Fazia quase dois dias que o mais novo quarteto havia se formado. Crabbe e Goyle não eram muito de falar, apenas acompanhavam Black e Malfoy de um canto para outro enquanto os dois conversavam e riam. As garotas do dormitório onde Jessica dormia não eram muito sociáveis. Na verdade, evitavam até olhar para a garota a qual chamavam de Herdeira.
Estavam em um dos corredores da Escola de Magia e Bruxaria. Draco apresentava uma das mais novas colegas que havia se juntado a eles repentinamente.
– Jessica Black, essa é Pansy Parkinson. – disse Malfoy, esperando que as duas apertassem as mãos, mas nada aconteceu.
Black não havia gostado nada da forma que Parkinson havia olhado para ela, e provavelmente a garota só seria mais uma das pessoas que falavam mal dela por trás. Então não tinha muita vontade de cumprimentá-la ou ser gentil.
– Você tem uma cara de sangue ruim. – falou Parkinson
– E você tem uma cara de mal amada.. Ah, claro.
Black olhou para Malfoy, o qual não entendeu a indireta, apenas tentava entender o motivo de se odiarem de primeira.
– Draquinho, por que está andando com essa sangue ruim? – perguntou Pansy, fazendo Black ter uma quase ânsia de vômito ao ouvir o apelido que a sonserina havia dado a Malfoy.
– Ela é uma Black, Parkinson. Trate ela bem, até porque o sangue dela é mais puro que o seu. – respondeu rispidamente, fazendo Crabbe e Goyle tentarem esconder as gargalhadas e Pansy olhar mais feio ainda para Black. – Você vem ficar com a gente, Jess?
– Não, eu.. – Black discordou, olhando para o trio que conversava animadamente mais à frente. Não queria ter se afastado tanto dos outros amigos, e, como pensava que a culpa era dela, estava juntando coragem para falar com eles a um tempo.
– Ela vai ficar com os idiotas da Grifinória, Draquinho. – Pansy se intrometeu, puxando Draco pelo braço – Vamos logo.
– Cala a boca por um minuto, garota – respondeu Draco, com raiva. Puxou seu braço pra si, fazendo Pansy se calar e olhar novamente com ódio para Black – Jess? Você vem?
– Vou ficar com vocês, Dra. – respondeu ela, um tanto cabisbaixa. Viu o garoto esbarrar propositalmente nela, sorrindo e tentando arrancar algum pingo de felicidade da amiga, a qual sorriu envergonhada.
O quinteto se direcionou até a parte externa da escola. Draco e Jessica se apoiaram a uma grande árvore do local, enquanto Pansy reclamava baixo para Crabbe e Goyle, que fingiam não ouvir.
– Aconteceu alguma coisa? – a indefinida perguntou baixo, vendo Draco negar com a cabeça – Sei que aconteceu, pode me contar.
– Bom, andam falando de você e do seu pai e... Não sei explicar muito bem.
– O que andam falando?
Draco desviou o olhar, como se aquilo fosse automaticamente mudar o assunto. Sentiu Black beliscar seu braço, o fazendo voltar a atenção a ela e receber um olhar raivoso da mesma.
– Doeu! – reclamou, vendo a garota continuar com sua feição insatisfeita. O garoto bufou, voltando ao assunto – Andam dizendo que você...
– Que você é uma traidora, uma assassina. Igual ao seu pai. – ofendeu Pansy.
– Cala a boca, Parkinson! – gritou Draco, fazendo a sonserina se assustar. – Não vê que ninguém aguenta mais você falando merda?
– Você diz da boca pra fora..
– Tem certeza? – questionou ele, fazendo a garota se calar, mas continuar ali de braços cruzados com ódio em suas veias. Draco olhou para Black com extremo contraste, como se antes estivesse falando com o diabo e, ao se referir a Black, falando com um anjo. – Tudo bem, Jess?
– Tudo, Draquinho. – respondeu irônica, fazendo o garoto rir e revirar os olhos.
A garota refletiu, se perdendo em seus pensamentos por alguns segundos e pensando no que Pansy havia falado. Sabia que nada daquilo era verdade, mas por que aquilo a afetava tanto? Por que tentavam convencê-la que o pai dela era um monstro se ele sempre a tratou como o oposto? Black pensava demais, sempre pensou, e aquilo com certeza acabaria com ela algum dia.
