Casa dos no Sabaku
Quarto do Gaara/Ino
6h27min
O sol recém-nascido batia no rosto da jovem Yamanaka, disse algo inaudível virando-se na cama e olhando para o relógio, suspirou ao vê-lo marcando seis e meia da manhã.
- Que merda – resmungou para si mesma, odeia quando isto acontece. Acorda cedo e não consegue dormir novamente, a não ser que esteja muito cansada – devia ter fechado as cortinas – levantou-se e caminhou até a janela e fechou as persianas com raiva, notou que a luz de notificação do seu celular piscava, “deve ser Watt App das quengas”, pensou. Decidiu ignorar e ir para o banheiro aprontar-se.
Depois do banho vestiu uma roupa simples, caminhou até a cômoda novamente e pegou o seu ‘Moto G’, e como sempre tinha Watt App das amigas, mas também tinha três chamadas perdidas de Sai.
Tocou em “Retonar Ligação” e esperou, já são sete e meia, e o moreno tem o costume de acordar cedo. Ele atendeu ao terceiro toque:
- Oi – ele disse. O tom de voz do moreno é sempre seco, porém tranquilo e às vezes um pouco suave.
- Oi, tudo bem? – Perguntou sentando-se na cama, a loira podia ouvir barulhos do outro lado da linha, por isto deduziu que ele está na rua.
- Sim e você? – Ela suspirou e contou sobre seu acidente. De como Gaara tinha lhe ajudado; e que agora está hospedada na casa dos Sabakus. Apesar de ter falado sobre Gaara, tentou não demonstrar intimidade, se referindo ao ruivo apenas como “irmão de Temari”.
- E você está bem? – A voz do moreno transmitia a sua preocupação – está sentindo alguma dor? ‘Aqui está’ – uma voz feminina disse.
- Eu estou bem. Onde você está?
- No aeroporto. Estou voltando para casa – ele informou.
- Ótimo, precisamos conversar – Ino diz secando as mãos soadas na calça.
- Já estamos conversando – Sai diz secamente. Depois suspirou lembrando-se de algo importante - Eu passo aí para te ver – ele informou, e pelo seu tom de voz está sorrindo – preciso desligar agora, eu amo você.
- Tudo bem, até depois – respondeu desligando o telefone.
Cantina do Hospital Memorial
A Hyuuga deixou um bocejo escapar, não dormiu bem na última noite. E sabia bem o motivo, hoje começaria a trabalhar com Neji, e o moreno é bem... Exigente.
- Bom dia – o loiro disse pondo dois copos enormes de café em cima da mesa. Sentou-se de frente para ela:
- Bom dia – respondeu secamente – o que você está fazendo?
- Neji me convidou – ele respondeu apontando a enorme fila da cantina.
- Você vai querer o café ou não? – Ele disse esticando o copo para Hinata.
- É para mim? – Perguntou arqueando as sobrancelhas
- Não tem outra pessoa aqui – apesar de ser fora, Naruto disse tão suavemente que a morena nem ao menos levou para o lado pessoal – pode pegar – ela esticou o braço para pegar o copo e seus dedos roçaram-nos do loiro, fazendo um choque percorrer o corpo de ambos.
- Desculpe – ela disse puxando o copo rapidamente para si.
- O que estamos fazendo? – Ele perguntou de repente.
- Bebendo café – ela respondeu bebericando o café, ele está cheio de açúcar. Melado do jeito que ela gostava.
- Não foi isso o que eu quis dizer, o que estamos fazendo com nós dois? Trabalhando juntos há quase dois anos e agindo como se fossemos estranhos.
- Bem – ela disse estalando os dedos, uma mania que sempre irritou o loiro – foi você quem começou. Eu só segui...
- Para com isso – ele disse agarrando as mãos dela e entrelaçando seus dedos.
- Desculpe, eu esqueci – ela respondeu olhando as mãos entrelaçadas. – Você pode me soltar? – Ele soltou as mãos dela e suspirou.
- Quando eu penso que você está cedendo, você me dá uma patada. Costumava ser bem mais fácil lidar com você.
