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História Haughtiness - The Chains


Escrita por: poesiajeon

Notas do Autor


Olha eu aqui de novo! Como fiquei muito tempo sem postar, nada mais justo que postar dois capítulos na mesma semana. Espero que gostem e que não me matem.

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Capítulo 15 - The Chains


Fanfic / Fanfiction Haughtiness - The Chains

            Impaciência era o sentimento predominante em Him Chan e o dia nublado, porém quente, contribuíam para deixar seu humor em níveis subterrâneos. Estava parado há quase vinte minutos em frente ao prédio de Yong Guk e não obtinha resposta. Suas ligações não eram atendidas, as mensagens não eram lidas e o advogado não se esforçava minimamente para dar sinal de vida. Yong Guk não dava notícias há dois dias e o universitário não sabia se sentia raiva por estar sendo ignorado ou se ficava preocupado. Talvez, pensava ele, a conversa que tivera com a representação humana de satanás há dois dias atrás tivesse causado uma perturbação incomoda em sua mente. Sua confusão deve ter voltado ou ele decidiu sumir sem avisar a ninguém para encontrar paz, algo que Him Chan desejava sempre. Talvez ele não quisesse conversar ou precisasse de um tempo sozinho para poder tentar entender e organizar seus sentimentos e sua vida desprovida de qualquer idealização sentimental.

            Ou ele simplesmente não queria vê-lo. Havia aquela possibilidade e Him Chan queria descartá-la, mas não era permitido. Todas as possibilidades deveriam ser levadas em consideração. Cansado de permanecer encostado em um carro que não era seu olhando na direção da varanda do amante, Him Chan decidiu insistir para entrar. Fora barrado no dia anterior e sua insistência quase virou caso de polícia. Desta vez seria diferente.

- Com licença. - Se aproximou da portaria que, se não fosse por toda a tecnologia e acabamento em luxo, pareceria mais como a entrada de uma prisão. O porteiro baixinho e rabugento o olhou com desdém. Já o conhecia e mesmo assim demonstrou indiferença. Já estava cansado de ser perturbado no trabalho por aquele homem chato.

- Eu já disse que ele não está. - Him Chan respirou fundo. No dia anterior recebera a mesma resposta atravessada. O porteiro não se importou e ainda sim Him Chan insistiu.

- Como não? Ele deve ter chegado alguma hora.

- Por que não volta de noite e pergunta para o outro porteiro ou para alguém que realmente saiba e se importe? - Him Chan respirou fundo e ainda sim insistiu.

- Pelo menos me deixe entrar para verificar se ele não está dormindo? Eu insisti tanto ontem. Entenda minha situação, é um assunto importante que não pode esperar. - Him Chan segurou as barras do grande portão branco com as duas mãos e contou uma meia verdade. O pequeno homem respirou fundo. Parecia estar contando de um até dez para não perder a paciência e liberou a entrada de Him Chan porque não estava disposto a iniciar outra discussão ali e muito menos ser obrigado a chamar a polícia. Não disse mais nada, sequer olhou. - Obrigado. - O moreno insistiu na educação e caminhou na direção da entrada do prédio. Se Yong Guk não estivesse em casa, ele se sentiria perdido, desnorteado. Ele não fazia ideia do motivo do sumiço e enquanto o elevador subia até a cobertura, ainda mais hipóteses apareceram em sua mente.

            Ao chegar no andar do apartamento, Him Chan caminhou nervoso até a porta. O número 1302 estava um pouco manchado de vermelho e ele tocou a campainha. Colocou as mãos no bolso e olhou para o  rodapé que dava acabamento ao teto. Era bege e bonito.

Sem resposta.

