História Hearts War - Vinte e sete

REESCRITA NO DIA 03/01/2019

.27.

Para ter certeza de que não errei nas minhas palavras
Eu acidentalmente disse coisas que eu não queria

Confession Song

Choi encarava o teto com uma respiração ofegante e corpo um pouco dolorido. Assim como estava imerso em seus pensamentos. O que os dois tinham acabado fazer, foi uma ousadia. Enquanto estava com o rosto colado no vidro, tinha a impressão que estavam sendo observados embora ninguém olhasse para cima.

Havia adorado. Ver os outros passando e podendo dizer qualquer palavra lhe dava a sensação de liberdade.

Jaebum levantou um pouco a cabeça de Youngjae colocando o braço por baixo. Ele sorriu virando de lado e colou o corpo junto a ele. Com olhos vidrados para si mesmos, suas pálpebras pesaram e logo, dormiram.

Youngjae foi o último a acordar, sentindo cansaço. Com muito custo, conseguiu levantar da cama e encaminhou para o banheiro. Ao sentir a água gelada, Youngjae reclamou fechando os olhos e permanecendo debaixo do chuveiro até acostumar. Ficou cerca de 15 minutos, pegou a toalha e saiu do banheiro vendo Jaebum sentado na cama.

-Coloque uma roupa bonita. –Murmurou. –De preferência social e vermelha, Bambam teve problemas com alguns funcionários e vamos ajuda-lo a cuidar do restaurante. Beba o suco que está em cima da bancada, tem um remédio que irá diminuir as dores e o suco irá te dar energia. Estarei na sala pegando algumas coisas que Bambam pediu. Não demore.

Choi trocou rapidamente as roupas, usando uma roupa social branca, já que não tinha vermelha. Desceu as escadas, encontrando O Jinyoung na cozinha bebendo um suco verde. Reparou que era o mesmo líquido do copo que estava na bancada. 

-Já trabalhou em algum restaurante ou algo parecido?

-Não. –Choi respondeu engolindo comprimido. –Só sei jogar e sou ótimo nisso.

Jinyoung riu colocando o copo dentro da pia.

-Parece que Bambam e Jackson brigaram. –Fez uma careta preocupado. –Jackson partiu para cima em um dos funcionários e os colegas deles não gostaram partindo para cima também. Bambam dispensou três funcionários por hoje, outros pegaram folga e discutiu com o Jackson.

-O que aconteceu?

-Ciúmes.

-Vamos? –Jaebum perguntou pegando as chaves em cima da mesa. Mark que estava assistindo ao jogo, desligou a TV e acompanhou-os até o carro. Ligaram o rádio colocando no jogo e permaneceram em silêncio até chegar ao destino.

Youngjae admirou Bambam ainda mais quando entrou no restaurante. Um tema totalmente rústico e romântico, as mesas eram de madeiras de uma cor vívida, o teto havia lamparinas redondas, delicadas e brancas. Nas mesas, haviam um pequeno arranjo de flores, com caudas longas, de cores vermelhas e brancas. Nas laterais do restaurante, haviam diversos acessórios natalinos espalhados (Porém, em ordem) e um canto bem longe das mesas tinha uma árvore de natal.

No alto da árvore, havia uma placa escrito: Tenha o seu pedido realizado. E tinha vários papéis com fitinhas pendurado nelas.

No fundo do cômodo, havia uma bancada grande que era a cozinha e na parede, havia uma amostra, que cobria toda a parede, de vinhos. Mark estalou os dedos lhe chamando atenção.

-Acorde, vamos a cozinha.

Bambam andava rapidamente dentro da cozinha conferindo tudo. Quando terminavam os pratos, pegava-os e levava até as mesas. Com discrição, observava as reações daquele que comiam. O tempo todo lhe chamavam para verificar alguma coisa.

-Um minuto que explicarei a vocês. –Bambam disse saindo da cozinha.

Youngjae observou a cozinha, que por sinal, era grande. Haviam no total 5 cozinheiros, pela sua contagem, fora os ajudantes. Sentiu a falta de Jackson.

-Cadê o Jackson? –Perguntou ao Jaebum que deu de ombros.

-Esfriar a cabeça. –Mark respondeu teclando alguma coisa no celular. –Youngjae, eu avisei a mãe ontem que você ligaria para ela, mas acabei que não lembrei de avisar. Ligue antes de meia noite. –Respondeu virando-se para Jaebum. –Ela quer conversar com você antes.

O Coronel assentiu, vendo Bambam entrar na cozinha.

