecesse.

—Afaste-se, Monstro! – Voltou a ordenar, arrancando a varinha do bolso e apontando para a parede de pedras. Em um feitiço de ação, explodiu parte da mesma, abrindo uma pequena fenda que dava passagem ao restante do oculto porão, ao qual o elfo se referira – Lumus! – Ao adentrar o local, Harry se assustou com a quantidade de tralhas que Walburga Black escondeu naquele lugar. Armários, quadros e até uma velha estante com poções vencidas – Que loucura...

—A senhora Black tinha pena de se desfazer das coisas velhas – Monstro contou.

—Quanto lixo... Essa velha era mesmo doida! – E Harry não sabia se estava mais encabulado pela quantidade de tralhas ou pelo espaço daquele enorme porão. Por que haviam fechado um local tão grande? Mas, o importante agora, era saber se Hermione estava ou não ali.

Com a luz da varinha, caminhou vagarosamente entre os entulhos, sentindo-se sufocar com a poeira que levantava de cada móvel que Monstro tocava. Teve vontade de pedir-lhe para parar ou que saísse dali, no entanto, um vulto no chão fez seu coração disparar.

 —Hermione!

 Sim. Era mesmo Hermione, debruçada sobre o solo sujo, coberta por espessos pedaços de madeira. No teto, acima de si, uma pequena abertura da tubulação de ar, que outrora servira de passagem até o esconderijo de Sírius.

 —Ela caiu de lá de cima! – Monstro apontou o teto, algo estarrecido. Harry mal teve tempo de olhar para ele. Sua maior preocupação, era verificar se a namorada estava bem. Ela estava gelada. Não sabia se pelo frio ou por outros motivos que desejou enormemente ignorar.

—Hermione, Hermione por favor, fala comigo! – Girou-a de forma que ela permanecesse de barriga para cima, revelando um terrível corte na testa, que deixara uma grande poça de sangue no chão – Por Merlin! Monstro faça alguma coisa! Chame Minerva ou Peasegood!

 O pequeno deixou o local às pressas, tentando calcular a altura que a menina Granger teria caído. Há tantos anos vivendo sob aquele teto, conhecia bem o segredo de Sírius Black e sabia que aquela tubulação de ar, levava exatamente ao esconderijo do falecido herdeiro.

 Harry fitou a face pálida de Hermione, preocupado. O sentimento de angustia, nunca fora tão latente em seu peito. Tinha medo de movê-la dali e causar-lhe algum dano.  Entretanto, sua vontade era de poder fazer algo para ajudar.

 

Quando Monstro retornou com Minerva, a professora tinha no rosto, uma expressão de quem já resolvera parte do problema.

 —Poppy está a caminho! – Jogou-se ao lado de sua aluna, pesarosa – Monstro me contou que ela estava muito ferida e mandei chamá-la. Vamos levá-la a Hogwarts! – Harry somente assentiu, respirando com dificuldade.

—Senhor Potter, não quero preocupar ninguém, mas, a garota caiu de uma altura de quatro andares – Monstro voltou a falar. Harry ergueu os olhos, fitando o elfo feio à sua frente e, logo após, o buraco no teto – Aquela tubulação, leva a um compartimento no quarto do bebê – O pequeno apontou para o alto, demonstrando preocupação. Harry puxou o ar com força, sentindo suas forças se esvaírem. Apenas conseguia implorar que Hermione ficasse bem. Não queria imaginar nada contrário a isso. Madame Pomfrey chegaria logo e a ajudaria.

—Não se preocupe, Harry. Hermione vai ficar bem – Minerva tentou tranquilizá-lo – Hogwarts tem ótimos aparatos medibruxos, além de podermos contar a ajuda do Saint Mungus. Hermione vai ser bem cuidada.

 Era apenas do que ele precisava. Apenas que ela ficasse bem.

Papoula, realmente, não tardou em chegar, acompanhada de Peasegood que acabara de voltar do Ministério, levando grande surpresa ao receber a notícia de que haviam encontrado Hermione.

Com a ajuda do obliviador, transportaram-na em uma maca flutuante, aparatando até a enfermaria de Hogwarts. Harry os acompanhou, deixando Minerva a cargo de cuidar de Ted Lupin, até o regresso de Molly.

 Em poucos instantes, Madame Pomfrey limpou os ferimentos de Hermione, cobrindo-os com faixas. Em seguida, pôs-se a examiná-la.