Sua impaciência atingiu o ápice e ele abandonou a botão barulhento para bater na porta com os próprios punhos. Ela se abriu.  Him Chan permaneceu imóvel por alguns segundos apenas encarando o movimento involuntário da porta. Havia silêncio. Ele entrou no apartamento e tudo estava exatamente como a última vez que estivera ali. A panela de arroz destampada, os pratos que usaram para comer na pia ainda sujos, sobras de batatas murchas em um prato em cima do fogão.

- Yong Guk? - Him Chan chamou e não obteve resposta. O silêncio era demasiado que o barulho da cidade incomodava os tímpanos. Buzinas, o som da borracha contra o asfalto, gritos, conversas, animais, barulho. Him Chan estava desnorteado. A luz vermelha que indicava novas mensagens piscava na secretária eletrônica. Quis apertar mas pareceu invasivo demais. Por que a porta estava destrancada? 

- Yong Guk? - Chamou novamente e não obteve resposta. Aquilo havia ultrapassado todos os limites. Não havia bom senso,  não havia consideração. Pra que sumir daquela maneira quando havia alguém dependendo de sua presença? Him Chan continuou a andar pelo apartamento gelado. A porta do quarto de Yong Guk estava encostada e ele a afastou devagar. Escancarou. A cena que havia ali era algo que, se pudesse, arrancaria de sua memória.

            O grande espelho que havia em uma das portas do guarda-roupa de Yong Guk estava estilhaçado. Roupas e objetos pessoais espalhados pelo chão. Sobre a cama havia um corpo enrolado entre lençóis.

- Yong Guk! - Him Chan elevou o tom de voz em sua terceira chamada e correu até onde o corpo jazia. Só que ele ainda não sabia que jazia. Pensou, por segundos, talvez Yong Guk Bang deve ter tido um excesso de raiva, deixou algo cair, se irritou e decidiu dormir e fechar as portas para o mundo. Porém, a cena que se sucedeu o remetia a um passado que ele ainda lutava para esquecer, cenas que todos os dias eram cravadas em sua memória. Agora havia mais uma para sua coleção de cenas aterrorizantes.

            Finalmente encontrara Yong Guk. Mas o que sentiu ao encontrar o homem não foi amor. Não havia arrepio, não havia aquele embrulho saudável no estômago, não havia o brilho no olhar, o desejo de encostar corpos e fundir almas, não haveria toque, beijo, uma mão macia acariciando a bochecha ou afagando seus cachos. Não havia beleza na cena, não havia ansiedade de estar junto. Não havia par. Ah, mas ali, com certeza, se fazia presente outras sensações. Sensações tão desagradáveis que Him Chan pôde sentir sua alma cair de joelhos e receber chicotadas quentes nas costas nuas. Mas estava de pé, imóvel, com a respiração presa nos pulmões, sem conseguir soltar o ar dentro de si.

            Sentiu dor, ânsia de vômito, tontura, desespero, medo, arrependimento e vontade de gritar. Tinha direito ao grito mas não gritou. Apenas ficou imóvel olhando  um Yong Guk gelado e pintado de um vermelho vivo. Seu rosto estava roxo como uma beterraba, seus olhos fechados e seu pescoço era esmagado com uma corrente de aço.  Horror. Tentou até dar um passo, tocar o corpo sem vida, não conseguiu. Não sabia como reagir. Ficou parado encarnado o homem enquanto sua mente o levava para um passado nem tão distante. Ele se lembrava. Se lembrava que naquele dia houve gritos, pancadaria, lágrimas. Lembrou também que durante um intervalo de tempo assistiu tudo imóvel da mesma maneira que olhava para Yong Guk. Mas houve algo diferente. Ele conseguiu correr e gritar. Agora ele só conseguia olhar e se questionar a respeito de infinitas coisas. Sua cabeça parece um balão sendo cheio, prestes a explodir.  

            E então veio o estalo de insanidade. Kim levou as duas mãos até a cabeça e as pressionou ali. Sua alma gritava e não entendia o que estava acontecendo. Andou de um lado para o outro no quarto e mais uma vez encarou o corpo.

