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História Herdeiros da Magia - Capitulo 125 Planos de Viagem.


Escrita por: zariesk

Notas do Autor


Opa! Estão gostando do ritmo acelerado de postagem? Eu tô postando assim porque estou super empolgado com essa saga, e vocês? Estão gostando?
Então vamos pra mais uma capitulo, e com ele o início da saga do passado!!

Capítulo 133 - Capitulo 125 Planos de Viagem.


Fanfic / Fanfiction Herdeiros da Magia - Capitulo 125 Planos de Viagem.

Capitulo 125 – Planos de Viagem.

 

 

(5 dias depois)

 

- Oh! Vejo que a Hecante terminou com você – disse Mephiles admirando o trabalho da irmã.

- Vai demorar um pouco a me acostumar em ter chifres – disse Pallas chegando ao salão.

 

Pallas estava razoavelmente diferente, havia um cristal em sua testa, um par de chifres brotando das laterais da cabeça e uma armadura óssea cobrindo seu corpo, esse é o resultado de Hecante ter transplantado o núcleo do Eidos para o corpo dele.

 

- Embora sua aparência não tenha mudado muito, você é agora oficialmente um arquidemônio – explicava o outro – assim como fizemos com o Darch, embora com ele a transformação foi imperfeita e reversível.

- Estranho é que ficam aparecendo umas imagens na minha cabeça – reclamou o outro.

- Devem ser as memorias do Eidos, ao receber o núcleo dele você se tornou o receptáculo para ele – dizia Mephiles – memorias, conhecimento e poder, você recebeu tudo dele.

- Não me sinto tão poderoso assim – disse Pallas se observando.

- Não era tanta coisa assim pra começar – Mephiles parecia meio envergonhado – mas devo avisa-lo que em cerca de 200 anos você deixará de ser o Pallas e será o Eidos completamente, aí seria o mesmo que dizer que ele te absorveu.

- Não tem problema, eu deixei de ser aquela criatura vergonhosa – dizia Pallas com um sorriso cruel no rosto – ser incorporado ao poder supremo é um pequeno preço a se pagar.

 

O sonho do necromante Pallas sempre foi conseguir a imortalidade, os demônios por si só já não tinham expectativa de vida, e os arquidemônios originais eram praticamente imortais pois podiam ser revividos com o tempo, com todos esses benefícios eles não tinha muito do que se queixar.

 

- “Além disso, se eu me esforçar bastante vou dar um jeito de manter minha consciência” – pensava ele com um sorriso maligno no rosto – “em vez de me tornar o Eidos eu farei o Eidos ser parte de mim!”

 

Nesse momento Belphegor entrou quase se arrastando, com os ombros baixos e suspirando muito, parecia alguém que teve os planos do fim de semana cancelados, ele foi andando pelo salão e parou ao lado do Pallas, então ficou olhando pra ele como se estivesse confuso, o que incomodou o necromante.

 

- O que foi? – perguntou Pallas achando o jeito do outro estranho.

- O seu fedor de fracasso aumentou, o que você fez? – perguntou Belphegor.

- Agora que eu sou um arquidemônio ainda preciso aguentar isso? – perguntou Pallas olhando pro Mephiles.

- Infelizmente todos nós precisamos – disse o outro decepcionado.

- Me deixem em paz, eu tô triste – resmungou Belphegor sentando em seu lugar – eu estava todo empolgado antes sabe? Planejei um roteiro de destruição impecável, e no último minuto o Kyriel me joga um balde de água fria!

- Pelo amor da deusa negra, é só um mês! – disse Dantalion chegando – você esperou 200 anos e não pode esperar 25 dias?

- Se uma criança espera um ano pra ter sua festa de aniversário, como você acha que ela se sente se os pais mandam esperar mais uma semana? – perguntava Belphegor.

- Agora você sabe como me sinto quando você estraga meus planos – disse Mephiles satisfeito.

 

Agora foi o Dantalion que começou a olhar pro Pallas de forma estranha, já imaginando o que viria ele perguntou qual era o problema agora.

 

- hun? Você tem um jeitinho que me lembra o Eidos – disse Dantalion olhando pro Pallas – o que você fez?

- Estou quase me arrependendo – disse Pallas suspirando.

 

E de repente todos notaram que Kyriel já estava sentado em seu lugar, com os braços cruzados encarando todos, Belphegor ao ver o irmão mais velho se ajeitou em seu lugar, Pallas agora parecia ter ainda mais respeito por ele.

 

- Vocês estão livres para fazerem o que quiserem, exceto matar e destruir – avisou Kyriel – a princesa já partiu na jornada, vamos deixar as coisas quietas por enquanto.

- Espera aí, nem matar e nem destruir não é? – confirmava Belphegor – e por acaso o pessoal do reinado já sabe disso?

- Hun? Certamente, a princesa já avisou a todo mundo – respondeu Kyriel.

- heheheheheh eu vou dar uma volta – disse Belphegor se levantando.

- Essa não! Impeça ele! – gritou Mephiles.

- Porque? Ele só vai dar uma volta – disse o outro vendo Belphegor já saindo rápido.

- Senhor, quando o Belphegor diz que vai dar uma volta qualquer coisa pode acontecer! – justificou o outro.

- Se ele aprontar eu vou quebrar outro braço dele – respondeu Kyriel – agora foquemos em outra coisa, você tá diferente Pallas, mudou o penteado?

- Eu fundi o núcleo do Eidos nele – disse Hecante entrando – depois traga seus capangas aqui, tenho outros experimentos para realizar.

- Ficou um ótimo trabalho, embora eu não consiga me acostumar com essa presença misturada – elogiou Kyriel.

- E eu não consigo me acostumar com o fato de que parece que tem algo se remexendo dentro de mim – reclamou Pallas – mas a sensação de poder é muito boa, então compensa o desagrado.

- Já que o núcleo do Eidos está em você vou trata-lo como tal – disse Kyriel – só lamento dizer que os outros vão fazer a mesma coisa.

- Já percebi o que quis dizer com isso – disse Pallas lembrando do tratamento anterior.

 

Hecante caminhou até Kyriel e sentou no colo dele se ajeitando como se ali fosse o seu lugar, Kyriel fez uma cara de nojo mas deixou ela ali para satisfaze-la por um tempo, Hecante trabalhava melhor quando satisfazia suas obsessões.