- Eu não sou a mesma de antes.
- Nem eu – ele rebateu – aquele garoto que pegava muitas mulheres e batia com o carro da mãe, conseguiria chegar até aqui. – A Hyuuga permaneceu calada e o loiro não ousou quebra o silêncio entre eles.
- O que você quer? – Ela disse depois de um tempo. Sentia-se cansada, cansada de ter que fingir que não o conhece e ignorar os seus sentimentos por ele, cansada de ‘sentir’ os olhares dele em si, e ter de ser forte o bastante para não olhar de volta. Está cansada de ser forte e ele nem ao menos tentar cooperar com ela.
- Você – ele respondeu simplesmente. A morena atingiu uma coloração vermelha, mas não é a coloração envergonhada que o loiro lembra e ama. Ela está vermelha de raiva, não entendia o porquê disto agora.
- Eu tenho outra pessoa – ela disse entre dentes o deixando atônito. Assim que ele abriu a boca para responder, Neji parou ao lado deles.
- O chefe deveria contratar mais pessoas para atender na cantina – ele disse distraído e irritado o bastante para não perceber a tensão ali na mesa - eu passei uns quinze minutos na fila – completou sentando-se, Hinata apenas levantou-se apressada e pegou seu café.
- Vejo você nas visitas – Hinata disse saindo antes que o primo visse o seu estado.
Neji observou a prima praticamente sair voando da cantina, parecendo estar fugindo da forca.
- O que você fez com ela? – perguntou enfim, sabia que às vezes o amigo passa do limite com as brincadeiras.
- Você quer dizer o que eu fiz para ela desta vez – Naruto respondeu. Suspirou, não aguentava mais aquele segredo.
- Como assim? – o moreno perguntou confuso.
- Tem tempo e disposição para ouvir a história toda?
- Claro – Neji respondeu.
Narradora pov’s off
Gaara pov’s on
Casa dos no Sabaku
Terminei de ler ‘Macbeth’ ontem à noite, apesar de já ter o lido antes eu não consegui soltá-lo até acabar. Em minha opinião Lady Macbeth é uma das maiores vilãs já criadas na história da literatura, e é uma de minhas favoritas. A ambição praticamente corre por suas veias quando ela “controla” o seu marido, levando-o a trair o rei resultando na tragédia. E é daí que vem a frase: "queres ser grande, e não te falta ambição, mas careces do mal que deve acompanhar esta ambição".
Senti uma mão quente pousar na minha bochecha esquerda arrancando-me dos meus pensamentos. Eu nem vi Ino entrar na cozinha, há quanto tempo ela está aqui?
- Você tem certeza de que está bem? – Olhei para Ino, do que ela está falando.
- O que? – Perguntei confuso, percebi que sua mão ainda está no meu rosto.
- Te dei três “bom dia” e você não me escutou – ela esclareceu.
- Sinto muito. Bom dia – eu ri sem graça, observando sua expressão fica preocupada.
- Você está meio quente – ela disse pondo as costas da mão na minha outra bochecha, pescoço e testa - está mudança de estação trás mudança drástica de clima. Você pode ter pegado uma gripe.
- Não. – Respondi dando um sorriso torto – eu realmente não vi você. Estava pensando na história de ‘Macbeth’.
- Você parou numa parte muito boa?
- Na verdade eu já terminei de ler – respondi. Ela me olhou de cima a baixo e franziu a testa.
- Você não dormiu ainda, dormiu? – Neguei com a cabeça.
- Estou indo tirar um cochilo agora, se a Temari acordar diz para ela não me acordar – bocejei – mas se der cinco horas da tarde e eu ainda estiver dormindo, por favor, me acorde.
