— Stenio? — Helô procura pelo amado.
— Aqui fora, amor.
— Ei... estava te procurando. — Fala ao encontrá-lo sentado em uma das poltronas da varanda.
— Abri um vinho. — O advogado ergue a taça.
— Abriu o vinho e está aí sozinho?
— Você sumiu, amor.
— Estava conversando com a Drica.
— Conversando o quê?
— Coisa de mulher. — A delegada diz sorrindo, caminhando até ele e sentando em seu colo, sem cerimônia, sem pedir licença.
— Estou sem sono.
— Também estou, Stenio. Dormimos a tarde inteira. — Ela diz, depositando um beijo no rosto do amado.
— Helô, estamos nos tornando velhos rabugentos que dormem durante o dia.
— Meu filho, essa quarentena tá me deixando muito preguiçosa.
— Até parece, doutora. Você trabalha direto. E hoje a tarde só ficou de folga por conta da sua dor de cabeça.
— Falando em trabalho. Tenho uma novidade para contar, meu queridinho.
— Não me diga que vai voltar para Brasília.
— Não! Eles aceitaram meu pedido de afastamento da investigação.
— Como assim, Helô?
— Ah Stenio, não consigo ser quem eles querem. Investigar só até onde eles querem, você me entende? É algo grande demais, mas ao mesmo tempo um jogo de cartas marcadas.
— Achei que na polícia federal não tivesse isso.
— Tu sabe que existe esse tipo de coisa em qualquer lugar, Stenio.
— Eu sei. — Ele confessa — O lado bom é que continuaremos entendiados e trancados nessa casa, isso me deixa feliz.
— Feliz?
— Entendiado, mas feliz. Estou sempre feliz quando tenho você por perto.
— Tu exxtá romântico demais. Aí tem coisa.
— Ah Helô. Estava demorando para você me acusar de forma injusta.
— Uhm! Preparada para o tédio? É o que nos resta para os próximos dias.
— Não tem tédio nenhum, meu filho. Olha o tanto de coisa que estamos fazendo o dia todo. Inclusive, amanhã tu precisa limpar o jardim.
— Helô, você me escraviza demais.
— Tu é mole, isso sim. Se não fico no pé, passa o dia naquela rede ali.
— Só ficaria o dia inteiro na rede se você ficasse comigo.
— Aham, aham.
— Amor, mudando de assunto... estava pensando que talvez o dono do cachorro não apareça.
— Esse tempo todo e até agora nada. Acho difícil que esse dono apareça — Helô afirma, tomando um gole do vinho depois de pegar a taça das mãos do marido.
— Que tal darmos um nome para o bichinho?
— Que mané nome, Stenio? Se o dono não aparecer, precisamos decidir a vida desse bicho. Eu realmente não estou ME reconhecendo. Em outras épocas já teria entregue essa animal para a carrocinha levar. Preciso trazer de volta a antiga Heloísa.
— Ele é a alegria das crianças, Helô. Não podemos entregar ara a carrocinha.
— Ah Stenio, não quero falar desse bicho não. — De repente ela fica manhosa, mudando o tom de voz.
— Quer falar sobre o quê?
— Quem disse que quero falar, meu querido? — Pergunta, pairando os lábios sobre os dele.
O cheiro e gosto de vinho se mistura ao sabor das bocas quando eles trocam um beijo lento, demorado.
— Saudade, sabia? — Helô cochicha, insinuando-se.
— Saudade de mim, amor? Estou aqui, o tempo todo. — Ele parece não entender do que ela estava falando.
— Stenio? — Helô o encara, sem acreditar.
— O que foi, amor?
— Sério que tu não entendeu de que saudade estou falando? Sério, Stenio?
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