 

- Então irmão, por que deu um mês para a princesinha encontrar respostas? – perguntou Hecante – poderíamos simplesmente atacar, afinal ela recusou sua generosa oferta de rendição.

- Pode-se dizer que eu gostei dela, gostaria de ter alguém como ela entre meus vassalos – respondeu Kyriel – mas a verdade é que é lamentável ir pra uma guerra sem nem saber pelo que está lutando, se ela descobrir a verdade vai cair em desespero ou vai reafirmar sua vontade de lutar? Eu estou ansioso pela resposta.

- Também há a possibilidade dela não voltar mais – comentou Dantalion.

- Isso também, se ela não voltar é bem provável que o reinado se renda após perder sua líder – disse o outro – eu sei que vencer sem uma revanche é meio chato, mas ainda temos que conquistar o resto do continente, preservar nossas forças seria bem melhor.

- Você sempre pensando vários passos à frente! – dizia Hecante com o rosto todo corado.

- E claro, também existe a possibilidade dela não conseguir chegar ao lugar – continuava Kyriel – afinal o palácio da verdade não é exatamente um resort que você chega e se hospeda.

 

**************************************

 

- Você cresceu bastante Aesty – disse Astréia tomando um gole de sakê – mil anos atrás você não tinha nem metade desse tamanho.

- Eu era só um garoto naquela época – respondeu o dragão branco em sua forma plena – e vejo que você continua viciada em álcool.

- Não fale como se eu estivesse cometendo algum pecado! – reclamou Astréia.

- hahahahah uma celestial pinguça, quem diria que teria disso no paraíso! – zombou um demônio sentado ao lado dela.

 

Astréia usou as costas da mão para socar a cara do demônio, este parecia ter quebrado o nariz com o golpe, então Aesty se transformou em luz para logo em seguida aparecer na forma humana, então ele sentou na mesa pequena de frente para os outros dois, já os servos achavam aquela reunião muito inusitada.

A mesa só tinha um metro e pouco de diâmetro, então eles estavam bem próximos um do outro, de frente para Aesty estava a celestial Astréia, e ao lado dela um demônio que parecia apenas uma massa de escuridão solida, olhos grandes e um par de chifres recurvados na testa, qualquer um acharia bizarro que um demônio estivesse sentado ao lado de um celestial, e ambos de frente pra um dragão ancião.

 

- Levou mil anos para alguém como a Ryna aparecer – dizia Astréia – mais de 200 gerações.

- E ao mesmo tempo alguém como o Asche – o demônio comentou enquanto tomava um gole da forte bebida – dá pra chamar isso de coincidência?

- Não pensei que você se importava com aquele garoto – dizia Astréia irritada com ele sentado ao seu lado.

-  Fui criado pelo poder dele, sou quase um filho – justificou o demônio – mas o mais surpreendente é o Aesty aqui, você não odiava a Rysaja? Ela ficava te usando como bichinho dela.

- Nem me fale daquela peste! Só me causava problemas! – reclamou Aesty – ela me invocava com a cara mais lavada e um sorriso de quem se divertia com isso!

- Mesmo assim estamos aqui, já que é provavelmente a última vez vamos brindar a isso – sugeriu Astréia.

- Você só quer uma desculpa pra beber não é? – criticou o demônio do lado.

 

Astréia sacou uma faca e cravou na barriga dele, enquanto o demônio ficava agonizando no chão Aesty observava aquela cena e fazia uma cara de desgosto, Rysaja conseguiu reunir pessoas bem diferentes sob comando dela.

 

- Lorde Aesty, eu já os levei para ELE – dizia Jinshu se aproximando e curvando-se.

- Ótimo, você não é branco mas é bem eficiente – respondeu Aesty se referindo à cor das escamas dele – e agora começa o primeiro desafio: chegar na ilha.

- Se me permite, eu acho uma péssima ideia leva-los até ELE – dizia Jinshu – cada ancião tem seus próprios gostos para negociação, mas aquele cara...

- Eu sei como é, detestável e mal-educado, mas a ilha fica em seus domínios, e não nos metemos nos domínios dos outros – justificou Aesty.

- hehehehehhe vamos ver se aquela dupla consegue negociar com um bandido – disse o demônio depois que tirou a faca da barriga.

- E vocês dois vão ficar aqui esperando? Sei que é um favor para aqueles dois, mas não vejo vocês dois cooperando – perguntou Aesty.

- É um pequeno sacrifício a se fazer pelo bem do futuro – disse Astréia como se fosse superior.

- A vagaba só quer a sua adega – disse o outro.

 

E com isso dessa vez Astréia bombardeou o demônio com relâmpagos, enquanto este corria e Aesty ria assistindo aquela palhaçada, já Jinshu se perguntava como esse cenário medonho se montou no passado.

 

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- Isso é uma péssima ideia – resmungou Arik mais uma vez.

- Você e os guardas-reais chamam atenção demais com essas armaduras vistosas – dizia Darch – estão praticamente implorando para que...

- Hei gracinha, onde pensa que vai? – perguntou um sujeito horroroso bloqueando o caminho.

- ...Algo do tipo aconteça – completou Darch – certo, vocês são os bandidos locais e querem pagar de fodões nos intimidando, então podemos pular as piadas e ir direto pra porradaria?

 

O primeiro bandido assobiou, e com isso outras 50 pessoas apareceram ao redor, alguns sobre telhados, outros nas vielas e todos bloqueando qualquer rota de fuga, não que o grupo liderado pela Ryna e Darch pretendessem fugir.

 

- Tem dois pra cada um de nós, acha que dá conta? – perguntou Ryna que estava vestindo um manto e um capuz.

- Por mim podiam trazer todos de uma vez pra nos poupar tempo – dizia Darch.

- Façam um círculo em volta da Ryna e dos outros! – ordenou Arik para os 5 guardas-reais – vamos deixar a linha de frente pro Darch e os aventureiros!

 

Assim como ordenado os guardas-reais fizeram um círculo com Ryna e mais duas pessoas no centro, enquanto isso Darch e 15 aventureiros contratados começaram a lutar contra os bandidos da cidade, entre os aventureiros haviam magos de todos os tipos e por isso a luta foi muito simples, mas o que mais aterrorizou os bandidos foi a magia negra do Darch, uma serpente de trevas solida foi criada e saiu fazendo um arrastão com os bandidos, mesmo alguns deles não sendo humanos foram mortos facilmente, só restou um vivo propositalmente poupado para ser interrogado.

