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História Herdeiros da Magia - Capitulo 118 Batismo.


Escrita por: zariesk

Notas do Autor


LÁ VAMOS NÓS!!
Chegou a hora de começar a nova fase da fic, e vamos começar com o pé direito num capitulo emocionante!!
Muita coisa acontecendo, e se vocês não estiverem entendendo é só me procurar e perguntar, informações adicionais virão com o tempo.

Capítulo 125 - Capitulo 118 Batismo.


Fanfic / Fanfiction Herdeiros da Magia - Capitulo 118 Batismo.

Capitulo 118 – Batismo.

 

 

(um mês depois)

 

- Você fez bem em voltar para dar seu relatório – dizia o ministro de Yamato Kamo Yasumori.

- É uma honra vovô – respondeu Airin de joelhos – ainda não podemos confirmar oficialmente, mas parece que a profecia estava certa afinal.

- Então o filho da princesa do reinado e seu amante mago negro é como nosso ancestral? – dizia ele com um leve sorriso no rosto.

- Ainda precisamos de tempo para saber, mas o pai dele tem um poder misterioso chamado Mana cinza – explicava ela – esse poder fez dois milagres em tão pouco tempo, se o filho dele tiver esse poder...

- Nós devemos possui-lo também – determinou Yasumori – eu sou o ultimo em Yamato que pode usar luz e trevas, vocês deveriam ter herdado esse poder mas não deu certo, só resta uma alternativa agora.

 

Yasumori revelou os seus planos para a sua neta Airin, e a medida que ela ouvia ficava ainda mais de boca aberta, não parecia algo que seu genial avô planejaria, por isso ela precisava confirmar.

 

- Você... você tem certeza disso? – perguntou ela incrédula.

- Faça o que for necessário, não volte sem cumprir sua missão – respondeu ele – use sua irmã como for necessário, e quanto àquele detalhe você pode encontrar facilmente no reinado.

 

Airin curvou a cabeça e depois se levantou saindo, do lado de fora da sala ela fechou a porta de correr e viu a sombra da sua irmã Kourin do seu lado, ela parecia bem desgostosa com as ordens do seu avô.

 

- O velho ficou maluco – disse Kourin encostada na parede com os braços cruzados.

- Já que o plano A falhou então vamos pro plano B – disse Airin – mas depois dessa não vai ter volta.

- Então vamos chamar logo de plano Z já que será o último, independente do sucesso ou fracasso – disse Kourin.

 

*****************************************

 

- Então você ousa me desafiar? – perguntou uma moça em uniforme de empregada com um olhar sério e superior.

- Mesmo que seja ordem da princesa, eu não posso permitir isso – respondeu a outra empregada se preparando pra lutar.

- Que seja, hoje eu definitivamente vou tirar você do meu caminho! – respondeu a anterior assumindo uma postura de esgrima.

 

Uma imensa aura de combate se formou entre as duas, parecia que o quarto inteiro estava vibrando, mas por causa disso o bebê no berço começou a chorar, as duas imediatamente pararam de se encarar com sede de sangue e correram pro berço, nele dormia o herdeiro da princesa Ryna, agora chorava por causa da bagunça que as duas faziam, bagunça essa que atraiu a princesa que abriu a porta subitamente.

 

- Eu senti uma pressão enorme vindo daqui, aconteceu alguma coisa? – perguntou Ryna da porta.

- Não foi nada princesa, está tudo na mais perfeita ordem – respondeu a empregada mais velha.

- Sério? Vocês não estão brigando pelo direito de cuidar do Tidus novamente? – questionou Ryna com um olhar penetrante.

- SENTIMOS MUITO PRINCESA RYNA!! – disseram as duas se jogando aos pés da princesa.

- Outra vez? Vocês não conseguem chegar a um acordo sobre dividir tarefas? – reclamou Ryna – bem, já está chegando na hora dele mamar e...

 

Como um relógio o bebê Tidus começou a chorar, Ryna riu e foi até o berço pega-lo, depois levou para a sala onde estava antes enquanto as empregadas faziam tarefas domesticas, Ryna sentou numa poltrona muito confortável e começou a amamentar seu filho mais novo, Reina sentada na outra poltrona observava a satisfação dela em alimentar o filho.

 

- Essa é a cara da felicidade – disse Reina cruzando os braços e admirando a Ryna.

- E você? Quando vai ter essa cara também? – questionou Ryna.

- Não é uma boa hora pra eu ficar gravida, temos uma guerra chegando e tenho um general muito irado na minha cola – explicou Reina – aquele Galtran é um monstro, lutei 50 vezes contra ele e acho que perdi 60 vezes!

 

Ryna riu mas sentia pena da sua prima, como parte do seu treinamento ela vem comandando um exército em guerras simuladas, o problema é que seu adversário é justamente o comandante do reinado, uma novata como ela simplesmente não tem chance alguma.

 

- Mas pelo menos meus novos soldados estão aprendendo tudo – dizia Reina.

 

Nesse momento as duas ouviram as empregadas discutindo, aparentemente elas ainda brigavam pra ter mais tempo com o bebê, normalmente as babás não exigiriam mais horas com o bebê que precisam cuidar, mas inesperadamente Tidus era o centro das atenções de todas.

 

- Quem pode culpa-las? Ele é simplesmente o bebê mais lindo do mundo! – Ryna ergueu o filho como um troféu – essa pele branquinha, esse cabelo pretinho, e acima de tudo: essa mecha branca!!

 

O bebê ria com a brincadeira da mãe e seu sorriso parecia a coisa mais resplandecente do mundo, Reina quase foi ofuscada por tamanha fofura, e era essa fofura que fazia as empregadas brigarem pra cuidar dele.

 

- “Isso é terrível! Ele mal tem um mês de vida e faz até a mim sentir impulsos maternos!!” – pensava Reina horrorizada – “o que vai ser do mundo quando ele ficar mais velho? Talvez seja melhor deter essa ameaça aqui mesmo!”

- Reina? Que cara de medo é essa? – perguntou Ryna estranhando ela.

- Nada, eu acho que ele vai te fazer avó mais rápido do que a Riena – disse Reina suspirando.

- Oh é mesmo? Quem é o pequeno garanhão aqui? – brincava Ryna esfregando o rosto na barriguinha dele.

- E como vai a sua saúde? Você dormiu por três dias depois do parto – comentava Reina – e depois disso você ainda tira forças pra cuidar dos seus filhos e o reinado inteiro, isso vai te matar desse jeito.

