VIOLETTA
Eu nunca tinha acordado tão bem na minha vida, me sentei na cama enorme e confortável em meio aos cobertores. Mesmo depois de ontem eu consegui dormir bem, mesmo estando preocupada com o que minha mãe poderia pensar o como ela poderia ficar se soubesse sobre a Vitóra. Respirei fundo e criei coragem para sair da cama. Saí do quarto e passei pelo corredor, encontrando a sala vazia, fui até as portas duplas de vidro da sala e fui para área com o espelho d'água. Aqui era muito bonito pela manhã e era bem ventilado.
Sorri com a paisagem que vi e senti a paz tomar conta do meu interior, vi as ondas que o mar formava, escutei o barulho distante delas quebrando. Andei até a beira do espelho d'água e encarei o meu reflexo.
[...]
LEÓN
Depois que me arrumei, peguei minha mochila e saí do meu quarto, assim que apareci na sala e vi através da parede a morena do lado de fora, encarando a paisagem. Peguei o meu celular e vi a hora, eram 7:45 da manhã, faltavam alguns minutos para a minha primeira aula começar. Guardei o celular no bolso da minha calça e voltei a encará-la, acho que observá-la está sendo um passatempo divertido para mim.
Fiquei sem reação ao vê-la se virar e o nossos olhares se encontraram, senti algo estranho, algo que eu nunca senti antes. Ela abaixou a cabeça e eu mordi o lábio inferior. Ela levantou a cabeça e voltou a me encarar, nossos olhares se encontraram e ficaram presos um no outro por um tempo, ela sorriu fraco e o meu coração acelerou, minha respiração ficou ofegante, senti como se acabasse de correr uma maratona.
Ela deixou de sorrir e entrou em casa, eu cortei o contato visual e pigarreei. Ela passou a mão na nuca e respirou fundo.
-A sua casa parece muito bonita de manhã. - falou e eu peguei minha mochila, fingindo estar interessado em algo dentro da mesma.
-É mesmo? - perguntei indiferente.
-Você está indo para algum lugar? - perguntou e eu continuei a não encará-la.
-Escola. - respondi fechando a minha mochila e pegando a chave da minha casa.
-Então você não é um traficante. É um estudante. - falou e eu a encarei. - Você vai para aquelas escolas de seriados ou filmes americanos? - perguntou e eu pus as mãos no bolso da calça.
-E que tipo de escola é essa? Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts? - perguntei brincalhão e ela riu, me fazendo sorrir. - Você está rindo novamente. Você ri mutas vezes? - perguntei e ela pôs uma mexa do cabelo atrás da orelha.
-Eu sempre quis saber que tipo de estudantes frequentam as escolas estrangeiras. - falou ignorando a minha pergunta. - Espere um segundo, vou me arrumar. - falou e eu franzi o cenho.
-Aonde você vai? - perguntei exasperado.
-Tenho que sair enquanto estiver aqui. Eu só vou escovar os dentes e lavar o rosto. - falou, ela estava prestes a sair, mas eu segurei o seu pulso.
-Fique, então. - falei e ela encarou a minha mão segurando o seu pulso, soltei-a imediatamente, percebendo que soei um pouco desesperado. - Fique até eu voltar da escola. - concertei a minha frase. - Você nem tem para onde ir.
-Pra minha irmã... - eu a interrompi.
-Aquela lanchonete abre tarde. Ele abre no período da tarde. Vai demorar. - falei e ela mordeu o lábio inferior.
-Ah, então... - eu tornei a interrompê-la.
-Não há nenhum ônibus. - verbalizei, eu realmente não queria que ela fosse embora. - Pessoas que pegam ônibus não moram nesse bairro.
-Mas... - eu a interrompi mais uma vez.
-Se ficar aqui te incomoda, então venha conhecer a minha escola. - nem eu acreditei que disse isso, imagina a cara dela.
-Huh?
