Não é como se quando se tornasse vampiro você ganhasse um “manual de sobrevivência e história”, sabia quem era Drácula apenas pelo filme de Christopher Lee que assistira uma vez quando criança e claro, depois da noite em Londres, mas aparentemente, ele devia ter ido pro curso intensivo já que se sentia um completo idiota naquela sala. “Quem diabos é Quincey Harker?” se perguntava infinitas vezes, olhando para os outros vampiros da sala que pareciam esperar alguma reação dele, que obviamente não venho. Acabou desistindo, respirou fundo e cumprimentou o Vampiro.
- E eu deveria saber quem você é? – Admitiu, enquanto apertava com força a mão do homem que pouco pareceu sentir.
A sala inteira foi invadida de pequenos risos e gargalhada, James se sentiu no maldito colegial de novo. Era como se ele fosse o esquisito do grupinho dos populares. Boas lembranças definitivamente não traziam. O Homem de cabelos brancos, apenas sorriu com superioridade deixando evidentemente as risadas ecoarem no salão por mais alguns segundos antes de terminarem contidamente.
- Acho que ele não fez a lição de casa, hein? – Gerry apontou pra James com um cigarro na mão, rindo enquanto esperava que os outros voltassem a rir.
Quincey ergueu a mão esquerda, como se pedisse silêncio do restante e então soltou a mão de James, fazendo sinal para o mordomo envelhecido trazer algo para beberem, as risadas cessaram e os vampiros voltaram a cochichar entre si, delicadamente Quincey apontou para uma poltrona azul marinho próxima a lareia, enquanto ele mesmo se sentou na outra. James estava curioso demais para ignorar o convite, e de certa forma, constrangido, se olhou rapidamente no espelho, observando seus olhos vermelhos voltarem a se tornarem verdes esmeralda e se sentou despojadamente sobre a cadeira, enquanto observava o mauricinho se sentar como se fosse um maldito rei.
- Bem, aparentemente você não leu Drácula de Bram Stoker – Quincey disse decepcionado – Então, irei tentar resumir os eventos. – Ele fez uma pausa, respirando fundo – Em meados do inicio de 1890, meu pai, Jonanthan Harker foi incumbido de ir a Transilvânia resolver uma pendência com um senhor rico que desejava comprar terreno em Londres, o terreno então, se chamava Carfax. – Nesse momento o mordomo chegou com duas taças de sangue, nos quais Quincey aguardou James se servir, para em seguida pegar uma taça pra si próprio – Chegando nesse lugar, meu pai conheceu Drácula, um homem que tinha herdado um castelo de seus antepassados, o homem era extremamente gentil e ofereceu abrigo a meu pai durante os dias nos quais os negócios iam ser concluídos, contudo, em uma noite, meu pai cometeu um erro grave, erro o qual iria condenar todos nós.
James ergueu a sobrancelha, estava realmente curioso com o que iria se seguir e Quincey notando isso, fez uma pausa, levando a taça de sangue aos lábios, mas rapidamente prosseguiu.
- Ele mostrou a Drácula uma foto de sua noiva, Mina, nem preciso dizer o quanto a beleza de minha mãe encantou os olhos do monstro né? – Ele disse agora fitando James diretamente – A verdade é que assim que essa foto fora mostrada, ele revelou o ser monstruoso que era a meu pai e para garantir que não retornasse nunca mais aos braços de minha mãe, o trancou no castelo, fazendo-o prisioneiro enquanto ele mesmo decidiu viajar para Londres para toma-la para si.
James virou-se e fitou as labaredas das chamas da lareira que queimavam impiedosamente, fazendo uma dança vulgar perante seus olhos, de alguma forma, aquelas formas lhe lembravam uma mulher.
- Chegando em Londres, o monstro fingiu ser um humano comum e logo arquitetou um encontro com minha mãe, ele finalmente a conhecera, minha doce e bela mãe... – Por um segundo, Quincey pareceu nostálgico – os dois rapidamente viraram amigos, embora o coração de Mina ainda estivesse em dor pelo desaparecimento de meu pai. – Ele virou a face para James, encostando a cabeça na poltrona – Mas claro, um vampiro como o Drácula não conseguiria ficar quieto, não é? Suas mortes monstruosas logo viraram noticia em toda cidade de Londres. Fora ai que o vampiro tomou uma péssima decisão, ele tomou o sangue de Lucy, dama influente da cidade, grande amiga de minha mãe que tinha três pretendentes. – Ele ergueu a mão direita fazendo o sinal numeral com os dedos – Dr. John Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood. O último no qual, ela decidiu noivar. Contudo, a verdade logo fora mostrada, Lucy aparentemente não era intocada – observando que James parecia confuso, ele foi mais direto – ela não era virgem. Não demorou muito para ela ficar doente e pouco a pouco ser transformada em um Ghoul. Desesperados, o Dr. John procurou um grande amigo que estudara a anos os sintomas de Lucy e do resto das vitimas recentes de Londres, Dr. Abraham Van Hellsing. – Vendo James erguer a sobrancelha, surpreso, Quincey sorriu – Contudo, Lucy sucumbiu e acabou tendo de ser morta. Claro, o resto da história já sabe né? Meu pai escapa do castelo, retorna, e ele, junto com Van Hellsing, Seward, Arthur e Quincey decidem caçar a matar o Monstro. O que felizmente conseguem, não antes de que minha mãe tenha infelizmente sido mordida por ele antes.
O Vampiro novamente fez uma pausa, seus olhos vermelhos se tornaram mais amarelados, ou era reflexo das chamas da lareira? James não sabia dizer, mas era evidente que havia algum ódio em seus olhos fixos – Por fim... Drácula é derrotado por Van Hellsing, e depois seu corpo é levado para sua mansão aqui em Londres, que logo se tornaria o que hoje é chamado de lar pela Senhorita Integra Fairbrook Wingates Hellsing. Sua suposta morte, livrou minha mãe de ser sua vampira... Mas custou a vida de Quincey Morris, que Drácula assassinou durante a árdua batalha final. – Ele sorriu e virou o rosto novamente para James – Daí meu nome, é uma homenagem dada aos meus pais para Quincey Morris.
O vampiro se levantou, agora depositando a taça vazia sobre a lareira, colocando ambas mãos nos bolsos de sua calça social cinza, ergueu o olhar, e fitou no quadro acima da mesma, foi só quando James notara que ali estavam eles: Mina e Jonathan Harker, aquela casa eram deles. O Homem, provavelmente Jonathan, tinha cabelos castanhos, com um chapéu de aba larga e um casaco que lhe cobria todo o corpo, ao lado, uma mulher delicada de estatura baixa, cabelos e franjas loiras, um olhar extremamente puro de azul. Era difícil ignorara a semelhança com Seras. Contudo, seus pensamentos foram interrompidos com as palavras de Quincey.
- O Corpo de minha mãe desapareceu há décadas atrás, fora roubada dessa mesma casa, depois eu descobri que foi pego pelos nazistas... Entenda, minha mãe NÃO ERA uma vampira, mas ele bebeu seu sangue e ela bebeu o dele, finalizando instantaneamente o ritual, contudo, ao selar e derrotar Alucard, Van Hellsing conseguiu impedir sua transformação, mas o sangue do monstro corriam pelas veias de minha mãe... – James notou que ele fechou os punhos por dentro dos bolsos - os nazistas então usaram o corpo dela para começar a testar a possibilidade de fazer Vampiros sintéticos, e assim surgiu... A Millenium.
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