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História Heart 2 heart - Drarry - A maldição equivalente


Escrita por: kalinebogard

Capítulo 7 - A maldição equivalente


Harry Potter tinha a impressão de que acabara de se deitar, quando Neville o chamou. Ele realmente tinha acabado de se deitar, depois de dormir a noite quase toda ao lado de Draco Malfoy, em uma sala de aula abandonada.

— Bom dia, Harry. Vai se atrasar para o café!

Neville cumprimentou e afastou-se, já vestido com seu uniforme.

Harry respirou fundo. Os olhos verdes percorreram todo o dormitório, reparando que Ron já havia ido para o Grande Salão. Há um mês evitava o moreno de todas as formas possíveis. Ele não parecia disposto a aceitar que Harry engravidara o inimigo de ambos desde o primeiro ano...

Resignado, esticou o braço e pegou a moeda enfeitiçada que estava ao lado da cabeceira de sua cama, mas mudou de idéia. Deixaria Draco dormir mais um pouco, depois o acordaria. O loiro parecia muito chateado pela insônia.

De modo quase automático arrumou-se e desceu para o Grande Salão. O local estava cheio de alunos. A mesa Gryffindor permanecia animada como sempre, assim como Ravenclaw e Hufflepuff. Slytherin parecia silenciosa demais, nada de anormal nisso.

A primeira coisa que fez foi procurar por Draco na mesa da Casa da Serpente, e sem surpresa percebeu que ele não estava ali. Já esperava por isso.

— Preguiçoso... - deixou escapar baixinho, sorrindo de leve.

Respondeu aos cumprimentos de seus amigos com um aceno de cabeça e sentou-se num lugar vago entre Dean e Neville. Hermione e Ron estavam do outro lado, quase em frente de Harry.

O moreno começou a preparar algumas torradas para si, quando notou que Mione lhe fazia uns gestos desesperados. Ia perguntar o que se passava, quando a voz aguda de Lilá Brown lhe chegou aos ouvidos roubando-lhe a atenção:

— Aposto que os três estavam fazendo algo proibido!

— Como uma Poção das Trevas? - perguntou Parvati subitamente interessada. - Será que explodiu e eles morreram?

— Não duvido nada. - se intrometeu Seamus tentando falar e engolir um pedaço de bacon ao mesmo tempo. - Katie viu quando os três foram levados para a Ala Hospitalar... tinha tanto sangue que dava pra encher o rio Nilo...

— Parkinson estava estranha ultimamente. Foi o que Susan Bones me disse outro dia... - continuou Brown depois de olhar feio para Seamus.

Imediatamente Harry sentiu o coração dar um salto. Conferiu a mesa Slytherin e percebeu que faltavam três pessoas. Pansy Parkinson, Blaise Zabini e Draco Malfoy. Só então notou que o silêncio anormal na mesa adversária parecia carregado de tensão.

Procurou Hermione com o olhar. A amiga acenou com a cabeça, então Harry soube que tinha que ir ver o que acontecera com os três jovens Slytherins. Levantou-se da cadeira e já se dispunha a sair da mesa quando ouviu Neville lhe perguntar:

— Aonde vai, Harry? Nem tomou café!

— Esqueci... Meu... No quarto! Já volto! - quase gritou.

Neville, Dean e Seamus se entreolharam. Que desculpa fora aquela? Parecera muito com as desculpas esfarrapadas que Malfoy andava balbuciando durante as aulas.

— Será que ele perdeu...? - Ron perguntou tão baixinho que apenas a namorada pôde ouvir. Mione piscou duas vezes antes de entender a pergunta.

— Não acredito que disse isso, Rony! - a garota falou, ainda mais baixo.

Dando de ombros, o ruivo afirmou: - Um Malfoy a menos não faria tanta diferença.

Toda a cor fugiu do rosto da bruxa. Ela trincou os dentes e tentou manter a voz murmurada: - Aquela criança é parte Malfoy e parte Harry também, Ronald Weasley. Você deseja a morte de um inocente? - Sem esperar resposta levantou-se da mesa e antes de ir embora falou: - Nunca mais diga uma coisa tão horrível perto de mim.

Os estudantes não entenderam nada, mas acharam que era uma briga comum de namorados e não deram atenção. Era mais divertido especular sobre a terrível ‘morte’ dos três Slytherins que provavelmente estavam mexendo com arte proibida.