 

- Eu consegui um mapa da área, mostra onde cada gangue tem sua base – explicava o mago mental do grupo – se evitarmos essas áreas podemos poupar um monte de trabalho.

- Seria mais fácil se metade da população daqui não fossem de bandidos! – reclamou o mago de batalha.

 

Novamente em formação o grupo começou a se mover, a cidade era um verdadeiro labirinto com ruas e vielas por todos os lados, casas que foram construídas de qualquer jeito e muitos becos sem saída, mais de uma vez a comitiva foi atacada, mas exceto por grupos muito grandes ninguém ousava enfrentar tantos aventureiros de uma vez.

Ryna e os outros estavam na costa oeste do continente, essa cidade foi construída já dentro do mar, numa região que tinha tantas pedras que navegar com barcos grandes era impossível, então as pessoas começaram a construir pontes entre as pedras, usar grandes troncos como base e assim irem construído casas sobre o mar, por baixo das “ruas” canoas circulavam sob as sombras das construções, incluindo monstros marinhos inteligente.

 

- Nossa, faz um milênio que não sinto o cheiro do mar – dizia uma das elfas encapuzadas ao lado da Ryna – e esse fedor de peixe... é terrível mas eu senti saudades também.

- Está gostando do seu corpo emprestado? – perguntou Ryna.

- Sim, melhor do que pedi – respondeu Krina no corpo da elfa – a magia de possessão funcionou perfeitamente, até dor eu sinto!

- A maioria das pessoas detestaria essa parte – comentou Darch.

- Quando você é um espirito você não sente nada, até mesmo dor é reconfortante – explicava ela – além disso eu tô doida pra transar de novo!

 

Ryna tossiu ouvindo isso e Darch apenas deu uma boa risada, já os aventureiros ficaram constrangidos assim como os guardas, quando se pensava nos heróis lendários se pensava em seres acima de tudo, mas essa Krina Neldor era uma desbocada, safada e pentelha como não se esperava, ao ver como ela era Ryna tinha medo que sua imagem da sua ancestral Rysaja estivesse completamente errada.

 

- Eu posso lhe fazer uma pergunta? – pediu Ryna.

- Minha criança, não precisa ser tão formal comigo, eu sou um ectoplasma de um defunto milenar – dizia Krina – você é a governante de uma nação inteira, a última coisa de que precisamos é de formalidades.

- Então por que você nunca apareceu para nenhum dos meus antecessores? – perguntou Ryna – por que esperou mil anos pra se revelar?

- Boa pergunta, você queria que eu encarregasse o destino do reinado nas mãos da sua mãe? – perguntou Krina.

- Por deus, não... – Ryna imaginou a desgraça que seria.

- E sua avó foi a melhorzinha que teve nos últimos 400 anos – explicava Krina – antes dela teve um rei que também merecia consideração, mas no final ninguém era como você.

- O que me faz especial aos seus olhos? – perguntou Ryna esperançosa.

- Você não é uma idiota – foi tudo o que Krina disse.

 

A resposta dela deixou Ryna chocada, depois disso Krina foi incomodar Darch enquanto Ryna a observava, como era de se esperar Darch primeiro a tratou com cautela, mas depois que percebeu o tipo de personalidade que tinha passou a agir mais livremente.

E assim o grupo seguiu pela confusa cidade, sendo evitados pelo povo e até atacados por um monstro crustáceo, um bandido conseguiu usar teleporte pra aparecer atrás da Ryna e tentar usa-la como refém, mas ele não esperava que a princesa fosse tão feroz e o transformasse em pó com sua magia.

 

- Lá vem o comitê de recepção – disse Darch vendo ondulações na água abaixo deles.

 

Da água abaixo deles surgiram dois dragões marinhos, sua coloração era verde na área da barriga e azul nas costas e asas, além disso suas asas pareciam leques e suas patas eram maiores que o padrão, assim como tinham nadadeiras entre os dedos, pelo que Ryna leu os dragões marinhos podiam soprar um jato d’água em alta pressão capaz de cortar armaduras como se fosse papel, os mais experientes podiam soprar água fervente ou congelante.

 

- Nosso lorde os espera – disse um dos dragões.

 

Anteriormente Ryna pedira à Jinshu que mediasse uma reunião com o ancião dos mares, só ele e sua frota navegava pelo mar desconhecido do oeste, Ryna recebera a confirmação de que o ancião dos mares aceitou recebe-la, mas isso ainda assim não era garantia de segurança, o dragão conhecido como Hengarosa era caótico e traiçoeiro, ela teria que negociar com ele sabendo que sua vida estaria no fio da navalha.

 

- Antes de prosseguirmos, eu quero dar a vocês uma nova chance de decidirem voltar – dizia Ryna para os aventureiros – mesmo se voltarem agora eu considerarei seus contratos concluídos e não terei rancor.

- Bem, não vou dizer que não estou com medo – começou o líder de um dos grupos – mas se a princesa está envolvida pessoalmente então é sério não é?

- Além disso não é todo mundo que pode se gabar de ter conhecido um dragão ancião – disse outro – ou de visitar uma ilha desconhecida no mar do oeste.

 

Ryna suspirou e agradeceu, fazer as pessoas acompanha-las para o risco de morte era impensável, e forçar os outros pior ainda, foi justamente por isso que ao solicitar reforço de aventureiros ela deixou bem claro onde estariam se metendo, apenas esses três grupos responderam ao pedido.

 

- Vê porque deixei em suas mãos? – disse Krina passando por ela.

 

O grupo teve que entrar por baixo da cidade onde ficava a água do mar, e lá não era muito melhor que a superfície, por causa das inúmeras rochas e troncos de sustentação o labirinto era igualmente confuso, além disso por ter uma cidade sobre eles a escuridão era quase total, os magos brancos da comitiva tiveram que criar globos de luz para enxergarem, além de se dividirem em um total de 10 canoas, com os dragões como guias eles lutaram contra a corrente e remaram até a entrada de uma caverna.

Quando adentraram a caverna todos tomaram um susto, o lugar era grande o bastante pra caber o palácio imperial, provavelmente era uma montanha oca que não desmoronava por um milagre, assim como a cidade o interior estava cheio d’água com várias casas construídas sobre pilares, mas a coisa mais impressionante mesmo era o gigantesco navio no centro, era tão grande que dragões poderiam circular livremente por seu interior, devido ao seu tamanho ele jamais flutuaria sem ajuda de magia épica.