- Tudo bem – ela sorriu para mim, um sorriso sincero que prendeu totalmente a minha atenção. Ela riu me fazendo desviar a atenção para os seus olhos. Péssima ideia, azul demais, beleza demais. – Você pode ir dormir no seu quarto se quiser, eu deixei a cama arrumada – ela é tão linda. Que droga! Ela estava na minha cama sem mim... - Melhor ir se deitar Gaara está começando a dormir em pé – eu sorri sem mostrar os dentes, ela diz o meu nome do jeito certo. Assim como Kankuro, Temari e alguns amigos ela diz: “Ga-a-ra”, ao contrário das outras pessoas que dizem: “Gara”, mas eu já estou tão acostumado, que até parei de me importar.
- Você tem razão, mas porque perguntou se eu tenho certeza se estou bem?
- Eu perguntei e você assentiu.
- Eu assenti? – Ela balançou a cabeça assentindo – eu estava pensando em umas coisas. Só vi você quando me tocou. Até mais tarde – respondi saindo da cozinha. Nem lembro mais o que eu queria fazer lá.
- Até mais tarde – ela gritou em resposta me fazendo rir.
Subi as escadas pulando os degraus de dois em dois. Seu cheiro estava por todo o meu quarto, ela tem um cheiro simples de rosas, mas eu não sei quais. Deitei-me na cama e seu cheiro ficou um pouco mais forte. Lavanda, talvez? É um cheiro fraco e sutil, não tinha percebido que estava com sono até deitar a cabeça no travesseiro...
Minhas pálpebras se fecharam quase que instantaneamente e eu peguei no sono.
Gaara pov’s off
Temari pov’s on
09:57
Rolei na cama antes de esticar a mão e pegar o celular em cima da cômoda, nunca odiei tanto ‘Revolution’ dos ‘Beatles’ como agora. Atendi sem olhar o visor:
- Alô – minha voz saiu carregada de sono.
- Oi meu anjo – sorri assim que ouvi a voz dele. Em menos de um ano o seu português ficou perfeito. Ele não erra às palavras, o que deixa o seu sotaque perfeito e ainda mais charmoso – te acordei? – Shikamaru perguntou, sua voz estava meio distante do telefone.
- Sim – respondi fazendo manha.
- Já são dez horas, depois dizem que ele é o preguiçoso – eu ri ao ouvir a voz de Naruto no fundo.
- Cala a boca Naruto – Shikamaru respondeu irritado – eu preciso da sua ajuda com uma coisa – sua voz ficou normal, deve ter tirado do alto-falante. Mas eu ainda posso ouvir os burburinhos no fundo.
- Que coisa? – Perguntei curiosa.
- Como eu faço uma coisa lúdica? – Que pergunta estranha.
- Você cria um ensinamento através de uma brincadeira – respondi enfiando o rosto no travesseiro.
- Como eu faço uma coisa lúdica com crianças? – Perguntou mais direto.
- Depende do que você quer ensinar.
- Você pode vir até aqui me ajudar com uma paciente?
- Vou ter que levantar para tomar banho, me arrumar e pegar um táxi – acabei fazendo manha.
– Vamos Tema é por uma criança.
- É Tema... É por uma criança – ouvi Naruto gritar.
- Estou indo – respondi sentando-me na cama.
- Obrigado, estou te esperando. Hoje eu só estou como chefe de setor, eu saio as uma. Eu te dou o que você quiser depois – sorri maliciosamente enquanto levantava da cama.
- Tem uma menor aqui - ouvi Naruto gritar me fazendo rir.
Prendi o celular no ouvido com o ombro direito e comecei a caçar algo no armário com a mão boa.
- Eu vou cobrar heim – eu disse enquanto caçava algo no armário – não agora, mas eu pretendo cobrar.
- Perfeito – respondeu simplesmente.
- Você pode me falar um pouco sobre a garotinha?
- O nome dela é Megan Kandel, seus pais são orientais, mas ela tem dupla nacionalidade. Ela foi diagnosticada com...
- Eu quero saber sobre ela Shikamaru – eu disse revirando os olhos – sobre a garota. Como é a personalidade dela. Como a aparência dela é.
- Ahn sim... – Ele deu uma risada sem graça e continuou – ela tem os cabelos e os olhos mais negros que eu já vi. Tem um jeito meio rebelde. Ela é umas das maiores encrenqueiras que já vi, adora um fudevu – o português dele ficou meio rebuscado de uns tempos para cá.
