HELENA CARDOSO
Munique, Alemanha
Eu estava terminando de arrumar uma malinha para passar o final de semana em um chalé na região de Zugspitze com o Leon, para aproveitar a folga que lhe foi dada pelo Bayern, até o barulho da campainha soar pelo apartamento. Pensei que seria a Anna ou o próprio Leon, já que o porteiro não deixaria nenhum desconhecido subir.
Xxxxx: Bom dia! A senhorita Helena Cardoso está? - Um homem de meia idade apareceu na minha porta. Observei o homem de cima a baixo tentando reconhecê-lo e nada.
Helena: Bom dia, sou eu.
Xxxxx: Eu sou oficial de justiça, vim trazer essa intimação para você comparecer à embaixada brasileira o mais rápido possível para tratar do seu visto de imigrante na Europa que deveria ter sido renovado há dois meses atrás. - Arregalei os olhos pegando o papel das mãos do homem; - Agora assine no local indicado. - Fiz o que ele pediu. - Obrigado e passar bem, senhorita. - Fechei a porta e fui ler a intimação que me obrigava a comparecer à embaixada do Brasil na próxima segunda-feira, daqui a 3 dias.
Helena: Era só o que me faltava. - Tirei uma foto da intimação e enviei pro responsável pelo jurídico da Volkswagen, Hans, que resolve essas pendências de imigração. Menos de dois minutos depois ele me respondeu que iria agilizar e que aquilo seria fácil, já que eu possuo residência e emprego fixo no país há dois anos. Pelo menos isso. Em seguida o telefone tocou.
~ ligação on ~
Anna: O Hans acabou de encaminhar a intimação que você recebeu, o que rolou? - Pela voz ela parecia assustada.
Helena: Calma amiga, só burocracia. Eu esqueci que precisaria renovar o meu visto e passou do prazo, mas o Hans falou que não é difícil renovar e que vai resolver isso pra mim.
Anna: Graças a Deus, eu já estava assustada com tudo isso, amiga. Imagina se você for deportada e não poder conhecer a Bella? Eu acho que eu tenho um treco.
Helena: Então eu posso ser deportada depois que a Bella nascer? - A minha amiga riu do outro lado da linha. - Fica tranquila, eu não vou ser deportada.
Anna: Não mesmo, amiga, nem que eu te case com um alemão, você não vai.
Helena: Deixa de maluquice, eu preciso desligar porque ainda não terminei de arrumar as minhas malas pra viajar.
Anna: Você corre o risco de ser deportada pro Brasil que tá fodido no meio de uma pandemia e ainda vai viajar com o seu namorado? Pelo amor de Deus, Helena Maria.
Helena: Amiga, eu já falei que não vai dar em nada, lembra que uma vez eu esqueci de renovar o meu visto na Inglaterra? Eu resolvi em dois dias, não deu em nada. Aqui é a mesma coisa de União Europeia, relaxa.
Anna: Na Alemanha as coisas são mais complicadas. - Suspirou. - Mas se o Hans disse que é fácil eu confio, só não desliga o celular e nem some do mapa com o Goretzka.
Helena: Amiga, você sabe que eu preciso dar um tempo do mundo, mas tudo bem, vou deixar o celular ligado, qualquer coisa você usa aquela procuração pra resolver as coisas por mim. Se cuida e cuida da nossa Bella. Beijos, te amo. - Desliguei a chamada depois do ‘tchau’.
~ ligação off ~
(...)
Leon: Chegamos! - O jogador abriu a porta do do chalé que vamos ficar no final de semana após 1h30min de viagem na estrada de Munique até lá. O local escolhido pelo alemão ficava em Ehrwald, já na Áustria, próximo aos alpes que está localizado entre os dois países. - O que achou?
Como já era inverno, a neve cobria ainda mais a fachada do chalé e deixava a paisagem mais bonita do que era, mesmo estando muito frio.
Helena: Que lugar lindo, um pouco mais frio do que o normal, mas é muito muito lindo.
Leon: É meio frio aqui mesmo, você está toda empacotada e parece que vai congelar. - Riu. - Vamos entrar, lá dentro é quente. - Tirou as malas do carro e levou até a porta. - Que mala pesada, Helena. Você trouxe a sua casa inteira pra uma viagem de final de semana?
Helena: Eu trouxe o necessário, fora que os casacos são pesados, não reclama. - Ri da careta dele até entrar no chalé e ver as flores e as velas espalhadas pelo local. - Nossa, que romântico esse meu namorado.
Leon: Eu queria passar um tempinho com você, longe de tudo e de todos, esquecer um pouquinho os problemas do mundo. - Deu de ombros. - Agora eu quero ver você reclamar pra minha mãe que eu não sou romântico.
Helena: Não se preocupe, na próxima vez que eu encontrar a sogrinha eu juro que vou dizer que o filho dela é um príncipe digno de um filme de romances. - Dei um selinho nele.
Leon: Você é péssima, Nena. - Mostrei a língua e o jogador riu. - Falando na minha mãe, ela perguntou se você vai passar o natal com a gente em Bochum, eu tô devendo essa resposta a ela.
Helena: Nossa, daqui a pouco é natal, meu Deus. - Lembrei que não poderia ir pra minha casa no Brasil. - Se isso for um convite, pode confirmar a minha presença, eu não vou poder passar com os meus pais e a Anna deve passar com a família do Manuel.
Leon: Nossa, fui tratado como última opção mas eu aceito, tá? - Debochou colocando a mão no peito como se tivesse ofendido e eu ri. - Falando na Anna, ela tava preocupada com você depois que recebeu uma ligação de trabalho.
Helena: Deixa de ser besta, cara. - Dei um tapinha no seu peito. - A Anna se assusta com besteira, não foi nada demais, o povo do meu trabalho é meio estressado.
Leon: Por isso que eu queria passar uns dias longe do mundo, com o celular desligado e tudo mais. Tem horas que a gente precisa sumir do mapa mesmo. Aí eu te chamei pra ser minha parceira de fuga. - Segurou o meu rosto. - Porque a única pessoa do mundo inteiro que eu não quero ficar longe é você.
Helena: Você é tão fofo que às vezes nem parece real, eu sou muito sortuda por ter você ao meu lado. - Roubei um beijo rápido dele. - Nossa, eu tô tão melosa que nem eu estou me reconhecendo. Tá feliz?
Leon: Não poderia estar mais.
continua...
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