 

- Subam, o capitão está lá em cima – ordenou o dragão marinho voltando a submergir.

 

Havia escadarias pra levar ao deck do navio, mas os magos usaram magia pra levitar as canoas até lá, quando chegaram ao topo dava pra ver algo que parecia mais uma feira ao ar livre, o fedor de cachaça e comida entupia as narinas, alguns até ficaram enjoados, dragões marinhos circulavam entre os marinheiros, dava pra notar algumas raças não-humanas, mas sentado sobre um grande crânio de monstro marinho estava o capitão Hengarosa.

 

********************************

 

- Eu estou surpresa que você não foi com ela – comentou Emadora chegando na sala.

- Ela não precisa de mim ali, não sou a melhor combatente e muito menos a melhor diplomata – respondeu Reina – em vez de atrapalha-la eu vou fazer o que eu puder fazer.

- Uau! Que amadurecimento! – disse a outra chocada.

 

Reina fechou os olhos e se concentrou, depois disso ela liberou Mana do seu corpo para cobrir a lamina da espada larga que segurava, a espada tinha a propriedade congelante em seus golpes, Reina queria tentar usar a sua mana para sentir o poder da espada e controla-lo.

 

- O que você tá tentando fazer? – perguntou Emadora.

- Me concentrar, uma tarefa impossível com alguém falando do meu lado – respondeu Reina.

- A verdadeira meditação envolve abrir mão dos seus 5 sentidos e focar somente no sexto – explicava Emadora como uma professora – somente quando você puder meditar mesmo em meio a um terremoto você descobrirá o caminho.

- Em que livro você leu isso? Pois é impossível que uma peste como você possa ficar quieta – disse Reina irritada.

- Também é importante que sua mente seja límpida como um lago, livre de emoções – ela continuava explicando andando em volta da outra – você deve alcançar um estado chamado de “vazio”.

- Eu sei de tudo isso, mas simplesmente não tem logica nenhuma – dizia Reina frustrada – se eu fizer tudo isso não seria diferente de ser uma árvore, eu ficaria tão indefesa que até você poderia me matar com uma faca de pão.

- Eu poderia te matar até com uma lixa de unha – zombou a outra.

 

Reina fez um movimento como se fosse cortar Emadora ao meio, essa saltou pra trás e esquivou, mas naturalmente era só a forma como a duas respondiam, reina então explicou o conhecimento que adquiriu lendo o pergaminho que recebeu de Kuzoha, segundo o que estava escrito se Reina pudesse se tornar uma com o espirito da espada ganharia um enorme poder, normalmente ela duvidaria disso, mas ela viu a força dos samurais em Yamato, pelo que entendeu a maioria nem estava perto de dominar isso, apenas poucos mestre conseguiam.

 

- Como maga mental eu não entendo nada desse assunto, eu obtenho poder treinando a mente e acumulando conhecimento – explicava Emadora – mas do pouco que li sobre o assunto o que você busca é uma iluminação, você acha que consegue em alguns meses?

- Provavelmente não – respondeu Reina sincera.

- Então não seria melhor focar esse tempo pra aprender magias mais fortes? – sugeriu Emadora.

- Já estou no 7º nível, para chegar ao 8º eu precisaria de mais 3 anos no mínimo – respondeu a outra – além disso, por algum motivo eu sinto que esse é o caminho certo.

- Dizem que um guerreiro de verdade deve seguir sua intuição – disse a outra – não que eu entenda de intuição, não é minha área.

 

Reina voltou a se concentrar na lamina da sua espada, Emadora ficou observando um pouco vendo que sua amiga estava bem firme na vontade de ser uma com a espada, tanto que dava pra ver que o mana dela estava ressoando com o Mana da espada.

 

- Você tá conseguindo? – a voz da Emadora apareceu dentro da mente da Reina.

- SUA FILHA DA PUTA!! – gritou Reina que tomou um enorme susto com a telepatia.

 

Emadora saiu fugindo e gargalhando enquanto Reina disparava fogo nela, depois disso Emadora correu pra uma área arborizada dentro do palácio real, era lá que geralmente os funcionários tiravam um tempo pra relaxar, e foi lá que Emadora encontrou Emílio praticando com um instrumento diferente.

 

- Você encontrou a Reina? – perguntou Emílio vendo a outra meio chamuscada.

- Ela estava tentando se concentrar, isso é como implorar pra que alguém a atrapalhe – respondeu Emadora.

- Você é uma fada por acaso? – perguntou Emílio rindo.

- E você tá fazendo o que? – perguntou Emadora.

- Tentando escrever uma canção, e se der certo eu tenho que escrever uma partitura – respondeu Emílio focado em seu caderno de anotações.

- E tem algum proposito prático para isso? – perguntou a outra interessada.

- A Kuzoha me trouxe um pergaminho, tem uma magia muito interessante nele – explicou Emílio – eu preciso canalizar todo um sentimento numa única canção, e dar vida a esse sentimento, se eu conseguir vou criar uma magia única minha.

- Isso parece interessante, e qual é a pegadinha disso? – perguntou ela sentando ao lado dele.

- Eu tenho que criar essa música do zero, pois não posso usar algo que veio de outra pessoa – explicou ele – a música, a letra, a melodia e todo o resto tem que estar em perfeita harmonia.

 

Emadora pediu para ver o que Emílio estava fazendo, então ele mostrou o caderninho para ela dar uma olhada, no caderninho havia várias linhas de ideias que vinham na cabeça dele, ele tentava organizar essas ideias como o núcleo de uma música, essencialmente criar uma música era como ir montando um quebra-cabeça do qual você não conhece as peças.

 

- O que você quer fazer exatamente com essa magia? – perguntou Emadora devolvendo o caderninho.

- Eu quero proteger a pessoa mais importante para mim – respondeu ele de vez – eu treinei combate e magia ofensiva, mas comparado à Reina eu sou um amador, não posso cobrir as costas dela assim.

- Besteira, um mago da inspiração dá suporte aos aliados, se você a auxiliar você luta ao lado dela – disse a outra.

- Estamos indo pra uma guerra, o que acontece com um fracote como eu nas linhas de frente? – disse ele – se ela ficar preocupada comigo vai dividir sua força, eu a quero totalmente concentrada no inimigo na frente dela.

