História Heavy Atmosphere - Chapter 7

Olhar paisagens me acalmava, eu costumava sempre parar para apreciar o céu, a neve, seja lá o que a natureza tivesse trazido para eu poder me inspirar. Agora com uma banda eu precisa mais do que nunca de novas inspirações todos os dias. As viagens de carro longas costumavam ser bastante produtivas também. Porem minha mente antes estava vazia, agora ela estava cheia e com um furacão bagunçando tudo o que eu levei quatro anos para arrumar.

 - Ei, cara! Quer conversar? - ouvi a voz de Chaz atrás de mim. Me virei para trás o vendo com uma garrafa de cerveja na mão.

Estávamos parado em um posto de gasolina no meio da estrada, esses costumavam ser mais baratos e precisávamos encher o tanque. Meu corpo estava encostado em nossa mini van enquanto eu olhava o sol se por naquele fim de tarde. Meus braços estavam cruzados e eu estava completamente absorto de tudo até ouvir a voz de meu amigo.

- A volta da loirinha mexeu mesmo com você, ne? - ele disse oferecendo a garrafa em minha direção. Apenas assenti com a cabeça não querendo admitir aquilo em voz alta. - Você sabe que você pode viver sem ela né? Quero dizer, vamos entrar numa fase importante de nossas vidas, você não precisa se preocupar com ela. Riley não liga para os seus sonhos. As coisas que ela disse para você na outra noite, cara, aquilo mexeu com todos nós.

- Eu sei, mas é que aconteceu uma coisa depois disso. - dei um gole grande na cerveja pensando se deveria contar ou não para Chaz o episódio da última noite que tive com Riley.

- Você a viu depois daquilo? - ele foi curioso me perguntando direto no ponto. Assenti novamente evitando palavras. - O que ela fez?

- Ela me ajudou. - olhei para seu rosto que agora estava confuso, eu o entendia. - Eu fui avisar minha mãe sobre a nossa viagem e ela não reagiu bem como sempre. Riley estava em casa e ouviu a gritaria. Eu não esperava que ela estivesse ali mas eu meio que queria. - olhei novamente para o Sol se pondo. Riley era o meu Sol, eu sempre precisaria dela para iluminar minha vida por completo, apenas as estrelas não era o suficiente para mim.

- E então? - ele pegou a garrafa da minha mão dando um gole.

- Então ela apareceu e ficamos conversando, ela me fez entender um pouco melhor o lado dela e ela compreendeu o meu também. Eu dormi em seu quarto e ela ainda tinha nossas fotos, eu só conseguia sentir saudades de ficar com ela, senti saudades do corpo dela, eu queria dormir na cama com ela, mas... não era como antes. Ela estava do meu lado mas ainda assim, estava longe, entende? - Chaz assentiu prestando atenção em meu desabafo. - Então eu meio que chamei ela para ir com a gente em turnê. - falei a ultima frase rapidamente esperando a reação de meu companheiro de banda.

- O que? - Chaz quase cuspiu o último gole que ele havia dado. - Você enlouqueceu, você nem ao menos consultou a banda antes de convidar alguém para viajar com a gente.

- Foi no impulso, ok? - me ajeitei em pé respirando fundo. - Ela nem irá vir com a gente de qualquer jeito, então não tem com o que se preocupar. - caminhei indo ver se o tanque já estava cheio.

- Não sei qual é o seu problema, uma hora a odeia e ai agora, a convida para turnê. Você soube que Tyler encontrou com ela ontem antes de ver a Barbara? - o encarei rapidamente pedindo que continuasse. - Ela estava com aqueles meninos do time da universidade. Ela seguiu em frente Justin.

- É diferente, Chaz... - ele me interrompeu.

- Olha, Justin, eu sei que o que vocês tiverem foi importante para caralho para você, mas vocês não estão mais juntos nessa. Ela mudou de pensamentos e você deve mudar um pouco também. - disse me dando dois tapinhas em meu ombro.

Ouvi as palavras de Chaz atentamente, mas infelizmente, diferente da minha cabeça, meu coração ainda não estava convencido completamente.

RILEY POV

Eu realmente estava animada para o meu primeiro dia de aula. Coloquei uma roupa confortável para passar algumas horas sentadas. Ajeitei o meu material o qual eu revisei três vezes antes de sair do meu quarto para ter a certeza de que eu não esqueceria nada. Desconectei meu celular do meu carregador checando as horas. Eu estava alguns minutos adiantada, perfeitos para caminhar até minha classe e conseguir pegar a melhor mesa.

Meu primeiro horário era de ciências políticas, eu não conheceria ninguém nessa classe. Os meninos so teriam aula no segundo tempo hoje, e o que tinham aula no primeiro tempo teriam Marketing. Sarah estaria na aula de economia I esta manhã. Eu não me importava de ficar sozinha, na verdade, seria mais facil de eu me concentrar no que o professor falasse. Costumava conversar muito na escola durante as aulas e isso prejudicava um pouco meu desempenho, eu não podia falhar agora. Eu tinha que ser a aluna perfeita.