- Um o que? – Perguntei arqueando as sobrancelhas, eu deixei a camisola deslizar pelo meu corpo, a peguei do chão enquanto caminhava até o banheiro apenas de calcinha e sutiã.
- Fudevu – ele repetiu – uma bagunça, confusão.
- Ata – respondi fechando a porta do banheiro e me olhando no espelho, vou manter a trança de Kankuro – o que você quer que eu faça?
- Explique um procedimento para ela, Naruto não ajudou muito. Ele deixou as coisas ‘simples demais’ o que só serviu para assustar a garota – pus a camisola no cesto de roupa.
- Quantos anos ela tem?
- Quinze.
- Não se usa um método lúdico com adolescentes – respondi revirando os olhos – adolescentes de hoje sabem mais do que eu. Ainda mais uma menina, garotas se desenvolvem mais rápido que garotos. Deve ser mais esperta que eu e você juntos. Vou desligar agora, já estou de pronta para o banho.
- Posso te fazer uma pergunta? – Ouvi os burburinhos cessaram.
- Já fez – respondi.
- Você está seminua agora? – Ele perguntou ignorando a minha primeira resposta, eu corei. Às vezes ele ser um gênio, é um saco! – Você está corada agora não está?
- Não! – Exclamei.
- Quando você está corada e responde uma coisa, sua voz sobe uma oitava – minha orelha está começando a arder e o meu ombro a ficar dolorido.
- Para de me analisar – eu disse mais baixo.
- Tudo bem – o ouvi rir - olha você precisa apenas explicar como eu vou retirar o apêndice da Megan.
- Isso eu posso fazer por telefone – eu disse revirando os olhos, eu o conheço o bastante para saber que fez o mesmo. - Para que você vai fazer isso? Você é cirurgião ortopédico e um staff. Pede para um residente.
- A Tenten pediu para eu fazer, era para ela fazer está demonstração para alguns internos – franzi o cenho.
- Quais internos? – Perguntei.
- Internos deste hospital – esqueci-me que com ele pergunta obvia demais, gera resposta obvia demais.
- De quem são os internos?
- Iruka – ele respondeu.
- Boa sorte – eu disse rindo – você vai precisar - desliguei o telefone antes de ouvir a sua resposta, mas eu pude ouvi-lo rir antes de desligar. Alguns internos são muito inexperientes, e os internos do Iruka são os mais inexperientes e afobados do mundo. É sempre um desafio atender um paciente com um deles, e o Shikamaru está com todos eles.
Hospital Memorial
10h52min
- Você demorou hein – ele disse segurando a minha cintura e me puxando para si.
- Eu cheguei a tempo recorde – contra-ataquei, mas ele não pareceu convencido – tomei banho, escovei os dentes embaixo do chuveiro, liguei para a empresa de taxi enquanto colocava uma roupa e ainda pulei o café da manhã – argumentei poupando alguns pontos da minha história, o bilhete pro Gaara, a ligação de Kankuro e outros. Ele aproximou os lábios dos meus.
- Eu preparo alguma coisa para você comer – seu hálito bateu nos meus lábios me fazendo cócegas. Eliminei a distancia entre nós dois e o beijei. Foi um beijo calmo e controlado, totalmente ao contrário se não estivéssemos em público.
- Eita! – Ouvi alguém dizer. Ele me afastou dele e eu olhei a garota em pé perto da porta do quarto. Ela é um pouco pequena para quinze anos, mas é exatamente como ele descreveu e acima de tudo parece ser chegada num ‘fudevu’. Os cabelos dela são arrepiados e curtos, fora alguns piercing que ela tem no rosto, apesar dela já estar vestida com roupa hospitalar.
- Oi Megan, eu sou a Temari – apresentei-me normalmente esticando a mão, ela a apertou e eu sorri para ela – eu sou cirurgiã pediátrica, eu fui chamada para lhe explicar sobre o procedimento.
- O que houve com a sua mão? – Ela perguntou, mas eu sei que ela me escutou. Adolescentes são bem problemáticos.