- Vocês são mesmo um casal interessante – dizia Emadora satisfeita – inspiração é o exato oposto da minha área, mas eu vou te dar uma dica: você não vai conseguir inspiração sentado aí.

- Pra quem diz não ser sua área você saca dos conselhos – disse o outro.

- Mas é a verdade, seu maior progresso veio quando você vivia as loucuras da Ryna e do Darch na academia – explicava a outra – ficar acomodado não é o seu estilo, você tem que procurar algo pra fazer e se envolver nisso.

- hahahahaha quando foi que você se tornou conselheira? – perguntou Emílio.

- Desde que o Darch apertou os parafusos na minha cabeça – respondeu ela – minha capacidade de observação está sendo usada em banalidades assim.

 

Emadora estava ajudando para compensar seu histórico sombrio, sendo uma das cobaias do Dantalion ela agia como espiã pra ele, além de executar suas ordens quando devia, após sua formatura ela mesma fez coisas horríveis para aprimorar sua pesquisa, então uma vez liberta do Dantalion Emadora recuperou suas emoções e se arrependeu de tudo.

 

- Muito bem, vou sair por aí e procurar uma fonte de inspiração – disse Emílio se levantando – você pode avisar a Reina?

- Ah sim, eu aviso sim – Emadora tinha um sorriso bem cruel no rosto.

 

Emílio agradeceu e tomou o caminho para a mansão Villent onde estava morando, ainda no corredor ele ouviu a Reina dar um grito de ódio e depois viu a Emadora correndo pelo corredor rindo, em seguida havia uma besta de fogo perseguindo ela.

 

- Talvez eu nem precise ir longe – disse ele fazendo uma anotação no caderninho.

 

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- Vocês gostam de camarão? – perguntou o homem barbudo com um chapéu na cabeça.

 

Dois marinheiros trouxeram uma prancha enorme e jogaram no espaço entre os dois grupos, Ryna achou que era um camarão gigante, mas na verdade era um ser humanoide com características do crustáceo, já estava frito e com a casca rachada, mas foi o violento golpe do Hengarosa que partiu a cabeça alongada do ser pra fora do corpo.

Todos que vieram do reinado observavam Hengarosa, em sua forma humana ele tinha dois metros de altura, era largo e musculoso, embora de certa forma suas feições lembrassem um anão, o problema é que diferente do Aesty não havia um pingo de nobreza nele, parecia agir propositalmente de forma grosseira e mal-educada, abraçadas a ele havia duas mulheres, sendo que uma delas era uma sereia, ele também portava dois machados grandes que manejava facilmente.

 

- Eu gosto das garras, mas vocês podem ficar com as perninhas – dizia ele pegando o braço do ser e arrancando.

 

Hengarosa deu uma dentada naquele braço em forma de pinça, se ele fosse humano todos se perguntariam como ele quebrou aquela casca como se fosse fina, mas sendo ele um dragão ancião deve ter sido uma tarefa fácil, o problema era assisti-lo comer um ser humanoide, alguns ali ficaram de estômago embrulhado.

 

- Aquele azulzinho disse que a princesa do reinado queria falar comigo – começou Hengarosa – eu fiquei tão encantado que tirei um dia da minha agenda para recebe-la, queria conhecer a favorita do Aesty.

 

Era agora que Ryna precisaria ter o máximo de cuidado ao negociar, Ryna ouviu do Jinshu que Hengarosa era como uma tempestade, e ao mesmo tempo era o chefe de uma organização criminosa, Ryna não tinha medo de criminosos, mas Hengarosa estava muito acima disso, para ele a princesa do reinado era uma minhoca pra usar de isca, o único jeito disso dar certo era mantê-lo interessado até o fim.

 

- “Está tudo bem, eu mantive uma arma secreta” – pensou ela reunindo coragem – tenho certeza que você não gosta de rodeios, então serei direta: quero um dos seus navios pra me levar até o arquipélago perdido.

 

Houve um silencio temporário, e depois uma onda de gargalhadas, os dragões marinhos urraram em resposta e todos os presentes vindos do reinado se sentiram intimidados, eram como crianças lidando com os valentões da vizinhança, só que esses podiam afogar as crianças a qualquer momento.

 

- Vai querer com ala VIP também? – perguntou ele rindo – temos um cruzeiro excelente.

- Naturalmente eu vou pagar pelo empréstimo – disse Ryna inabalável.

- ohoh! E o que a princesinha vai me oferecer como pagamento? Ouro? Joias? – perguntou ele coçando a barba.

- Eu trouxe um presente – Ryna olhou para a mulher encapuzada ao lado dela – vá até ele.

 

A mulher abaixou o capuz revelando a todos que era uma elfa de cabelo rosado e encaracolado, estava usando um vestido bem sexy de marinheira por baixo da capa, em sua cabeça havia uma tiara que na verdade era um item magico.

A verdade é que a elfa estava sob controle mental da tiara, Ryna comprou as duas elfas para usar nesse plano, uma delas foi usada como corpo temporário para Krina Neldor, já a outra foi devidamente preparada pra ser uma oferenda ao dragão ancião, estava sob controle mental pra ser obediente e dócil até o final da transação.

 

- Oh! Eu nunca tive uma elfa antes! – Hengarosa estava verdadeiramente encantado – eles ficam na costa leste, eu nunca fui lá, e essa é tão linda...

 

Hengarosa sem nenhum cuidado pegou as duas mulheres em seu colo pelo pescoço e jogou longe, depois a elfa caminhou até ele e sentou em uma de suas pernas, Hengarosa a abraçou pela cintura e a cheirou profundamente.

 

- Tem cheiro de morango – disse ele.

- Que bom que gostou – disse Ryna.

- Por que quer ir para o arquipélago perdido? – perguntou ele.

- Isso é um assunto que diz respeito só a meu reino – respondeu Ryna.

 

Hengarosa fez um movimento com a mão, e no segundo seguinte Ryna estava envolta por uma gigantesca mão de água solida, a guarda-real que estava em volta dela nem teve tempo de reagir, Ryna foi puxada pro colo do Hengarosa no instante seguinte, tudo aconteceu tão rápido que ninguém pôde impedir.

 

- Seu maldito!... – gritou Arik se levantando e sacando sua espada.