- Os médicos recomendaram que eu deixasse tudo para as babás – explicava Ryna – eu concordei eu fazer isso só na hora de dormir, assim eu descansaria o suficiente, e eu durmo como uma pedra esses dias.

- E quanto ao papai? – perguntou Reina interessada.

- Sempre que o Tidus começa a chorar o Darch pula da cama assustado – respondeu Ryna rindo – ele corre pro quartinho e pergunta o que houve, parece que ele não sabe que bebês choram a noite toda.

 

Darch é claro não tinha conhecimento algum sobre ser pai, ele mal tinha coragem de segurar o filho (mesmo depois do braço crescer novamente), ele sempre tinha medo de aperta-lo, derruba-lo ou até mesmo contamina-lo com miasma, mas a coisa que ele mais adorava era ver Ryna cantando suavemente para ele dormir, só de vê-la balançando o bebê gentilmente nos braços fazia ele se derreter todo.

 

- Acho que ninguém ainda perguntou isso, mas você notou algo de anormal nele? – questionou Reina.

- Fora ele ser absurdamente fofo? Nada ainda – respondeu Ryna – ele ainda é muito novo pra manifestar Mana, então não sabemos se ele vai ser um mago branco, mago negro ou mesmo se vai ser um mago, mas a saúde dele é perfeita.

 

Reina estava preocupada por causa dos boatos que se espalham, boatos dizem que essa criança é filho de um demônio, outros dizem que o pai está armando um esquema pra usurpar o trono, todo tipo de história bizarra tem se espalhado como fogo pelo reinado, felizmente para Ryna sua popularidade entre os plebeus era muito maior, então fora a fofoca não havia nenhum problema maior ainda.

 

- Bem, e cadê o papai orgulhoso? Eu queria acertar com ele alguns detalhes do treinamento – perguntava Reina.

- Hun? Você não soube? Ele está com a Tane agora – respondeu Ryna.

- Espera! Era hoje!? – perguntou Reina surpresa – maldição, eu perdi a noção do tempo!

- Ainda dá tempo se você quiser ver – respondeu Ryna – eu não posso ir, tenho que manter a imagem.

 

Reina agradeceu pelo aviso e pegou o caminho para onde queria ir, mas antes disso ela lembrou de passar numa loja, precisava comprar um presente pra celebrar essa data especial.

 

*********************************

 

A família Reiges tinha muitas propriedades na região central, algumas nem sequer eram usadas e só recebiam uma ocasional manutenção, outras eram usadas pra situações especificas, como uma que estava sendo usada agora.

A mansão era discreta (pros padrões de uma mansão), de suas janelas dava pra avistar o palácio real ao longe, mas praticamente não tinha vizinhos próximos, normalmente era usada pra acomodar parentes de conhecidos, assim dava a eles o conforto sem que ficassem à vista, nesse momento estava sendo usada como lar temporário pra uma família.

 

- Normalmente demora assim? – perguntava Darch preocupado.

- Relaxe, é bem diferente do que foi com a Ryna – dizia Emadora de pé ao lado dele.

- Mas a Tane...

- Ela é bem mais forte do que pode parecer – cortou a outra – jajá vai terminar, se está tão preocupado por que não entra e fica do lado dela?

- Ah não, eu acho que ia surtar – respondeu Darch – e também não é bom ter um mago negro emanando miasma nessa hora não é?

- Você é bem covarde pra certas coisas sabia? – provocou Emadora rindo.

 

Nesse momento um choro de bebê foi ouvido, Darch pulou da cadeira onde estava sentado quando viu a porta do quarto se abrir, a enfermeira que ajudou no parto o chamou e Darch foi correndo entrando no quarto onde o parto aconteceu, ao entrar ele viu Varatane deitada na cama com a filha nos braços, a mãe da Varatane do lado fez um gesto pra ele se aproximar.

 

- Parabéns, sua filha é linda – elogiou Naratane sorridente – e ela nasceu humana como esperado.

- Eu não me importaria se nascesse meio-elfa, assim ela seria fofa por muito mais tempo – disse Darch sorrindo como um besta ao ver sua filha.

- E então? Qual vai ser o nome? – perguntou Emadora curiosa enquanto os médicos saíam.

- Como é uma menina ela vai seguir a tradição da família materna – anunciou Varatane – seu nome será Karatane, ou Kara pros íntimos.

- Vai lá paizão, segura a sua filha – importunava Emadora – e agora você tem os dois braços, não tem mais desculpas.

- Eu posso? – perguntou ele hesitante.

 

Varatane riu e entregou as filhas nos braços dele, Darch andou treinando com um boneco sobre como segurar um bebê, além disso nas poucas vezes que ele tinha coragem ele conseguia embalar o sonho do seu filho Tidus.

Ao pegar Kara nos braços Darch derramou uma lagrima, ele não sabia bem o porque mas sua filha lembrava um pouco sua falecida irmã, então Darch deu um beijinho na testa dela pra cumprimenta-la pra sua nova vida.

 

- Já nasceu!? – gritou Reina abrindo a porta bruscamente.

 

Darch tomou um enorme susto e o bebê começou a chorar, antes que ele conseguisse fazer algo errada Naratane rapidamente pegou a neta dos braços dele, bem a tempo do Darch se virar pra Reina emanando uma aura terrivelmente sombria.

 

- Eu... acho que devia ter batido na porta primeiro... – disse Reina suando frio vendo Darch se aproximar dela.

 

Varatane recebeu sua filha nos braços enquanto Darch punia Reina com sua magia negra, Emadora viu o embrulho que Reina trouxe e foi pegar enquanto tentáculos sombrios penduravam Reina de cabeça pra baixo em posições bem constrangedoras.

 

- Ui, acho que nem o Emílio fez com ela nessa posição – comentou Emadora quase ficando envergonhada – hun... calcinha branca combina com ela.

- Querido, já deu, a Reina tá mostrando partes que ela mesma não viu – disse Varatane com pena da amiga enrolada em tentáculos.

- Ela merecia muito mais, quase derrubei minha filha no chão – respondeu Darch – mas já que hoje é um dia especial eu vou deixar passar.

- Obrigado pela piedade – respondeu Reina com a cara mais vermelha que seu cabelo – aiii... eu vou ficar toda dolorida hoje.