A garota suspirou e olhou novamente para o grupo, com um sorriso satisfeito no rosto.
– Bom, talvez seja verdade. – disse ela, fazendo todos a olharem confuso – Talvez eu seja realmente uma assassina traíra.
– Como assim? – perguntou Malfoy intrigado, mas com um sorriso nascendo em seu rosto.
– Se eu continuar andando com a Parkinson do meu lado me chamando de assassina, talvez eu vire uma com orgulhosa. Quer me matar com os olhos, Medusa supremacista? Peço perdão à santa Medusa por ter dito isso agora..
Pansy, que ainda estava em um canto bem próximo com cara de poucos amigos e braços cruzados, bufou e revirou os olhos.
– Gosto de você, Black. Não sei o motivo daquele chapéu idiota não ter te colocado na Sonserina.
– É, ele ia, mas foi melhor assim. Bem melhor, até.
– Pelo menos ele teve pena, não te colocou na mesma casa que os Weasley's. – debochou, fazendo Crabbe, Goyle e Pansy rirem, enquanto Black se manteve neutra – Patéticos, todos eles.
Black se sentia bem com os amigos, mas não concordava muito com as coisas sobre os Weasley's. Não tinha nada contra, nem nada a favor. Apenas conhecia Ron e o achava um garoto muito legal.
– Seu pai.. ele.. é realmente é um assassino? – perguntou Malfoy, com certa cautela.
– Descobri sobre esse assunto a pouco tempo, pra ser sincera. Mas acho que não.
– O que te faz achar que não? – insistiu Malfoy, realmente confuso. Tentava mostrar um tom de voz doce, para não magoar a amiga – Até porque ele já foi preso em Azkaban, não foi? Faz sentido.
– Ele teria me matado também, não?
– Quem me dera. – murmurou Pansy.
Dessa vez Black não conseguiu se segurar. Já havia perdido toda a pouca paciência que a restava, fazendo com que pegasse sua varinha e a direcionasse ao pescoço da sonserina, que engoliu em seco.
– Talvez a linhagem seja de assassinos, Parkinson. – disse Black, em tom ameaçador. A varinha era apertada
contra a pele da garota assustada, que tentava manter uma pose confiante e não parecer tão intimidada – Quer descobrir?
Draco riu fraco, mas se aproximou das duas antes que algo realmente sério acontecesse.
– Não perca tempo com essa idiota, sun. – sussurrou no ouvido da garota, a qual o olhou e abaixou a varinha – Vão embora, todos vocês.
Era quase que final de tarde. Os dois se direcionaram até o topo da árvore em que antes estavam apoiados, vendo os outros três se afastarem de onde estavam. A árvore não era grande, então subir nela não foi uma tarefa difícil. Ficaram ali, juntos, admirando o pôr do sol.
– Você me chamou de que?
– Quando? – perguntou loiro, confuso
– Na hora em que ameacei Pansy. Você me chamou de alguma coisa, não estou maluca. Me chamou do que?
– De Jess. – mentiu – A gente não tinha combinado assim? Você me chama de Dra e eu te chamo de Jess. Mas não conta isso pra ninguém.
– Já ouviram você me chamando de Jess na cara dura... – brincou Black, fazendo o garoto revirar os olhos – Você, Draco Malfoy, caiu direto no poço da perseguição e não tem mais como subir de volta.
– Você só me leva pra esses caminhos..
– Ah, claro. Ontem quem teve a ideia de "Vamos fazer uma pena seguir o Longbottom" fui eu, né? Com certeza..
– Esqueça isso, se perguntarem foi o Crabbe.
– Claro, claro.. Com certeza vão acreditar... Seu loiro sonso.
Draco riu fraco, e então ficaram novamente em silêncio admirando a vista e o ar fresco do exterior de Hogwarts. Até que novamente pensamentos cercaram a cabeça de Black, e ela decidiu novamente puxar assunto.
– Pode me contar sobre você?
– O que?
– Eu conto muito sobre mim. – respondeu ela, ainda olhando para o horizonte – Agora me conta sobre você.
– É melhor não – disse quase em um murmúrio, fazendo o silêncio voltar ao local por alguns longos segundos
– Dra?
– Oi – respondeu, olhando para a dona dos cabelos encaracolados
– Dra? – chamou novamente, como se ignorasse o garoto.
