História Havana (Camren) - No Way

A madrugada anterior foi agitada. Todos acordaram por causas das luzes e sirene da ambulância chegando. Lauren ficou imóvel o resto da madrugada, até que pegou no sono e dormiu.

Já eu não consegui dormir. Perrie está mal no hospital, mas ao mesmo tem Lauren que precisa de mim aqui.

São quase uma hora da tarde quando Lauren se mexe, acordando em seguida.

- Bom dia? - ela pergunta confusa. Olha lá fora pela janela.

- Boa tarde - respondo. Me levanto da cadeira e me sento na cama ao lado dela.

- Que horas já são?

- Bem tarde. O que acha de sairmos pra comer alguma coisa e depois passarmos no hospital?

- Hospital? Por que? - pela expressão dela ela parece não se lembrar.

- Perrie, ela...

- Mas ela tá bem?

- Sim, pelo que falaram foi um susto e alguns hematomas. Ela está bem, mas quero vê-la.

- Tudo bem, eu só vou trocar de roupa - ela parece esperar algo. Ah, sair do quarto, claro.

- Okay, eu vou só... conferir se não esqueceram nada - me levanto às pressas, meio sem graça.

Estou sentindo que talvez Lauren vai fingir que nada aconteceu, como da última. Não posso deixar isso acontecer, de jeito nenhum.

[...]

O almoço com Lauren foi silencioso. Talvez seja errado pensar que daríamos certo, Lauren se quer parece querer isso!

Chegamos no prédio do hospital. 

- Antes de você sair, - disse Lauren assim que puxei meu cinto - ainda deixarei que pense sobre a viajem. Mas, só depois que você souber de uma coisa.

- Que coisa?

- Eu vou dizer, mas não agora. Vou te buscar antes em sua casa, pra lhe contar melhor... aí se você resolver que eu devo te levar de volta, tudo bem, vou entender numa boa.

- De maneira alguma, eu quero essa viagem, te amo e acho que nada vai me fazer mudar de ideia.

- Talvez não Camz, talvez não...

Ficamos um tempo alí dividindo o mesmo silêncio, até que ela saiu do carro, saí em seguida.

Assim que entramos, na recepção Harry e Louis também estavam. 

- O que eles estão fazendo aqui? - cochicho à Ashley.

- Ah, Louis ficou preocupado porque foi ele que sem querer tropeçou nela e por isso ela caiu. Já Harry veio porque Louis está aqui...

- Eles estão...

- Juntos? Acho que sim, Harry não me conta muitas coisas.

- Como assim ele não te conta? Vocês se conhecem?

- O que? Não! Desde que eu nasci - ela ri e não entendo o motivo - ele é meu irmão. Só por parte de pai no caso.

- O que? Que novidade! Nunca vi vocês juntos.

- Lauren não te contou?

- Não.

Pelo visto ela me esconde muitas coisas. Procuro por ela apenas com o olhar, e lá está ela conversando com Louis e Harry, mas se afasta assim que percebe que os encaro, vindo até mim.

- E então, como Perrie está? - perguntou Lauren.

- Bem já - disse Ashley - pelo que sei ela ainda está sedada e por isso ainda dorme. Escutei o médico falando com a senhora Cabello que ela ficará no máximo três dias.

- Será que os pais dela já estão sabendo? - pergunto.

- Não sei, viu.

- Bom, eu vou procurar minha avó pra saber. Porque se não terei que ligar pra eles.

- Ta bem - elas disseram.

Procurei por abuela e de fato os pais de Perrie ainda não sabiam. Liguei para eles explicando tudo certo o que acorreu, tentei tranquilizá-los ao máximo e deu certo.

Passei pelo quarto de Perrie e peguei ela acordando. Resolvi entrar.

- Olá Bela Adormecida - digo e ela sorri meio perdida, como se estivesse buscando sua própria localização.

- O que aconteceu? Eu não me lembro de nada. Quer dizer, lembro que desci a escada rolando, mas por quê?

- Olha, pelo que eu entendi o Louis acabou trombando com você.

- Nossa, mas eu estava ouvindo música e procurando meu brinco que acidentalmente se enroscou nas minhas argolas, a porta estava aberta... e pronto! Não me lembro de mais nada.

- Ah querida, você passou pelo meu quarto - disse abuela - você bateu na porta, perguntou se eu vi seus brincos mas saiu logo.

- Uau, eu deveria estar doida mesmo - Perrie riu - brincos tem pernas agora!

- Pois é. Você nos assustou - disse.

- Sim, inclusive sua namorada, minha querida - abuela disse - ela está melhor? Ela parece que sempre fica ruim assim, será que tem algo acontecendo com ela?

Bom... como explicar que eu e Lauren não estamos namorando, que nem se quer sabemos se temos algo? Que guarda segredos que nos impede disso?

