História Heartstrings - Capítulo 11

VIOLETTA

Não passamos muito tempo no táxi, ou eu só não percebi que o tempo voou. Eu e o Federico chegamos na frente da casa que ele tinha nos EUA, ela era bem simples e muito bonita. Nós saímos do táxi e ele pegou minha mala, indo pagar para o motorista. Quando o táxi foi embora, Federico ficou ao meu lado.

-Então você ficou na casa dele desde então? - escutei Federico perguntar e eu o encarei, foi a primeira coisa que ele disse desde que saímos da casa do León.

-Não tive escolha. Estava sem dinheiro e sem passaporte. Não tinha ninguém na casa da minha irmã. - respondi e ele pareceu entender, até que me veio algo à cabeça. Federico chamou o León de Leonard, Leonard Vargas. - A propósito, o nome dele é Leonard Vargas? - perguntei e ele assentiu.

-Você não sabia? - perguntou parecendo surpreso.

-Não perguntei o nome completo dele porque eu não queria falar sobre mim! - expliquei respirando fundo. - Ele é uma pessoa ruim? Ele praticou bullying com você? - perguntei e ele mordeu o lábio inferior.

-Eu só sei o nome dele. - respondeu parecendo um pouco nervoso. - Ele não é uma boa pessoa. Vamos entrar. - ele foi andando na frente, enquanto levava a minha mala. Fiquei um tempo encarando ele, ele ficou estranho demais. Será que o León já fez algo com ele?

[...]

Eu fiquei sentada no sofá da sala, esperando o Federico aparecer com o refrigerante que eu pedi. A casa dele era muito bonita por dentro e era bem organizada para um cara que tinha um quarto completamente bagunçado. Ele apareceu segurando duas latinha de refrigerante e me deu uma, enquanto se sentava de frente para mim.

-Então, o que aconteceu com a Vitória? - perguntou tomando um pouco do seu refrigerante.

-Não sei. Ela fugiu. Aquela garota horrível. O que eu digo à mamãe agora? - perguntei encarando o chão. Federico sempre foi a única pessoa com quem eu sempre pude contar, o único em que eu confio para contar essas coisas.

-Não se preocupe com as passagens. - falou e eu sorri grata. Federico era um tipo de pessoa que, quando estamos em um assunto delicado e que pode me fazer ficar triste, muda de assunto para não criar algum tipo de incômodo.

-Obrigada. Eu te pago quando voltar...

-Calma. - me interrompeu parecendo não querer que eu falasse no custo.

-Obrigada. - agradeci, Federico é o melhor amigo que eu poderia arranjar. - Que horas a agência de viagens abre?

-Calma com isso também. - falou e eu fiquei confusa. - Só tem uma coisa que você precisa fazer logo. - falou e eu continuei confusa. - Escolher o menu. O que você quer comer? - perguntou e eu sorri fraco.

-Tem algo que eu quero muito comer. Ddukbokki (bolinho de arroz apimentado).

[...]

-Está gostoso? - perguntou Federico enquanto andávamos pela rua, comendo um pirulito psicodélico,bastante colorido. Nós tínhamos acabado de comer e resolvemos andar pelas ruas.

-Sim. - respondi o encarando sorrindo. Olhei em volta e fiquei admirada com tudo. - Aqui é tão bonito. - comentei e ele também olhou em volta.

-Vamos tirar uma foto. - assenti e ele pegou o celular para tirar uma foto nossa. Quando ele tirou, ele começou a digitar algo.

-Você está postando a foto no seu facebook? - perguntei dando atenção para o meu enorme pirulito.

-Sim. - ele parou de digitar e me encarou. - Queria te mostrar algo divertido.

-O que é? - perguntei curiosa e ele mostrou a tela do celular.

-Conte até 3. - pediu e assim eu fiz, quando eu terminei de contar, no mesmo instante, a Ludmila ligou, que rápido. - Viu? Ela não é fofa? - perguntou e eu arregalei os olhos. Ela deve ter visto a nossa foto no facebook.

-Vou te matar! Você que a Ludmila Ferro puxando os meus cabelos? - perguntei e ele me encarou como se fosse algo muito legal.

-Seria divertido. - comentou sorrindo e eu esmurrei o braço dele.

-Eu vou te matar! - bravejei e ele riu, dando atenção para o celular que ainda está tocando.

-Um segundo. - ele atendeu e colocou no viva-voz. - Alô?