- Acho que já nos conhecemos antes não é? – comentou Naratane admirando os músculos da Reina.

- Sim, já estive na loja da sua filha antes – respondeu Reina – a propósito, eu trouxe um presente pra sua filha, espero que sejam bem felizes.

 

Darch abriu o pacote que Reina trouxe, era uma capinha pra criança com muitos símbolos arcanos, na verdade se tratava de um item magico que protegia crianças contra acidentes em brincadeira, pais super protetores costumavam usar isso pra protege-los.

 

- Basicamente é uma armadura pra criança travessa, eu realmente não sabia o que escolher – Reina estava um pouco sem jeito – acho que eu devia ter perguntado antes que tipo de presente seria bom.

- Não se incomode com isso, a melhor parte dos presentes é a intenção que vem com eles – disse Varatane – e não é toda criança que ganha um item magico logo ao nascer!

 

Mesmo sendo para crianças a capinha era muito grande pra um bebê recém-nascido, de modo que dava pra enrolar todo o bebê nela, agora Darch estava mais confiante pra segurar sua filha, então ele agradeceu Reina que ficou meio boba.

 

- Ela não deveria ter orelhas pontudas? – perguntou Reina admirando o bebê nos braços do pai.

- Seria um caso extremamente raro se ela tivesse – explicou Naratane – já que a minha filha já é uma mestiça.

- Entendi, então o sangue élfico diluiu completamente – observou Reina.

- Mas ela ainda deve ter uma longevidade um pouco maior – explicou Varatane.

- Eu não tô nem aí pra raça dela, desde que continue linda e fofa assim – disse Darch encantado – ah eu acho que já está na hora de voltar pra mãe.

 

Darch devolveu sua filha à mãe e sentou ao lado dela na cama, nessa hora Emadora recebeu uma chamada telepática, ela então pegou um disco e o fez flutuar no ar em frente à cama, no instante seguinte uma imagem da Ryna em seu escritório apareceu projetada no ar.

 

- Oh! Já nasceu! – disse Ryna maravilhada – correu tudo bem? Estão todos bem?

- Sim, Kara é perfeitamente saudável e tranquila, eu estou bem também – respondeu Varatane – tem suas vantagens ser meio-elfa e maga natural, mas eu ainda estou cansada.

- Agradecemos pela hospitalidade princesa Ryna – cumprimentou Naratane se curvando respeitosamente.

- Disponha, sua filha é como uma irmã para mim – respondeu Ryna – desfrutem quanto tempo quiserem, e a senhora não precisa ter pressa pra partir.

 

O motivo de Varatane precisar dar à luz nesta mansão era pra preserva-la da bagunça, a quase morte da princesa e seu atual afastamento gerava lacunas no poder, parasitas aproveitavam essas lacunas para tentar subir na vida e não se importavam de usar os outros, pra impedir que Varatane e sua filha fossem pegos nisso era melhor mantê-la afastada dos olhares incômodos.

 

- Tão logo eu possa vou até aí visita-las – avisou Ryna.

- Eu vou ficar aqui hoje – avisou Darch.

- Sim, faça isso – pediu Ryna – cuide bem delas ok?

- O relacionamento de vocês é muito interessante – brincou Naratane vendo como era um caso único.

- Eu mesma já estou escrevendo um livro sobre isso – disse Emadora – acho que vai ajudar na vida dos homens que adoram ter amantes.

- Tane, como eu já disse antes a sua filha é como se fosse minha para mim – dizia Ryna com um tom materno – assim como você ama o Tidus como se fosse seu, nossas três crianças vão crescer como uma única família.

- Tá faltando você entrar nessa – brincou Emadora olhando pra Reina.

- Você é louca? Eu prefiro continuar apanhando do Galtran que ser mãe agora – dizia Reina que não se imaginava sendo uma boa mãe agora.

- A proposito Reina, o que você comprou pra Kara? – a imagem da Ryna se voltou para a prima.

- Ah bem, aprendendo com a experiência passada eu dei um manto de proteção dessa vez – respondeu Reina – olha só, ela já está usando.

- Que bom que você aprendeu que facas não são presentes adequados para bebês – disse Ryna sarcástica.

- Mas era perfeita! Feita de mithril e com cabo anatomicamente adequado para mãos pequenas! – justificava-se a outra – quando ele começar a treinar vai...

- Apenas desista de uma vez – disse Darch olhando sério pra ela.

- Tá... – Reina deu de ombros – tá vendo que não sou boa mãe agora?

 

No final todos concordaram que o nascimento merecia uma festa, então foi decidido que dentro de 5 dias eles reuniram todos os amigos para comemorar esse nascimento, o local seria as terras do Darch que no futuro Kara e Tidus herdariam, lá os dois já eram tratados como os herdeiros.

 

*****************************************

 

- Nosso irmão está aprontando alguma coisa – dizia Nelia Baston para o seu outro irmão.

- O Terion? O que te faz dizer isso? – perguntou Helion deitado na cama.

- Ele sai quase todo dia e diz que está indo se encontrar com nobres – explicava a mais jovem – outras vezes diz que está indo visitar os outros reinos mas ninguém consegue acha-lo.

- Nosso irmão sempre foi assim, não é novidade agora – disse Helion – mas você sabe que não deve se meter com ele, Terion é o tipo de pessoa que guarda rancor até da própria família.

- Sabe de uma coisa? Eu contratei um aventureiro pra segui-lo – ela falava baixo como se estivesse revelando um segredo – eu vou descobrir o que o Terion está aprontando!

 

Helion ficou surpreso com a iniciativa da sua irmã mais nova, anos atrás ela quase foi morta pelo Belphegor sem uma razão aparente, só está viva hoje por um milagre onde ela foi salva pelo Darch que passava por ali na hora, Nelia ficou vários meses traumatizada e tendo pesadelos, mas com o tempo ela foi se tornando uma garota mais forte, isso porque ela passou a se inspirar na Ryna que superou coisas piores.

 

- Se você se inspira na Ryna então você será uma excelente governante – disse Helion mais tranquilo.

- Infelizmente é o nosso irmão quem vai governar – respondeu ela decepcionada com os direitos hereditários.

- Não tenho muita certeza disso, pessoas como ele nunca vencem no final – disse Helion – acho que preciso descansar agora, se descobrir alguma coisa venha me contar.