Ron apenas assistiu sua namorada ir embora sem a impedir. Depois deixou que os olhos pensativos se fixassem sobre o copo de suco de abóbora. Ainda achava que o fim da linhagem Malfoy não podia ser tão ruim assim...

HPDM

Harry correu até a Ala Hospitalar disposto a brigar com todos se não o deixassem ver Draco. Queria saber direitinho o que acontecera com o loiro.

Madame Pomfrey lhe garantira que nada de ruim podia acontecer até o quinto mês, se fossem cuidadosos! E ele fora muito cuidadoso o tempo todo. Estavam no terceiro mês...

Porque?

O moreno apertou o peito como se sentisse alguma dor. E ele sentia, mas não era física. Não podia acreditar que o simples pensamento de perder seu filho podia doer tanto. Já se afeiçoara ao pequeno ser que era carregado na barriga de seu ex-adversário. Já sonhava com ele e fazia muitos planos.

Não queria perder o bebê a essa altura!

Abriu a porta da Ala Hospitalar e invadiu a sala de espera. Já ia correr para abrir a porta que separava os doentes quando notou uma pessoa sentada sobre um dos sofás bem a sua direita.

— Draco! - Harry chamou sem se preocupar por usar o primeiro nome do loiro.

O Slytherin levantou a cabeça e olhou surpreso para o garoto que praticamente invadira a sala de espera. Ficou espantado em ver a expressão de preocupação no rosto e os gestos que gritavam urgência a cada segundo.

Permaneceu em silêncio sem ter o que dizer.

Diante da atitude reservada Harry mudou o rumo e quase correu até sentar-se ao lado do loiro. Segurou-o pelos ombros e começou a examinar-lhe a face pálida. Notou pelos olhos vermelhos que Draco havia chorado a pouco tempo, e as olheiras profundas revelavam que não dormira nada. Mas tirando isso e o leve tremor que lhe percorria o corpo, parecia tudo bem com o loiro.

— Draco, você está bem? Eu ouvi que três Slytherins tinham sofrido alguma coisa com uma poção das trevas...

Draco ainda não respondeu. Mantinha os olhos fixos nos de Harry, como se buscasse alguma coisa. A atitude passiva voltou a preocupar Harry. Definitivamente Draco Malfoy não era daquele jeito. Tinha alguma coisa errada.

— O que aconteceu? Por que está aqui? Draco...

O Slytherin cobriu a boca com as mãos e disse algo com os olhos grises cheios de lágrimas. Harry não entendeu patavina. A voz de Draco fora abafada pela mão que comprimia os lábios finos.

Gentilmente, Harry segurou nos pulsos magros e obrigou Draco a baixar as mãos.

— Por favor, repita. Não pude ouvir nada. - pediu falando bem devagar.

— A Pansy... Perdeu o bebê!

A mente de Harry girou e ele abriu a boca, tamanho seu espanto. Draco parou de tentar controlar-se e deixou que as lágrimas rolassem pela face pálida.

— Parkinson... Estava grávida? Ela perdeu... O bebê? - enquanto falava Harry começou a apertar os pulsos de Draco, que ainda segurava, com força. O loiro não se importou, nem pareceu sentir - O que houve?

— Não sei! Não sei, Potter! Eu estava indo para o dormitório, quando encontrei Blaise caído no chão no meio de uma poça de sangue. Quase ao mesmo tempo uma garota encontrou Pansy também sangrando no chão! Foi um caos! Snape chegou, acho que ele tem algum feitiço que o avisa de problemas... E disse algumas coisas, mas eu não entendi nada!

— Como tem certeza de que ela perdeu o bebê?

— Ela perdeu, Harry.

Naquele momento Dumbledore entrou na sala de espera. Parecia muito velho e cansado.

Draco praguejou baixinho e escondeu o rosto no ombro de Harry. Ele preferia submeter-se aquilo a vergonha do diretor ver que estivera chorando.

— O senhor sabia que ela estava grávida?

— Sim, Harry. Descobrimos sobre a gravidez da senhorita Parkinson e do senhor Malfoy no mesmo dia. E por uma incrível coincidência soubemos que tinham o mesmo tempo de gestação.

