História Heavy Atmosphere - Chapter 4

POV Justin

- Olha, me desculpe por isso, eu... - ela começou mas eu a interrompi cansado daquilo.

- Você realmente sente muito? - perguntei me exaltando.

- Eu estava pensando no melhor para mim, Justin! - Ela gritou de volta.

- E você em algum momento pensou no que seria melhor para nós? - rebati

- Nós? Nunca existiu nós! Nós mal havíamos alguma coisa decente. - ela cuspiu as palavras em minha cara como se aquilo não fosse me magoar.

- O que fizeram com você, Riley? Você costumava me incluir em seus planos.

- Ainda bem que eu não o fiz! - gritou e eu parei a encarando. - Eu estou na faculdade agora, que sempre sonhei e você... - falou rápido e então parou me encarando.

- Eu... - pedi para continuar mesmo tendo a certeza de que não queria ouvir o que ela tinha para dizer. 

- E você não. - Então era isso que ela pensava? Se achava melhor por estar na porra de uma Universidade?

- Pelo menos eu estou fazendo algo que eu amo. - falei sério. - Eu não preciso fingir para ninguém ser algo que eu não sou só para agradar os pais.

- Vá a merda! - ela gritou. Vi algumas lágrimas se formando no canto de seus olhos ameaçando a cair.

- O que? - eu ri abrindo os braços. - Vai dizer que você está feliz? Você costumava fazer o que queria quando queria, você era livre! Agora não passa de uma garota que acha que é melhor que alguém por causa de uma merda de status de universitária.

- Eu era uma adolescente que não sabia o que estava fazendo! Mas eu cresci! - ela gritou em minha direção, agora sem esconder o choro. - Um de nós precisava disso. - ela abaixou o tom ao falar essa última frase. - E enquanto ao meu status de universitária... - ela engoliu em seco se aproximando de mim. - pelo menos ele vai me dar um futuro.

Riley virou as costas me deixando para trás. Merda, eu não queria chorar com aquilo, não ali, não agora. Vi os garotos se aproximarem e todos estavam com uma cara indecifrável. Eu não queria ouvir nada agora.

- Ei, cara, não liga para isso, não sabia que ela seria capaz de falar uma coisa dessas. - Chaz falou e eu respirei fundo tentando me conter.

- Nem eu. - disse para mim mesmo.

POV Riley

Eu não queria me despedaçar em sua frente, eu sou forte, eu podia aguentar. Coloquei minhas mãos no rosto e corri dali encontrando os meninos que estavam de papo com outras garotas. Logan foi o único que me viu e veio em minha direção. Eu não queria ter que falar nada agora, então antes dele pronunciar qualquer palavra, eu o abracei e escondi meu rosto em seu peitoral sentindo seus braços me acolherem.

Os braços de Logan não era os braços que eu eu queria estar agora.

- Está tudo bem, eu estou aqui. - ouvi sua voz sussurrar contra meu cabelo no topo de minha cabeça.

- Acho melhor eu voltar pro dormitório, tive um momento difícil. - falei enxugando minhas lágrimas e me afastando de seu corpo.

- Eu te levo. - Logan disse prontamente e eu concordei não querendo ficar sozinha.

Chegamos no campus em poucos minutos, Logan passou seu braço pelo meus ombros e caminhou comigo até a porta de meu quarto. Ficamos em silêncio durante o caminho, ambos sem saber o que dizer.

- Obrigada pela companhia. - disse virando para ele e ficando de costas para a porta do dormitório.

- Tem certeza que não quer falar comigo sobre o que aconteceu? - perguntou acariciando amigavelmente meu cabelo.

- Eu não sei se quero falar sobre isso em geral. - abaixei minha cabeça suspirando. - Mas obrigada por tudo, acho que só preciso descansar agora. - disse e ele assentiu.

- Qualquer coisa, você tem meu número. - ele beijou minha testa e esperei ele virar o corredor para entrar em meu quarto.

Sarah dormia enquanto eu me despia indo em direção ao banheiro. Liguei o chuveiro esperando-o esquentar. Assim que senti as gotas entrarem em contato com minha pele, deixei todas as lágrimas que havia prendido, saírem. Eu me sentia tão idiota com toda a situação. Eu não acredito que eu o insultei daquele jeito. Logo a pessoa que eu mais apoiei na vida.

Eu estava vendo tudo desmoronar, ao mesmo tempo que era só o início, sentia que esses dias tiveram uma carga emocional maior do que eu poderia aguentar. Eu achei que seria tudo mais fácil e agora me via sufocar na atmosfera que eu mesma havia criado há anos atrás.

Desliguei o registro e me enrolei na toalha me secando e indo me arrumar para dormir. Amanhã iria visitar meus pais e precisava estar descansada para isso. Eu definitivamente precisava ter minha mente livre de Justin Bieber para falar com eles. Daqui a alguns dias minhas aulas começariam e eu tenho que estar focada.