- Meu irmão o deslocou – respondi sem entrar em detalhes.
- Legal. Mas o que você fez ‘pra’ ele? – Perguntou franzindo a testa.
- Arranhei o rosto dele todo.
- Fora alguns socos – Shikamaru disse me abraçando por trás. Isso seria antiprofissional se ela não fosse uma adolescente, uma pessoa adulta poderia se sentir constrangida e prestar queixa ao chefe ou ao RH – a Dra. Sabaku vai te explicar o procedimento enquanto eu mando preparar a sala de cirurgia – ele disse, senti os seus lábios em meu ouvido esquerdo – os pais dela já assinaram a autorização – sussurrou – só preciso que você explique o procedimento de um jeito que a deixe tranquila antes de ser anestesiada – ele depositou um beijo atrás da minha orelha antes de me soltar e sair.
- Vamos entrar? – Eu disse apontando o seu quarto, ela apenas entrou e eu a segui – cadê seus pais?
- Trabalhando – ela respondeu – eles estão sempre trabalhando – disse mais baixo.
- Vamos começar – eu disse, ela deitou-se na cama e eu me sentei na borda, passei os próximos vinte minutos a explicando sobre o procedimento e tirando as suas dúvidas.
- Por que não é você quem vai me operar mesmo? – Ela perguntou sorrindo, eu levantei a mão ruim e pisquei para ela.
- Estou fora por algum tempo, quem sabe na próxima? –ela riu da minha piada e eu sorri. Por que os adultos não são tão fáceis de lidar assim?
- Se você não estivesse assim eu poderia pedir por você? Seu namorado parece ser técnico demais – ela disse bufando.
- Ele não é meu namorado – fiquei um pouco mais séria - mas é extremamente competente. E meticuloso, ele é bom no que faz – não poupei elogios, ele merece.
- Vejo que já estão amigas – droga será que ele ouviu o que eu disse? – Você pode assistir se você quiser – ele disse para mim. Eu o olhei e ele parecia normal.
- Não obrigada – respondi saltando da cama.
- Vamos Temari, por favor – Megan implorou – eu vou me sentir bem mais segura com você lá – olhei para Shikamaru de relance e suspirei.
- Tudo bem – dei-me por vencida e ela bateu palmas. Dois internos entraram no quarto, por sorte eles são os mais competentes, quer dizer... Eles são os menos incompetentes, porque competência é uma palavra muito forte para descrevê-los.
- Estes são um e três, eles vão te levar para o pré-operatório – ele apresentou apontando.
- Você numerou os internos? – Perguntei assim que eles saíram com Megan.
- Melhor do que gravar os nomes – ele disse dando de ombros.
- Você sabe o nome deles – afirmei.
- Sei, mas não quero que eles saibam que eu sei – ele observou a minha expressão confusa e suspirou. - Estou bancando o malvado.
- Não está se saindo muito bem – Naruto disse entrando no quarto – o Neji e a Temari são tão malvados que todos os outros são fichinhas.
- Eu não sou malvada. E nem o Neji, nós só somos duros. Os professores que mais me ensinaram foram os mais durões, a Geórgia arrancava meu coro – Geórgia foi uma das minhas professoras no ensino médio. Apesar dos anos, eu nunca a esqueci.
- Professora de física no ensino médio? – Shikamaru perguntou e eu só assenti – não sabia que também teve aula na ‘Reign’.
- A Temari estou conosco a vida toda. Ela só é um pouco mais adiantada, teve um ano que ela fez dependência em algumas das nossas aulas.
- Espera você foi da minha sala? – Ele perguntou incrédulo.
- Ela fez dependência de física e matemática na nossa classe – Naruto explicou, ele coçou a nuca – qual foi mesmo?
- No segundo ano – respondi. - Quando eu terminei o segundo eu não tinha nota o bastante para passar em matemática e física. Então eu tive de assistir só estas duas aulas novamente e mais as minhas do terceiro ano. É claro. – expliquei.
