- Bárbara eu...- parecia nervoso e tentava buscar palavras que pudesse apaziguar o que ele havia acabado de revelar.
Me virei diante dela, minha vó, como ela pôde me esconder algo tão importante?
- Eu não esperava isso de você, Miguel, muito menos de você, vovó. - digo com os olhos cheios de lágrimas.
- Íamos te contar...- ela disse.
Ri sem humor.
-Sério?Pois não era o que parecia.
Miguel, aquele homem que eu jurei amar eternamente no altar, estava ali, diante de mim e de cabeça baixa.
- Bárbara, não culpe sua vó, eu sou o culpado, eu pedi a ela que guardasse esse segredo... eu sabia que sua reação não seria diferente desta e....- se aproximou e pegou em minhas mãos, afastei- me de seu toque, eu sentia nojo. - Eu te amo Bárbara, sei que sou culpado de ter lhe escondido seu passado, eu não deveria ter feito isso mas...- vi lágrimas em seus olhos verdes, mas eu não iria vacilar, não. - Eu sabia que você nunca me perdoaria, eu senti medo, medo de te perder.
- Você já me perdeu. - olhei para Aurora que se mantinha chocada com a situação e falei.- Vem, vamos embora daqui.
Passamos pela sala e a cada passo que eu dava parecia que o mundo estava desmorando em cima de mim.
Aurora me abraçou de lado e enxugou minhas lágrimas.
- Me leva pra casa, para a minha verdadeira casa. - falei entre soluços. Ela assentiu e entramos no carro seguindo trajeto.
Sentei no sofá, agradeci a Aurora pelo copo d'água e beberiquei o mesmo devagar, ela sentou ao meu lado e ficamos em silêncio, não havia mesmo o que dizer diante dessa situação.
Levantei e fui tomar um banho, isso ajudaria, tirei minha roupa e pus no cesto e entrei embaixo do chuveiro, a água fria parecia ter o poder de lavar todas as minhas mágoas agora.
Me sequei e vesti um moletom e um shortinho, o dia que estava ameno pela parte da tarde agora a noite parecia ter se rebelado.
Escutei batidinhas na porta e pedi pra entrar.
- Quer descansar ou assistir um filme? Poderíamos pedir uma pizza.
Olhei no relógio da cômoda. 19 pm
- Vamos assistir um filme.
Colocamos uma comédia, Aurora fazia o possivel para me alegrar diante daquilo mas sem muito sucesso. Minha mente vagava há anls atrás, naquele acidente, se o pai do Miguel não estivesse feito o que fez qual seria o meu futuro? Eu estaria casada com Miguel da mesma forma?
Me levantei e pedi desculpas a Rora, não conseguia me concentrar em nada naquele momento, fui para o meu quarto e me deitei, não demorou muito para eu cair no sono.
[...]
- Bom dia Maria. - digo ao entrar na cozinha dando um susto na senhorinha que cozinhava.
- Menina...- pôs as mãos sob o peito que subia e descia de forma rápida. - Que susto.
Por um momento deixei escapar um riso.
- Acho que já sabe da briga que eu tive com Miguel...- digo.
- Percebi, ele chegou em casa tarde, estava bêbado e só falava da senhora.
Abaixei minha cabeça diante do comentário, não era fácil para mim, eu ainda o amava, e não sei se vou ser capaz de amar outro como o amo.
- É...quero sua ajuda para ajudar a fazer as malas.
- Malas? - perguntou surpresa.
- Sim, vou embora hoje dessa casa.- falei e ela assentiu triste.
Subimos as longas escadarias, entrei naquele quarto que nesses meses foi nosso , nosso cantinho, o seu cheiro ainda estava ali, empregnado.
Eu sabia que ele iria cedo para a empresa, por isso tratei de vir logo, para evitar encontros, não aguentaria olhar para ele , seria como uma despedida.
Peguei duas malas grandes, mesmo assim não daria de levar tudo, mas pelo menos levaria as peças que eu mais tinha apresso. Maria ia dobrando e colocando em uma enquanto eu fazia o mesmo com a outra.
- Oh meu Deus, nessa correria toda acabei esquecendo de Nymeria, onde ela está? - perguntei.
