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História Heart of Kaleidoscope - Um amigo, um confidente


Escrita por: Kurorra

Notas do Autor


Ooooolá aqui estou eu sua autora que não está com tempo nem pra coçar o c* mas estou postando um novo capitulo aqui.

No vou enrolar, então, boa leitura!

Capítulo 22 - Um amigo, um confidente


A cor quente do sangue se destacou contra os fios do tapete claro. Seu coração parou e seu rosto empalideceu.


Otabeck o tinha marcado?! O desespero passou por cada um de seus neurônios e o choque o envolveu por alguns segundos, o medo daquela comprovação lhe açoitou e nem o prazer que ainda pairava por seu corpo foi capaz de acalmá-lo. Tentou se mover, mas um braço forte o prendia no lugar. Já sentia seus olhos arderem levemente, logo choraria.


– O-Otabeck? –perguntou, tentando se erguer novamente, mas foi impedido pela segunda vez. A pressão em sua nuca se esvaiu aos poucos e o alfa se mexeu acima de si. Estranhou a ausência de dor, mas mesmo assim temia aquela hipótese. O corpo maior o cobriu por completo, deitando sobre si e um beijo carinhoso foi depositado sobre seu ombro, seguindo até sua nuca, onde depositou outro beijo, este mais leve.


–Acalme-se, não lhe mordi– a voz de Otabeck era falha, fraca e rouca, estava cansado. Aquela curta frase era o suficiente para o acalmar, mas então, de onde vinha aquele sangue?. O cazaque, cuidadosamente para não infligir dor a nenhum dos dois, mudou as posições, ficando deitado por trás e abraçando o loiro com carinho. Um braço se enlaçou novamente a cintura fina enquanto a mão livre alcançou a menor e mais pálida pertencente ao russo.


Yuri encarou as mãos entrelaçadas e viu que a maior estava ensanguentada, apenas alguns finos fios rubros que escorriam lentamente por ali, foi aí que compreendeu. Otabeck tinha mordido a própria mão para não marcar seu pescoço com seus caninos. Ele não quis o desrespeitar, o forçar a algo tão sério como estar ligado eternamente a outro.Não sabia o que dizer ou como agir perante aquela ação.


– não consegui me conter muito bem. – o moreno soltou uma risada anasalada, rindo de sua própria fraqueza. Depositou um beijo delicado no topo da cabeça coberta por fios loiros, “não que eu não tivesse essa vontade” completou em pensamentos enquanto ainda sentia suas presas incomodando e o pulsar das áreas íntimas trancadas uma na outra. O calor do corpo do ômega era delicioso, não precisaria de muito para se viciar nele...


Yuri sorriu, não faria mal confiar naquele homem, não é?


Assim que o nó se desfez e os jatos deixaram de preencher seu interior, o moreno retirou lentamente seu membro do aconchego quente do interior de Yuri, arrancando um suspiro desgostoso do outro. Achou graça naquilo. Ainda estava desejoso, mas ambos estavam cansados e tinham que trabalhar no dia seguinte, ou melhor, daqui a algumas poucas horas. Selaram os lábios novamente, mais lentos, apenas aproveitando o contato enquanto se abraçavam e rolavam por aquele tapete macio.


Se limitaram a tomar um banho rápido juntos, sem toques maliciosos, apenas carinhosos. Yuri se sentia confortável com aquilo, era reconfortante e agradável, poderia facilmente se acostumar com a companhia do Altin...



***


Estava sozinho naquele quarto. O travesseiro macio era abraçado, em substituição a um urso de pelúcia ou algo do tipo, o celular apitava pela quinta vez depois de ter discado um número conhecido. Victor estava sentindo-se confuso, não apenas pelos fatos recentes; mas também sobre o que guardou durante tanto tempo.


