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História Herdeira da Luz e da Escuridão - Ano Novo - Apenas a verdade


Escrita por: Hera_Bitch

Notas do Autor


Olá meus amores!
Finalmente criando vergonha na cara e voltando para vocês com HdLedE ❤
Vocês não tem ideia do quanto senti falta de estar aqui e estar escrevendo ❤❤
Para quem quiser tirar um tempo e saber o que aconteceu nesse meu sumiço de quase 6 meses, continue lendo essa nada pequena nota, se não, sigam direto ao capítulo já que não interfere em nada kkkk


Na publicação do capítulo anterior, tinha dito que estava na correria com a faculdade e o nascimento da minha sobrinha. Mas pouco depois daquilo, a única avó com quem tinha contato sofreu um infarto, foi reanimada e levada ao hospital. Isso por si só foi um choque e tanto para mim, como para a família. Ela permaneceu em coma e respirando apenas por aparelhos, e o prognóstico do médico era claro: ela não tinha chance de recuperação porque a condição dela era frágil demais. Mas sabemos que, em momentos assim, tentamos nos agarrar a esperança e estava torcendo para que ela melhorasse – o que não aconteceu. Quase um mês depois ela veio a óbito. E foi horrível acordar naquele dia apenas para ouvir essa notícia. Aquilo me deixou muito, mas muito mal mesmo (porque eu não tenho muita proximidade com as pessoas da minha família, com a ressalva de uns 5-6, incluindo essa minha avó, éramos muito próximas).
Então podem imaginar que precisei de tempo para lidar com o luto e tudo que estava sentindo, agregado a pressão da faculdade que continuava a ter aulas, trabalhos e as provas finais (haja mente e equilíbrio pra não jogar tudo fora e largar de mão para me reestruturar).
Mas talvez como uma piada de mal gosto do universo ou apenas o acaso, o segundo soco no estômago veio quando recebemos a notícia de que minha prima (inclusa naquele grupo que eu tinha proximidade) foi assassinada. É, parece até coisa de fanfic. Até mesmo agora enquanto escrevo isso estou soltando um suspiro amargo relembrando.
Aquilo foi a gota final.
Sou alguém que é tolerante, com um emocional bem estruturado e que tem uma paciência que nem mesmo um Shisui da vida pode tirar do sério, mas eu fiquei sobrecarregada com o acúmulo de todos esses eventos: a morte de duas pessoas próximas e importante pra mim, brigas dentro de casa por herança – porque, é claro, não poderia faltar um clássico clichê de fanfic acontecer na vida real –, todas as coisas que num momento comum já me cobrariam resistência mental na faculdade...
Então eu precisei parar.
Fiz o possível para afastar essas duas mortes dos meus pensamentos, mergulhei no que precisava de atenção na faculdade para terminar o mais rápido possível – para que só depois pudesse me deixar desabar e sentir toda a tristeza que estava acumulada.
Não escrevi porque, como sabem, estamos num momento extremamente fofo e agradável, e escrever com o que estava a sentir naquele momento nunca daria certo. Então tomei meu tempo, não postei nada para avisá-los porque não tinha condições psicológicas para revirar esse assunto no momento, e me reorganizei nos últimos meses.
Esse semestre na faculdade também será corrido já que estou com 7 cadeiras em andamento e agora estamos passando por todo esse perrengue graças ao Corona. Continuo tendo aulas online, por vídeo, e sou obrigada a vê-lo ao invés de estudar por conta própria porque assisti-los é o que garante minha presença nas disciplinas.
Entretanto, com o coração mais leve e a mente na devida ordem, pude tirar um tempo para reler os últimos capítulos de HdLedE e retomar o 'sentimento' para concluir esse importante arco de Ano Novo.


Peço desculpas mais uma vez pela ausência, mas espero que entendam que não foi algo no meu controle e fiz isso para que a qualidade e sentimentos transmitidos pela e na minha escrita fossem aquilo que vocês merecem ❤
Obrigada pelos comentários e mensagens de todos, de verdade!
Pretendo tentar manter uma agenda de postagem semanal, vindo sempre no domingo perto do meio-dia para postar os capítulos novos.

