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História Heart Of Seashell - Alguém que tem... Quase tudo


Escrita por: DCL

Notas do Autor


Olá, pessoal! Aqui estou de volta com mais uma fanfic! Espero que gostem. Comentem e compartilhem se gostarem. Pretendo que esta seja mais curta que minha última, mas espero melhorar na qualidade. Aproveitem! Para você que não minhas outras fanfics, seja bem vindo, espero que curta esta e leia minhas outras.

Capítulo 1 - Alguém que tem... Quase tudo


Fanfic / Fanfiction Heart Of Seashell - Alguém que tem... Quase tudo

O sol brilhava fulgurante no céu azulado quase sem nenhuma nuvem. Algumas gaivotas sobrevoavam aquelas águas à procura de sua próxima refeição. Havia uma praia não muito longe dali onde um alto monte se erguia exibindo um colossal castelo à beira-mar. O som das ondas batendo nas rochas era suave, naquele momento o lugar estava deserto e naquelas terras havia um ditado que dizia “quando algo fica muito quieto é porque muita agitação vem dali” e ao que tudo indica o provérbio estava correto.

Uma embarcação deslizava pelas águas parcialmente agitadas do oceano. Marinheiros trabalhavam subindo e descendo redes de pesca enquanto sentiam o navio bambear de um lado para o outro, de vez em quando algum deles se enjoava, mas boa parte já estava acostumado com aquilo.

Dentre a encosta rochosa que havia ali em meio as águas que espumavam perto da areia surgiu um garoto, aparentava ter seus sete ou oito anos, observava a embarcação ao longe enquanto afastava os cabelos molhados de seu rosto. Com alguns movimentos ele chegou até a rocha mais firme e usando a força dos braços sentou-se nela. Seu nome era Tristan. Ao que tudo aparentava ele era um menino comum, com exceção do fato de que da cintura para baixo não possuía pernas e sim uma cauda de peixe de cor verde-água. O cheiro salgado do mar era maravilhoso e ele adorava a forma como o vento soprava em sua face.

“Se papai me pegar aqui, ele me mata!”, pensou.

Ser filho do Rei dos Mares não era todo aquele privilégio que todos achavam. Algumas sereias acreditavam que ele era esnobe e metido só porque seu pai governava todo o oceano. Na verdade ele não ligava muito para aquilo, ser filho de alguém poderoso só lhe traz uma reputação imediata e muitas vezes indesejada. Seu pai era um bom rei, com seu famoso tridente na mão (que até os humanos conheciam sua lenda) conseguia realizar as mais incríveis magias, porém ele era bastante severo e tradicional, as leis estipuladas pelos que vieram antes dele eram invioláveis e imutáveis, mas Tristan não dava muita bola pra elas. “O contato de seres do mar com os seres humanos é proibido”, era o que dizia a lei, porém ele não compreendia o porquê daquilo. Os seres humanos podiam ser bastante cruéis algumas vezes, mas ele já os observara de perto e percebeu que apesar dos pesares todos tinham um lado bom. Ele queria muito que seu pai o entendesse e o deixasse falar com algum, porém Tristan tinha medo, as histórias que escutou de sereias que foram pegas por redes de peixe eram assustadoras. Marinheiros levando uma indefesa sereia que se contorcia para longe do oceano, desaparecendo naquela imensidão sólida chamada terra onde ele nunca estivera. Aqueles pensamentos o perturbavam e ele sacudiu a cabeça para afugentá-los.

A embarcação ao longe já atracava no porto baixando sua âncora e Tristan podia ver os marinheiros saindo do navio, quem sabe o que iriam fazer em seguida? Adorava observá-los, porém tinha medo deles e esta controvérsia sempre o intrigou. Como algo tão formidável consegue ser tão assustador?

***

Kaleb olhou novamente por uma brecha da madeira do estábulo onde se escondia. Todos os dias os cavaleiros saíam para cavalgar na praia e era nesse período que o portão ficava aberto. Ele colocou os braços para trás e de sua capa puxou o capuz azul que vestia. Sentiu um mau cheiro e viu que havia pisado em fezes de cavalo.

Era o que faltava”, pensou esfregando o pé na parede de madeira do estábulo. Queria sair cavalgando, mas não poderia. Tinha em uma das mãos um cavalo de madeira que era seu brinquedo favorito junto com um barquinho que ganhara de aniversário do seu tio quando viera visitar seu pai o rei. Kaleb detestava fazer parte da realeza. Eles não podiam fazer absolutamente nada, era como se ele existisse para promover a imagem do pai e da Família Real onde todos eram “perfeitos”. Mas ele não podia fazer nada, só tinha oito anos. Desde a mais tenra idade ele já notava ser diferente dos irmãos, tanto Phillip como Eric adoravam a realeza e tinha gosto pela vida de luxo que possuíam. Já Kaleb de todos os brinquedos que poderia ter seus favoritos eram os mais simples.

Os homens subiram nos cavalos e ele se preparou. O portão de ferro se ergueu e todos dispararam para a praia. Ele colocou o barquinho de brinquedo na bolsa de couro e com a mão livre segurou o capuz enquanto apressava o passo entre a multidão que havia na feira ao redor do castelo. Apressou seus pés até estar correndo pelo chão da entrada de pedras negras. Parecia que o sol brilhava ainda mais lá fora. Tudo dentro dos muros do palácio parecia ser cinza e sem vida, mas ali a beira do mar ele podia se sentir vivo. Parado em pé diante dali ele tirou as botas e deixou-as em cima de uma pedra.