- Bom... ela não é minha namorada, eu acho. Mas bem, ela se assustou sim. Eu não sei o que está acontecendo com ela, mas... - me sento aos pés de Perrie na maca - logo espero saber.

- Acho bom mesmo - disse Perrie.

- Eu tenho uma coisa pra falar para vocês - digo.

- Sim, fale querida - disse abuela.

- Bom, Lauren está me chamando para uma viagem - falo como se jogasse uma bomba, nem tão animada como deveria.

- Uau, e pra onde vocês vão? - comentou Perrie parecendo ter roubado todo meu entusiasmo.

- Não sei, só sei que é pra um lugar que tem praias.

- Quando? - perguntou abuela séria. Eu conheço essa expressão...

- Nessa madrugada. Mas não é certeza, não sei se devo ir...

- Você tem que ir, deve ir - disse Perrie.

- Não sei...

- Ela vai se cuidar bem por lá, estará com Lauren. Nós ficaremos bem, logo saío daqui - Perrie me anima ao máximo.

- Será mesmo? - faço cara de piedade.

- Bom, faça o que bem quiser de sua vida, meu amor. Logo já faz dezenove! Mas é bom saber que me conta as coisas e que se importa com minha opinião. Se quer... - disse abuela por fim.

- Okay, vou pensar mesmo se vou.

- Bom, vai se divertir! Dar umas voltas com a sua garota - disse abuela na maior tranquilidade. Sei como ela deve estar reagindo por dentro, mas não demonstra.

- Aí meu Deus - disse Perrie rindo e eu à acompanhando sem conseguir falar uma só palavra.

[...]

Já eram quase meia noite e depois de tanto pensar, resolvi fazer minhas malas. Uma nem tão grande e uma que dá pra ser levada na mão, prontas.

Abuela foi e voltou pro hospital levar comida para Perrie, mas agora ela já dorme tranquila. Perrie vai sair do hospital amanhã pela tarde.

Não me sinto bem em deixá-las, mas de certo modo também quero ir. E o que será mesmo que Lauren tem pra me contar?

Uma hora da manhã, meu celular toca, é Lauren.

- Oi, Camila? - ela diz assim que atendo.

- Sim?

- Já estou aqui fora lhe esperando - o que? Ela não deveria buzinar?

- Ta bom - olho pela janela e ela realmente está lá - já estou saindo.

Desligo, pego minhas malas e saio após trancar com minhas cópias da chave.

- Quer ajuda aí? - ela pergunta assim que abro o portão.

- Não, tá tudo bem - digo sorrindo. Ela abre o porta malas.

Vejo suas malas lá também. Será que conseguiremos repetir isso mais vezes? Só de pensar nisso pulo de felicidade, sorri sozinha.

Depois de guardar, entramos no carro e Lauren dá partida. O caminho por enquanto era tranquilo, sem nenhum carro no caminho... e principalmente silencioso.

- O que você iria me contar?

- Espera que é daqui a pouco.

Tá bom, penso e resolvo encostar a cabeça no vidro. Eu nem se quer sei pra onde ela vai me levar. Para Havana não deve ser, ela disse alguma coisa sobre avião. De qualquer forma o aeroporto é longe, dá pra tirar uma soneca.

Um tempo depois acordo ao sentir que o carro parou.

- Chegamos - disse Lauren.

- Percebi - tiro o cinto me espreguiçando depois.

- Agora podemos conversar...

- Sim.

- Bom, eu sei que quando eu te contar isso, essas coisas, você nunca mais irá me querer e nem se quer falar comigo vai mais.

- De jeito nenhum. Lauren! Olhe para mim - ela sorri quando faz isso, percebo seus olhos já meio avermelhados - nada vai mudar, entendeu? O passado não vai interferir em nada.

- Mas vai.

- Me conte então.

- Bom, eu já me envolvi com as drogas - fico sem reação - eu, eu já estou limpa agora, foi um dos motivos para eu ter me mudado daqui quatro anos à trás.

- Sério? Por que não me disse nada? Sabe que sempre estarei aqui, ao seu lado...

- Eu sei - meio nervosa ela acaba falando em inglês - foi difícil! Eu não queria te afundar mais, tinha feito muito pouco tempo que seus pais haviam falecido.

- Mas a gente sempre se ajudou! Não precisava ter medo - sorri. Me aproximo dela meio desajeitada abraçando-a - mas já passou, okay?

- Tem mais - ela meio que se livra de mim e não me olha.

- Sim?

- Eu matei uma pessoa.

- Lauren...

- Foi sem querer! Ameaçaram contar pra todo mundo sobre as drogas. Eu fiquei sem saber o que fazer quando uma pessoa ouviu todas as ameaças e conversa - ela chora, posso ver seu rosto vermelho.