Agora sem segurar aqueles que leram essa bíblia, vamos ir a algo realmente alegre kkkkk

Capítulo 144 - Ano Novo - Apenas a verdade


Fanfic / Fanfiction Herdeira da Luz e da Escuridão - Ano Novo - Apenas a verdade

“O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar.”

– Clarice Lispector

 

POV Narradora

Como auxiliara Minato com as organizações das atividades para o Ano Novo, Amaya tinha certo conhecimento sobre cada uma das lojas que estariam com as portas abertas para aquela noite.

Dessa forma, quando Kakashi perguntara se havia algum lugar que ela queria ir, não fora exatamente um exclusivamente de seu favoritismo, mas igualmente do Hatake por trabalharem com seu prato predileto, e também para compensá-lo.

Estamos desde mais cedo indo sempre onde eu sugiro, ela ponderou quando os dois se acomodaram diante um do outro numa das mesas do restaurante, então quero que o Kakashi se sinta à vontade também, ainda mais porque acabei arrastando-o para cá hoje...

– Não faltam doces nesse lugar... – O platinado comentara de repente com o cardápio em mãos, atraindo o olhar da Uzumaki para si, fazendo-a rir fraco.

– Sim, mas também tem algo que você vai gostar – Ela falou e estendeu sua mão por cima do papel que ele segurava, indicando mais ao fim do cardápio saury grelhado.

A expressão do Hatake que ainda se mostrava minimamente tensa cedera e deu lugar a sua tranquilidade habitual, fazendo a ruiva sorrir fraco por saber que ele tinha gostado.

Depois que ambos escolheram o que iriam querer, uma das atendentes do estabelecimento foi de encontro à mesa da Uzumaki e do Hatake. E assim como estava a ocorrer até então com a Amaya, naquele momento Kakashi passara a ser o alvo da atenção da jovem que os atendia.

A atenção da atendente era quase que completamente voltada ao platinado, mantendo-se mínima a ruiva consigo ali. E quando a jovem retornara a mesa deles com os pedidos, a focalização sobre o Hatake se intensificara com ela agindo como uma “fã” dele e comentando seus feitos mesmo sendo jovem.

E embora, inicialmente, Amaya tivesse relevado o comportamento da atendente para com o Hatake, naquele momento, internamente ela se sentia inquieta e – muito – incomodada.

Ciúmes

Porém, como já fora dito, ciúmes é algo extremamente delicado, já que o oposto também é válido, podendo fazer o indivíduo que lhe causara ciúmes passar pelo mesmo que você. Ciúme é como os dois lados de uma moeda afinal...

Não era a primeira vez que a Uzumaki sabia que alguém agia como admiradora do platinado e tentava ter sua atenção, no entanto, era a primeira vez que testemunhava de perto – e com um agrego único consciente de sua parte: Estar sentindo ciúmes dele.

Sim, a ruiva tinha plena ciência do tipo de sentimento que a assolava. Ter lido tantos livros sobre amor havia ajudado, mas também a consciência de seus próprios sentimentos para com o Hatake era a razão. Era como se a realidade, de certa forma, estivesse a lhe ensinar uma lição prática naquele instante.

Seus olhos deixaram a cena que se desenrolava ali e o esverdeado olhar se voltara ao anel que Kurenai lhe dera de presente. A cor da pedra, que praticamente sempre era azul escuro, sinalizando sua calma, no momento estava começando a escurecer gradualmente – um reflexo perfeito de seu estado interno.

Acho que agora eu entendo melhor o que a Kurenai quis dizer quando me explicou sobre o ciúme..., a ruiva ponderara consigo. É um sentimento ruim, mas não posso fazer nada contra por ser com algo... Não, alguém que eu não controlo ou possuo qualquer relação que permita tal egoísmo pessoal.

E como a ruiva se encontrava incomodada com a situação, para Kakashi não era tão diferente – embora no seu caso, isso fosse da aproximação, claramente, forçada da atendente para consigo.