 

Nelia ficou sentida pelo seu irmão, Helion teria sido um grande rei se essa doença não o estivesse consumindo, atualmente ele estava bem mais magro e passava mais tempo na cama, além disso ele nem tinha filhos para sucede-lo, só por isso Terion tomou o poder, na verdade algumas pessoas sussurram por aí que foi Terion que amaldiçoo seu irmão para tomar o trono.

Nelia se despediu do irmão e saiu do quarto, em seguida ela foi para o próprio quarto e dispensou as duas empregadas que trabalhavam pra ela, pegando um pingente dourado numa gaveta ela o ligou ao espelho magico usado para comunicação, levou só alguns minutos para alguém responder.

 

- Espero não estar atrapalhando – disse ela – tem algo a me dizer sobre meu irmão?

- Boa-tarde senhora Nelia, eu o segui até a capital noroeste – respondeu o aventureiro que ela contratou – ele está em uma taverna de luxo, se eu entrar vou chamar muita atenção, então estou dando meu jeito.

- Entendi, não vou mais atrapalha-lo – respondeu ela – esperarei seu relatório diário, mas se algo acontecer me avise assim que possível.

 

Garm Nillis desligou o acessório de comunicação e se concentrou em sua tarefa, como aventureiro ele era um batedor que rastreava ou vigiava os alvos, mas ocasionalmente ele aceitava trabalhos solos pra espionagem, e foi muita sorte ser contratado por uma herdeira de família real, o pagamento era o bastante pra passar um ano sem trabalhar, ele só gostaria que o alvo dessa vez não fosse outro herdeiro real.

Garm viu uma carruagem aproximando-se da entrada da taverna, quando a porta se abriu ele viu outra figura importante: o herdeiro da família Aurana que governava esta região, Garm sabia que era comum membros das famílias reais se encontrarem, mas ele estranhou que Terion tenha vindo para uma taverna numa cidade qualquer, era quase como se esse encontro fosse pra ser mantido em segredo.

 

- Terion Baston, você é muito sem-vergonha em pedir para encontra-lo aqui – dizia Raphael Aurana – aquele que pede o favor não escolhe as condições.

- Sei que o correto seria ir até você, mas o assunto que tenho a tratar é muito sensível – respondeu Terion – é uma questão complicada e preciso falar com você primeiro.

 

Os dois estavam sentados em uma área reservada, então não precisavam se preocupar com olhares ou ouvidos indiscretos, uma mesa circular entre eles e uma cortina isolando-os de qualquer outro eventual cliente, após pedirem uma garrafa de uísque finalmente foram tratar de negócios.

Garm estava parado na entrada da taverna, mas ficar ali chamaria atenção demais, então ele foi para a lateral da taverna (em um beco mais discreto) e ficou de frente para a parede bem onde ficava a mesa que a dupla ocupava, Garm então conjurou sua magia que aumentava enormemente sua audição e encostou o ouvido na parede, ele torcia para que fosse o suficiente pra ouvir a conversa através da rocha.

 

- Já está tudo acertado, vamos derrubara família Reiges e corrigir todas as injustiças – dizia Terion – eu tenho aliados poderosos e um plano bem traçado, mas preciso da colaboração da ordem dos paladinos.

- E por que procurou a mim e não ao meu pai? – perguntou Raphael.

- Eu peço perdão pelas palavras, mas o seu pai é teimoso como uma mula – explicou o outro – sem o devido cuidado ele apontaria sua espada para mim logo depois, preciso de alguém mais... flexível.

- Compreendo, você tem planos em mente que precisam do nosso poder – dizia Raphael – mas saiba que se eu não gostar do que ouvir posso apontar minha espada para você aqui mesmo.

- Não se preocupe, com esse plano a família Aurana vai dar o troco por tudo que aconteceu – disse Terion – ao mesmo tempo tudo vai ser como deveria ser.

 

Do lado de fora Garm ouvia tudo, ainda que com vozes abafadas e ocas, ele foi ouvindo o plano que Terion descrevia para Raphael, e a cada palavra dita seus olhos estava mais pertos de saltarem do rosto, no final o aventureiro deu um pulo pra trás tão surpreso.

 

- não não não! De jeito nenhum!! – disse ele nervoso – de jeito nenhum eu vou me envolver mais nisso! Vou relatar o que ouvi pra senhora Nelia e dar o fora!!

 

Na hora que ele se virou avistou algo que jamais imaginou que veria, na outra parede do beco havia um enorme olho vermelho brotando do nada, o olho que lembrava de uma cobra o encarava como se pudesse perfura-lo com esse olhar, Garm ficou completamente paralisado de medo diante da cena indescritível.

 

- É um saco vigiar esse cara, mas as vezes eu pego petiscos assim – dizia Ouroboros – você é muito azarado rapaz.

 

Antes que Garm pudesse gritar o espaço ao redor dele se distorceu, quando o espaço literalmente rasgou um par de mandíbulas abocanharam todo o espaço onde ele estava, Garm desapareceu sem deixar sequer poeira pra trás.

 

*************************************

 

(duas semanas depois)

 

- Eu me sinto ridículo nisso! – reclamou Darch ajeitando a gola da roupa.

- Infelizmente é uma cerimônia muito importante, não pode ir de qualquer jeito – explicou Ryna – ainda não estamos casados oficialmente, mas já somos considerados marido e mulher.

 

Darch estava terrivelmente incomodado, ele estava usando roupas de luxo brancas (a cor que mais detestava) toda engomada, foi feita sob medida mas ainda assim para ele parecia algo terrivelmente apertado, uma capa que ia até metade do corpo e nela trazia o símbolo da família Bright entalhado em fios dourados.

 

- Rysaja teve seu primeiro filho coincidindo com o aniversário de um ano de casamento – explicava Ryna – a cada 10 anos é feita uma comemoração especial em homenagem a esse dia, e nessa data todas as crianças da família Bright são batizadas.

 

Essencialmente essa era uma celebração de batismo para a Riena, mas todas as crianças com menos de 10 anos nascidas nessa família seriam batizadas juntas, até onde Darch ouviu além da Riena haveria outras 4 crianças de parentes da Ryna, além disso as outras famílias reais poderiam enviar representantes (ou irem pessoalmente) para prestigiar uma das heroínas da guerra milenar.

 

- O Tidus será batizado também? – perguntou Varatane que acompanhava os dois nos preparativos.

