Eu juro que tentei...mas o professor não entendeu a minha explicação. Eu não tinha culpa, claro, não devia ter tentado resolver as questões enquanto andava, mas tudo isso foi culpa daquele ser ignorante, branquelo e sem noção.
-Me perdoe senhorita, mas você perdeu 30% da nota. Se esforce e não perca os outros 70%.
O professor fazia a típica cara de alguém que tem o poder nas mãos.
E eu a típica cara de alguém que estava parcialmente ferrada.
-M-Mas...
Encarei meu pés. Como eu ia conseguir 70% da nota se eu já considerava aquela listinha vinda do inferno, difícil?
-Você consegue. - Ele disse e bagunçou meus cabelos.
Eu tinha que fazer alguma coisa.
-Professor...meu irmão estava tão doente...eu tive que cuidar dele e ainda correr para comprar remédio antes de vir para a aula...eu...só...preciso de mais uma chance. - Juntei as mãos e lhe lancei o olhar de cachorrinho abandonado.
-Ok, ok...- Ele abriu a pasta e pegou outras duas folhas.- Agradeça por eu ter essas sobrando.
-Obrigada!
Meus olhos brilharam. Acho que nunca fiquei tão feliz em segurar duas listas de exercício.
-Desejo melhoras para o seu irmão. -Ele disse e saiu da sala.
Assisti a próxima aula com o mesmo ânimo da anterior. Ou seja, com a mão no queixo e rabiscando a última folha do caderno, porque eu posso ter vinte anos, mas essa mania me persegue.
-Jin-Hyung ta doente?
Virei o corpo e encarei aquele ser de cabelos pretos.
-Ah, oi. Pensei que era minha consciência me acusando.
-Não, sou eu mesmo, seu futuro namorado. - Ele sorriu e eu revirei os olhos.
-Ok iludido, já para.
-Me diz, é verdade?
-Não cara, meu irmão prodígio está bem, ele deve estar vendo algum corpo dissecado agora.
Voltei a olhar para o quadro mas o garoto parecia insistir.
-Às vezes parece que você não gosta dele.
-Aah Jung Kook, sai. Vai pra sua carteira e finge que eu não existo.
-Aigoo que mau humor.
-Agradeça ao...- Vi ele entrar na sala e quase cai da cadeira. Eu tinha razão quando disse que esse seria um mal dia.
A professora de inglês pediu que ele ficasse na frente da turma e se apresentasse. Mas depois do susto inicial, agora eu não estava mais me importando com ele. Então abaixei a cabeça e tentei ignorar aquele idiota. Que droga! Tanto lugar no mundo pra esse cara se enfiar, e ele brota aqui.
-Olá, meu nome é Min Yoongi, mas prefiro que me chamem de Suga. Espero que tenhamos um bom ano.
Ouvi aquela voz doce e quase vomitei, que cínico, nem parece que é mal educado.
-Como vocês respondem? Em inglês por favor. -Ouvi a voz da professora e tentei sumir na cadeira.- Senhorita Kim, levante o rosto.
Então a turma respondeu e eu apenas o encarei. Mas aquela "doce" professora percebeu minha atitude e quase me fuzilou com aqueles olhos de galinha. Então mesmo contrariada saudei meu novo "colega".
-Hello, Suga.
Ele deu um meio sorriso e procurou uma cadeira. Vi que tinha uma carteira desocupada na minha frente e infelizmente ele estava vindo na direção dela. Intercalei meu olhar entre ele e a cadeira e decidi que seria uma boa garota e daria as boas-vindas.
Então esperei que ele fizesse menção de sentar, e puxei a cadeira. Suga caiu no chão e eu reprimi o riso.
-Ops. - Falei com a mão cobrindo o meu sorriso mais que satisfeito.
-Sua...infantil!
-Achei que não sentaria ai. - Disse calma e organizando meu material.
-C-Como...
-Sorry. -Suspirei e voltei a rabiscar o caderno.
-Indigente.
Ouvi ele dizer enquanto colocava a cadeira no lugar. Não aguentei. Ele nem me conhecia! E agora ele sabia ao menos meu primeiro nome. Qual era a desse cara?
-Da pra parar de me chamar assim?!
Ele virou claramente irritado.
-De quê?! Indigente?
-É!
Percebi que alguns olhares estavam sobre nós, mas nenhum de nós dois se importava.
-Você quer mesmo saber o que você é?! Uma garotinha revoltada que até o final do ano vai estar aos meus pés.
-Colega, não se iluda.
-A sua queda, senhorita Kim, será pior que a minha.
Enquanto eu quase me engasgava de tanto rir, ele apenas voltou a sua posição. Alguns alunos devem achar que somos amigos agora, mas ele me odeia. Pelo menos o sentimento é reciproco. Por fim, observei mais uma vez aqueles cabelos acinzentados e murmurei um "veremos".
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