Talvez, se fosse qualquer outra pessoa a estar o acompanhando, ele já tivesse respondido grosseiramente pela insistência da jovem, afinal, ele não gostava ou tinha qualquer vontade de se mostrar sociável ou amigável com alguém que nem mesmo conhecia. Entretanto, como estava com a Amaya, a história era diferente...

Até ele a olhar.

O olhar verde voltado para o anel em sua mão, não realmente o olhando, mas claramente a divagar algo consigo mesma, em total silêncio. Logo a sua frente, porém, parecendo tão distante. E imediatamente o arrependimento o assolou.

Ele havia se sentido incomodado antes quando Renji e a Uzumaki estavam a conversar, no entanto, em momento algum a ruiva deixou de lhe dar atenção e – quase como que literalmente – o estar puxando sempre para o que fazia.

Ele havia se incomodado, mas ali estava, sem ter se dado conta até então, de que fazia – não intencionalmente – o que tinha repudiado.

E assim como notara isso, o Hatake percebera como aquela situação toda lembrava um dos trechos que ele havia lido de Icha Icha. Uma situação deveras parecida, que Jiraya fizera questão de, na própria narrativa, salientar que deveria ter agido diferente para consertar as coisas – isso é, se ele não tivesse bebido demais e piorado tudo no final.

– Há algo mais que eu possa fazer por você, Kakashi-san? – A atendente perguntou ao Hatake, ostentando um sorriso contente.

Uma pergunta para si.

Era tudo que o platinado necessitava naquele momento, e exclusivamente por estar no meio de uma competição de sinceridade quando questionados com a Uzumaki, aquilo era o gatilho preciso que ele queria.

– Sim, há algo que pode fazer... – Ele proferira em seguida, de maneira calma.

Seu pronunciar-se a atendente chamara a atenção da ruiva, já que ele muito raramente estendia qualquer conversação com quem não tinha proximidade – e muitas vezes nem o fazia com os mais próximos também.

Um fraquíssimo sorriso fora formado sob a máscara do Hatake quando ele pegara em mãos seus hashis e ele os levara a um prato específico dos dispostos sobre a mesa – esse não pertencente a si. E a única pessoa que fora surpreendida com tal ação fora a Uzumaki, especialmente quando ele estendera os mesmos servidos para ela.

A comunicação silenciosa deles. Os olhos verdes e bicolores numa conversação entendível apenas aos dois, quase como uma telepatia:

Ela entregando sua confusão diante de tal gesto, mas não realmente o questionando sobre o porquê. Ele lhe instigando a fazê-lo, a confortando e trazendo novamente o estado compartilhado por ambos naquela noite. E os dois plenamente cientes de que o outro agiria consigo.

Amaya aceitara ser alimentada de pronto, acenando fracamente em aprovação ao gesto do platinado consigo, e deixando a atendente ligeiramente surpresa com o agir íntimo de ambos os mais jovens.

– Você poderia finalmente deixar eu e minha acompanhante comermos em paz – Kakashi dissera por fim.

Seu tom e expressão eram serenos, no entanto, sua escolha de palavras não dera qualquer margem para contestamento da atendente. Assim como a ênfase total e claramente dada intencionalmente ao ‘minha’.

(Falar toda a verdade sempre que questionados... Naquele instante o Hatake gostara seriamente de tal competição – embora sequer imaginasse que aquilo estava a trazer à tona para si coisas importantíssimas, assim como “aliviara” os sentimentos de outra pessoa...)

A expressão de descontentamento da atendente pelo enxotamento sequer pôde ser disfarçada direito, assim como a expressão de divertimento do Hatake e ligeira surpresa da Uzumaki para com a situação toda.

A baixa e contida risada da ruiva atraíra a atenção de Kakashi para si pouco depois que a jovem atendente finalmente deixara a mesa deles. Junto ao seu contentamento por ter sido, de certa forma, defendida pelo Hatake, também estava seu divertimento para com a impensável cena que ocorrera.