- Será algo simbólico, atualmente eu sou Ryna Reiges e meu marido não é um Bright – explicava ela – mesmo assim já que fui a herdeira da família Bright meus herdeiros recebem esse prestigio também.

- Sério que vamos levar um bebê para uma reunião de gente nobre e elegante? – perguntava Darch meio contrariado – e se ele chorar? E se sujar as fraudas?

- Já é esperado que coisas assim aconteçam, 10 anos atrás havia uma criança de um ano – explicava Ryna – temos todo um esquema para distrair convidados enquanto se faz algo sobre isso, além do mais as babás são muito habilidosas não são?

 

Ela se referia às duas mulheres que cuidavam do Tidus quando Ryna ou Darch não podiam, além disso também levariam a babá da Riena, Darch queria levar Varatane para cuidar do seu filho enquanto não estivesse em seus braços, mas infelizmente não era uma boa ideia levar a amante pra casa dos sogros.

Levou algum tempo para todos se arrumarem, Ryna estava usando um vestido que lembrava uma versão feminina da roupa que Darch usava, Riena usava uma versão mais infantil do mesmo junto com um chapeuzinho que a deixava mais fofa, Tidus usava apenas uma frauda e uma camisa branca de linho, bem como enrolado numa manta confortável.

 

- Estão todos prontos? – perguntou Arik chegando no quarto.

- A mamadeira do Tidus já está pronta? – perguntou Ryna olhando para a babá.

- Está sim, na temperatura perfeita pra ele – respondeu a mulher usando trajes de empregada.

- Então estamos todos prontos sim – respondeu Ryna satisfeita.

- Preciso ir no banheiro – disse Riena puxando de leve o vestido da mãe.

- Ou quase... – suspirou Ryna – voltamos jajá.

 

Ryna acompanhou Riena até o banheiro do quarto, mas as empregadas foram juntas pra evitar que Ryna molhasse o vestido, Arik dava uma olhada no quarto e cumprimentou Varatane que ninava sua filha no berço, quando ela estava no palácio Tidus e Kara dormiam juntos.

 

- Como vai a Mastela? – perguntou Varatane puxando assunto.

- Com medo, a Misty anda muito chata ultimamente, e quando ela fica assim acaba torturando algum subordinado – explicou ele – Mastela arranjou uma desculpa e foi pra outra região até passar o mau-humor daquele monstro.

- Isso vai atrasar o casamento de vocês? – perguntou a outra preocupada.

- Planejamos para mês que vem – respondeu ele satisfeito – será depois daquele dia enfadonho.

 

Ele se referia ao dia da guerra milenar, em algumas semanas será o dia que o reinado derrotou os demônios na guerra de mil anos atrás, mas também marca o dia da grande invasão, quando essa data chegar faltará exatamente 500 dias para o eclipse e a chuva demoníaca, em certos lugares um relógio se ativará marcando a contagem regressiva para o dia da próxima grande invasão.

 

- Agora sim, agora estamos todos prontos – disse Ryna voltando com Riena.

- Pai, me leva – pediu Riena puxando o braço do Darch.

- Olha só, parece que alguém está com inveja – Darch se referia ao fato da Ryna estar com Tidus nos braços.

 

Darch pegou Riena e a colocou em seus ombros como se estivesse brincando de cavalinho, Ryna riu disso e ficou mais encantada com a Riena chamando o Darch de pai, Ryna agradecia ao fato de que Riena era muito nova na época pra se lembrar do Karl, assim aquele homem seria completamente esquecido por todos e Darch seria o verdadeiro pai dela.

 

- Tenham uma boa viagem, e uma boa cerimonia – Varatane deu um beijo no Darch e nas crianças.

 

Depois de todos os preparativos a comitiva inteira foi teleportada para em frente à grande plataforma, o dispositivo de portal da estação já estava carregado e preparado para leva-los diretamente para a capital do norte, quando o dispositivo magico foi ativado o portal que formava o túnel foi aberto.

 

- Pensando bem é a primeira vez que o Tidus passa por isso não é? – disse Darch olhando pro filho – não faz mal um bebê tão novo atravessar um portal?

- O homem que encara arquidemônios fica nervoso por qualquer coisa – dizia Ryna irônica – não se preocupe, o nosso filho vai chegar inteiro do outro lado.

 

Dependia muito de vários fatores, mas quando se atravessava um portal a sensação era de ficar leve durante a travessia (que durava alguns segundos) e na saída ficar subitamente pesado por um instante, algumas pessoas ficavam enjoadas pela mudança, quando havia diferença de clima entre os lugares algumas pessoas até passavam mal, felizmente da região central para o norte a única diferença foi o ar um pouco mais frio, em breve o inverno começaria.

 

- Daqui vamos de carruagem até o nosso destino – avisou Ryna – é o mesmo templo onde recebi o meu grimório que pertencia à Rysaja.

- E também é o lugar onde Rysaja está sepultada não é? – comentou Arik – um dos heróis que salvaram o mundo mil anos atrás, e mais impressionante ainda é você ter o sangue dela nas veias.

- Espero que ela não levante do tumulo pra me matar – comentou Darch se lembrando que é um mago negro.

 

As carruagens chegaram pra levar todos, na primeira carruagem foram Darch e Ryna com as crianças e escoltados por Arik, na segunda foram os servos que os acompanhariam, a viagem de carruagem levaria uma hora do portão de teletransporte até o lugar da cerimonia, no meio do caminho Ryna ia explicando tudo sobre a família Bright para Darch.

 

- E é por isso que das 8 famílias reais a família Bright é a mais prestigiada – terminava Ryna – Rysaja não só foi um dos que mataram Kyriel, ela também foi a esposa do primeiro rei Taugen Reiges.

- E agora uma descendente dela vai vencer de novo a grande invasão – dizia Arik quase emocionado – temos muitos motivos para pedir a benção dela hoje.

 

O fim da história coincidiu com a chegada ao templo, todos desembarcaram das carruagens enquanto eram recebidos pelos guardas-reais do norte e também servos da família Bright.

 

- Estávamos no aguardo, a rainha Ryhana a espera – cumprimentou um mordomo da família mostrando o caminho.

- Hei Ryna, esse mordomo aí é aquele que sua avó?... – Darch sussurrava para sua mulher.

- Prefiro não saber – respondeu Ryna no mesmo tom.