Cheguei na sala de aula vendo que apenas mais um aluno havia chegado. Sorri para ele e o mesmo me ignorou. Ok, as pessoas não costumavam ser simpáticas de manhã e eu tinha que entender isso. Sentei na segunda carteira. Mas pensei na possibilidade de ninguém querer sentar na minha frente. Eu não queria ficar cara cara com o professor assim. Peguei minha bolsa e fui mais uma cadeira para trás. Agora sim, perfeito. Organizei meu material em cima da carteira e cruzei minhas pernas esperando a chegada das pessoas para a aula começar.

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Eu queria chorar. Estava tão decepcionada que não conseguia conter minhas emoções. Agradeci por Sarah ter aula até mais tarde hoje e corri pelo Campus até chegar ao meu dormitório. Segurei minhas lágrimas e as soltei apenas quando fechei a porta atrás de mim. Eu não acredito que meu primeiro dia de aula havia sido assustador. Eu estava completamente apavorada.

Eu realmente não sei se eu estava querendo mentir para mim mesma, mas eu nunca fui uma boa aluna na escola, eu tinha problemas de atenção e adorava me distrair conversando com o Justin. A faculdade é completamente diferente. As matérias são chatas e os professores são assustadoramente ignorantes. Eles não se importam com você. Eu sei que meu pensamento era de uma garotinha mas tudo o que eu conseguia pensar agora era que eu queria deitar no colo de minha mãe e depois abraçar Justin.

Eu teria que maquiar essa situação toda mais tarde quando eu for questionada acerca da classe de hoje pelos meus amigos e meus pais. Mas, infelizmente, de tudo o que eu vivi até agora na faculdade eu havia constatado uma coisa que me deixava com medo:  Eu estava enlouquecendo.

****

Algumas horas mais tarde do meu surto, eu resolvi tomar banho na esperança de lavar além do meu corpo, a minha alma também. Decidi ir para um lugar onde eu costumava pensar quando eu era mais nova. Caminhei até a praça onde passei muitas tardes com Justin ou então algumas manhãs as quais matávamos aulas. Havia um balanço enferrujado no canto. Observei o local e realmente estava como Justin havia dito. As gramas estavam bem mais altas tocando a batata da minha perna, mas basicamente só aquilo pareceu ter mudado.

A praça continuava sendo um lugar quieto e vazio. Era só eu e meus pensamentos ali. Me balancei um pouco no balanço com um medo de cair. O barulho do brinquedo era alto mas eu não iria me machucar, não estava indo tão alto. Parei de me balançar e deitei minha cabeça nas correntes. Estava faltando alguma coisa ali e eu sabia exatamente o que era.

Peguei meu celular e liguei para o número que eu mais visitava na minha agenda de contatos. Esperava que fosse o mesmo número.

- Alô? - ouvi sua voz rouca e então não contive um sorriso em meu rosto.

- Oi. - disse esperando que ele me reconhecesse.

- Riley? - assenti mesmo sabendo que ele não me veria.

- Sim, sou eu. - eu nem sabia o que falar, eu apenas queria falar com ele.

- Você está bem? Aconteceu alguma coisa? Te drogaram? - perguntou preocupado. Uma lágrima escorreu em meu olho enquanto eu negava com a minha cabeça.

- Não, não, ta tudo bem. Quer dizer, não tá nada bem. - solucei.

- Riley? Você está chorando? O que aconteceu? Onde você está? Esta na faculdade, eu posso ir até aí e... - eu o interrompi

- Eu estou na praça. Na nossa praça. Eu precisei vir aqui para pensar e aí... - ouvi sua respiração pesar no outro lado da linha. - eu senti sua falta, só isso. - minha voz encolheu sem que eu percebesse.

- A gente não pode continuar assim. - ele disse com a voz mais baixa do que o normal.

- Eu sei. O que você sugere?

- Quer que eu vá até aí?

- Você quer vim? - mordi os lábios, não sei por que eu estava fazendo aquele joguinho com ele.

- Você me quer aí? - droga, eu não sabia responder essa.

- Você quer que eu queira? - ri baixinho sabendo que isso iria irritá-lo.

- Ah, pare com essa merda, Riley! Estou indo. - desligou me fazendo rir de seu jeito zangado.

Foram longos minutos pensando no que eu poderia falar para Justin, pensei no que poderíamos fazer uma vez que ele estivesse aqui comigo. Pensei em relembrar os velhos tempos e também pensei em sua proposta. Havia tanta coisa e ao mesmo tempo não havia nada para nós conversamos. É como se tivéssemos vários problemas mas já soubéssemos como resolver tudo. Ele tinha esse poder de me deixar assim.

Me assustei ao ouvir passos atrás de mim sobre a grama. Me virei encarando Justin. Era fim de tarde e algumas poucas luzes iluminavam Justin como se ele fosse um anjo caminhando em minha direção. Sua blusa branca deixava minha fantasia mais real. Ele sorriu para mim e eu sorri de volta, de repente pareceu como se eu nunca tivesse chorado, como se meu dia tivesse sido ótimo apenas por poder vê-lo agora.

- E aí? - ele sentou ao meu lado no balanço enferrujado.

- A proposta, - olhei para ele esperando seus olhos encontrarem os meus. - ela ainda está de pé? - perguntei vendo sua reação mudar instantaneamente.