-O que a Violetta está fazendo aí? O que vocês dois estão fazendo? - ela, praticamente, gritou e Federico sorriu, só ele para aguentar essas crises de ciúmes com um sorriso nos lábios.

-Eu estou pensando em você! O que mais eu tenho pra fazer? - perguntou e eu ergui o punho para bater nele de novo, mas ele se afastou, tirando o celular do viva-voz e o colocando na orelha, se afastando um pouco para conversar com ela. Quando ele se afastou, eu só pude sorrir, ele amava mesmo ela.

-Que inveja. - murmurei ainda sorrindo, fiquei um bom tempo olhando em volta, foi quando vi uma loja vendendo camisas brancas com os dizeres: "I ❤ Califórnia". Era exatamente igual as camisas que o León comprou para nós. Por que ele me veio à cabeça justo agora?

[...]

LEÓN

Hoje foi um dia em que eu escolhi não sair de casa, nem mesmo para ir à praia. Eu estava me sentindo entediado e tudo em volta me lembrava a Violetta, se brincar, eu passei o dia todo pensando nela, desejando ver ela passar por aquela porta, mas ela não passava. Eu estava sentado na mesa do meu minúsculo escritório, tentando me concentrar em fazer algo decente uma vez na vida, que é estudar. Encarei o meu celular e lembrei que o facebook dela ainda estava aberto no meu celular. Eu peguei o mesmo e vi as atualizações, foi quando eu vi a foto dela e do Federico nas ruas da Califórnia, pareciam estar se divertindo e isso me deu uma pontada de ciúmes.

-Que seja. - resmunguei jogando o celular em cima da mesa, voltando a escrever. Ele sempre esteve em primeiro lugar Vargas, sempre. Tentei me concentrar no caderno, mas a minha mente só voltava para aquela foto deles dois. Fechei o caderno e o joguei em cima da mesa, irritado. - Droga!

[...]

A noite chegou e nada de eu conseguir tirar aquela garota da minha cabeça, eu resolvi ir dormir cedo, para ver se eu conseguia esquecer. Quando cheguei no quarto e me joguei na cama, encarei o porta-retrato que tinha em cima do meu criado-mudo. Era uma foto minha com a Lara, foi quando eu me lembrei do nosso aniversário de noivado.

-É amanhã.

[...]

LARA

- Por aqui, senhorita. - escutei gerente do hotel falar e eu me levantei, indo na direção que ele indicou, enquanto carregavam minhas malas. Eu não ia continuar aqui, com o León me ignorando, eu iria voltar para a Argentina. Quando estava perto de sair do saguão, o meu celular tocou, quando o peguei, vi que era o León. Atendi.

-Que é? - perguntei ríspida, já estava cansada de ser tratada como uma ninguém perto dele.

-Onde você está? 

-Por que você se importa?

-Acho que já está na hora de você fazer as malas e ir para a Argentina.  - isso mesmo, joga na cara, seu imbecil, não acredito que eu gostava de você.

-Você está errado. Já estou na Argentina. - menti para não dar nenhum tipo de satisfação à sua pessoa.

-Ah, é? - escutei ele perguntar antes do mesmo encerrar a ligação. - Então volte pros EUA. - fiquei surpresa ao ouvir a voz dele, olhei para o lado e o vi parado ao lado de uma planta que tinha no saguão do hotel. Me lembrei do motivo pelo qual eu comecei a gostar dele, ele sempre me surpreendia. Eu me virei para o gerente.

-Leve a bagagem de volta para o meu quarto. E mude o voo para amanhã. - mandei e ele pareceu confuso.

-Amanhã? - perguntou e eu encarei León, que permanecia no lugar.

-Eu não acho que ele vá me ver depois de amanhã. - respondi e o gerente pareceu entender.

-Sim, senhorita. - ele foi embora junto com os mensageiros do hotel que carregavam minhas malas. Quando eu ia falar com León, o meu celular tocou.

-Um segundo. - pedi, atendendo a ligação. - Sim, sou eu.

-Você está com o León? - era a minha mãe.

-Sim, estou com ele. - pelo menos, tive o gosto de dizer que fiquei, em algum momento, com o meu noivo. - Ele se arrumou todo e veio me ver. - o que não era verdade, ele estava usando as roupas comuns dele.

-Então me ouça. Não estou dizendo às pessoas que você foi pros EUA porque sentia muito a falta dele. Foi porque o Leonard pediu que você fosse. - franzi o cenho ao escutar o que ela disse. Tinha algum motivo por trás disso tudo?