Harry esperava do lado de fora da enfermaria, impaciente, observando os corredores vazios do colégio tão amado.

—Ela vai ficar bem – Peasegood sentou-se ao lado dele, tocando seu ombro – O importante é que a encontramos e que ela não foi sequestrada por um comensal, como imaginávamos.

Graças a Merlin a encontramos... – O homem baixou a cabeça, fechando os olhos, como se sentisse um grande alívio por rever a garota.

—Estou feliz por isso, Arnaldo. Mas com medo – Ele confessou, minutos depois – Ela caiu de muito alto. E se tiver se machucado muito  a sério? Eu queria que a levassem para o Saint Mungus...

—Não pense nisso agora. Madame Pomfrey está cuidando dela e não há lugar mais seguro que aqui. Seria perigoso levá-la para lá, com tantos comensais a solta. Se precisarmos, o Saint Mungus enviará curandeiros para cuidar dela. Hermione vai ficar bem – Sorriu, transmitindo confiança. Harry voltou a aspirar o ar com força, agradecendo o apoio. Em seguida, enterrou o rosto entre as mãos e passou a fitar o chão, por longos instantes, até que as portas da enfermaria se abriram.

 —Madame Pomfrey, como ela está? – Levantou-se imediatamente, antes mesmo que a mulher pudesse pisar além do umbral da porta. Papoula respirou com profundidade, alçando as sobrancelhas.

—Está dormindo. Não sei ainda por quanto tempo. Ela está bastante machucada, Potter. Tem uma grave contusão na cabeça que precisa ser melhor avaliada por um medibruxo. Ele já está a caminho – Acrescentou por último, talvez tentando amenizar o impacto que a notícia causara nos dois ouvintes.

Arnaldo tornou a tocar o ombro de Harry, buscando palavras que pudessem confortá-lo. O garoto, no entanto, pouco ouviu o que ele lhe dizia, perdendo o olhar na cama onde a namorada estava deitada, fitando-a ao longe.

 Minutos depois, Papoula deixou que eles entrassem para vê-la, com a condição de que não tocariam nela.

Harry não evitou deixar cair algumas lágrimas, quando aproximou-se. Seu coração e todo o seu interior doía, pensando na possibilidade que existia de perdê-la.

 

—Ah, Mione! – Agachou-se ao lado dela, segurando suavemente uma de suas mãos – Por favor não me deixa. Eu não saberia viver sem você... Você sempre foi tão forte, a mais forte de nós três, o trio de ouro. Foi você quem sempre me segurou, me encorajou, me soergueu, mesmo nos momentos em que eu pensava que tudo daria errado, que nada tinha mais solução... Você nunca me abandonou, não é? Por favor, não faça isso agora... – Algumas lágrimas caíram por seu rosto, molhando a mão dela, que Harry segurava, agora, com força.

Peasegood, tocado de emoção, decidiu deixá-los a sós. Então saiu da Ala Hospitalar, lamentando terrivelmente o acontecido. Ah! Como gostava daqueles dois... Via-os quase como filhos. A dor de Harry, era quase sua, a martirizar-se por não se ter nada a fazer. Apenas podiam esperar. Esperar e rezar para que Hermione ficasse realmente bem.

 

Quando o curandeiro do Saint Mungus chegou, logo expulsou Harry da habitação, pedindo a ajuda de Madame Pomfrey para reavaliarem a garota.

Arnaldo continuou ao lado dele, explicando que Carl McSun era medibruxo, especialista na área de acidentes mágicos, um homem beirando os cinquenta anos, alto e de olhar imponente. Era sério e dedicado ao trabalho. Harry pareceu tranquilizar-se um pouco, embora ansiasse por encurtar o tempo de espera, demorado demais, ao seu ver.

 Terminados os exames que o curandeiro viera fazer, ordenou a Papoula que administrasse as poções prescritas. Harry mal o esperou sair pela porta, abordando-o afim de indagar sobre o estado de saúde da amada.

 —Senhor McSun, por favor, me diga como ela está – O homem recaiu o olhar sobre Harry, erguendo as sobrancelhas. Reconheceu o garoto que vira algumas vezes nos jornais, mas decidiu não falar sobre o assunto, perante a situação em que se encontravam.

—A senhorita Granger teve um ferimento sério na cabeça e embora eu já tenha tratado de revertê-lo com o uso de magia, não posso ainda prever como será a evolução. A pancada afetou gravemente a parte frontal do cérebro, no lado direito.