Peguei meu celular e meu fone conectando o mesmo no aparelho e então fiz a coisa mais estúpida que eu poderia fazer: Adormeci ouvindo a voz de Justin. Mais uma vez meu coração e minha mente sofriam um atrito e mais um vez saía machucada.

...

Eu sempre gostei de escutar música. Cada época de sua vida é marcada por uma batida, um som... eu costumava ter uma música para cada momento importante, inclusive tinha minhas musicas com Justin. Na Inglaterra era a playlist que eu mais escutava, era como se aquelas canções pudessem trazê-lo para perto de mim de novo. Eu quase podia sentir seu toque e era isso de que eu precisava quando estava longe dele.

Sentada no banco de trás do carro, eu tentava de alguma forma manter minha mente limpa para assumir o papel de garota perfeita para os meus pais. Eles me amavam muito, mas amor gera cobranças e eu mais do que ninguém tinha aprendido a lidar com isso desde cedo.

Ao reconhecer minha antiga casa eu sorri e ao lado estava a casa que onde eu passei grande parte da minha adolescência: a casa dos Biebers. Sai do carro pegando minha bolsa e indo em direção a minha porta. Bati duas vezes ansiosa para ver minha mãe é meu pai. O cheiro de comida caseira era forte e senti meu estômago roncar com tal estímulo.

Mamãe abriu a porta sorridente. Seus olhos estavam mais cansados mas mesmo assim continuava com seu belo rosto e com uma maquiagem simples, porém cara. Seus cabelos estavam mais claros e eu a analisei de cima a baixo pensando como as fotos enganavam um pouco, creio que ela também estava surpresa em me ver.

- Meu deus, Riley! - mamãe falou alto colocando suas duas mãos em cada bochecha minha esmagando-me. - você está tão linda! - em seguida ela me abraçou forte quase espremendo meus pulmões

- Mãe, eu preciso respirar! - disse rindo a abraçando de volta.

- Entre, entre, o almoço está quase pronto, quero saber como foi na faculdade, como é seu quarto? Esta se alimentando bem? Já conheceu sua companheira de quarto? Fez amigos? - ela me bombardeou de perguntas enquanto eu entrava fechando a porta atras de mim.

- Ei, calma! Vou contar tudo. Cadê meu pai? - perguntei olhando ao redor, um detalhe ou outro havia mudado mas a casa continuava a mesma. Gostei disso, era aconchegante saber que nada mudou. Quer dizer, quase nada. - gostei das cortinas. - comentei indo até elas e olhando pela janela vi a bicicleta e o skate de Justin fora de sua garagem. Às vezes era horrível ter a pessoa que você quer evitar no momento, como vizinho.

- Achei que deixou tudo mais harmonioso. - mamãe disse e quase esqueci do assunto sobre as cortinas. - Seu pai estará aqui em alguns minutos, ele teve um cliente de última hora no bairro vizinho. - me explicou e eu assenti. Meu pai era corretor de imóveis de última geração e de alto nível, ele tinha jeito para coisa, era capaz de convencer as pessoas de comprarem qualquer coisa, sem falar do seu dom de saber de negociar como ninguém.

- Posso ver meu quarto? Estou com saudades. - por mais que minha mãe quisesse saber das novidades eu sentia falta de meu quarto, de meu canto. Meu quarto costumava ser meu mundo particular.

- Claro! Vai lá! Eu vou ver com a Joana se a comida já está pronta. - sorri em seguida e corri em direção às escadas.

Meu quarto estava limpo. Iria agradecer a Joana por isso. Minha mesa está organizada e minhas listas de metas continuavam penduradas no quadro na parede. Ri lendo alguns dos meus objetivos, eu havia realizado alguns, inclusive o que dizia em letra maiúscula "PASSAR PARA A UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA", e logo em seguida: "viajar o mundo com o Justin" . É, aparentemente ele estava em todos os lugares.

Suspirei olhando para minha cama e as almofadas personalizadas que tinha ali, Justin havia me dado uma no meu aniversário. Olhei para a penteadeira lembrando de quantas vezes me arrumei para sair com ele. Droga, eu precisava esquecê-lo.

Desci as escadas e a mesa estava pronta, ouvi a porta Bater denunciando a chegada de meu pai, corri até ele o abraçando e senti meus pés levantarem do chão.

- Riley, minha filha! Eu estava com tantas saudades! - disse me pondo no chão.

- Eu também! - falei sentindo uma forte emoção de estar em casa.

...

Durante o almoço, consegui responder as perguntas de minha mãe e meu pai. Eles soavam bastante orgulhosos de mim e eu amei sentir isso. Nossa, talvez eu até tenha mentido uma nota ou outra no colégio antes apenas para ver eles felizes comigo.

- Eu conheci os meninos do time durante a festa de Boas vindas, eles são bem legais e gentis. Me incluíram com facilidade no grupo e também tem a Sarah, minha companheira de quarto, ela me pareceu bem legal. Eu estou tão animada com as aulas. - tagarelei sem perceber as informações que eu tinha dado.