- Como assim Lauren? Você matou uma pessoa! Você, você... como tem coragem? - respiro de forma pesada - então quer dizer que eu sou apaixonada por uma assassina?

Eu não queria assustá-la mais, mas é o que está acontecendo. Eu não deveria reagir assim, droga!

- Isso não...

- Quem... quem você matou? - limpo meu rosto, encaro aqueles olhos verdes que mais parecem águas cristalinas a transbordar.

- Carla.

- Droga! - tiro forças desconhecidas de mim e soco o painel do carro. Minha mão dói agora.

- Camila? Você está bem? - ela realmente se preocupa? Depois do que ela fez, como ela consegue?

- Estou - grito. Olho para meus punhos, apenas vermelhos.

- Se você quiser ir, tudo bem! Eu posso...

Como ainda posso amá-la apesar disso? Agarro seu lindo rosto avermelhado e o tomo em um beijo doce e calmo,sentindo ao mesmo tempo nossas lágrimas se misturarem.

- Não - antes de me afastar beijo sua bochecha - quero que me conte tudo. Como tudo aconteceu, quem te ameaça, como a Carla... o incidente com ela.

- Eu só não sei se posso contar quem me ameaça - reviro os olhos - tá bem, é o Harry.

- Harry? Harry Styles? Amigo do Louis e irmão da Ashley?

- Eu acho que eles estão namorando, e sim, sei que deveria ter lhe dito sobre ele ser irmão da Ashley, me desculpe.

- Tudo bem, continue...

- Harry vende drogas, bom, vendia...

- E você comprava dele?

- Sim, foi assim que os conheci.

- Foi assim que conheceu a Carla?

- Sim, tinha uma época que eles ficavam, andavam pra lá e pra cá juntos, só que acho que ela descobriu sobre os negócios dele e meteu o pé na bunda dele...

- Sério? Mas ela chegou a se envolver? Com as drogas.

- Não, eu acho, ela sempre foi limpa, ela até perdoou ele depois, mas eles só brigavam, ele nunca chegou a por um dedo nela, - ela riu disso e limpou as lágrimas - Eu defendia ela muitas vezes.

- Uau, por que tudo isso aconteceu então?

- Eu aconselhava ela a sair de lá, foi o que ela fez. Eles nunca mais se falaram, nenhum foi atrás do outro. Tempos passaram e eu fiquei devendo um bom dinheiro pro Harry. Aí na festa, depois que você foi embora ele veio falar comigo...

- Você ainda tá devendo pra ele? Mas você tem dinheiro, consegue pagar...

- Eu sei, mas ele acrescenta cada vez mais juros, ele tem provas minhas em que eu estou me drogando! Ele pode ferrar com a minha vida, em um passe de mágica...

- Bom, continue...

- Ta, na festa aquele dia ele veio falar comigo. Eu estava no terraço, quase surtando com meus pensamentos sobre o que tinha acabado de acontecer com a gente. Quando ele então apareceu me ameaçando, pedindo mais dinheiro. Eu tinha, mas não alí, ele ficou exaltado. Aí ele viu a sombra de alguém e depois ouvimos passos, ele pediu que eu fosse atrás, eu não tinha o que fazer. Foi então que eu assustei ela. Ela caiu da escada, já morta.

- O que? Lauren, você então não tem culpa. Não foi você que à matou, foi um acidente! - a abraço de novo. É como se a dor dela fosse a minha, as lágrimas fossem as minhas...

- Mas eu à vi por último, as últimas palavras dela foram para mim e eu se quer pude ajudar - faço carinho em seus cabelos com ela ainda abraçada a mim.

- O que acha de irmos viajar?

- Sério? - ela sorri enquanto me olha.

- Sim.

Ela me encara por um bom tempo, confesso até ficar sem graça e dou risada disso.

- Você não me merece, Camila, você é um anjo. Já eu sou toda errada, imperfeita...

- Não, todos temos defeitos, nem eu sou perfeita. Nós sempre seremos iguais, lembra? Mesma alma...

- Sim.

- Sempre disse e sempre vou dizer que te enxergo em mim, então eu sei que seu interior, bem aí no fundo ele é bom - sorri, a melhor das sensações que Lauren me causa - Eu não seria o que sou hoje se não tivesse te conhecido.

- Sério?

- Mas é claro que sim.

- Ta bom então, - ela enxuga os olhos uma última vez - o que acha de irmos pegar um avião? Antes que aqui inunde com nossas lágrimas.

- Tudo bem, pode ser - a puxei para um último abraço com ela em seguida roubando um beijo.

Saímos do carro, pegamos nossas malas e partimos para... Miami, enfim Lauren me revelou todo o suspense.

...