-Você disse que queria saber que tipo de estudantes frequentam as escolas estrangeiras. - falei e ela pareceu pensar pelo que eu disse.
[...]
Dirigia o carro em alta velocidade na pista, para chegar a tempo na escola, como eu havia abaixado a capota do carro, o vento ricocheteava os cabelos da morena nas costas dela, a luz do sol estava forte, mas o tempo não estava quente. Vi quando ela botou a mão acima dos olhos para que o sol deixasse de incomodar e sorri, peguei um óculos de sol reserva, igual ao meu e dei para ela, ela sorriu fraco e colocou o mesmo.
-Erga os braços. - falei e ela pareceu confusa.
-O quê?
-Eu sei que você está louca para fazer isso. - falei e ela abaixou a cabeça. - Não vai erguer? - perguntei e ela ergueu os braços tímida. - Agora grite. - falei e ela balançou a cabeça negativamente. - Vamos, grite, vai te fazer bem, bote tudo pra fora. - falei e ela respirou fundo. - Eu começo. - falei e ela me encarou. - EU TE ODEIO, LUCAS! - gritei e ela riu. - EU TE ODEIO, LARA! - gritei.
-EU TE ODEIO, VITÓRIA! EU TE ODEIO! - gritou e eu acelerei mais o carro enquanto gritávamos, só paramos de gritar quando eu tive que desacelerar pois estávamos começando a pegar o trânsito. Ela foi sorrindo o resto do caminho e isso me deixou bem, ver aquele sorriso pendendo em seus lábios.
[...]
-Cada palavra tem um significado. Assim que você coloca seus sentimentos em uma palavra, ela se torna significativa. - explicou o professor de literatura. - A palavra "lápis" assume um significado totalmente diferente quando você pensa: "O lápis que eu uso para escrever cartas." - falou e eu respirei fundo, olhei para o lado, para a enorme janela de vidro, a fim de ver a morena sentada em um banco, observando tudo ao redor com encanto. Sorri e parei de prestar atenção na aula só para olhá-la, como eu disse, é um passatempo divertido. - O "British Council" realizou uma pesquisa com 102 países que não falam inglês sobre qual era a mais bela palavra em inglês no mundo. - decidi prestar atenção na aula e olhei para o professor na frente da classe. - Qual acham que ficou em primeiro lugar?
-Arco-íris(Rainbow). - uma voz feminina atrás de mim disse e o professor negou.
-Flores?(Flowers) - o professor negou novamente.
-Unicórnios!(Unicorns) - e mais uma vez negou.
-É amor?(Is it love?)
-Lamar Odom! - gritou uma voz masculina e todos na sala riram, até mesmo o professor.
-A palavra em inglês mais bonita do mundo foi "Mother"(Mãe). - respondeu e eu lembrei da minha mãe, respirei fundo e mordi o meu lábio inferior. - Vocês não concordam? - perguntou e eu escrevi mãe no meu caderno. - O 2º ao 5º lugar ficaram "Passion"(paixão), "Smile"(sorriso), "Love"(amor) e "Eternity"(eternidade). Então, qual seria a palavra em inglês mais triste do mundo?
-Morte(death)!
-Funeral!
-Lamar Odom! - a sala tornou a rir.
[...]
VIOLETTA
Assim que o moreno entrou na sala de aula, eu fui me sentar em um banco que ele havia pedido para eu me sentar. Eu não me lembrava o motivo, mas eu tinha pego o caderno de anotações da minha mãe e comecei a lê-lo ali mesmo, lendo cada frase repetidas vezes. Eu estava me torturando desse jeito, mas é que era a única coisa que eu tinha dela aqui. Me doía muito não ter ela por perto.
[...]
LEÓN
-Por hoje é só. - falou o professor nos liberando. - Não se esqueçam de entregar suas redações antes de sair. - falou e eu respirei fundo, eu iria mesmo entregar aquela redação para ele?