Ouviu uma vez, ou leu em algum lugar que não se lembrava, que quando um ômega e um alfa estão destinados a estarem juntos, suas almas se ligam no momento do primeiro encontro, com união carnal ou não. E este laço, diferente da marca, não se quebra jamais, independentemente se um dos envolvidos morre. Desde seu primeiro encontro com um pequenino japonês a anos atrás, descobriu que possuía um elo forte com o mesmo, sentia-se atraído, preso a ele _ num bom sentido da palavra _ e com um forte dever de proteger aquele pequeno e cativante ser. Quando soube do acidente, foi como enfiar uma faca em seu próprio estômago, como quebrar em milhares de pedaços seu coração, e essa dor incurável o perseguia por todos esses anos, junto a irreal esperança de que Yuuri ainda estivesse vivo e que ainda pode-se retornar para seus braços.


Essa esperança tinha se tornado realidade, mas e agora? Aquele foi seu sonho, sua esperança irreal que sustentou até mesmo enquanto sentia o calor de outros corpos o envolver, de forma íntima ou não. Deveria estar feliz, não? Então por que pensar mais naquele assunto? Era tão simples, tudo o que deveria fazer era conquistá-lo _ mesmo sabendo que provavelmente não era necessário, via nos olhos de Yuuri o quanto o ômega o prezava...o amava. Deveria tomá-lo, marcar aquela pele leitosa com suas presas e fazer dele seu companheiro pelo resto de seus dias.


O que tinha de complicado nisso? A resposta era tão complicada quanto a pergunta, mas possuía um peso maior: filhos, cria, prole. Aquilo que o ômega não poderia por na sua vida. Sabia que não era culpa do Katsuki não poder lhe dar uma família completa, não o condenava, não o martirizava. Tudo o que tinha vontade de fazer era acolhê-lo em seus braços,  confortar, tirar de suas costas aquele peso que o fazia ter aquele olhar tão dolorosamente triste…amá-lo como nunca amou ninguém. Como nunca se permitiu amar ninguém. Porém, ele também tinha um peso para suportar sobre as costas, e este se chamava dever.


Assim como o Katsuki, Victor era o último a carregar o sobrenome Nikiforov, ao menos de sua linhagem, e precisava passar seu sangue a frente, assim como os bens de sua família. Aquilo pesava e o sufocava. Havia algum jeito de suportar, algum modo de resolver aquele impasse entre o coração ea mente do alfa?


– Victor? – a voz sonolenta respondeu do outro lado da linha telefónica, um pouco rouca e alguns bocejos e resmungos era ouvidos.


– sim… eu mesmo. Desculpe, te acordei?– Apertou mais o travesseiro, conseguiu, por algum milagre, fazer com que sua voz soasse no mesmo tom de sempre.


– sim, mas não se preocupe, tinha que levantar. O cachorro dormiu em cima da cama e eu preciso por ele pra fora. – o tom do tailandês era divertido. Pode ouvir ao fundo um estalo semelhante a um leve tapa, depois uns resmungos e por fim o barulho de tecido se arrastando.


–tem alguém aí com você?– a curiosidade falou mais alto. Ao fundo da conversa pode ouvir um “ não, eu sou o cachorro que veio comer esse…” e um som abafado de alguma coisa caindo no chão, provavelmente alguma almofada tacada por Phichit, e um “vai logo pro banheiro” do tailandês. Alguma coisa tinha acontecido antes de ligar, e desconfiava do que se tratava.


–vamos mudar de assunto. Por que ligou a essa hora? São quase três da manhã e você trabalha mais tarde, se não me engano.– o moreno desconversou imediatamente, e o clima divertido foi cortado.


– algumas dúvidas não me deixaram pregar os olhos. Então liguei para saber se posso desabafar.– suspirou.


– é claro que pode Vic – comportou o amigo com aquele apelido, ou pelo menos tentou, enquanto levantava de sua cama e ia até algum cômodo do apartamento em que estava, e Victor terminou de se jogar na cama, desfazendo a bolha em que se colocou a pouco.– pode falar.


– você sabia não é? Sobre o Yuuri e Yuuki? – afirmou, não tinha dúvidas sobre aquilo, sabia que Phichit conhecia ambos os lados do Katsuki. O moreno suspirou do outro lado da linha, ele não parecia surpreso, nem tão pouco resignado.


Ele aparentava...alívio?


– sim. E fui eu que aconselhei o Yuuri a se revelar – o ouviu sorrir – acho que ele o fez, ou estou enganado?