Finalmente ele pôde sentir a areia em seus pés, parecia que tinha uma conexão com aquele lugar. Fechou os olhos e deixou as ondas chegarem até seus dedos que se contorceram. Ele ergueu a cabeça deixando seus cabelos negros chicotearem com o vento. Ele sorria. Eram poucos os momentos que tinha naquela praia, algumas vezes não conseguia escapar, sempre sendo dedurado por um de seus irmãos ou das empregadas malditas. Por que eles não compreendiam? O mar era lindo e a paz que ele sentia ali não se comparava a nenhuma outra sensação.

Kaleb olhou para os dois lados e então percebeu que ele estava sozinho na praia, até mesmo os cavaleiros haviam sumido. Mas não importava, ele adorava ficar ali. Colocou o cabo de madeira com cabeça de cavalo entre as pernas e começou a cavalgar em um nobre alazão imaginário pela praia. Ali todos os seus problemas desapareciam, sem pais dizendo o que devia fazer, nem irmãos com brincadeiras toscas e apelidos incômodos. Poderia ficar ali o dia todo, somente e ele e o oceano. O jovem príncipe àquele ponto da brincadeira chegara até as rochas que ficavam numa ponta mais afastada da praia e então descobriu que não estava sozinho. Havia um menino sentado nas pedras. Devia ter a mesma idade que ele, porém aparentava estar despido. Estava frio e o garoto estava sem nenhum agasalho, sua pele branca o destacava das negras rochas e seus cabelos ruivos balançavam com a brisa da maré. Ele usava um bracelete de bronze no braço direito, seria o filho de alguém da nobreza? Não podia ser, ele reconheceria. E ainda mais o que alguém da nobreza faria ali fora?

***

Tristan continuava ali sentado onde sempre costumava ficar quando notava que a praia estava vazia. Começava a fazer frio já que estava ventando e ele estava molhado, mas ele não se importava. A superfície possuía as coisas mais belas que ele já vira, mais belas ainda que o fundo do oceano o qual ele conhecia desde que nascera. Não sabia o porquê de ser tão fascinado por aquele mundo onde as pessoas caminhavam em duas pernas, só sabia que queria fazer parte daquele…

-Oi! – ele escutou.

Havia um menino parado próximo às rochas olhando para ele. Seu coração deu um salto. De onde ele estava não conseguia ver a cauda, mas como ele sairia dali? Seria esse seu destino, ser pego pelos humanos?

-Erh... oi – respondeu timidamente. Os olhos de Tristan recaíram sobre as vestes do garoto. Era a criança mais bem vestida que ele já havia visto. Usava uma capa azul com um capuz de detalhes dourados nas bordas e suas roupas tinham símbolos prateados, ele deveria ser filho de alguém importante, pensou.

-Você de onde? – disse o menino. – Vamos brincar?

Tristan entrou em pânico quando viu o menino se aproximar rapidamente pisando nas rochas. E quando estava a uns cinco passos de distância o medo falou mais alto e pulou no mar, escutando o menino dizer “Ei, volte aqui!”. Tristan usou toda a força de suas nadadeiras para ir para longe, porém escutou um grito de socorro vindo das pedras onde deixara o humano.

O garoto havia escorregado nas pedras, talvez tentando seguir Tristan e agora se debatia perto das rochas onde não havia nenhum apoio onde o menino pudesse se salvar. Pelas leis de seu pai seria um ser humano a menos para maltratar os seres do mar, porém a sua compaixão falou mais alto e ele nadou de volta até as rochas. Naquele momento o mar começava a ficar agitado, era como se seu pai soubesse o que ele pretendia.

-SOCORRO! – gritava o menino.

Kaleb sentia suas forças se esvanecerem enquanto seus braços pareciam não mais lhe obedecer, só conseguia agitar malmente as pernas amaldiçoando o momento em que saíra do castelo. Seus olhos começaram a pesar e suas pernas a falhar. Ele sentiu-se afundar sendo engolido pelo oceano. A imensidão azul e salgada, seria sua última visão?

De repente, sentiu alguém o puxar. Era o menino com que falara nas rochas, ele nada muito bem para alguém que... espere! O que era aquilo? Ele não tinha pernas! Era a coisa mais esquisita senão a mais fascinante que ele já vira. No lugar das pernas o garoto possuía uma bela cauda como a de um enorme peixe. Escutara histórias por alto escondendo-se no porto sobre pessoas assim, mas acreditava serem apenas lendas. A visão do menino extraordinário não durou muito, pois o cansaço fora maior e então desmaiou dentro d’água.

Quando abriu os olhos estava na areia com o vai e vem das ondas tocando seus tornozelos. Virou-se para o lado e avistou turvamente um grupo de guardas correndo em sua direção, mas ele ficaria bem, a única coisa que lhe ocorria naquele momento era: “Papai vai me matar”. Mal sabia que aquele jovem ser do mar compartilhava do mesmo pensamento.

***

Tristan nadava para as profundezas do oceano rapidamente. Aquilo fora arriscadíssimo, se chegasse aos ouvidos de seu pai sabe lá o que aconteceria. Ele o amava muito, mas das vezes que vira seu pai em momentos de fúria sentira um terrível medo, ainda mais quando este estava com o lendário tridente em suas mãos.

“Isso nunca aconteceu!”, afirmou para si mesmo.


Notas Finais


Próximo capítulo sairá em breve, só espero conseguir não demorar tanto para postar. Se puderem mandem mensagem, eu adoraria escutar a opinião de cada um!
Nota 01/02/2019: estou colocando outras capas, consegui fazer algumas e espero que gostem!


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