-Jinyoung, você ficará no estoque. Te mostrarei onde fica. Os cozinheiros vão te pedir o tempo inteiro, todos os alimentos estão nomeados e estão na ordem alfabética. É difícil de acontecer, mas caso o estoque de algum alimento esteja acabando me avise imediatamente.

-Mark e Jaebum fará atendimento ao cliente e levará os pratos até a mesa solicitada.

-Jae, você ficará responsável pela cozinha. Limpar o chão, tirar o lixo e a louça. Jackson estava na portaria recebendo os clientes, tirando as suas dúvidas e olhando reservas. Como houve essa tensão, ele ficará na parte da entrega delivery para respirar e eu estarei no lugar de Jackson. Qualquer dúvida, não hesitem em perguntar.

-E o uniforme?

-São as roupas sociais vermelhas. Do lado ao banheiro, tem um “closet” de roupas reservas. Usem elas. Geralmente os turnos são trocados, mas como vocês não tem experiências e não há tempo para treinamento, permanecerão na mesma tarefa até o final da noite. Tudo ok?

-Sim. –Responderam em uníssono.

-Jinyoung, ao lado daquela geladeira, –Apontou. - há uma porta, lá é onde fica o estoque. Para não ter que ficar gritando, temos para cada cozinheiro, um microfone. Então você irá ouvir pelo alto falante dentro da sala. É só deixar os alimentos em cima da bancada que os ajudantes irão pegar, ok? –O mais novo assentiu encarando os ajudantes. –Choi, aquela porta no final do corredor, depois do estoque, é onde colocamos o lixo. Passe apenas água no chão para evitar escorregões. Jaebum e Mark, venham que eu ensinarei o básico.

Jinyoung não conseguiu sentar sequer uma vez a partir do momento que começou a trabalhar. Bambam estava certo. Era o tempo todo pedindo alguma coisa. Vez ou outra, passava um olho rapidinho pela cozinha e podia ver que o Youngjae estava na mesma. Via o amigo varrendo quase tempo todo e lavava a louça a cada 15 minutos. O lixo era tirado em 45 minutos.

Reparou também que Mark levava jeito para ser garçom. E algumas vezes, enquanto esperava o ajudante colocar alguns adicionais, ele lhe encarava e sorria. Jackson aparecia a cada 15 minutos com uma expressão séria. Carregava bastante comida até a moto.

-Jae. –Mark entrou na cozinha rapidamente pegando os pratos. –Bambam está te chamando. Lave as mãos e tire o avental.

Youngjae viu o Bambam apertando diversas vezes o computador.

-Mark disse que entende de computador. Tente consertar. –Youngjae encarou a fila enorme que formava em frente a eles. –Vou dá uma olhada lá dentro, caso consiga e eu não esteja aqui, espere o Jaebum vir aqui e te avisar quando uma mesa esvaziar. –Bambam falou rapidamente e apontou para uma impressão grossa. –Só pode entrar quem tem reserva.

Choi assentiu e começou a mexer no computador, digitando alguns códigos e entrando no disco local do aparelho. Em dois minutos, ele tinha conseguido arrumar. Olhou o restaurante e viu o Jaebum parado observando as mesas. Olhou para um grupo de garotas e sorriu, cumprimentando-as.

-Você é muito fofo. –Uma delas comentou em inglês, que havia reparado que Bambam o instruiu falando em inglês. Youngjae sorriu de agradecimento. –Você é novo? Venho aqui frequentemente e nunca vi você.

-Apenas substituindo, não é efetivo. –A garota assentiu com bochechas coradas. Choi encarou a fila e seus olhos pararam em uma figura. Won, Payo e um casal de senhores. Olhou para o ambiente, encarando o Mark que estava focado em servir as pessoas. Ficou em curioso em relação ao Jinyoung se havia contado para o Mark.

Youngjae voltou a observar o Won, que ainda não havia se dado conta da sua presença. O garoto não sabia o que fazer, mas uma coisa ele sabia: a situação era preocupante. É como tentar achar agulha em um palheiro. Não sabia se estava preocupando a toa ou se realmente iria dar merda se Mark o visse. Embora soubesse que o Mark era muito maduro, ele lembrava quando o amigo falava sobre o Jinyoung durante alguns meses depois daquele encontro. Ele estava obsessivo por ele.

Ele precisava urgentemente perguntar ao Jinyoung. Sorriu forçado quando uma das garotas começou a puxar papo, perguntando sobre o seu país de origem. Sentia que a sua ansiedade estava aumentando.

-Mesa 24 está disponível. –Mark aproximou-se lhe encarando. Choi balançou pegando a lista. –Tudo bem?

-Pode chamar o Jaebum? –O loiro assentiu observando a sua reação. –Bom apetite, senhorita Prignah.