-Por que você fez isso? - perguntei curiosa e ela ficou um tempo em silêncio.

-Tchau, sua sogra está chegando. - ela desligou e eu revirei os olhos.

[...]

ARABELLA

Assim que desliguei o celular, a sogra da Lara, a mãe do Leonard apareceu. Eu me levantei de onde estava sentada e sorri.

-Olá, me desculpe se eu pedi que viesse me ver muito cedo. - me desculpei e ela retribui o sorriso.

-Você é a ocupada. Não tem outro jeito. - mesmo sendo a sogra da minha filha, essa mulher é muito falsa, se não fosse pela União e Aquisição, eu juro que não olharia nem para a cara desse ser humano. - Mas foi difícil. - nós nos sentamos.

-Essa é a única hora que eu tenho livre. - expliquei. - Como pode você sempre se vestir melhor quando sou eu quem trabalha na indústria da moda? - eu tenho que admitir que estou babando ela um pouco, na verdade, muito. - Você deu à luz ao Leonard tão tarde. Como consegue manter esse corpo?

-Nasci assim. E também gastei muito tempo e dinheiro. - respondeu, olhando para o corpo, em seguida para mim. - Ouvi dizer que a Lara foi pros EUA. Ela foi ver o noivo assim que suas férias de verão começaram. Ela é muito fofa. - falou e eu aumentei o sorriso.

-O motivo pelo qual eu quis encontrá-la hoje foi porque... Tenho certeza que já soube... Vou me casar. Achei que devia contar aos meus parentes em primeira mão.

-Eu soube. Com o presidente do Hotel Zeus. Parabéns.

-Obrigada.

-O filho dele também vai à nossa escola. - comentou e eu assenti. Ela devia conhecer e saber o nome de todos os alunos da escola, já que ela é a diretora de lá.

-Sim, o Tomás. Eu queria te perguntar... Aconteceu algo entre o Leonard e o Tomás? A Lara disse que eles provavelmente não são mais amigos. - perguntei curiosa e ela pareceu ficar pensativa.

-Eles eram melhores amigos até o EUA. - respondeu como se ela também não soubesse dessa história.

[...]

TOMÁS

Meti a bola de tênis na parede e esperei que ela retornasse para a minha mão, repeti o mesmo gesto e André me encarou.

-Tudo está arruinado porque você abriu a porta no momento decisivo! - ele bravejou, reclamando por eu ter atrapalhado ele quando ele estava revelando as fotos. - Veja como você arruinou tudo! - reclamou e eu encarei a bola de tênis na minha mão. - Pena. Eu poderia ter sido o próximo Henry Cartier Bresson. - escutei ele murmurar.

-'Passei a minha vida inteira tentando capturar o momento decisivo.' - recitei deixando de encarar a bola para encarar as fotos que o André tirou. - 'Mas todos os momentos na vida eram o momento decisivo.'

-Que diabos você está falando? - perguntou começando a ajeitar a mesa dele.

-São citações do Henry Cartier Bresson, seu modelo de inspiração. - respondi e ele me encarou surpreso. - Você devia ao menos saber quem ele é primeiro. - falei e ele me encarou com um sorriso maior que a cara, começando a fazer poses fofas para mim. - Eu vou te matar. - ameacei me segurando para não rir, foi quando o meu celular tocou, peguei o mesmo e vi que era o meu pai. Respirei fundo e atendi. - Alô?

[...]

Não acredito que só vim aqui para ser derrubado no chão pelo meu próprio pai, em menos de meia hora, eu já estava jogado no chão do tatame, completamente ofegante,enquanto meu pai bebia água, sabia que ele fazia isso só pra me fazer ficar fraco diante dele, isso é que me dá raiva, eu já me sinto fraco perto dele e ele faz isso... eu me sinto um lixo, um nada.

-Ele não era nem o gerente geral do hotel. Você não soube lidar com um gerente de cozinha e o fez reclamar? - perguntou e eu respirei fundo. - Levante. - mandou e assim eu o fiz.

-Quer saber por que você sempre perde? - ele ao menos esperou eu responder. - Primeiro, é porque você nunca me derrotou.

-Talvez seja porque sou mais parecido com a minha mãe, quando deveria ser mais parecido com você. - repliquei me virando para sair dali.

-Segundo, você ataca m excesso. No tatame e fora dele. - completou e eu parei de andar. - A Lara chega hoje. Vá buscá-la no aeroporto. - mandou indo embora dali. Ahrg! Que droga!

[...]