-León, o que vai fazer depois da aula? - escutei Hanney perguntar enquanto eu guardava o meu material.
-Eu vou pra casa. - falei e ela foi embora. Eu me levantei e fui em passos lentos em direção a saída. Estava quase saindo, quando o professor me chamou.
-León, você não vai seguir adiante? - perguntou se referindo a minha redação e eu respirei fundo. Eu nunca entreguei uma redação para ele, isso por eu ser inseguro demais, principalmente agora.
-Não tem como seguir adiante. - respondi e ele suspirou.
-Você não acha que pode encontrar um novo propósito, se seguir adiante? Em algum momento?
[...]
Assim que saí da sala e olhei para o banco onde ela estava sentada, não a vi mais, ela não estava lá. Franzi o cenho e comecei a procurá-la, só fui encontrá-la na entrada do colégio, encarando 3 garotas que conversavam animadamente na frente de um mural da escola. Me aproximei dela e pus as mãos no bolso da calça.
-Está olhando o quê? - perguntei e ela me encarou com um sorriso fraco.
-Apenas... garotas de sorte. - respondeu e eu encarei as garotas que estavam indo embora, ricas, era disso que ela estava falando. - Preciso ir. Obrigada por me trazer para a escola. Só guarde minhas coisas por um tempo. Pegarei elas hoje à noite. - falou e eu passei as mãos pela nuca.
-Você vai atrás da sua irmã? - perguntei tentando arranjar um jeito de fazê-la ficar comigo.
-Eu deveria. Eu tenho que pegar o dinheiro da minha mãe de volta. Eu não posso deixar que ela gaste com aquele bêbado. - respondeu. Deus, como a vida dessa garota é difícil! Por que as piores coisas só acontecem com as melhores pessoas? - Bye! - falou depois de alguns segundos em silêncio. Ela se virou, pronta para ir embora. Ela vai embora, León, faz alguma coisa!
-Ei! - chamei-a e ela se virou para mim. - Você sabe mesmo para onde ir?
Fica. - era o que eu queria dizer, não sei porque, mas eu queria ela perto de mim, queria protegê-la.
-Eu sei! - falou indicando uma direção. Ela se virou e voltou a andar.
-Certo. - murmurei indo até ela, segurei nos seus ombros e ela parou de andar, eu a virei para a direção certa e a puxei comigo.
-Eu posso ir sozinha! - reclamou.
-Eu vou com você.
-Você tem aula! - ela estava mesmo querendo ir sozinha.
-Eu não gosto desta. Eu matarei esta aula.
-Que matéria é? - perguntou desistindo de discutir comigo.
-Matemática.
-Eu gosto de matemática. - falou e eu a encarei incrédulo.
-Você é louca! - falei rindo fraco, segurei a sua mão e a puxei para o estacionamento.
[...]
-Sério? Ela se demitiu? - perguntou a morena para a dona da lanchonete que nada entendia o que ela estava dizendo. Eu traduzi para a dona que me respondeu.
-Ela só recebeu uma mensagem dela. Ela largou o trabalho hoje. - traduzi para a morena. - Ela disse que vai ligar e que era para você voltar para a Argentina. - completei a tradução e a vi ficar mal, seus olhos se encheram de lágrimas, ela queria chorar, mas também queria se fazer de forte na minha frente. - Obrigado pela ajuda. - falei para a dona da lanchonete. - Vamos. - murmurei segurando novamente a sua mão e começando a puxá-la para fora do estabelecimento.
-Ela realmente fugiu, eu não posso acreditar. - falou parando de andar assim que atravessamos a rua, eu soltei a sua mão e fiquei de frente para ela. - Não com esse dinheiro. - falou com a voz embargada, foi quando um homem apareceu.
-Ei! Você é aquela garota! - exclamou ele e eu franzi o cenho. Ela conhecia ele? - Você é irmã daquela vadia! - bravejou irritado apontando o dedo para ela, eu segurei o seu pulsa, fazendo-a ficar atrás de mim.