- Então já teve uma festa? Riley por favor não quero que perca o foco dos estudos com festas e namoros. - mamãe falou rígida como ela sempre falava quando eu falava que ia sair com Justin.

- Eu vou ficar bem, mãe! Além do mais foi só uma festa para as pessoas se conhecerem, foi bem divertida teve uma banda. - calei minha boca ao lembrar deles e voltei minha atenção para a comida.

- Em falar em banda, Justin criou um banda. Por muito tempo tivemos que aguentar barulho vindo da casa deles. - mamãe olhou para meu pai que concordou com ela. Então eles já sabiam. - Eu sempre soube que esse menino não ia ter futuro. Você fez bem em se afastar. - respeitei fundo não gostando de ouvir aquilo, eu quase reproduzi essa fala ontem quando o encontrei.

- Era a banda dele que tocou na festa da faculdade, ele me parecia feliz. - tive uma estranha necessidade de defendê-lo.

- Ah, minha filha! Mesmo que ele esteja feliz, isso é só uma fase, faculdade e estudos que dão futuro. - meu pai falou e eu concordei sabendo que não valeria a pena discutir. - você será uma grande profissional! - sorriu e segurou minha mão em cima da mesa.

- E dará muito orgulho a essa família, mais do que já dá. - minha mãe acrescentou segurando minha outra mão.

E ali estava claro, eu não podia decepciona-los, mesmo que para isso eu tenha que deixar de lado minhas verdadeiras vontades e sonhos.

Joana retirou a louça do almoço enquanto eu e meus pais fomos sentar na sala. Eles queriam contar sobre as inúmeras viagens que eles fizeram durante o tempo em que eu estive fora. Eu não ficava chateada com isso, eles sempre me proporcionaram os melhores passeios quando estávamos juntos.

Eles mostraram videos e fotos, mamãe contava histórias engraçadas do papai e vice e versa. Eu estava feliz com aquele momento, sentada no meio dos dois recebendo abraços e beijos de ambos.

Naquele dia, decidi dormir ali, queria passar mais tempo com meus pais alem do jantar no nosso restaurante favorito. O dia havia sido perfeito e agora estava cansada e com sono me preparando para dormir. Arrumei minha cama e peguei meu celular vendo várias mensagens idiotas de piadas que os meninos mandavam em um grupo que fizeram. Olhei algumas redes sociais antes de finalmente apagar a luz para me concentrar em dormir.

Um ronco de motor alto me despertou fazendo-me acordar e ir até a varanda de meu quarto saber o que era aquilo. Meu coração disparou ao ver Justin saindo de um carro velho porém conservado. Ele estava com seu violão nas costas e pela sua roupa devia estar voltando de algum show.

Reconheci sua mãe indo ao encontro dele e não demorou muito para ouvir a discussão. Me encolhi esperando não ser notada enquanto escutava tudo.

- Eu só vim avisar que estaremos entrando em turnê logo, eu não preciso da sua permissão! - Justin gritou respondendo sua mãe que já parecia estar descontrolada.

- Eu não te criei para isso! Essa merda de banda não tem futuro, você precisa estudar! Aposto que usa drogas! - acusou apontando o dedo quase tocando no rosto de Justin.

- Como se você tivesse me criado em primeiro lugar! Eu não devo nada a você! Eu sei me cuidar muito bem! - rebateu.

- Você é um ingrato! Quem foi que deixou vocês ensaiarem? Quem pagou os seus instrumentos?

- Você só deixou porque achou que era uma fase idiota, vocês nunca me apoiou de verdade!

- Eu não vou apoiar nunca a ideia de você querer viver que nem um vagabundo na estrada! - cuspiu as palavras dele. - Eu me recuso a ficar aqui e ver você se destruindo!. - Senhora Bieber ajeitou seu roupão de dormir e entrou de volta em casa.

Observei Justin olhar ela desaparecendo de sua visão e em seguida ele chutou o ar passando as mãos pelos cabelos. Caminhou até seu carro e sentou na calçada apoiando a cabeça em suas mãos. Eu sabia que ele estava com raiva, eu sabia que ele ia chorar, eu só não sabia o que fazer.

Sem pensar nas consequências vesti um roupão de dormir e desci correndo as escadas pegando as chaves e abrindo a porta de casa. Andei até Justin sentindo meu coração apertar ao vê-lo naquele estado. Sem que ele notasse minha presença sentei ao seu lado devagar e respirei fundo.

Ele olhou para mim. Seus olhos molhados e suas lágrimas ainda escorriam pelo seu rosto. Mordi meus lábios sem saber o que dizer. Com a manga de meu roupão limpei seu rosto e ele não protestou contra, com a voz bem suave ele disse:

- Eu estava desejando que você aparecesse. Mas nunca achei que você realmente fosse aparecer aqui, agora.