- Pensa bem, se vocês dois se conhecessem naquela época, vocês dois estariam casados agora – senti meu rosto esquentar, mas que droga!
- Naruto você é especialista em deixar as pessoas constrangidas – Shikamaru disse rindo.
- Você está da cor do cabelo do Gaara, me deixa tirar uma foto – antes que eu pudesse impedir aquele loiro maldito já tinha tirado uma foto minha.
- Me dá isso aqui – eu disse me referindo ao seu celular. Eu não devia está com uma expressão boa, já que a cada um passo que eu dava ele recuava dois.
- Shika, controla a sua namorada – ele disse receoso. Senti dois braços me envolveram e me apertarem fortemente. Naruto aproveitou a oportunidade e saiu do quarto.
- Deixa isso pra lá Tema, quer quebrar uma perna desta vez? – Apesar do sermão, ele sorria – vamos lá. Temos um apêndice para resolver – notei que ele não corrigiu o rotulo ‘namorada’ de Naruto – precisamos conversar sobre uma coisa.
- Que coisa? – Perguntei quase que instantaneamente, que sou uma pessoa muito curiosa.
- Você pode almoçar comigo hoje? Na casa do Naruto quer dizer. Apartamento - ele disse nervoso.
- Claro – respondi sorrindo, ele sorriu de volta e nós fomos para a SO.
Temari pov’s off
Gaara pov’s on
Casa dos no Sabaku 19h53min
Pressionei o travesseiro contra a cabeça novamente, porque ninguém atendia a droga da campanhia? Mas que porra... Joguei o travesseiro longe e levantei-me pisando fortemente no chão, caminhei até a janela do quarto e abri a cortina com força. Mas o que...
Já está de noite? Por que ninguém me acordou? Espera...
Quantos dias será que eu dormi? A campanhia tocou mais uma vez, me arrancando dos meus devaneios. Ajoelhei-me no sofá de janela e olhei para baixo. Observando a silhueta feminina, mas não sei quem é, pois ela está de capus. Afastei-me da janela e caminhei até a porta do quarto, acho que não tem ninguém em casa. Kankuro disse que ia sair para beber com uns amigos do trabalho, mas cadê a Temari?
- Já vai - gritei para o meu visitante insistente e indesejado - só mais um minuto - eu disse enquanto descia o último lance de escadas. Caminhei até a cozinha e olhei dois bilhetes pregados a geladeira, o primeiro era de uma caligrafia que eu nunca vi: "Temari saí com o Sai. (Mas que porra, eu não entendi nada) PS: Gaara pediu que você o acordasse às 17 horas -- Ino".
O segundo bilhete era de Temari: "G, fui dar uma volta. Não tenho trabalho e não queria ficar confinada em casa... Tem comida na geladeira. É só esquentar. PS: Sai é o namorado da Ino. Eu não retirei o bilhete dela porque estava com preguiça de escrever sobre onde ela estava. Beijos, T”.
A campanhia tocou mais uma vez, mas eu não vou ficar irritado. Se ela não tivesse tocado mais uma vez eu provavelmente esqueceria que tinha alguém na porta.
- Boa noite em que posso... – Ino passou como um foguete por mim, ela está com um casaco cinza cujo capus esconde metade da sua cara, só a reconheci pelas mechas escapando do capuz e pelos lábios que eu estava hipnotizado está manhã. Como ela está enxergando com isto?
- A Temari está aqui? - Ela começou a olhar em todas as direções possíveis, menos para mim.
- Não. - Respondi a olhando andar de um lado para o outro. Bati a porta e me encostei a mesma - qual o problema?
- Nenhum. - Ela respondeu rápido demais - ela vai demorar a chegar? - As palavras estão saindo tão rápido que eu demorei um tempo para assimilar.
- Não sei, acabei de acordar - respondi olhando para os seus pés - qual é o problema? - perguntei mais uma vez.
- Nenhum - ela respondeu com a voz embargada.
- Ino - eu disse o mais suave que consegui - qual é o problema?