—Mas ela vai melhorar, não vai? – Foi Arnaldo quem indagou, pressentindo que Harry não conseguiria fazê-lo. McSun suspirou, desanimado.

—Madame Pomfrey e eu faremos tudo que pudermos – Talvez fosse uma maneira delicada de dizer que ele não sabia, concluiu Harry – Temos que esperar que ela acorde. Eu espero que ela acorde... – Completou baixando o olhar e passando pelos outros dois, deixando-os a sós.

—Por Merlin... – Harry jogou-se na cadeira de espera do corredor, cobrindo o rosto com as mãos.

—Harry... – O amigo teve vontade de abraçá-lo e niná-lo, como se faz com um filho. Não obstante, estava tão assustado quanto ele próprio. Não conseguia proferir palavra. Então apenas sentou-se ao lado dele, pensativo.

 Talvez demorou-se a fazer real a ideia de que Hermione estava gravemente ferida, pois Harry parecia perplexo. Apenas reagiu quando uma escandalosa Molly Weasley surgiu na ponta do corredor, correndo em direção a ambos.

 —Como ela está?

—Mal... – Arnaldo contestou, tonalizando apreensão.

—Ah! Harry, querido... – O garoto alçou a vista, contemplando a face entristecida de Molly. E como se avistasse nela a figura de uma mãe, jogou-se em seus braços, chorando como criança, externando toda a angustia que guardava desde o dia anterior.

—Chora, filho... Chorar faz bem à alma – E eles choraram juntos, como uma mãe que consola seu filho e um filho que encontra forças no regaço materno.

—Por que agora, senhora Weasley? Por que agora que tudo parecia se endireitar? Depois de tantas lutas que vencemos, tantas coisas... Vencemos tantas maldades! Hermione não pode morrer! – Indagou, incompreensível. Molly apenas o acalentou, sem nada a dizer. Era testemunha irrefutável de tudo que eles já haviam suplantado e tampouco acreditava justa aquela expiação.

—Às vezes a vida nos prega boas peças, Potter – O garoto ouviu a voz da professora McGonagall, a falar-lhe com uma doçura que, poucas vezes presenciou, embora ela sempre utilizasse quando necessário – Mas mesmo as maiores dificuldades, sempre têm alguma lição para nos ensinar. Vê o quanto você aprendeu com tudo que já passou, até hoje? – O garoto separou-se dos braços da progenitora Weasley, fitando, agora, a expressão enternecida da diretora – Entretanto, tudo se vence. E essa situação não vai ser diferente. Estamos todos aqui a torcer por Hermione e ela vai ficar boa, tenho certeza – Sorriu, balançando Ted Lupin nos braços. O bebê também parecia inquieto.

 Mais tarde, quando Papoula terminou de administrar as poções receitadas pelo curandeiro McSun, permitiu que Harry entrasse novamente no quarto. O garoto, muito mais apreensivo que antes, não segurou as lágrimas assim que a avistou. Ela tinha os olhos muito roxos, o braço direito enfaixado e a cabeça encoberta por uma gaze manchada de um líquido rosado, provavelmente uma poção de cicatrização. A mesinha ao lado da cabeceira, sustentava um aparato bruxo bastante moderno, realizando a leitura dos batimentos cardíacos e pressão arterial. Um cabedal, ainda segurava uma bolsa com poção revitalizante, sendo transportada através de um finíssimo fio conectado à fronte da menina.

 

Puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela, segurando novamente sua mão, muito fria. Contemplou-a por horas seguidas, relembrando todos os momentos bons que vivenciaram juntos. Desejava vê-la abrir os olhos e garantir-lhe que tudo ficaria bem. Então eles ririam daquela ocasião, como sempre faziam após cada visita à Ala Hospitalar.

Ah! Merlin. Talvez, nunca antes, sentira tanto medo na vida. Sabia que a amava, profundamente, mas nunca seu amor fora posto à prova, como agora. E, então descobriu que, todo aquele sentimento maravilhoso que explodia no peito a cada vez que a via sorrir, era pouco, perto do que realmente sentia. A amava além da conta. A amava intensamente e cada dia mais.

 —Por favor, Mione. Acorda... – Sussurrou, aproximando-se do ouvido dela – Não me deixa aqui sozinho porque eu não saberia o que fazer nesse mundo sem você...



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