- SOCORRO. - Gritou sem tirar as mãos da cabeça. Ou pelo menos achou que gritou já que nada ouviu, apenas sentiu suas cordas vocais tremerem.  - Pelo amor de Deus, alguém me ajuda. - Então elas vieram como a força da água em uma cachoeira depois de um dia inteiro de chuva. Inevitável, forte, destruidora. A primeira lágrima caiu como uma tempestade e as que sucederam deram inicio ao dilúvio. Him Chan apertou os olhos e eles pareciam uma imensa nuvem negra, o choro era involuntário.  Soluçava, tremia e tentava esmagar a própria cabeça com as duas mãos porque a dor da incompreensão era insuportável. Caiu sentado no chão. Dobrou os joelhos e se inclinou até que sua cabeça ficasse entre as pernas. Soluçou mais uma vez e se permitiu gritar. Berrou. Yong Guk permaneceu imóvel.

            Sabe a sensação que dá estar em um sonho e do nada começar a cair? Na vida real a sensação de queda era pior. Você está acordado, não poderia acabar com tudo ao simplesmente despertar e abrir os olhos. Him Chan caia infinitamente mesmo ele sendo o infinito. Se deu conta que não poderia desconstruir Yong Guk por ser ridículo e se renegar, não iria mais ao bar escondido, não iria a parada gay, não transaria mais com ele. Não o beijaria, o tocaria, não sentiria mais o calor da sua presença, o arrepio provocado pelo seu toque, o olhar penetrante. Não teria o abraço, não teria a carícia, não sentiria o coração acelerar com a aproximação, com a voz grossa e rouca, com o estilo elegante de gente rica que sabe das coisas. Não teria como continuar construindo seu porto seguro. Eles mal haviam começado e já terminaram.

            Him Chan abraçou os joelhos e permaneceu chorando, em pratos, em puro sinal de desespero e dor. Ali, sentado no chão, sentia tudo em sua volta desmoronar. Amor acabava de ganhar outro significado. Amor significava morte e, naquele momento, decidiu que não se permitiria amar alguém novamente. Se fizesse, outra pessoa poderia acabar como Jong Up. Acabar como Yong Guk. Sentia-se assassino. Matou Moon e agora também Yong Guk. Ora, como aquilo sufocava e sugava todas as forças que ele tinha. Levantou e voltou a encarar o corpo com mais cuidado. As mãos finas e de dedos compridos de Yong Guk ainda seguravam o lençol. Seu tórax estava nu e seu nariz sangrava assim como sua boca. Havia marcas por todo o seu corpo e seu pescoço acorrentado parecia esmagado por dentro. De fato, estava.

            Ficou em pé encarando o homem esperando o momento em que ele se levantaria assustando o mais novo, gritando que era tudo brincadeira, que estava apenas pregando uma peça. Mas cada segundo de espera se tornava mais dolorido porque ele jamais se levantaria dali.

- Por favor. - Ele insistiu. Implorou. Fechou os olhos por alguns segundos na esperança de abri-los novamente e ver Yong Guk em sua frente, olhando em seus olhos e sorrindo da maneira que só ele conseguia fazer. Voltou a enxergar e tudo permanecia o mesmo com a exceção da dor que tendia a aumentar.

- Por favor. Por favor. Por favor. Merda, eu estou implorando. Por favor. - Tremeu ao falar. Continuou insistindo e insistia mais dentro de si. Por que era tão difícil aceitar a realidade? Yong Guk Bang estava morto e ao contrário do que aconteceu na portaria, sua insistência não permitiria que ele impusesse sua vontade.

            Novamente passou a mão pelos cabelos e foi até a sala analisando cada detalhe do apartamento. Tudo parecia o mesmo a não ser pelo inferno que havia se transformado o quarto. Pegou o telefone e discou três números.

- Polícia. Qual é a emergência?