 

O grupo inteiro entrou no enorme templo, logo os dois guardas-reais da entrada cumprimentaram seu capitão na frente, no interior havia muitas pessoas da família Bright aguardando a princesa, mas a medida que Darch andava ao lado dela olhares hostis eram dirigidos a ele, embora todos tenham desviado o olhar quando a rainha do norte chegou.

 

- Sejam bem-vindos, você principalmente Darch – cumprimentou Ryhana.

- É uma honra revê-la – respondeu ele.

- Quanto tempo faz? Desde aquele jantar com o Eldair e os outros? – dizia ela – foi lamentável que você não tenha alcançado seu objetivo, mas no fim tudo acabou bem não é?

- Minha irmã descansa em paz agora, e a família cresceu, então... – ele ficou meio sem jeito de dizer isso.

- Falando em família, olha só que criança adorável!!! – Ryhana perdeu toda a compostura e pegou seu bisneto nos braços – meu deus! Eu aposto que em 10 anos eu vou ser trisavó quando esse garanhão despertar!!

- Em 10 anos ele vai ter só 10 anos! Se comporte sua velha safada!! – Ryna até tomou um susto quando percebeu o que disse.

- Tem razão, me deixei levar – ela se ajeitou e olhou para Riena – afinal Riena é quem vai aumentar a família primeiro não é?

 

Riena tratava Ryhana como sua avó e abraçou ela sendo correspondida por Ryhana, os outros membros da família suspiravam derrotados pelo comportamento da rainha, uma mulher hiperativa e que apesar da idade ainda teve mais um filho antes do rei anterior morrer, pelo menos nessa parte eles ficaram gratos já que tanto Ryna como Reirena não serviam pra continuar o legado dos Bright.

 

- Darch, pode amaldiçoar essa velha sem-vergonha – pediu Ryna.

- Eu não trabalho nesse departamento ainda – respondeu ele.

- Ok, já parei, vamos cumprimentar os outros convidados – ela riu e mostrou o caminho pra eles.

 

O primeiro que veio cumprimenta-los foi o atual herdeiro da família Bright, Rysel Bright tinha agora 16 anos e por isso já era oficialmente o herdeiro do trono, quando completasse 20 anos sua mãe e atual rainha poderia se aposentar.

 

- Por favor cuide da Ryna – pediu ele apertando a mão do Darch sem receio algum.

- Poderia não falar como um rei maduro? É meio estranho – pediu Darch constrangido – eu farei o que puder sobre essa maluca.

 

Depois foi a vez dos outros parentes da Ryna, essas pessoas evitavam cumprimenta-la diretamente para não chegarem perto do Darch, enquanto iam avançando na direção do centro do templo outros se aproximavam, dessa vez eram os representantes das famílias reais, algumas mandaram seus herdeiros, outras mandaram pessoas de posições muito altas.

 

- Terion Baston? – disse Ryna surpresa em ver o príncipe herdeiro da região leste.

- Surpresa em me ver? – disse ele tentando não parecer sarcástico – é uma cerimônia muito rara, achei melhor vir pessoalmente.

 

De fato era uma surpresa vê-lo ali, a família Baston tinha muita rixa com a família Bright por causa da sucessão atual, ele até mesmo foi contra a Ryna tomar o trono do pai e se tornar imperatriz, além disso ela mesma não gostava dele achando-o do mesmo tipo que o odioso Karl Villent, sendo assim encontra-lo na cerimônia foi realmente uma surpresa.

 

- Já que veio eu peço que aproveite, depois conversaremos melhor – disse Ryna vendo que Tidus começou a chorar com a agitação ao redor dele – o dever de mãe me chama.

 

Assim como ensaiado Ryna e a babá se afastaram discretamente enquanto o resto da comitiva entretinham os convidados, naturalmente todos notaram mas como era comum ninguém comentou, enquanto isso Ryna e a babá foram pra um quartinho do lado enquanto Arik ficava plantado na porta, lá dentro Ryna tentava acalmar o filho.

 

- Princesa, alguém veio vê-la – avisou Arik na porta.

- Agora? O Tidus ainda está chorando – disse Ryna meio sem jeito – eu falarei com quem seja depois.

- Eu não vou incomoda-la por muito tempo – disse alguém atrás do Arik.

- Helion? Você veio também? – Ryna ficou ainda mais surpresa em vê-lo – e como vai a sua saúde? Eu soube que tinha piorado...

- Eu temo não ter muito tempo restando, e é por isso mesmo que não podia deixar de vê-la hoje – respondeu ele entrando – pode me dar alguns minutos?

 

Ryna continuou ninando o Tidus mas pediu para a babá esperar lá fora com Arik, Helion entrou e Ryna pôde ver o quão pálido e magro ele estava, nesse ritmo Helion não viveria mais um ano.

 

- Fico feliz que encontrou um homem que te fez feliz, principalmente depois da desgraça que o Karl foi – dizia ele olhando pro Tidus – se você tivesse casado com um moribundo como eu teria sido igualmente uma desgraça.

- Se ao menos soubéssemos que doença é essa poderíamos tê-lo curado – dizia Ryna sentida – e não se menospreze tanto, ninguém pode substituir o Darch em minha vida, mas você também é um ótimo homem.

- Rezo para que sua família seja prospera e afortunada – disse ele – ah sim, eu vim pessoalmente porque havia algo que eu precisava lhe dizer diretamente.

- Então estou ouvindo, e depois disso vá descansar – pediu ela – você não pode abusar mesmo que hoje seja um dia especial.

- Tenha cuidado com o Terion, ele está aprontando alguma coisa – avisou Helion com um tom sério – a Nelia estava de olho nele mas perdeu contato com seu espião, eu sinto que ele vai apontar as presas para você logo.

- Já encarei coisas piores, e não sou uma tola despreparada – respondeu ela – agora mais do que nunca, quem apontar presas para mim deve se preparar pra ficar banguela.

 

**********************************

 

- Então vocês já estão nesse nível? – perguntou Darch olhando Reina e Emílio juntos.

- Olha quem fala, quando vai casar oficialmente? – questionou Emílio.

- Por mim ficava do jeito que está, casar só vai trazer problemas pra ela – respondeu Darch – mas você sabe como são essas coisas da realeza.

- Você não acordou um dia sabendo que vai ter que sentar no trono – reclamou Reina – obrigado por essa Karl, eu queria poder revive-lo só pra matar de novo.