– Oi, Black
E ficaram ali, como se não ouvissem um ao outro. Repetiram o diálogo contínuo por longos segundos, enquanto o rosto de Malfoy levemente se ruborizava de raiva. Obviamente Black estava fazendo aquilo para irritar o garoto, e havia conseguido ótimos resultados: agora Draco bufava indignado.
– Fala logo, Black.
– Eu gosto de te irritar, não percebeu? – admitiu ela, e Draco bufou desacreditado – Agora eu ordeno que me conte sobre você.
– Você é insuportável..
– Você também, princesa. Agora conte logo.
– Bom, minha mãe e seu pai são primos, mas não somos parentes! – falou autoritário, fazendo a garota gargalhar – Sorte sua que não temos o mesmo sobrenome.
– Por que? – questionou confusa
– Porque se não você pegaria toda a minha fama. E vamos concordar, eu sou incrível.
– Grande fama, filho do puxa saco..
– Eu não sou.. – ele discordou calmamente, até perceber o que a garota havia falado – Me chamou de filho do puxa saco?
– Pois é, Malfoy. Andei sabendo dos seus podres.. Filho do maior puxa saco do Ministério, que coisa feia..
– Não sou filho do puxa saco. – discordou raivoso
– É sim. – insistiu, sorrindo.
– Não sou.
– É sim.
– E a Pansy gosta de você.
– Droga, você é muito aleatória. – reclamou o garoto, ouvindo a risada da garota e tentando esconder o sorriso que nascia em seu rosto sempre que aquilo acontecia – Estávamos em uma discussão, respeite isso!
– Você sabia?
– Até o Crabbe e Goyle sabem, e eles nunca sabem de nada.
– E então? – questionou curiosa
– Não quero falar sobre isso. Podemos continuar com aquele papo de "É/Não sou"?
– Tá com vergonha, Malfoy? – perguntou irônica
– Não, só não gosto dela. E também isso não é da sua conta, não se mete.
– Desculpa aí, princesa.
Draco bufou, olhando incrédulo para a garota que sorria ao fitar o céu alaranjado.
– Por que gosta de me irritar? – questionou Malfoy – Nos conhecemos a uma semana e você tenta de todos os jeitos fazer com que eu te odeie.
– Não quero que você me odeie. É que você fica com as orelhas vermelhas quando está com raiva, e eu adoro orelhas.
– E eu tenho medo de você. – ele respondeu gargalhando, fazendo o sorriso da menina se abrir ainda mais.
Faltava poucos minutos para a próxima aula, então desceram de seu lugar de paz e andaram pelo jardim até o interior do castelo.
– Faz a próxima aula comigo – falou autoritário – E não foi uma pergunta
– Você é um loiro insuportável, sabia disso?
O garoto tentou esconder o sorriso novamente, virando o rosto e disfarçando a felicidade que sentia ao lado da mais nova amiga.
• • • • •
Novamente a aula que teriam seria com os primeiranistas da Sonserina e Grifinória. Já estavam ali a alguns minutos, e Severo Snape, professor de Poções, já havia feito uma leve introdução sobre o assunto da aula de hoje. Black pôde perceber que, de certa forma, o professor não gostava muito de crianças, muito menos de pessoas que não fossem de sua casa.
– Sr. Potter, nossa nova celebridade.. – disse o professor, com voz arrastada – Diga-me, o que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?
Harry não soube responder, ao contrário de Hermione que ficou com a mão levantada e foi completamente ignorada pelo homem de cabelos escuros.
– Srta. Granger, se eu quisesse que você me desse a resposta, não teria perguntado à Harry Potter. Menos cinco pontos para a Grifinória.
– Com licença, Professor Snape – Black chamou entre os murmúrios insatisfeitos dos grifinórios. – Sinto informar, mas ela sempre quer ser o centro das atenções, meus sinceros pêsames..
O professor sorriu de lado, assustando quase que toda a sala. Aquilo não era comum.
– E você seria..?
– Black, Jessica Black – respondeu ela
– Vejo que há futuro, Srta. Black. Finalmente alguém que salve essa sala de.. – disse Snape, fazendo uma pausa dramática e olhando feio para Potter – Pessoas desnecessárias para o mundo da magia
O professor se permitiu novamente de olhar para Malfoy e Black, sentados lado a lado, e mostrar um pequeno sorriso.
– Abram na página 394.
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