-Onde a Vitória está? - perguntou a morena.
-É isso que eu quero saber! Onde ela está? Para onde foi aquela vadia que levou todo o meu dinheiro? - me irritei quando ele se aproximou para tentar puxar ela. Segurei o seu pulso, o virei de costas e chutei a dobra do seu joelho, fazendo cair ajoelhado no chão.
-Quem é você? Me solte! - reclamou e eu arqueei uma das sobrancelhas.
-É assim que você bate na minha irmã, seu canalha? - perguntou a morena furiosa.
-Por que perguntar? Claro que ele fez! - respondi irritado. Soltei o seu braço e chutei suas costas fazendo-o cair de bruços no chão, enquanto grunhia.
-EI! - escutei a voz de dois homens gritarem, olhei para o lado e vi dois homens da mesma estatura do que está no chão vindo na nossa direção.
-Eles parecem que são amigos dele! - exclamou a morena e eu segurei o seu pulso.
-Eles não se parecem com colegas de igreja. - murmurei encarando ela. - Na contagem de três! - falei e ela pegou a minha mão, me puxando para correr junto com ela. Senti algo estranho quando ela quem fez isso, um formigamento.
-Vamos pegá-los! - o grito de um dos homens me despertou e eu comecei a tomar a dianteira, puxando-a comigo, já que eu corria mais rápido. Depois de quase 5 minutos os caras já estavam morrendo de tanto correr atrás da gente, eu desacelerei o passo, mas ela continuou no mesmo ritmo.
-Por que estamos correndo mesmo? - perguntei sorrindo brincalhão enquanto ela continuava me puxando.
-Do que você está falando? Você disse que na contagem de 3... - eu a interrompi.
-Eu ia dizer para ficar atrás de mim. - falei parando-a e virando-a para mim.
-O quê?! - perguntou histérica e eu ri fraco, os caras ainda estavam distantes, quase caindo no chão, quando é que eles iam parar?
-Eles não podem nos perseguir. - comentei apontando com a cabeça para os dois homens distantes de nós.
-Eles estão vindo!
-Eu conheço um pouco de corrida. - falei quando ela começou a querer correr. - Suas pernas ficam cansadas. - murmurei apontando para eles com a cabeça. Começando a andar de costas e ela me acompanhou.
-Eu quero te matar! - falou um dos homens ofegante e eu sorri travesso.
-Você pode me dizer isso quando me alcançar. - falei quando eles já estavam perto.
-Eu juro! Eu vou te matar!
-Eu sei que realmente quer isso. Mas, até lá, eu estarei velho ou morto. - falei e ela me encarou confusa.
-Eles entendem coreano? - perguntou e eu a encarei.
-De qualquer maneira, eles não conseguem me ouvir. - respondi. A bebida alcoólica prejudica a audição e eles estavam com uma garrafa de cerveja na mão. - Estou dizendo isso por você. - falei me virando para parar de andar para trás. - Então não fique assustada. - falei e ela me encarou um pouco mais calma. Foi quando o meu celular tocou. - Um segundo. Eu tenho que atender. - fale pegando o meu celular, assim que vi quem eram, revirei os olhos. Lara.
-Não há tempo para isso! - escutei a morena exclamar, segurando o meu braço, enquanto eu encarava a tela do celular.
-Não houve tempo para isso desde ontem. - falei frio puxando o meu braço para longe da sua mão.
-Eu só estava... - escutei sua voz magoada e eu percebi o que fiz, eu a encarei enquanto o celular tocava descontroladamente.
-É um pedido de drogas. - tentei aliviar a tensão que se espalhou entre nós. - Maconha. - falei e ela respirou fundo. - Vamos! Nós realmente temos que correr agora. - falei percebendo que eles já estavam um pouco mais perto e quase recuperados. Peguei o seu pulso e a puxei para ela correr junto comigo.
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