— O que aconteceu? - perguntou Harry com os olhos brilhantes. Instintivamente soltou os pulsos de Draco e passando os braços pelas costas dele, puxou-o para mais perto.

Dumbledore sorriu diante da cena. Sentou-se ao lado do Garoto Que Viveu e suspirou.

— Harry, o senhor Zabini não aceitou sua condição de pai tão bem quanto você. Ele recusou-se a assumir as responsabilidades.

O moreno estremeceu ao recordar-se de que não aceitara a novidade assim facilmente e que fora muito cruel com o loiro entre seus braços. Imaginou que Draco devia estar se lembrando daquilo também. Infelizmente não podia apagar o mal que fizera. Apenas tentar amenizá-lo.

— Nós não sabíamos quem era o pai da criança da senhorita Parkinson. Ela nos manteve isso oculto. E parece que ela planejou uma terrível vingança...

— Vingança? - Harry perguntou enquanto sentia Draco ficar tenso em seus braços.

— Sim. Usou uma Maldição em retaliação.

— Qual... Qual Maldição? - Harry temeu que Pansy Parkinson tivesse usado uma das Imperdoáveis! Ela iria pra Askaban!

— “Uma pessoa não pode obter algo sem fazer um sacrifício. Para obter o que quer, você precisa apresentar algo de mesmo valor.

Dumbledore recitou com voz misteriosa.

— O que é isso, senhor?

— Esse é o princípio da Troca Exata na Alquimia, Harry. Surge da idéia de que você não pode conseguir o quer sem abrir mão de uma coisa que julga do mesmo valor. Quanto maior a importância do que você almeja, maior será o preço a se pagar.

— Maldição Equivalente... - Draco resmungou com a voz abafada pela blusa de Harry.

— Exato, senhor Malfoy. A senhorita Parkinson utilizou-se de uma das mais terríveis de todas as Maldições. Uma de Troca Equivalente.

Harry ficou horrorizado: - Parkinson vai para Askaban?

O Gryffindor não tinha afinidade alguma com a moreninha, no entanto parecia cruel demais que a estudante fosse mandada para a prisão bruxa depois de perder um bebê. Mas Dumbledore recosto-se no sofá e tratou de tranqüilizar o Garoto Que Viveu:

— Não, Harry. Apesar de terrível, uma Equivalente não é proibida.

— Porque? - uma maldição daquelas devia ser tão proibida quanto as Três Imperdoáveis! - Se fosse proibida talvez Parkinson não a usasse...

— Você não entendeu o princípio da Troca Exata, Harry? A senhorita Parkinson quis ferir o senhor Zabini da pior forma possível. Talvez ela não soubesse que para conseguir teria que abrir mão da coisa que era mais importante para ela.

— Oh! O senhor quer dizer que ela sacrificou o próprio filho para vingar-se de Zabini?

Parecia mais cruel do que mandá-la para Askaban.

— Creio que nem a senhorita Parkinson acreditasse que o filho era tão importante para si mesma. Todos os bruxos que utilizaram uma Equivalente se arrependeram amargamente. No fim das contas são tão castigados quanto as suas vítimas. Em alguns casos são até mais castigados, porque se vingar não satisfaz o desejo de justiça. E nada do que fizer pode lhe devolver o que foi perdido. Por isso uma Maldição Equivalente não é proibida. O próprio executor do feitiço se punirá sem saber.

— Mas...

— E um bruxo utiliza uma maldição, seja ela proibida ou não, se estiver mesmo determinado a isso.

O Gryffindor tinha que concordar com aquilo. Sabia que alguns bruxos não tinham escrúpulos em lançar Avadas a torto e a direito, sem temer as conseqüências.

— Diretor, o que acontecerá com Parkinson? E Zabini?

— Vão se recuperar. Mas Papoula me disse que a senhorita Parkinson nunca mais poderá ter filhos. Quanto ao senhor Zabini perdeu algo que prezava muito...

— Blaise era um garanhão! - voltou a resmungar Draco contra o uniforme de Harry. Já imaginava o que o Slytherin podia ter perdido.

Harry corou um pouco, mas não disse nada.

— Vou conversar com Papoula para ver como os garotos estão. Acha que está em condições de assistir as aulas de hoje, senhor Malfoy?

