História Hater - Beijo

Era o último dia de estadia dele no hotel, teria que agir rápido, então parti para a segunda fase do plano, sedução! O que não será nada difícil pois sei que ele está sem namorada há algum tempo e não é do feitio dele ficar sozinho, será um sacrifício mas é imprescindível. Passei pelo corredor bem na hora em que eu sei que ele sai pra almoçar, o que ele não sabe é que eu estou com a tarde de folga hoje, depois da cena com a polícia o gerente tem feito de tudo pra me agradar, como as pessoas são otárias!

Assim que ele me viu veio correndo atrás de mim e eu, fingindo a inocente segui sem parar enquanto ele me seguia pelo corredor, só parando quando senti sua mão no meu braço e ouvi sua voz rouca perto do meu ouvido:

-Joana, espera, por favor.

-Por que? Quer me acusar de mais alguma coisa?

-Não, eu só queria pedir desculpas.

-Então, da próxima vez tenha certeza antes de acusar alguém, quase fui presa por sua causa!

-Quantas vezes eu tenho que me desculpar? O que eu faço pra você me perdoar?

-Já acabou com a choradeira? Tenho só uma hora de almoço.

-E se eu te levasse pra almoçar?

-E por que faria isso?

-Aceite, por favor, vou me sentir melhor..

-Tá bom, vamos logo com isso!

Então fomos, entrei discretamente no seu carro enquanto ele despistava umas fãs que acamparam na porta do hotel, essas descerebradas não têm mais o que fazer da vida, não? Depois partimos pro restaurante, ele tinha motorista mas o dispensou, o que seria ótimo pro meu plano, não poderia forçar uma situação com outra pessoa cuidando dele o tempo todo.

Tenho que admitir que ele tem bom gosto, o lugar era chique, com meu salário eu não pagaria nem uma cafezinho, ele mal dava pras contas do mês... Pedi massa, a única coisa que sei comer em público sem parecer uma caipira, e ele pediu lasanha, soube que ele gosta muito desse prato e, de início mantive um silêncio estratégico, desses em que a pessoa é obrigada a puxar assunto, sabe?

-Então, você trabalha no hotel há muito tempo?

-Não, pra falar a verdade nunca tinha sido camareira antes.

-É mesmo? O que você fazia?

-Eu fazia residência em cirurgia mas acabei perdendo a bolsa.

-Nossa, tem a ver com a morte da sua irmã?

-Não quero tocar nesse assunto... Falei engolindo em seco.

-Eu entendo, me desculpa.

-Olha, eu agradeço o almoço mas já tenho que ir. Falei levantando da mesa e limpando a boca ao mesmo tempo.

-Espera, quando a gente se vê de novo? Ele falou segurando meu braço.

Então, num movimento friamente calculado, eu me desequilibrei e tropecei nos próprios pés e quando ele se inclinou pra me socorrer eu dei um jeito dele ficar à centímetros do meu rosto. Tudo aconteceu num milésimo de segundo: Minhas mãos enlaçaram meu pescoço enquanto sua boca tomava a minha numa fome que eu nunca tinha sentido antes.

-Desculpa, por favor, eu não sei o que me deu... Ele se desculpava sem jeito.

-Eu tô indo. Falei fingindo indiferença.

-Espera, me dá seu número pelo menos!

-Não tenho telefone, tive que vender o meu pra pagar o aluguel. Essa parte infelizmente era verdade.

Parti daquele restaurante com um sorriso disfarçado no rosto; hoje mesmo, daqui a minutos na verdade nossa foto estaria por todo canto, o que me levaria à terceira fase do plano... O pior é que o desgraçado beija bem, seu beijo era quente, devo tomar cuidado.