- Eu... Eu... - ela se engasgou com o próprio soluço e começou a tossir - eu não sei o que houve - disse ao se recuperar - num momento nós estávamos bem e no outro... - Ela foi interrompida por mais soluços, seguidos de várias fungadas. Em nenhum momento ela parou de andar, estava traçando uma linha reta entre a mesa de entrada e a sala.
- A culpa não foi totalmente minha... Acho que... Oh meu Deus...
- Eu não estou entendo - meu tom de voz permaneceu calmo, como se eu fosse o médico que dar a noticia de doença terminal a uma mulher de meia idade com três filhos adolescentes - Ino - a chamei mais uma vez, mas o fato dela está andando para lá e para cá, está me deixando nervoso. Agarrei-a pelo cotovelo a fazendo parar, o que fez o seu capuz cair. Depois todo o seu corpo começou a tremer - está tudo bem, eu estou aqui com você. Fala-me o que aconteceu - ela parou de tremer e virou-se para mim lentamente. Deixando-me em choque... - O que aconteceu com você? - Perguntei sem conseguir tirar os olhos das lágrimas e agora do sangue que escorriam pelo lado direito do seu rosto.
- Ele me bateu - ela respondeu - droga eu estou sangrando de novo. Foi tudo tão rápido que eu nem ao menos tive tempo de reagir de primeira, eu só consegui agarrar a primeira coisa que as minhas mãos alcançaram e bater nele. Eu o deixei desacordado lá, e se... E se ele morreu? Eu vou ser presa - disse para si mesma - minha licença vai ser caçada. Eu estou tão fudida - a agarrei pelos ombros e a fiz parar, tentei manter a expressão tranquila enquanto a puxava em direção à cozinha.
Agarrei sua cintura e a ergui pondo na sentada em cima da mesa, ela começou a tremer.
- Sinto muito se eu assustei você - eu disse gentilmente. Fui à dispensa, até achar o que eu queria. Caminhei até ela novamente com um kit de primeiros socorros e outro de suturas.
Ino ainda está chorando, só que silenciosamente.
- Obrigada - ela sussurrou enquanto eu prendia os seus cabelos, fiz um coque. Lembrando-me do que a Temari disse ontem de manhã. E o resultado foi ainda pior do que o da Temari, mas foda-se! Quem se preocupa com isto agora? Coloquei a mão na parte boa do seu rosto e sequei uma lágrima solitária. Comecei a trabalhar no lado direito do seu rosto. Está com um enorme hematoma, como se ela tivesse levado um soco de alguém. O sangue resultou de um pequeno corte abaixo dos olhos, é profundo o bastante para eu precisar costurar. Ela voltou a chorar novamente.
- Está tudo bem. Eu estou aqui com você, não vou deixar ninguém te fazer mal - eu disse baixo. - Pare de chorar, não foi culpa sua - pelo pouco que ela disse já deu para perceber o que aconteceu. Alguém a agrediu e ela o reagiu, deixando a pessoa desacordada em algum lugar - você não ia sair com o seu namorado? - Ela começou a tremer novamente e desviou os olhos.
- Ino - ela me encarou - quem fez isto com você? - Eu perguntei entre dentes. Ele não poderia... Ela não namoraria alguém assim!
- Sai - ela respondeu num sussurro – meu ex-namorado – ela disse dando ênfase a ultima parte – eu não quero falar sobre isto agora – terminei de costurar e comecei a guardar as coisas em silêncio. Isso não pode ficar assim... Que tipo de homem bate em mulher? Aliás, que tipo de homem bate na própria mulher.
- Ele já te bateu mais vezes? – Perguntei puxando uma cadeira e sentando.
- Não. – Ela respondeu ofendida.
- Eu não quero te ofender. Eu só quero entender isto – expliquei passando a mão por seu rosto, a última coisa que ela precisa agora é de um contato masculino. Estou lutando contra a vontade de abraça-la fortemente agora, acariciar seu rosto é o máximo que posso fazer.