 

Os três riram disso, embora fosse muito errado ficar falando desse assunto neste lugar, depois disso a princesa Nelia Baston veio cumprimentar Darch e mais uma vez agradecer por tê-la salva das garras do Belphegor, ela também deu para Reina o mesmo aviso que seu irmão deu para Ryna sobre as ações do Terion.

 

- Tenho que me preocupar com isso? – perguntou Darch parecendo meio entediado – alias quem é esse Terion mesmo?

- O atual herdeiro do leste, é pra ele que você paga os impostos sabia? – explicava Emílio – ele é da mesma laia que o Karl, o que significa que você nunca deve virar as costas pra ele.

- Entendi, vou colocá-lo no topo da minha lista negra – disse Darch.

- Espera, isso é uma metáfora ou você tá falando sério? – perguntou Reina.

 

Ele ia responder mas alguém chamou a sua atenção, alguém trajando uma armadura branca completa mesmo que só os guardas-reais estivessem usando armaduras, além disso ele vinha acompanhado de outros dois guerreiros, nas armaduras dava pra ver o brasão da região noroeste, o que significava que eram da ordem dos paladinos.

 

- É sério isso? – perguntou-se Darch já achando que estragaram seu dia.

- Esse aí é o Raphael Aurana, herdeiro do trono e filho do Selvarino – explicava Reina – ele não é tão fanático quanto o pai, mas ele também é do grupinho violento dos paladinos.

 

Darch se perguntava o que ele veio fazer nesse lugar, certamente todas as famílias mandaram representantes, mas o Selvarino odiava a Ryna e odiava muito mais a ele, certamente Selvarino não mandaria seu herdeiro prestigiar este evento, e embora não fosse proibido era uma afronta entrar armado desse jeito.

 

- Ora ora, então esse é o Darch Vilmont, futuramente Darch Reiges? – perguntava Raphael depois de chegar perto – eu já o vi antes quando a princesa Ryna anunciou que usurpou o trono, mas olhando agora de perto não parece grande coisa.

- Não seja violento, um escândalo só estragaria tudo pra você – disse Reina bem baixinho.

- Eu sei, não sou um idiota – ele respondeu no mesmo tom e depois se voltou para Raphael – obrigado por ter vindo, sua presença é muito bem-vinda.

- Hunf! Dissimulado até o fim não é? – disse Raphael – aproveite enquanto pode, em breve esse joguinho vai acabar.

 

Ele se retirou e foi para uma área reservada para os emissários da família Aurana, enquanto viam o grupo se retirando os três ficaram pensando o motivo dele ter aparecido, isso até a rainha Ryhana parar na frente do grupo e cumprimentar o príncipe Raphael.

 

- Olha só quem saiu de casa, achei que nunca mais fosse sair do seu quarto depois daquele incidente – comentava Ryhana bem descontraída – eu não pude deixar de ouvir que chamou o Darch de pouca coisa, já ouviu que ele matou um arquidemônio?

- Sim sim, feito admirável – disse Raphael tentando passar por ela.

- Não é? Pode ter sido só um, mas isso já tornou o reinado mais seguro – dizia ela – quantos você já conseguiu matar?

- Eu... não quero falar sobre isso aqui – disse ele suando frio e contornando ela.

- Tenho certeza que você já superou aquela vez – continuava Ryhana – foi muito cruel o seu pai botar uma criança de 10 anos pra lutar contra um demônio, mesmo que fosse um pequeno, ninguém o culparia por mijar nas calças.

 

Raphael quase surtou quando ela mencionou isso, e a reação dele confirmou as palavras dela, diante disso todo mundo se segurou para não rir e assim criar um atrito diplomático, mas vendo que virou motivo de piada Raphael e seus seguidores se apressaram pra sumir das vistas, Ryhana rindo um pouco foi até Darch e os outros.

 

- Se o pai não fosse tão surtado ele poderia ser um bom garoto – dizia Ryhana.

- Vovó, aquilo que você disse...

- Foi num evento semelhante à esse, mas sediado lá na terra dele – explicava a senhora – o Selvarino queria mostrar o quanto seu herdeiro era forte e soltou um pequeno demônio na frente dele, o Raphael gritou horrorizado e se mijou fugindo depois, pobre menino.

 

Ryhana disse para Darch usar isso caso Raphael voltasse pra lhe encher o saco, mas a conversa ficaria pra depois já que Ryna voltou com Tidus, seguindo a deixa dela os empregados deram um jeito de avisar todos que a cerimonia teria início.

 

**************************************

 

- Eu queria dar uma espiadinha – dizia um dos guardas em patrulha.

- Você é doido? Os guardas-reais te jogam na masmorra se alguém sem autorização entrar – avisou o parceiro dele.

- Mas é um evento que só ocorre à cada 10 anos, sei lá se vou estar aqui quando o próximo ocorrer! – reclamava o outro.

- Ano que vem tem a grande invasão, vai ser sorte se qualquer um de nós estiver vivo daqui há 10 anos – avisou o primeiro.

- Que sorte a nossa sermos guardas do palácio, não vamos pra linha de frente – agradeceu o primeiro.

- Não seja tá confiante, dizem que até os camponeses vão ter que lutar se a coisa ficar feia – alertou o segundo.

 

Ele dizia isso se baseando no recrutamento, dezenas de milhares de plebeus foram recrutados e agora estão treinando loucamente pra lutar, tendo apenas um ano eles precisavam aprender a lutar como soldados pra proteger o reinado, os boatos diziam que cada família mandou pelo menos uma pessoa pra se alistar, embora não seja verdade não está muito longe da realidade, voluntários surgiram pra proteger suas famílias das garras dos demônios.

 

- Hei, você tá vendo aquilo? – perguntou um deles apontando numa direção.

- Sim, quem é aquele cara? – perguntou o outro.

 

Eles se referiam ao estranho homem de costas olhando uma árvore, pelos trajes ele só podia ser um nobre, mas era muito estranho que jamais tenham visto esse homem por esse lugar, ele parecia ainda mais esquisito porque suas roupas eram muito retrôs e embaixo da sombra da árvore ele parecia uma assombração, se enchendo de coragem os dois foram lá checar.

 

- Her... com licença... – disse um deles.

- Oh! Pois não? Em que posso ajuda-los? – perguntou o homem se virando.