-Obrigada, fofinho! –Respondeu animada, passando por ele e seguindo Mark.

Youngjae voltou ao serviço pedindo identidade aos senhores. Quando estava a conferir a lista, Jaebum parou ao seu lado.

-Mesa 12 está disponível. Está com alguma dificuldade?

Youngjae olhou ao redor conferindo onde Mark se encontrava. Quando o viu que estava longe, voltou para lista procurando os nomes.

-Won está no final da fila. Tem como você ir até o Jinyoung perguntar se Mark sabe?

Jaebum sorriu para os senhores olhando discretamente para o final da fila. Won estava mostrando alguma coisa no celular para os seus pais. –Está se preocupando à toa, Mark não irá fazer nada. Tenho certeza que ele vai controlar sobre esta situação e mesmo se ele não soubesse, ele sabe que o Won está interessado.

-Mas...

-Continue trabalhando. –Interrompeu. –Não vá preocupar os seus amigos.

Youngjae sorriu forçadamente e desejou bom apetite aos senhores, acompanhados pelo Coronel. Bambam não voltou por longo tempo e pela correria, o menor acabou esquecendo um pouco sobre o Won.

-Boa noite. –Youngjae tirou os olhos da lista deparando com um rapaz loiro. Ficou surpreso ao ver que era o rapaz do avião, na qual havia esquecido o seu nome. –É uma grande coincidência, não acha? -Choi sorriu assentindo, voltando para a lista. Pediu a identidade e conferiu a lista. Rodrigo Maciel Bittencourt. –Você está ajudando um amigo, não está? Lembro que disse que morava na Coreia.

O moreno assentiu entregando o documento. –Mesa 19 disponível. –Jaebum lhe encarou antes de observar o rapaz loiro. Não devia sentir ciúmes, mas era inevitável. Viu o Rodrigo lhe encarar incomodado antes de o acompanhar. –Alguma bebida, senhor?

-Vinho branco, por favor.

Choi viu o Jaebum afastando-se da mesa e virou-se para frente dando de cara com o Won e sua família. Saudou o rapaz sendo apresentado pelos pais como um soldado que completou a missão junto a ele. Payo acenou animado e perguntou pelo Jinyoung.

-Ele não poderá vir, está ocupado por agora, mas lhe avisarei que esteve aqui. Identidade, por favor. –Silenciosamente, Won lhe entregou olhando o restaurante por todo.

-Mesa 32 disponível. –Mark respondeu saudando a família. –Won! Boa noite senhores e garotinho. –Sorriram um para o outro e deram um aperto de mão. –Me acompanhem por favor.

 ***

Jinyoung vasculhava o cômodo inteiro a procura de Kit de Socorros. Um dos ajudantes havia se acidentado cortando o dedo gravemente. Bambam estava ficando paranoico com tantas coisas dando errado. Todo natal, as coisas dão errado em alguma parte. Jinyoung puxou a caixa de socorros quando o achou.

Phil, o ajudante, estava com a mão dentro de uma bacia com água salgada segurando a dor.

Os planos dos garotos foram por água abaixo. Não era para o Bambam ter discutido com os funcionários por causa de Jackson. Não era para o Won ter aparecido no restaurante. Não era para o Mark ter visto ele. Não era para o ajudante ter machucado a mão. Não era para ser nada disso.

Youngjae sabia que havia algo errado na cozinha, mas procurou concentrar somente com os clientes. Havia feito uma observação. Os clientes não reclamavam da demora e tinha certeza que eram clientes fiéis de Bambam.

Jaebum e Mark jogava conversas baratas e charmes que até os homens caíam. Do outro lado da cozinha, Bambam mudou os procedimentos sendo que ele ficaria responsável pela cozinha, Jinyoung substituiria o ajudante e ficaria responsável por lavar louças. E Jaebum e Mark continuaria com as mesmas tarefas.

Bambam queria chorar, mas não podia.

            ***

Jackson entrou pela porta dos fundos procurando pelo namorado. Quando o encontrou, segurou o seu rosto e beijou a testa.

-Desculpa-me por tudo isso. Eu conversei com os seus funcionários, eles estão chegando.

-O que? Não era para você ter feito isso. -Murmurou afastando-se.

-Eu não vou estragar o nosso natal, Bammie. Eu admito que errei e estou vendo que está passando por aperto. Você acha que estou feliz vendo tudo isso? Vendo você enlouquecendo andando perdido por aí? Eu tive ciúmes e admito. Então, por favor, engula seu orgulho apenas por hoje. Não quero passar o natal com você triste por causa do restaurante. É o seu sonho, lembra?