Draco balançou a cabeça concordando. Ora, ele podia ter nervos frágeis, mas não era tão fresco assim! Claro que assistiria às aulas!

Parecendo satisfeito coma resposta Dumbledore levantou-se e foi para a sala de Madame Pomfrey para obter mais informações sobre a condição dos dois estudantes feridos.

Harry ia levantar-se, porém não conseguiu. Draco o manteve no mesmo lugar, segurando-o com força.

— Harry... Eu não quero perder o nosso filho... - falou baixinho, sem vontade de olhar para o moreno. - Não posso...

O Gryffindor sentiu o coração dar um salto. Pareceu se contagiar com a urgência assustadora na voz sussurrante. Não era somente uma afirmação. Era um pedido, uma súplica.

— Não vou deixar que isso aconteça, Draco. Vou proteger nosso filho custe o que custar. - Harry nunca teve tanta certeza na vida quanto tinha naquele exato momento. - Protegerei nosso filho... E você.

HPDM

Duas semanas se passaram antes que Pansy tivesse alta da Ala Hospitalar. Zabini ficaria um pouco mais. Precisavam ter certeza da extensão dos danos que sofrera vitimado da Equivalente.

Harry permanecia sentado na sala de espera, observando Draco andar de um lado para o outro com os braços cruzados e a expressão de ansiedade no rosto.

Draco visitara Pansy diariamente e sabia o quanto a morena estava arrependida de ter se arriscado tanto. Não se arrependia de ter se vingado, apenas de sua ingenuidade em não investigar mais sobre a maldição que usara. Pagara um preço alto demais pela vingança.

Não valera a pena em nada.

Para o resto da escola, Pansy e Blaise haviam sido vitimados ao trabalhar em uma poção qualquer. Supostamente haviam trocado os ingredientes. A maioria dos estudantes fantasiava sobre uma poção proibida, mas o assunto começava a esfriar e perder a graça.

A gestação bruscamente interrompida fora resguardada, somente Hermione fora informada da verdade e a garota pedira que não comentassem com Ron. Harry não entendeu o porque, mas respeitou.

Mione temia que Ron se mostrasse decepcionado por ser Pansy a perder a criança ao invés de Draco. Ela sabia que seria um golpe terrível para Harry saber a verdade sobre os pensamentos de Ron. Poderia ser o fim da amizade de ambos.

Harry ia comentar algo com Draco, sobre ele sentar-se e parar de andar de um lado para o outro, afinal aquilo não faria Parkinson ser liberada mais cedo, no entanto não teve tempo. A porta se abriu, uma pálida e muito magra Pansy passou por ela.

— Pansy!

O loiro avançou até ela e a abraçou com força, tentando transmitir algum consolo. Pansy retribuiu. Queria contato humano naquele momento. Pra ela, seu bebê era importante, mas como Dumbledore afirmara naquela mesma sala, há duas semanas passadas, ela nunca imaginaria que a criança era o mais importante para ela.

Se sequer desconfiasse não teria seguido com a vingança. Pensaria em outra coisa.

— Está tudo bem, garota?

A morena balançou a cabeça. - Sim... Eles... Eles vão contar pra minha mãe, Draquinho...

Harry Potter torceu os lábios. Slytherins seriam sempre covardes! Pansy agira sem pensar, e agora teria que arcar com as conseqüências. Isso significava enfrentar a própria mãe. Ela não podia esperar que passassem a mão em sua cabeça depois de ter feito algo tão terrível.

— São uns imbecis, não, garota? - Draco consolou, enquanto alisava os cabelos muito negros e lisos. - São todos uns imbecis... - repetiu.

Uns imbecis que não tinham a menor idéia do que era ser um Slytherin. Contar para a mãe de Pansy? Grande coisa. Draco tinha certeza absoluta de que quem ensinara a Equivalente a Pansy fora a própria mãe da garota.

Aquele, sim, era o preço que Pansy pagaria. A Maldição não fora um castigo de Pansy Parkinson contra Blaise Zabini. Fora a punição de uma mãe Slytherin pelo erro de sua filha única.

Mas tal fato era algo que somente um igual podia compreender...


Notas Finais


Eu nunca disse que ‘final feliz’ significava final com bebê vivo...

Esse lance de Troca Equivalente saiu direto de Full Metal Alchemist.


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