 

Agora ficou ainda mais estranho, ele usava uma máscara metálica cobrindo todo o rosto, onde deveriam estar os olhos só havia dois pontinhos bem distante, ele passava uma estranheza completamente diferente de tudo que já ouviram falar, mas eles também sabiam que nobres podiam ser bem esquisitos e excêntricos, então não podiam faltar com respeito agora.

 

- O senhor... está perdido? – perguntou um deles – por acaso estava indo para a cerimônia de batismo?

- Oh não, eu já estive lá, estou precisamente onde deveria estar agora – respondeu Mephiles usando um tom bem descontraído – os senhores estão tendo um bom dia?

- Obrigado, estamos sim – disse o outro.

- Excelente! Então eu farei uma sugestão para que mantenham o seu dia bom – continuou o demônio mascarado – eu sugiro que façam uma patrulha no portão externo, acredito que vai ser mais agradável em relação a esta área.

- Obrigado pela consideração, mas são nossos superiores que decidem nossa rota – disse um deles.

- É assim mesmo? Que pena, esse lugar vai ficar tumultuado em breve – dizia Mephiles – mas não desanimem, talvez vocês sejam sortudos.

 

Os dois achavam aquele cara bizarro demais, mas como meros guardas eles não poderiam questiona-lo, a única coisa que podiam fazer era procurar um superior e relatar a situação, por isso os dois deram uma desculpa e se retiraram, ao se afastarem viram que o estranho mascarado continuara observando a árvore.

 

- Bem, acho que está na hora do grande evento – disse Mephiles pegando seu relógio de bolso.

 

*************************************

 

- Eu devo admitir: isso é muito bonito – disse Darch sentado na primeira fila.

 

Ele se referia ao coral de crianças cantando uma música celestial, era o evento de abertura da cerimônia oficial de batismo, todas as crianças estavam alinhadas esperando pelo sacerdote, normalmente a pessoa mais importante iria primeiro, mas o evento era em ordem de idade, começando dos mais velhos para os mais novos, o que significava que o Tidus seria a última criança a receber um batismo, Riena estava sentada ao lado da mãe num espaço ao lado do altar.

 

- Agradeço à todos que vieram assistir esse batismo, por nossa ancestral Rysaja e pela deusa da luz eu realmente agradeço à todos – disse Ryhana curvando-se de leve – por favor sacerdote, dê prosseguimento à cerimônia.

 

O sacerdote começou as orações em linguagem celeste, o batismo consistia em levar a criança até um círculo com símbolos divinos no centro do altar, enquanto o sacerdote fazia a oração o círculo brilhava emitindo uma luz pura e divina, assistir aquilo era algo que valia a pena esperar 10 anos, pais levavam seus filhos para receber o batismo em ordem, Riena seria a terceira criança a receber o batismo, Tidus iria ser o último, por isso quando foi a vez da Riena todos aplaudiram discretamente.

 

- É a sua vez minha linda, faça como ensaiamos – pediu Ryna.

 

Riena se posicionou no centro do círculo brilhante e fez um gesto como se estivesse orando, o sacerdote seguia com os cânticos celestiais e a luz do círculo quase bateu no teto do templo, a cena teve um impacto que mesmo Ryna ficou boquiaberta.

 

- Riena é mesmo um anjo, por isso a chamam de princesa dourada – dizia Reina sentada ao lado do Darch – parece que até a deusa da luz a ama.

Enquanto os dois conversavam outra criança recebia o batismo, só faltava mais uma antes de chegar a vez do Tidus, a medida que a cerimonia prosseguia Darch ficava mais nervoso, ele ia acompanhar Ryna no processo.

- Parece que chegou a sua vez paizão – disse Emílio dando um empurrãozinho nele.

 

Darch se levantou e andou todo duro em direção à Ryna, se tinha uma coisa da qual ele tinha medo era estar diante de uma plateia, as pessoas aplaudiam sem animo nenhum e por pura formalidade, mas Darch se acalmou quando Ryna estendeu a mão para ele.

 

- Relaxe, pense que só estamos nós dois e nossos filhos aqui – pediu ela.

 

Tendo esse pensamento em mente ele ficou um pouco mais calmo, mas teve que incluir também o sacerdote conduzindo a cerimônia, o casal seguiu para o círculo dourado no chão e Darch segurando a mãozinha da Riena ficou uns passos atrás, já Ryna entrou no círculo carregando Tidus nos braços, ele implorava mentalmente pra que ele não começasse a chorar justamente agora, pois seria uma gafe bem vergonhosa.

 

- Papai, seu braço tá engraçado – disse Riena.

- O que? – ele olhou para a menina e depois para o seu braço.

 

Darch viu que havia uma marca estranha na sua mão esquerda, então ele levantou a manga da roupa para ver melhor, e o que ele viu foi uma espécie de selamento cobrindo todo o seu braço esquerdo, selamento que seguia o padrão demoníaco com cor de sangue bem escuro, ao ver isso ele ficou pálido de medo e soltou a mãozinha da Riena, ele ia gritar algo para Ryna mas foi tarde demais.

Quando o círculo brilhou forte Tidus chorou de repente, uma espécie de faísca negra explodiu do menino para o pai que tomou um choque de uma espécie de relâmpago negro, o relâmpago criou uma coisa bizarra como um clarão escuro extremamente intenso começando pelo braço esquerdo dele, outros relâmpagos explodiram em várias direções levando o pânico à todos os presentes que tentavam fugir desesperadamente, guardas-reais tentavam avançar pela multidão aterrorizada, a única pessoa que avançou na direção do Darch foi Reina invocando uma armadura de batalha com sua magia.

 

- DARCH!! RIENA!!! – gritou Ryna desesperada.

 

Um turbilhão de escuridão se formou em volta do Darch, Riena gritou quando o vento a jogou com força na direção de uma parede, felizmente Reina conseguiu alcança-la e pega-la antes que algo terrível acontecesse, quando o turbilhão cessou todos viram algo assustador: no lugar do Darch havia um ser em armadura vermelha e negra, um elmo fechado e um par de chifres em espiral, Darch havia se transformado em um demônio do mais alto nível.

 

 

Continua.


Notas Finais


Na capa temos o templo onde a cerimonia está sendo realizada, na minha pagina postarei a imagem do Raphael Aurana.
.
Um desastre atingiu a cerimonia, será mesmo que Darch virou um demônio? A desgraça que atingiu sua família uma vez agora se repete com ele e ameaça a todos!!
Por favor deixem comentários, eles ajudam a melhorar a fic (e me animar respondendo!)


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