Bambam suspirou esticando o corpo. Olhou para o rosto do baixinho e concordou em silêncio.

Jinyoung sorriu ao ouvir o pequeno diálogo, assim como reparou que todos da cozinha fizeram o mesmo. Ter alguém que ama ao seu lado é uma das melhores coisas do mundo, pois aquela pessoa será o seu chão, sua força, sua vontade, sua direção.

Meia noite estava cada vez mais próximo, o clima na cozinha havia amenizado e Bambam voltou à ativa, conseguindo raciocinar e planejar melhor.

Com os funcionários de volta, as coisas aceleraram rapidamente. E em poucos minutos, metade dos clientes foram servidos e estavam satisfeitos. Além de Mark e Jaebum, mais dois garçons entraram sendo que um deles era uma mulher. Havia mais um cozinheiro e dois ajudantes. Youngjae voltou a limpar a cozinha, Jinyoung voltou para despensa, Bambam conversava com os clientes, uma outra funcionária ficou responsável pela recepção e Jackson continuava a fazer entregas.

Jaebum observava o Youngjae sempre que entrava na cozinha. Via que o seu homem estava concentrado em fazer o serviço completo e o deixava satisfeito. Quando os olhares se encontravam, sorriam um para o outro. A cada sorriso de Sunshine, JB tinha mais vontade de abraça-lo.

Quando o ponteiro do relógio marcou onze e cinquenta, a fila já estava encerrada, o restaurante lotou, Bambam deu aviso na cozinha para que todos permanecessem lá fora e foi até o fundo do local pegando uma cadeira e subindo nela.

-Boa noite senhores e senhoras. -Pronunciou juntando as mãos e saudando. -Obrigado pela compreensão durante estes dois anos. Alguns que estão aqui, me acompanham desde a inauguração, outros já frequentaram algumas vezes e tem aqueles que estão experimentando pela primeira vez. Quero agradecer a todos pelo apoio, pela vinda ao nosso restaurante hoje. Vocês são a minha família. Uh... -Apontou para a árvore. -Sobre aquela árvore, foi a ideia do meu noivo...

-Noivo? -Youngjae perguntou parando ao lado de Jaebum, este que sorriu e deu um beijo rápido na sua cabeça. -Uau.

-Foi o Jackson que incentivou o Bambam abrir outro restaurante. Deve ter uns três anos que estão noivos. Foi tudo muito rápido. Ficaram noivos depois de 4 meses de namoro e desde então...

-...Faltando cinco minutos, quero que estejam ao lado de quem amam, abraçam essa pessoa e...

-Estou querendo dar um tempo no exército. -Jaebum comentou observando a sua reação. Jae lhe encarou sem saber como reagir. -Quero passar um tempo com você. Ter a liberdade de andar com você sem receber comentários maldosos e sem o exército atrás de mim.

-...Falem tudo que sentem, porque talvez, o amanhã pode não existir para alguns deles. O ano está terminando e precisamos repensar sobre nossas atitudes...

-Como nós dois subimos de cargo, eu tenho que esperar um ano e você tem poucos meses já que foi recrutado esse ano.

-...Levantem as suas taças e pensem em todas metas que querem realizar para o próximo ano. Agradecem por tudo que têm.

-Terei que conversar com os oficiais para não subirem você de cargo.

-Quer mesmo fazer isso? Ficar comigo? -Jaebum concordou com um aceno e sorrindo. Youngjae encarou a mão desocupada do mais velho e entrelaçou-a com a sua. Observou os seus olhos por um bom tempo antes de falar alguma coisa. -Você está sendo uma das melhores coisas que aconteceu este ano.

O coronel deu um selinho rápido e deu uma piscadela, passando um olho pelo local rapidamente. Se a felicidade pudesse ser medida, Jaebum não saberia qual era a sua. Não, sabia sim. Seria o infinito. Ter Youngjae em sua vida era um vício. Um vício tão banal aos outros de outros indivíduos, mas para ele, um vício sem cura.

Lembrou do primeiro dia, quando se olharam pela primeira vez. Nunca imaginaria que o Choi Youngjae era o primeiro amor, o antigo. Em várias oportunidades, lembrou de Yugyeom. Apenas um soldado rebelde. Como estava enganado.

Naquela altura, o Im Jaebum não conseguia imaginar a sua visa sem o Choi Youngjae.

Gritos eram dados naquele ambiente animado. Pessoas felicitando felizes natais e alguns dando abraços. Jaebum abraçou a cintura do menor e puxou para cima, sentindo os braços por cima dos seus ombros.

-Feliz natal. -Sussurrou, com coração acelerado. Choi sorriu apertando ainda mais o abraço.