História Hellsing - Caminho para a Eternidade 2 - Ressureição

Quando o vampiro transpassou a última barreira que o separava do que tanto havia procurado nas últimas horas, ele suspirou enquanto com um movimento de estalo das mãos ágeis a porta pesada do navio se fechava atrás de si, deixando para trás um galpão com centenas de vampiros empalados e o velho Fritz cortado no meio. Seus sentidos não falhavam, Alucard pensou enquanto observava o cômodo pequeno em que estava, o que parecia ser usado mais como um deposito do que para o fim em que claramente fora adaptada, no centro do cômodo pequeno estava uma maca em pé, pelo cheiro de pele queimada estava claro que a peça era toda feita de prata, e não de alumínio como estava acostumado, um cadáver estava amarrado por correntes grossas de prata com espinhos enfiadas em todo seu corpo, algumas estava na cintura, outras nas pernas, pescoço, ombros, braços e pulsos, o corpo extremamente esquelético e pálido estava com a cabeça em direção ao chão, o cheiro de podridão era tão forte que fez Alucard se questionar se teria valido a pena toda aquela jornada.
Os olhos vermelhos observaram calmamente os itens de tortura jogados em diversas direções, havia de tudo lá, até peças que o vampiro infelizmente não sabia o uso, o que o decepcionava visto que se considerava um expert no assunto.
- Vocês sempre se superam afinal, não é? – Alucard falou em voz alta, pensando na capacidade humana de sempre inventar novas formas de causar dor e sofrimento a alguém.
Ele parou em frente ao cadáver, observando com os olhos estreitos, o sangue seco que escorreu de todos os cortes, furos, facadas e extrações daquele corpo deixavam Alucard um pouco deprimido, se ele tivesse percebido antes...
Instantaneamente o vampiro puxou as correntes de prata com espinhos do corpo da vítima, procurando fazer aquilo com a maior rapidez que sua condição vampírica permitia para evitar mais dor ou pior, que parte da carne saísse junto, o corpo magro e nú do homem caiu em direção a Alucard, cedendo a gravidade, sendo aparado pelos braços do vampiro, ele deu um passo para trás enquanto permitia dar mais espaço para o corpo vir junto a ele, com facilidade, Alucard segurou com apenas um braço o corpo do homem semimorto enquanto que com o braço direito, levava o pulso a própria boca, mordendo a região para o seu sangue fluir. Mais uma vez moveu o corpo, agora virando o cadáver para cima, com a cabeça pendendo para trás, o vampiro entortou a boca fazendo uma careta enquanto observava a face do homem que aprendera a respeitar, os cabelos estavam cortados rente a cabeça com diversos pequenos cortes na testa feita provavelmente pela tesoura, fora aquela forma que aqueles vampiros bastardos quiseram humilha-lo? Por um segundo Alucard questionou que talvez o empalamento tivesse sido uma punição leve demais para aqueles desgraçados lá atrás.
Evitando pensar em arrependimentos, o vampiro levou rapidamente o pulso na boca seca da vítima, enquanto sentia seu sangue se esvair de si e entrar em contato com aquele cadáver, numa tentativa de reanima-lo, claro, ele sabia que aquilo seria capaz, ainda havia algum tipo de “vida” ali dentro, até porque sabia que Fritz e seus soldados não iriam encara-lo para impedirem de chegar em alguém que já estivesse “realmente” morto. Ao menos, era o que ele esperava.
Não se sabe exatamente quanto tempo Alucard ficou ali, segurando aquele cadáver no braço esquerdo enquanto o alimentava com seu próprio sangue, a certo momento o vampiro notara como pouco a pouco o corpo esquelético começava a inchar, as veias finas a pulsarem, e as diversas feridas a cicatrizarem lentamente, repentinamente olhos da cor de gelo se abriram e fixaram em Alucard, os braços finos rapidamente se ergueram indo em direção ao pescoço grosso do vampiro que o salvara, enquanto os olhos evidenciavam todo o ódio que Alucard sabia que merecia.
- Você... Matou... Meu... Clã... - Ele falou lentamente com a voz tão rouca que ninguém reconheceria que pertencia a ele.
Alucard suspirou aliviado por vê-lo sã, enquanto sentia os dedos finos tentarem numa tentativa triste sufoca-lo, ele tirou o pulso dos lábios dele e retirou as mãos finas em volta de si, como se estivesse poupando-lhe de mais uma humilhação.
- Sim – Ele falou suavemente, vendo os olhos azuis claros do homem se tornarem brancos ameaçadores – Mas seu orgulho precisará permitir que eu o salve por hora e assim, quando desejar – disse enquanto segurava as duas mãos no rosto esquelético – Eu estarei pronto para sua vingança, Park Young.