– Nunca imaginei que a pessoa que fugia e se escondia das admiradoras na Academia comigo poderia dar uma resposta tão francamente assim... – Amaya comentara se deixando rir.

– Devo lembrar quem me convidou para uma competição de sinceridade a todas as perguntas feitas? – Ele perguntara à ruiva, sorrindo.

– Ora, então de nada por lhe permitir toda a sinceridade com um bom motivo por trás – A Uzumaki rebateu, sorrindo fraco.

Graças a tal aliviamento diante da franqueza das palavras do platinado, o ambiente para Hatake e Uzumaki tornara a leveza anterior. E também um ponto positivo, no momento, para que o incidente do platinado ter dado de comer para a ruiva tenha ficado no momentâneo esquecimento – porque definitivamente o constrangimento acometeria ambos se pensassem melhor nisso.

– Bem, foi culpa dela não notar que estava incomodando quando somos nós dois que estamos juntos aqui – E assim que tais palavras deixaram espontaneamente os lábios do Hatake, ele quisera se repreender pela própria sinceridade – M-Mas de qualquer maneira, essa situação foi parecida com uma do Icha Icha...

Se não tivesse emendado sua fala, muito provavelmente platinado e ruiva teriam atingido os mesmos tons do cabelo da Uzumaki refletindo o comentário do Hatake.

– V-Você continuou lendo aquilo?! – A pergunta e reação pasma da Uzumaki vieram de pronto e o platinado rira fraco, dando de ombros.

– Embora a maior parte dos conteúdos do Jiraya seja... Marcante, as histórias são realmente boas.

A conversa tornara a fluir sutil e naturalmente entre ambos os jovens. Certamente, aqueles que não conheciam ou sequer tinham qualquer noção do que os dois haviam passado ao longo dos dez anos que se conheciam, sequer poderiam considerar a dificuldade ou mesmo a quase certa impossibilidade daquela relação existir entre eles.

Um relacionamento que começara com a indiferença e afastamento de um e a curiosidade do outro, que árdua e muito lentamente rumara a um mínimo aceitamento de convivência para só assim poder gerar uma oportunidade verdadeira de aproximação.

Altos e baixos, discussões e traumas individuais e compartilhados. Perdas, dores e cicatrizes do tipo visível ou não em cada um deles, essas que os dois conheciam integralmente um sobre o outro a ponto de deixar que unicamente o outro as tocasse e pudesse ajudá-los a curá-las.

O lapidamento e cuidado diário, semanal, mensal e anual do que ambos tinham um com o outro, embora não soubessem – ou qualquer dia pudessem – entender como explicar aos demais o que tinham.

Kakashi talvez fosse quem mais estivesse se divertindo no momento, dado às reações surpresas da Uzumaki para com os prêmios que ganharam no tiro ao alvo anteriormente.

Pulseiras que brilhavam no escuro, um cubo mágico e um filtro dos sonhos... Muito provavelmente, ao olhar alheio, não houvesse motivo para tal animação da jovem com aquilo, no entanto, era a Amaya. E justamente por ser ela é que até o Hatake se divertia com algo tão simples.

Até mesmo quando ela lhe estendera prontamente uma bolinha de borracha quando o platinado explicara que aquilo era para lidar com o estresse – o que a ruiva fizera questão de provocá-lo dizendo que seria ótimo para ele lidar com o seu mau humor.

Talvez fosse essa estranheza deles e exclusividade de personalidade de ambos, tão diferentes, embora terrivelmente semelhantes que os atraísse. Dois polos que, por mais que pudessem não perceber, pertenciam e precisavam um ao outro.

☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆

– Ah, a comida realmente estava boa! – Amaya comentara com um sorriso contente enquanto ela e o Hatake seguiam calmamente uma vez mais pela aldeia.

– Sim, estava. Então, qual a próxima coisa que quer conhecer do festival? – O platinado perguntara de maneira calma e levara seu olhar na direção da ruiva.