- E eu não? – Ela disse pondo a mão por cima da minha. Ela fechou os olhos e suspirou - Você sabe o que é isto? Sabe o que é passar anos com uma pessoa e ela do nada se mostrar alguém totalmente diferente do que costuma ser? Ele nunca nem ao menos gritou comigo, e agora olha só para mim? Eu me sinto tão... – Ela parou para buscar a palavra certa – fraca. Desprotegida. Culpada.
- Você não é culpada – interrompi com o mesmo tom brando e baixo de antes – ele que é um idiota – aumentei um pouco a voz enquanto eu me levantava.
- Aonde você vai? – Ela perguntou segurando o meu braço, suas unhas cravaram nos meus braços.
- Pegar o telefone – eu disse sentando-me novamente. Ela foi me soltando lentamente – está tudo bem Ino. Eu não vou abandonar você, eu prometo – eu disse dando um beijo em sua bochecha. Dessa vez levantei-me mais devagar – eu já volto.
Eu praticamente corri até a sala, peguei o telefone sem fio e voltei. Parei em frente à geladeira observando a lista de contatos de emergência; Senti seu olhar queimar em minhas costas.
Policia é o primeiro número da lista. Suspirei, seria uma longa noite.
Gaara pov’s off
Temari pov’s on
You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
Estou pensando seriamente em trocar o toque do meu celular, se ele continuar me acordando deste jeito eu vou acabar odiando está música... E eu não posso odiar nada que seja dos Beatles.
Assim que peguei o celular percebi três coisas: 1º são quase nove horas da noite, 2º tem chamadas perdidas de muita gente e 3º eu peguei no sono com o Shikamaru na casa do Naruto. Meu Deus por quanto tempo será que eu dormi? Livrei-me do braço de Shikamaru devagar e fui até a cozinha caminhando silenciosamente.
Antes de tudo eu chequei no celular que dia é hoje, e para a minha sorte é o mesmo dia de hoje de manhã. Nossa esta frase foi muito confusa...
Chequei a lista de chamadas perdidas: Pai, Ino, Sakura, Gaara, mas que porra ele me ligou doze vezes. Hinata. Kankuro. Sasuke. Neji, até o Neji me ligou? Não sabia nem que ele tinha o meu número. Naruto. E por último a Tenten, toquei para ligar de volta. Já que ela é a última da lista.
- Temari – ela gritou atendendo no primeiro toque – a Ino sofreu um atentado. – Atentado?
- O que? – perguntei já nervosa, meu coração acelerou – como assim?
- Ela está bem. Parece que o Gaara cuidou dela, estava procurando por você, mas só tinha ele em casa. Eu não entendi direito o que houve, só sei que ela e o Sai brigaram feio e ela está machucada.
- Espera fala mais devagar. Ele fez o que?
- Ele bateu nela – ela respondeu – porque não passa nenhum caralho de taxi? – Ela gritou a plenos pulmões.
- Onde você está? – Perguntei já andando par Alá e para cá igual uma louca.
- Eu acabei de sair do hospital. Eu vim com o Neji, mas ele saiu mais cedo hoje com o carro. Ele deveria me buscar, mas eu pedi que ele fosse direto para sua casa. A casa dele é muito longe para vir me buscar e depois irmos, eu iria morrer de ansiedade – a Tenten fala demais quando está nervosa.
- Eu estou indo. Não comente isso com ninguém – pedi. - Eu vou passar para te buscar e vamos juntas – informei, já sei o que fazer.
- Como assim você está com a mão quebrada e não tem carteira – desliguei o telefone apressada e corri – Shikamaru - o sacudi - Shikamaru - gritei mais alto e ele abriu os olhos assustado, sua expressão relaxou a me ver. Ele até sorriu para mim.
- O que foi problemática? - Ele perguntou com a voz embargada de sono.
- Levanta. A Ino precisa de nós dois – eu disse apressada – cadê a chave do seu carro? – Eu disse andando para lá e para cá.
- Espera – ele pediu – para – gritou me agarrando – me explica o que está acontecendo.
- Agora não. Eu te explico no caminho – eu disse o puxando pela gola da camisa em direção à porta – e se a chave não estiver no seu bolso, eu juro que eu te mato – eu disse para mim mesma.
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