- Arik! Sente!! – ordenou Darch que estava em seu lugar.

 

A ordem do Darch surpreendeu Arik, mas depois o próprio Arik praguejou e se sentou, a verdade é que Ryna deu ordens que jamais agissem contra Hengarosa, além de ser suicídio tais provocações já eram esperadas, no final ou eles saíam bem-sucedidos ou morreriam neste covil, não havia um meio-termo como era com Aesty.

 

- Onde pensa que está pegando? – perguntou Ryna que fazia um enorme esforço pra não mostrar suas emoções.

- Sua bunda é bem durinha, gostei dela – Hengarosa apalpava a bunda dela – você parece ter os músculos de quem treina razoavelmente.

- Por acaso toda princesa precisa ser uma molenga maquiada? – perguntou ela.

 

Hengarosa riu da resposta dela, enquanto isso Darch observava sua mulher sentada no colo daquele monstro, sua vontade era de levantar e jogar a pior magia que tinha nele, mas isso só arruinaria o plano da Ryna, então Darch fazia um enorme esforço pra ficar com uma cara de paisagem enquanto apertava os punhos até sangrar.

 

- O arquipélago perdido é um lugar extremamente perigoso, difícil de navegar por várias razões – explicava Hengarosa – aquele arquipélago é feito de pedaços de outros mundos que vieram pra cá, você encontra coisas absurdas e misteriosas em cada ilha, só os mais loucos navegam por lá, e só os melhores voltam pra contar.

- Eu procuro o palácio dos segredos – respondeu Ryna contrariada – por isso procurei o melhor dos melhores pra me levar até lá.

 

Hengarosa até se assustou ao ouvir isso, o palácio dos segredos era administrado por um deus, dizem que todos que foram até lá jamais voltaram, isso porque o deus encarnado protegia os segredos contra bisbilhoteiros, aparentemente só pessoas conectadas com esses segredos podiam ir lá, e mesmo assim não era garantia alguma de voltarem vivos.

 

- Você sabe que ir lá é suicídio não sabe? Não acha melhor ficar por aqui mesmo? – sugeriu ele – você vira minha mulher e vai provar de todos os prazeres dos mares.

- Eu sou uma princesa fresca, a maresia vai detonar minha maquiagem num instante – respondeu ela – aí eu ficaria mais feia que um bacalhau.

 

Até o Darch riu com a resposta dela, seguido pelo Hengarosa e seus marinheiros, o segredo para vencer nessa negociação era surpreende-lo positivamente, Ryna passou um dia inteiro imaginando vários cenários na sua cabeça pra ter uma resposta pra tudo, inclusive os assédios sexuais dele, contanto que não precisasse cruzar certas linhas ela se fingiria de submissa, e quando precisasse agrada-lo usaria os truques que aprendeu com os plebeus, sua vida simples rendeu frutos agora.

 

- Mas sabe, uma única elfa não é o suficiente por um dos meus navios – dizia Hengarosa novamente coçando a barba – se algo acontecer eu perco a embarcação, a tripulação e todo o resto.

 

Ryna finalmente chegou na encruzilhada final, se sua carta na manga funcionasse o caminho para o arquipélago perdido estava assegurado, se ela falhasse o melhor resultado seria voltar viva pra casa, mas voltar de mãos vazias era impensável, ela tinha certeza que sem conhecer esse segredo o reinado estaria condenado.

 

- Eu imaginei que seria assim, por isso deixei o melhor pro final – Ryna bateu palmas duas vezes e alguns aventureiros levantaram.

 

Eles pediram licença e usaram uma área vazia da proa do navio, então plantaram bastões no piso em distancias iguais, logo em seguida os bastões ativaram uma magia dimensional que gerava um cubo enorme do tamanho de uma mansão, e o que estava no interior desse cubo fez Hengarosa ficar de queixo caído.

 

- Não pode ser... – disse ele chocado.

 

O que ele via era algo que pensou que nunca veria na vida eterna dele, até seus marinheiros estavam perplexos com a oferenda que Ryna trouxe, então Hengarosa levantou-se deixando as duas mulheres de lado, e caminhou na direção daquilo como um sedento no deserto vendo um oásis.

O que Ryna trouxe foi simplesmente um javali assado maior que os dragões comuns, perfeitamente assado e com batatas gigantes e outros complementos ao redor, estava tão fresco e quente que ainda pingava gordura nas bordas, esse javali assado era tão grande que poderia alimentar uma cidade inteira e ainda sobraria.

O motivo do choque do Hengarosa é que como um homem do mar ele só comia o que pegava no mar, naturalmente ele já comeu de tudo que tem no mundo, mas essa era a primeira vez que ele via um javali tão grande, capaz de saciar sua fome mesmo na sua forma real, Hengarosa finalmente poderia encher a barriga com algo que não fosse uma baleia.

 

- Além disso olhe o que está ao lado – sugeria Ryna – nenhum banquete ficaria completo sem uma boa bebida.

- Esse cheiro... é cerveja anã? – perguntou Hengarosa mais chocado ainda.

 

Ao lado do javali havia um barril gigante, tão grande que poderia abrigar toda a água de uma piscina olímpica, e esse barril estava cheio até a borda com cerveja do reino dos anões, ao ter sua tampa retirada a espuma subiu fazendo todos os presentes babarem, Ryna até mandou colocar cordas entrelaçadas para servirem de alça pra Hengarosa segurar em sua forma dracônica.

 

- É lindo, brilha como ouro! – Hengarosa até estava chorando ao ver a cerveja.

 

Ryna suspirou aliviada, seu plano precisava causar um grande impacto no Hengarosa para dar certo ou todos estariam perdidos, na verdade oferecer a elfa foi só a abertura da negociação, estudando o comportamento de bandidos e dragões ela precisava causar uma boa impressão e parecer estar encurralada, para só então mostrar a verdadeira oferta.

Quando questionou Jinshu sobre como pagar Hengarosa ele aconselhou que não tentasse oferecer dinheiro, Hengarosa já tem uma fortuna incalculável e tinha tudo o que um pirata podia querer, a única coisa que ele desejaria seria satisfazer grandes prazeres, então ter uma refeição saborosa mesmo na forma dracônica seria um sonho a ser realizado.