– A maioria das coisas que eu queria ver nós já fomos – Ela ponderara – Ainda resta o show dos fogos de artifício, mas acho que ainda temos uma hora até começar – A Uzumaki levou seus olhos a ele – E você? Não tem algo que queira ver ou ir? Como visitar algum templo ou santuário...

– Não tenho nenhuma crença tão assídua pra isso – O platinado explicara – E quanto a você? Não tem algo em que acredite ou alguma divindade?

– Acho que depois de tudo que vi até hoje, só consigo crer naquilo que pude experienciar: Vida e morte.

Embora não tivesse notado, o Hatake esboçara um fraco sorriso diante daquelas palavras. Era uma resposta esperada para alguém como a ruiva, principalmente por sua personalidade e modo de pensar do tipo ‘acreditar apenas no que sente e vê’, diferente de si que havia tido alguma influência para conhecer as tradições e crenças populares em divindades – embora nunca tivesse realmente se deixado pender para alguma.

– Sim, duas forças naturais que sabemos que realmente existem – O Hatake divagara e a ruiva assentiu.

Embora compartilhasse da mesma visão sobre a existência da vida, a morte era algo que divergia nas vivências de Kakashi e Amaya. Eles conheciam o perecer da vida alheia igualmente, porém, apenas a Uzumaki tivera a – inesperada – oportunidade de estar diante de um ser além da compreensão humana: Um deus da morte.

Por conta de seu encontro com tal criatura, algo ficara para si além das dúvidas: Para cada existência há de haver uma outra igual e completamente oposta; onde houvesse a morte, automaticamente haveria de se existir a vida.

E embora não fosse um frequentador de templos e santuários, Kakashi tinha ciência sobre uma atividade que ocorria nos mesmos – especialmente atrativa para o público em comemorações de Ano Novo.

E o Hatake não pôde deixar de rir fraco com aquilo. Era engraçado que para si não havia qualquer coisa do festival que realmente ele tivesse interesse em ir participar, porém, quando ponderava que aquilo era algo que a Amaya gostaria, de certa forma, tudo mudava.

Mas... Por quê?

– O que foi? – A Uzumaki perguntou diante da fraca risada do platinado.

– Os templos têm uma atividade interessante que geralmente ocorre na véspera do Ano Novo – O Hatake explicara e a olhou – Quer ir? – E a ruiva assentiu logo em seguida, concordando.

Tal situação que o platinado citara é conhecida como Omikuji. Sortes aleatórias escritas em tiras de papel, muito comuns de serem distribuídas nos templos durante as festividades de Ano Novo.

Alguns eram complexos, explicitando o tipo de sorte ou azar que a pessoa poderia ter em diversos aspectos da vida como saúde e amor, enquanto haviam os mais simples que eram apenas mensagens curtas. Essa última opção fora a que Kakashi e Amaya acabaram por optar.

“Às vezes a nossa estranheza encanta alguém”

Essa fora a mensagem tirada pela Uzumaki e ela sorrira com a mesma. Seus olhos recaíram momentaneamente para o Hatake consigo, que tentava convencer o vendedor que ele não queria uma mensagem daquelas – afinal, ele só havia ido ali porque imaginou que a ruiva gostaria.

Era algo simples, mas que a fizera pensar que, para si, realmente tinha algum sentido por detrás. Definitivamente a estranheza dela havia o conquistado, já que a normalidade era algo incomum para o tipo de relação que os dois tinham – e mantinham.

E ela não pôde evitar de corar com isso. Não havia nada na mensagem que direta ou indiretamente remetesse ao platinado, mas ela imediatamente associara a ele o significado da mesma. Apenas ele.

A Uzumaki deixara seus pensamentos apenas quando Kakashi regressara até si, trazendo em mãos um dos papéis com uma mensagem e uma expressão ligeiramente emburrada por, claramente, ter sido obrigado a aceitar aquilo para ser deixado em paz.

– Nem uma palavra – Ele dissera ao notar a ruiva prestes a rir.

– Claro... – Ela dissera em seguida, esboçando um sorriso genuinamente contente ao Hatake.

