História Hellsing - Caminho para a Eternidade 2 - Acerto de contas

Quando Elizabeth finalmente abriu a porta do quarto de casal, a primeira coisa que sentiu foram as lembranças fortes como socos em seu estômago, sim, fora naquele lugar que ela e Drácula se amaram por tantas noites, por tantos anos, por décadas... Talvez aqueles tivessem sido os dias mais felizes de toda sua maldita vida, desde que nascera e fora condenada a casar com um conde velho e estuprador, que além de abusar dela, ainda a agredia todas as noites e a traia com todas empregadas do seu castelo, quando finalmente se tornou vampira e viu a chance de se vingar dele, não só o esfolou vivo como passou a matar todas suas empregadas e a se banhar no sangue delas, no começo o que fora apenas uma retaliação pessoal virou prazer, um hobby e com seu gosto por sangue cada vez mais refinado passou a caçar jovens donzelas da região também, a vampira suspirou enquanto entrava no suntuoso dormitório do Rei dos vampiros, as paredes de pedra, o candelabro de Crystal envelhecido, o guarda roupa ornamentado, a lareira de mármore branco, as duas poltronas, a vampira se viu ali no passado, sentada enquanto lia seus livros favoritos, na maioria das vezes, presentes de Drácula para si.
Ela direcionou o olhar para cama, as memórias dali eram mais cruéis do que todo o resto, a madeira escura, refinada, toda lapidada com figuras de dragões, cavaleiros e rosas, ela puxou a corda para as cortinas se abrirem, revelando a cabeceira com um enorme símbolo da Ordem do Dragão, encima da cama que tanto amor e prazer dividiu com Drácula estava Seras Victoria, adormecida profundamente exatamente do modo que ela ouvira Alucard e Frankenstein dizer há alguns meses atrás, estava com diversas parafernálias médicas nela e em sua barriga, atrelado a um monitor de sinais vitais que fazia um barulho irritante a cada batida de coração que aquela mulher dava.
Repentinamente um tiro ressoou em seus ouvidos, atingindo seu ombro direito e fazendo seu corpo pender encima do de Seras, movimento aparado rapidamente por Elizabeth, que se apoiou no colchão.
- O que caralho tá fazendo aqui? – A voz masculina de Maximilliam reverberou enquanto Elizabeth pôde virar o rosto e perceber que o Doutor estava parado de frente a porta, com uma pistola apontada para ela.
- Você realmente atira mal, Frankenstein – Ela comentou enquanto se erguia e ficava em pé, encarando com os olhos tintos – Desculpa, estou sem tempo para bater papo com você – com um movimento rápido que só sua velocidade vampírica a permitia retirou a adaga esquerda da coxa e enfiou na lateral do estomago do Maximilliam que caiu pro lado feito um saco de batatas, batendo o corpo na parede enquanto as mãos tremulas deixaram a arma cair no chão.
A Vampira pisou no cano com sua bota Versace e chutou a pistola para longe do médico ensanguentado patético que agora caia no chão. Ela sutilmente se aproximou dele, agachando e retirando a adaga de seu estômago ouvindo seu grito alto enquanto ele usava as mãos num movimento desesperado de manter o sangue dentro de si.
- Lamento, eu realmente preciso disso daqui – comentou enquanto erguia a peça reluzente com o sangue do médico na frente dele, sensualmente levou a lâmina a boca, enxarcando a língua com o fluido vital do médico, em seguida revirou os olhos enquanto passava a língua nas presas – Se eu soubesse que você era delicioso assim teria brincado com você há muito tempo atrás – Comentou de forma maliciosa enquanto se levantava e olhava para trás, para Seras.
- Você... Vai... Morrer... Se... – Maximilian parou para tossir sangue – Encostar nela.
A Vampira ergueu a sobrancelha fina enquanto encarava o humano com desprezo, em seguida deu um chute na ferida que tinha acabado de abrir na lateral do seu estomago, fazendo o humano berrar de dor, os óculos grossos trincados escorregaram pela sua face, caindo sob suas coxas, repentinamente a cabeça caiu pro lado, evidenciando que o médico tinha desfalecido.
- Agora somos apenas eu e você – Ela disse enquanto encarava Seras Victoria adormecida, a vampira observou o ventre elevado e redondo, não resistiu e passou a mão, ela sabia há meses da gravidez de Seras, mas estar ali perante ela e aquela barriga avantajada era um choque de realidade que ela não estava pronta para suportar, aquela maldita serva de Alucard conseguiu, ela deu a ele tudo que queria – Um verdadeiro milagre... Ou maldição – Ela sussurrou enquanto se deitava do lado de Seras na cama, passando a ponta da adaga suavemente sob seu corpo – Desculpa garota, não é nada genuinamente pessoal, eu apenas preciso tirar absolutamente tudo dele, eu preciso retirar o coração dele perante seus olhos para ele sentir como é a sensação... Entende? – Ela riu alto – Se não entende, eu te farei compreender como é.