Para realizar esse sonho Ryna precisou mandar um exército caçar esse javali no reino das bestas gigantes, então usando um buraco cheio de lava botar pra assa-lo por inteiro, as batatas vieram de um silo inteiro e foram fundidas pra formarem unidades gigantes, Ryna gastou temperos suficientes pra abastecer um estado por meses, assim como a cerveja que esgotou o estoque de uma das cidades anãs, ervas compradas com os elfos e muito mais, tudo fruto de negociações anteriores.

 

- Parabéns, você comprou um dragão ancião – elogiou Krina – eu estou gostando de você cada vez mais.

- Foi o Darch que me aconselhou no que oferecer – confessou ela – fazer tudo isso em dois dias só foi possível com muita ajuda.

- UM BANQUETE! TEREMOS UM BANQUETE! – gritou Hengarosa com sua voz ecoando pela montanha – e todos vocês estão convidados!!

 

Participar do banquete não estava nos planos, mas Ryna não poderia recusar agora que finalmente conseguiu pedir ajuda dele, então Ryna liberou todos para aproveitarem livremente, o banquete do Hengarosa iria durar até o dia seguinte.

 

************************************

 

- Aquele javali poderia encher a barriga de toda população da capital – dizia Eldair olhando a cidade pela janela – e ela gastou 3 dias de mantimentos dos celeiros pra preparar aquilo.

- Pra você ver o quanto ela acredita na importância disso – respondeu Varatane numa poltrona do outro lado da sala.

- Como ela sabe que isso é importante? Até onde sabemos pode ser um truque do Kyriel – dizia ele – pode ser um truque pra manda-la pra um lugar perigoso e se livrar dela.

- A Ryna não é burra, ela não cai de cabeça em qualquer coisa – explicava Varatane – mas ela tem o dom de saber quando deve arriscar tudo para vencer, ela pode parecer uma apostadora, mas ela tem confiança.

 

Varatane estava numa poltrona dando de mamar para Tidus, como ela teve Kara na mesma época que a Ryna teve seu filho então uma podia ajudar a outra nisso, e na ausência da Ryna a Varatane era como uma mãe para Tidus e Riena, na verdade Ryna já deixou por escrito que em caso de algo lhe acontecer a Varatane seria a tutora legal dos seus filhos até eles completarem 15 anos.

 

- Já está de barriga cheia meu amorzinho? – dizia Varatane dando um beijinho em Tidus.

- Vocês são muito esquisitos sabe? – dizia Eldair se virando depois que Varatane cobriu os seios – normalmente a esposa nunca deixaria a amante do marido cuidado dos filhos dela.

- Isso não ia funcionar com qualquer um, temos uma história – respondeu Varatane – eu sei qual é o meu lugar nesse relacionamento e nenhum dos dois me vê só como mais uma entre eles.

- Hun... a sua filha também é muito bonita – disse Eldair olhando a bebê dormindo no berço.

 

Ele observava a bebê dormindo tranquilamente depois de já ter mamado, Karatane tinha um belo cabelo verde mas num tom mais claro que a mãe, ela tinha uma manchinha entre o peito e o pescoço, e era inteiramente fofa, assim como Varatane cuidava do Tidus a Ryna também cuidava da Kara.

 

- O Darch tem sido um bom pai? – perguntou Eldair.

- Sinceramente já vi melhores, mas ele faz tudo que pode pelos filhos e suas mulheres, então ele é perfeito pra mim – respondeu ela – temos muitos servos ajudando, então é um pouco fácil, mas o Darch faz questão de estar presente, tenta ensinar a Riena e tenta ajudar nos duas nos cuidados, como o senhor foi com a Ryna?

- Tentei conseguir as melhores babás, os melhores tutores e tudo mais alguém na minha posição podia conseguir – confessou ele.

- Não está totalmente errado, acho que qualquer um com dinheiro e poder faria isso – disse ela – mas tem coisas que só podem ser conseguidas pessoalmente.

- Engraçado, quando nos conhecemos nos jogos mágicos você desmaiou só de falar comigo – disse Eldair recordando – agora tá aqui apontando meus erros.

- Por favor não me lembre daquilo – implorava ela com vergonha – eu apaguei na frente de dezenas de milhares, e ainda por cima quase caí por cima do senhor!

- Boas notícias, acabamos de receber uma mensagem da Ryna – disse Kevne entrando no quarto – “estamos na metade do caminho” foi o que chegou pela comunicação.

 

Eldair suspirou aliviado ao ouvir isso, Ryna contou seu plano e o que precisava ser feito, e dessa vez ele precisava negociar com o (literalmente) maior pirata do mundo, tantas coisas podiam dar errado que acertar de primeira seria um milagre.

 

- Meu deus, aquela menina me deixa extremamente preocupado – dizia Eldair sentando – por que ela não pode agir como uma princesa normal pra variar?

- Mas a Ryna é uma grande princesa, poucas pessoas nesse mundo são tão nobres quanto ela – elogiou Varatane igualmente aliviada – ela é meio excêntrica mas continua se superando.

 

**********************************

 

- Escuta essa seu Henga, esse safado aqui me fez aceitar uma amante – dizia Ryna com uma voz arrastada e torta.

- Não que eu esteja reclamando, mas a ideia foi sua – respondeu Darch sentado do lado.

- hahahahahahhahaha vocês são mais divertidos do que pensei! – gargalhou Hengarosa em sua verdadeira forma.

- Eu tive o pior casamento da minha vida, um homem ridículo que nunca me fez gozar na cama! – ela reclamava chorando e soluçando.

- Pelo amor de deus princesa!! Olha o que diabos você tá falando!! – implorava Arik tentando controla-la –e você deveria se esforçar mais pra que ela pare de passar vergonha.

- Cala a boca! Se você já fosse meu guarda naquela época eu teria lhe dado uma chance – Ryna virou mais uma caneca – não pense que não reparo em como você fica me olhando.

- Tem algo a dizer sobre isso Arik? – perguntou Darch encarando-o com certo cinismo.

- Não precisa ter medo, eu só tenho olhos para a Mastela – respondeu ele corado de vergonha

- Meninas! Tragam mais uma rodada pra todo mundo! – ordenou Hengarosa erguendo sua caneca gigante e tomando uma golada.

 

Após as negociações Hengarosa deu um banquete para todos, todo mundo conseguiu um pedaço do javali gigante e uma caneca de cerveja anã, Hengarosa assumiu sua verdadeira forma e estava desfrutando do seu pagamento, enquanto isso Ryna foi derrotada pela cerveja e pela cachaça.