E fora nesse instante que ele entendera:

Era por isso que tudo mudava

Aquele sorriso e a sensação calorosa que ele invocava a si toda vez. Tal sentimento que era de uma ternura e leveza que fazia o platinado desejar por mais e apreciar com um tipo de olhar mais sutil o que estava ao seu redor, como que olhando pelos olhos dela tudo que já conhecia, mas que pareciam ser vistos pela primeira vez.

Por causa dela.

E enquanto a ruiva rumara até os barbantes estendidos para amarrar os papéis que eram tirados e as sortes para o novo ano, o platinado acabou por se deixar levar pela sensação única que a Uzumaki lhe proporcionava para ler sua mensagem.

“Não divida a tua confusão com quem não pode te trazer calma”

Sua primeira reação ao ler aquilo foi surpresa, mas logo em seguida ele se deixara rir fraco. Não por ser algo simples, mas por realmente poder atribuir um significado real naquelas palavras, ou melhor, alguém.

Ele levara seu olhar a Uzumaki, vendo-a esboçando um sorriso contente enquanto prendia seu papel cuidadosamente ao barbante para não rasgá-lo. Se havia alguém que ele podia dizer que tinha qualquer capacidade de suportar e lidar com a confusão, tanto interna quanto com ele mesmo, era a Amaya. Não por ela lhe trazer calma, mas por ser a única calmaria que ele aceitava – e, por vezes, ansiava inconscientemente.

Estar apaixonado

Detalhes bobos e que possivelmente poderiam ser vistos como irrelevantes passam a serem significativos, importantes e bonitos para você. O nome e a lembrança visual do outro é a primeira coisa que lhe vem à mente quando se reflete sobre coisas relacionadas ao assunto mais simples e o que esse sentimento remete verdadeiramente...

A ruiva não deixou de se surpreender ao ver, quando terminara de prender seu papel, Kakashi ao seu lado, amarrando sua mensagem como ela fizera. E claramente sorrindo sob a máscara. O que será que ele tirou para ter ficado assim?, ela se perguntara.

(E como os dois jovens que, vez ou outra, acabavam por observar um ao outro sem o conhecimento alheio, outras pessoas tinham suas atenções voltadas a eles. Ansiando por uma chance, uma mínima, para cumprirem sua missão...)

Um repentino calafrio acometeu a Uzumaki, como se estivesse no campo de batalha. A sensação de ser um alvo para seu inimigo, da observação dele e o forte e sedento desejo de atacar. Seu instinto de batalha estava lhe alertando.

Ela olhara discretamente ao redor, procurando por algo que pudesse explicar a sensação que sentia. A jovem sabia que seus instintos nunca se enganavam, e já tivera problemas por não lhes dar atenção antes. Porém, a multidão que estava ali próxima ao templo era demasiada para que pudesse notar qualquer coisa suspeita rapidamente.

E foi quando repentinamente dois braços finos envolveram o corpo da ruiva rapidamente, segurando-a fortemente e a pegando de surpresa por trás. No entanto, antes que a ruiva se deixasse reagir automaticamente como se fosse uma situação de combate, a pronúncia de seu nome ao pé do seu ouvido lhe tranquilizara.

Te achei, Amaya! – A ruiva se desarmara de seu estado alerta perante a familiar voz feminina e rira fraco.

– Você me pegou de surpresa – Amaya dissera tentando não passar a preocupação que lhe acometera antes por alguns instantes.

– Com certeza, já que sua atenção deve estar só no Sr. Rabugento Hatake ali... – A morena fizera questão de comentar por fim, baixo o suficiente para que apenas a Uzumaki ouvisse aquilo.

– Kurenai! – A ruiva protestou tentando conter o envergonhamento que queria lhe afligir e a Yūhi apenas pôde rir.

A morena desvencilhara os braços da amiga, permitindo finalmente que a ruiva pudesse lhe encarar. Como ela, a Yūhi estava a usar um yukata, só que esse rosa claro, e consigo estava o Asuma a lhe acompanhar.