–...– Não disse nada, não precisava, na verdade.


– é, acho que sim. E agora que ele está de volta você ficou confuso?– de tão óbvia a resposta, a pergunta se tornou retórica. – e com dúvidas de como agir, perante a condição em que aquele ser se encontra, você veio pedir conselhos para mim.


–...é incrível como você me conhece, Phichit – não pode evitar o tom triste.


– Não sou seu amigo a quatro anos à toa, não é?– o moreno se arrumou melhor na poltrona de seu apartamento, sabia que o assunto ficaria sério dali por diante.– Você descobriu que ele não pode gerar filhos.– era uma afirmação, não uma pergunta–deve ser difícil, você o amou por todos estes anos, se manteve calado sobre esse sentimento, fantasiando um futuro ideal na qual ele estivesse vivo. E agora, que seu sonho de tantos anos se revelou a sua frente, não é completo. É assim que se sente, não é?


–...– Não tinha palavras, o nó em sua garganta aumentava. Não sabia o que sentir, como agir, o que deveria falar…


– Victor, eu te conheço, sei de cada uma de suas preocupações. Sua família. Sua herança sanguínea. Seu status e imagem a ser mantida perante a Rússia. As cobranças de um casamento e herdeiros. Você já despejou tudo isso na minha cabeça noites a fio. Assim como o Yuuri fez durante todo esse tempo que nos conhecemos.


– Você o conhece a muito tempo?


–sim. Eu fui deixado no mesmo orfanato que ele e Otabeck residiam quando crianças.– se permitiu sorrir com as lembranças – o conheci ainda muito pequeno, assim que saiu do hospital. Conheço cada sonho daquele ômega, seus medos e todo o sofrimento que ele passou durante o período de recuperação, e depois dele também. Apenas não contei nada por respeito as decisões dele.


Phichit lhe contou tudo, desde o dia em que viu o pequeno japonês, o dia em que se falaram pela primeira vez, até o dia que ele foi adotado junto ao seu melhor amigo. Até o dia em que se encontraram novamente. Era interessante ouvir cada detalhe dito pelo outro, cada fato sobre Yuuri era fascinante, mesmo que simples e para outros sem qualquer importância. O tailandês contou também sobre o período em que ele estava em recuperação e precisava ir quase que diariamente ao hospital, como ele sofria ainda criança com as consequências daquele infeliz acidente. Aquilo doeu dentro de si de uma forma que não conseguia explicar, era instintivo. Seu desejo de proteção para com o Katsuki era natural, impulsivo.


Era como se Yuuri fosse uma  parte de si, uma parte sensível que precisava de atenção e cuidados constantes. Era estranho.


– o que eu devo fazer Phichit? Por mais que eu o ame, por mais que eu o deseje, o queira os meu lado, o que eu faria se aceitasse cada uma dessas infelicidades, me casasse, e mais tarde me arrepende-se de tudo isso? Isso magoaria, seria pior do que seguir com minha vida agora de deixá-lo no passado.


–Victor – Phichit suspirou do outro lado da linha, tentando soar o mais calmo que podia– e se você fizer isso e se arrepender ainda mais? – perguntou– e, daqui a vários anos, quando olhar para tudo o que fez na vida, se sentirá feliz em dizer que foi covarde o suficiente para largar um amor por culpa de uma dúvida, de um medo passageiro?O fato dele não poder gerar prole não é algo a qual vai estragar suas vidas, existem tantas formas diferentes de ter um filho. Pense nisso. – desligou a chamada sem se despedir.


Victor olhos a tela do aparelho, que denunciava o término da ligação e o barulho da linha cortada preenchia seus ouvidos. O tailandês tinha razão, mas ele seria mesmo capaz de lidar com tudo aquilo? Seria certo se deixar levar?


Continua...


Notas Finais


O que acharam? Surpresos? Ou já esperavam?

(Eu tinha algumas coisas pra explicar aqui, mas não tenho tempo, fica pro próximo)

Gostaram? Odiaram? Teorias? Ideias? Comentem, comentem o teclado não morde e eu também não!


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