 

- Hei hei, por que você não tá bêbado? – perguntou Krina sentando do lado do Darch com uma caneca vazia e em estado igual à Ryna.

-  Eu fiquei mais resistente ao álcool, pra quem suporta quantidades enormes de miasma isso não é nada – respondeu ele bebendo mais um pouco.

- Que droga! E como fica o meu plano? – perguntou ela dando um soco no ombro dele.

- Que plano mulher!? Eu não tô sabendo de nada – disse Darch.

- Meu plano de você ficar bêbado e eu te levar pra cama! – respondeu ela rindo.

- Tá vendo isso seu Henga!? – reclamou Ryna apontando pro Darch – eu não posso tirar os olhos dele nem por um minuto!

- kakakakakakakakaka quebra esse safado! – sugeriu o dragão curtindo a baixaria.

- QUE SE DANE! Eu não vou sair daqui sem transar! – Krina se levantou cambaleando – os três primeiros que beijarem os meus pés vão ganhar um passe pra minha cama!

- Opa! Eu tô nessa!! – gritou um dos marinheiro.

- Sua puta safada! Faça jus à sua reputação de heroína! – xingou Ryna se levantando e cambaleando.

 

Uma dúzia de marinheiros correram pra pegar a vaga com a Krina, Ryna tentou bater nela mas se desequilibrou e quase caiu, Darch rapidamente a segurou e a pôs nos braços, Hengarosa começou a rir e logo os marinheiros estavam trocando murros pra ir pra cama com a Krina, incluindo alguns dos aventureiros que vieram com eles, não levou muito tempo pra que o convés do navio virasse a maior zona.

 

- Eu vou pegar essa pinguça e levar pro quarto – avisou Darch com Ryna nos braços – junte o que sobrar da guarda-real e dos baderneiros aí, amanhã vamos partir pro arquipélago.

- Certo, pode deixar comigo – respondeu Arik – e o que eu faço com a Krina?

- Ou você entra na fila pra comer ela ou tranca ela numa cela – sugeriu Darch – mas se escolher a primeira opção sugiro que seja rápido, você não vai querer ser o último a aproveitar.

 

Darch carregou Ryna que estava apagada nos braços dele, havia uma casa construída na parede interna da montanha e foi dito que eles poderiam usa-la, chegando na beirada do navio encalhado Darch conjurou a magia de voo e chegou na casa emprestada, o interior aparentemente era só uma sala e um quarto, a cama de palha preta no fundo, Darch temporariamente colocou Ryna no chão e de sua bolsa tirou um lençol enrolado, usou o lençol pra cobrir aquele colchão nojento e deitou Ryna nele.

Com ela deitada e dormindo Darch acariciou a cabeça dela, normalmente ele não dava essas demonstrações de afeto, ele simplesmente ficava muito envergonhado pra isso, mas quando estavam em paz e sozinhos ele se dava ao luxo de demonstrar seu amor.

 

- Que zona lá embaixo, nem um festival é tão barulhento – disse Darch olhando pela porta da casa – mas normalmente festivais não tem um dragão de 100 metros bebendo.

 

A montanha tremeu quando Hengarosa em sua forma verdadeira começou a cantar, seus piratas cantavam junto e isso só piorava a barulheira, Darch então usou sua magia pra erguer uma barreira, com isso ele amenizou um pouco o som.

 

- Ué? Já acordou? – perguntou Darch vendo Ryna sentada na cama em vez de deitada.

- Minha cabeça tá doendo... – resmungou ela com cara de que foi pisoteada por um dragão.

- Ok, você precisa de água e remédios – Darch pegou a mochila.

 

A mochila era magica e tinha muitos bolsos distintos, de um deles ele puxou um cantil de água pura e deu pra Ryna, enquanto ela bebia toda a água do cantil ele abriu outro bolso e pegou a caixa de remédios, em seguida deu a ela aspirinas e estimulantes, Ryna tomou tudo mas ainda estava só um bagaço.

 

- Hei Darch, você poderia me ouvir agora? – pedia Ryna com uma voz chorosa.

- Sei, depois do modo eufórica e do modo reclamona agora vem o modo chorona – disse Darch indo até ela e sentado do seu lado – pode falar, sou todo ouvidos.

- Você acha que eu estou fazendo certo? – perguntava ela – que eu não estou só sendo egoísta e caprichosa?

 

Darch entendia o porquê dela estar em dúvida, Ryna estava carregando o destino de milhões de pessoas nas costas, cada decisão que ela tomava poderia ser uma catástrofe para o povo, até mesmo em menor escala ela estava jogando com outras vidas, agora mesmo se o plano dela tivesse falhado os guardas-reais e os aventureiros poderiam morrer, antes de tomar decisões Ryna ouvia conselhos de todos, mas no final cabia a ela escolher o que fazer.

 

- Existe todo tipo de líder por aí, e nenhum deles é perfeito ou nunca vai cometer erros – dizia ele – mas se for pra cometer erros que seja dando o melhor de si.

- Eu até tento governar pelo exemplo, eu não vim pessoalmente arriscar meu pescoço? – dizia ela apoiando a cabeça no peito dele – eu também senti medo sabia? Eu tenho três filhos me esperando em casa!

- Sim sim, você é incrível – Darch riu de como ela naturalmente incluiu a Kara na contagem de filhos.

- Por que todos esses problemas acontecem na minha vez – resmungou ela – quando isso acabar eu vou querer férias, eu vou sumir no mundo!

 

Ela apagou novamente e Darch simplesmente a deixou dormir em seu colo, olhando a porta ele viu Arik e gesticulou pra que ele não a acordasse, Arik então chamou os guardas e organizaram a vigília em turnos, Darch também estava exausto e dormiu sentado com sua mulher apagada em seu colo.

 

Continua.


Notas Finais


Na capa temos o capitão Hengarosa em sua forma humana, na minha pagina do face eu postei a imagem do demônio que conversa com Aesty, também tem uma pasta com uma imagem do Hengarosa na forma dracônica, junto com uma analise sobre ele.
.
Ryna comprou sua passagem para o arquipélago perdido, agora em busca do palácio dos segredos ela quer descobrir a verdade sobre os eventos de mil anos atrás.
E no que diabos o rolé do Belphegor vai resultar? kkkkkkk


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