E enquanto a Uzumaki lançava um olhar acusatório a Yūhi por estar junto do Asuma como a morena lhe incomodara por estar com o Kakashi, Sarutobi e Hatake se cumprimentaram sem muita cerimônia e à vontade.

(E a reunião, mesmo que momentânea, com Kurenai e Asuma auxiliara no atrapalhar do planejamento daqueles que a Uzumaki sentira estarem a lhe observar e o Hatake. Cumprir seu objetivo por si só era complicado, e quanto mais envolvidos, pior...)

– Vocês já chegaram a encontrar com o Yondaime e a Kushina? – O Sarutobi perguntou de repente, atraindo também a atenção das garotas para si.

– Não, ainda não – Kakashi dissera e a ruiva concordou.

– Esbarramos neles mais cedo e eles pediram para avisar vocês, se os encontrássemos, para que fossem encontrá-los na área das colinas antes do show dos fogos – Kurenai explicara em seguida.

– Quanto tempo nós temos antes que comece? – A ruiva perguntou.

– 40 minutos, provavelmente menos – O Hatake dissera – Se formos agora chegamos com tempo sobrando.

– Desculpa, Kurenai e Asuma, mas... – Amaya dissera e voltara os olhos aos amigos.

– Não se preocupe, conversamos direito outra hora. E vou querer saber tudo depois! – A Yūhi fizera questão de salientar a última frase, fazendo a ruiva rir fraco.

– Digo o mesmo. Feliz Ano Novo para vocês dois – A Uzumaki lhes desejou com um sorriso sutil e com os olhos voltados a eles.

– Para vocês também – Sarutobi e Yūhi disseram em uníssono logo em seguida.

Uzumaki e Hatake trocaram um breve olhar, assentindo um ao outro para que tomassem seu caminho para ir de encontro ao Minato e a Kushina. E talvez eles tivessem seguido seu rumo sem mais qualquer comentário se a – inquieta – mente da Yūhi não fizesse questão de provocá-los um pouco.

– Ah, mais duas coisas! – A morena dissera rapidamente, fazendo com que Amaya e Kakashi parassem – O Shisui estava procurando por vocês também – Ela sorriu travessa – Ele parecia bem animado sobre a competição que vocês estão fazendo agora.

E como uma espécie de sentimento coletivo, Hatake e Uzumaki sentiram-se arrepiar-se com tal informação, afinal, estavam falando de Shisui Uchiha sabendo que os dois, que ele mais encontrava razões para perturbar, estavam tendo que dizer toda a verdade quando questionados.

Não era preciso sequer que eles dissessem algo um ao outro o que pensavam sobre aquilo: Definitivamente eles tinham que evitar o Uchiha, pelo menos até o tempo da competição chegar ao fim.

– E a segunda... – A Yūhi continuara logo depois, precisando conter seu divertimento com o que estava para dizer – Qual sua sincera opinião sobre a Amaya hoje, Kakashi?

A surpresa pela repentina e nada sutil pergunta da morena ao Hatake deixara a ruiva pasma com a ousadia da amiga. Já o platinado não se surpreendera tanto com aquilo, afinal, ele sabia que a Yūhi podia ser categorizada como uma versão bem mais “normal” do Shisui em termos de perturbar os demais quando pudesse com perguntas inconvenientes.

E se aprendera algo nos anos de convivência – muitas vezes forçada – com o Uchiha, era que a única saída, na maior parte dos casos, era aceitar a provocação e devolvê-la. Ele rira fraco quando notara o sorriso de divertimento de Kurenai aguardando sua resposta.

– Ela continua sendo a mesma estranha de sempre – Ele dissera sem demora e sem deixar de ser calmo – Mas também... – O platinado sorrira fraco – Está incrivelmente linda.

E antes que outra pergunta ou reação por parte da Yūhi viesse, o Hatake tomara a Uzumaki – que naquele momento estava quase tão sem reação quanto à amiga diante do que ouvira – pela mão, guiando-a consigo para que enfim fossem de encontro a Minato e Kushina.



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