- Está em sua casinha no quintal, já a alimentei e dei banho.
Assenti.
Com as malas já prontas, desci e peguei uma coleira, fui para o quintal, as roseiras estavam ali, lindas e formosas, passei brevemente por elas inalando seu cheiro maravilhoso.
Caminhei até a casinha e a chamei.
- Nymeria.
Ela estava deitada, ao me ver correu e começou a pular em mim.
- Calminha garota.- ri. - vamos embora. - ela parou e me olhou, até parecia que entendia o que eu havia acabado de falar.
Pov's Miguel On
A ressaca havia me abatido com tudo, meus olhos não focavam na papelhada sob a mesa, ontem, depois da descoberta da minha esposa, fui para o bar. Sim, eu sou um fraco que usa a bebida como consolo e cá estou eu com uma dor de cabeça dos infernos.
- Miguel!- William entra dizendo.
-Fale mais baixo.- massagei as têmporas.
- Cara ce ta mal...andou bebendo não foi? Eu te conheço, sei que sim, mas qual é o motivo da vez?
- Briguei com Bárbara, e acho que dessa vez não tem reconciliação. - O queixo de Willy caiu.
- Cara como assim? O que você fez?
- Não foi o que eu fiz, sim o que meu pai fez.
- Lorenzo? - perguntou curioso.
- É uma história complicada, estou há dias tentando desvendar um caso, descobri que o pai de Bárbara foi um dos fundadores daqui junto com o meu pai, mas a história não para por aí. Ocorreu um acidente, nesse acidente morreu os pais da minha esposa, documentos antigos, fraudados me mostraram que meu pai estava aplicando um golpe contra contra o seu sócio, ele descobriu e quis retirar o capital da empresa, então o Lorenzo pagou para que o carro fosse forjado.
- Então quer dizer que...- Willy começou a falar.
- Meu pai matou o pai da minha esposa .
William levantou da cadeira assustado.
- Meu Deus, eu não esperava por isso...
- Agora você pode ter uma noção... Bárbara acabou descobrindo tudo e não foi da melhor forma.- digo suspirando.
- Mesmo sendo difícil, dê um tempo a ela , para pensar.
- Eu já sei qual será a decisão dela.- falo triste, era quase impossível ela me perdoar por eu esconder algo tão importante sobre seu passado.
- Não se precipite meu amigo, o amor tudo supera. - disse William e logo sai da sala me deixando com meus pensamentos.
Pov's Miguel off
Pov's Aurora on
- Sabe Lupe, acho que depois disso tudo com certeza Babi vai querer viajar para espairecer, eu a conheço e sei que ela aqui está se sentindo sufocada. - digo penteando seus cabelos loiros.
- Me preocupo com Bárbara, sei de seu temperamento forte, e sei também o quanto Mercedes sofreu para encontrar a neta perdida. - suspira.- Temo que Bárbara não perdoe minha amiga e ela acabe cometendo algo pior.
- Não vamos pensar no pior, Lupe. Não acho que Babi seja capaz de dar as costas para a avó, ainda mais agora que ela a encontrou. Conheço ela, sei que odeio que esconda algo dela, mas é questão de conversar. - digo.
- Se Bárbara quiser viajar, para esquecer um pouco dos problemas, vá com ela, não pense em nenhum momento em negar. - Quando viu que eu ia dizer algo me cortou. - Eu estou bem, meus empregados podem cuidar de mim por um tempo. - sorriu.
- Tudo bem. - respondo me rendendo.
Pov's Aurora off
Um dia depois....
Última chamada para o voo 678 rumo a Nova Iorque.
- Tem certeza que quer ir comigo? Você não é obrigada. - falo com Aurora.
- Claro que quero, Babi, vai ser bom temos um momento só nosso, e Lupe me liberou também.
- Realmente não sei o que faria sem você na minha vida, você é a melhor amiga que alguém poderia ter. - falo e abraço.
- Agora vamos que Nova Iorque nos espera. - Rimos.
Sentei na poltrona e suspirei.
- Vida nova apartir de hoje. - digo para mim mesma motivada.
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