John continuava avançando na batalha com sucesso, principalmente agora que podia ver de camarote Alucard tão próximo dele, não imaginava que teria tamanha experiência em sua condenada vida vampírica, mas ali estava, o maior vampiro da história atirando, decapitando, devorando os inimigos a rodo, como uma onda de morte e sangue, ele riu com os lábios grossos e os pressionou um contra o outro sentindo o sangue de algum dos vampiros que matara recentemente anima-lo novamente, ele puxou o cartucho da Ak-47 e rapidamente acoplou uma nova, ele com certeza garantia que estava trazendo um enorme estoque de balas para aquela guerra, ele apontou para mais um monte de vampiros amontoados e atirou precisamente na cabeça de mais de dez naqueles segundos, sabia que em suas costas, Ashley estava o protegendo enquanto ele avançava, que grande babaquice era aquela guerra, ele pensou enquanto os olhos grandes vermelhos passearam pelo enorme campo de batalha, aonde centenas de vampiros estavam com os cadáveres amontoados, como eles eram burros de fazerem uma rebelião pessoal contra o próprio Drácula, com certeza estavam cegos de vinganças pelo tal de Quin... Quirino... Ah, foda-se, o idiota que era líder do clã do Reino Unido, grande bosta que Alucard o matou, com certeza o Rei teve seus motivos para elimina-lo, mas o que esperar dos ingleses não é? O Americano pensou de forma preconceituosa enquanto avançava rapidamente, aqueles desgraçados não entendia como funcionava o mundo, se apegando a títulos e a um conceito de “honra” completamente ultrapassado, e ali estavam mais de dez mil soldados morrendo como baratas, apesar disso, ele precisava admitir que tiveram boas perdas do seu lado da balança também, ao menos pelos corpos que ele avistara no caminho, muito dos soldados nos quais ele conviveu no campo de treinamento por todos esses meses estavam mortos, os vampiros almofadinhas tinham um preparo excelente para a guerra, provavelmente porque a maioria ali tinha facilmente mais de duzentos anos de vida, um bando de velhos, John constatou enquanto retirava outro pente de balas do coldre para engatar, seria quase uma missão divina dele limpar o mundo daquele decrépitos enquanto deixava os vampiros mais novos dominarem o mundo novamente. Falando em velhos... John usou sua habilidade vampírica para percorrer o campo de batalha o melhor que pôde, mas não conseguiu localizar quem queria, o vampiro estreitou a testa por detrás dos óculos ray-ban escuros e gritou:
- Ashley! Ashley! – Observando sua amante virar o rosto para trás, focando-se nele, prosseguiu – você viu o comandante dessa porra?
A bela vampira morena estreitou a sobrancelhas também e logo virou o rosto para diversos lados da floresta.
- Não! – Ela berrou enquanto os gritos, tiros e bombas abafavam o som da conversa de ambos – Aonde está Park?
- Pois é caralho! – Ele respondeu surpreso enquanto disparava no queixo de uma criança vampírica filha da puta que tentou pular sobre a jugular dele.
Por detrás dos óculos escuros, John se focou em Alucard que estava há mais de cem metros de distância do casal, a altura descomunal, o sorriso insano e largo reluzia enquanto ele avançava freneticamente em batalha, abatendo os vampiros inimigos sem nem terem tempo de sequer revidarem, a capa vermelha parecia ter vida própria enquanto ele se movia, o olhar tinto era de uma fera predatória na sua forma mais pura e genuína, o vampiro por um minuto questionou profundamente sua heterossexualidade, Alucard era extraordinário. John sorriu, seria essa a oportunidade que esperava para falar com ele, questionar sobre o paradeiro de Park? Claro, fazia sentido considerando que o coreano era o comandante designado por Alucard naquela batalha. Ele riu com o plano ingênuo e se virou para Ashley que cortava a barriga de um vampiro com farda militar.
- Eu vou lá perguntar ao Rei, mantenha posição!!
Não esperou uma resposta ou concordância da mulher, e correu com sua super velocidade, enquanto usava a Ak para derrubar os idiotas que ficavam em seu caminho, podia não ser um vampiro de duzentos anos, mas era um vampiro que aprendeu a refinar suas habilidades desde de sua transformação, ao contrário da maioria dos idiotas transformados que só ficavam transando e jogando vídeo-game. Ele sorriu quando avistou Alucard há poucos metros dele, era aquilo, a chance de ouro de se aproximar do ídolo, do próprio Hades, Deus do Submundo.
Repentinamente ele teve a perna puxada pra trás com força, e sentiu seu corpo todo cair em direção ao chão, rapidamente o vampiro apoiou-se segurando-se com ambas mãos na terra úmida de sangue, e olhou para trás para ver quem fora o desgraçado que fizera aquilo sem ele notar, mas não havia ninguém atrás dele, muito pelo contrário, um a um, todos em campo pareciam estar no chão, absolutamente todos, ele conseguiu visualizar Ashley ao longe que se encontrava na mesma situação, sendo puxados por essa força que o vampiro desconhecia a origem, foi quando com dificuldade ele voltou a encarar sua frente e percebeu, que em todo aquele campo de batalha aonde todos estavam caídos no chão, o único em pé era... Alucard.