- Eu acabei de encontrar meu namorado morto em seu apartamento.  - Him Chan falou encarando o corredor que dava acesso ao quarto. Mais silêncio.

- Isto é um trote? - A atendente do outro lado da linha perguntou.

- Você acha mesmo que eu perderia a porra do tempo ligando para passar um trote? Meu namorado está morto no próprio quarto e você ainda tem a coragem de perguntar se é um trote? Qual é o seu problema? - Descontrolou-se. Aquilo era inevitável.

- Tudo bem. Me passe o endereço e descreva a situação que dentro de alguns minutos mandaremos uma equipe. - E Him Chan o fez. Foi instruído a não sair do local e ficou na sala em pé, ao lado da mesa que dava suporte ao telefone. Permaneceu ali até que a polícia entrasse. Gritaram para que ele não se movesse. Ele não se moveu. Olhou na direção da porta e policiais militares apontavam armas para os cantos, duas mulheres e um homem com blusas pretas e escrita em amarelo que diziam "divisão de homicídios" entraram no apartamento logo depois com grandes maletas pretas. Se sentiu em um filme, em polícia 24 horas ou qualquer outra merda de programa de investigação criminal. Mas era o choque da realidade. O delegado também estava ali. Era um senhor de idade, gordo e alto que foi o único se aproximar.

- Rapaz, o que aconteceu aqui? - Perguntou. Him Chan não respondeu. Não conseguia. O estado de choque o atingiu. Olhava para a autoridade sem assimilar o que estava acontecendo. Ele não sabia.

            Ignorado, o delegado perambulou pelo apartamento até entrar no corredor que dava acesso ao quarto. Seria impossível entrar ali novamente.

- Venha comigo. - Uma voz desconhecida ecoou após um breve silêncio. O dono tocou as costas de Him Chan e o empurrou de leve para que se movesse. Foi guiado para fora do apartamento, para dentro do elevador, para fora do prédio.

            Do lado de fora do prédio havia dois carros de polícia, uma ambulância e um carro preto mais escuro que Him Chan não conseguiu identificar. Certamente era um carro fúnebre. Algumas pessoas se aglomeravam ali curiosas para saber o que estava acontecendo. Loucas de cede por caos, por tragédia, por drama. Pareciam expectadoras curiosas para o final do capítulo da novela. E elas teriam o que queriam. Era assim o tempo todo. Kim chamou atenção ao ser guiado por um dos policiais. As pessoas o encaravam se perguntando o que ele poderia ter feito. Então, simplesmente abaixou a cabeça, entrou em um dos carros e ficou calado até chegar na delegacia.

            Ao chegar, foi novamente guiado para uma sala vazia e escura. A parede era cinza e o branco do piso estava encardido. Havia penas uma mesa no centro, duas cadeiras de um lado, uma do outro. Ele seria interrogado. Se sentou na cadeira sem par e encarou a sala em volta.

- Espere aqui. - A porta foi trancada e ele respirou fundo apoiando os cotovelos na mesa de madeira bastante riscada. Seria interrogado. Perguntariam o que aconteceu, o porquê de ele estar ali, a relação que tinha com o defunto. Fariam diversas perguntar e estaria no topo da lista de suspeitos. Estava claro que aquilo era uma cena de homicídio. Yong Guk Bang foi assassinado. E de uma maneira tão brutal, tão desumana, dentro de seu mundo particular.

Baque.

            Tentava pensar no que poderia ter acontecido, quem teria feito aquilo. Ele poderia ter se suicidado, sim. Mas Yong Guk não seria tão covarde a esse ponto, seria? Preferia acreditar que sua vida fora tirada sem seu consentimento. Him Chan respirou fundo e voltou a chorar novamente, apertou os olhos. Desejou abri-los e se dar conta de que tudo aquilo era um terrível e assombroso pesadelo. E, de fato, era um pesadelo. O pior deles, aquele chamado realidade. 



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