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História Herdeiros da Magia - Capítulo 04 Culpa e Castigo.


Escrita por: zariesk

Notas do Autor


Novo capítulo saindo rapidinho, que as aulas continuem.
Aviso: haverá cenas mais fortes neste capítulo, cenas de violência, então se você não curte pode pular essa parte.

Capítulo 4 - Capítulo 04 Culpa e Castigo.


Fanfic / Fanfiction Herdeiros da Magia - Capítulo 04 Culpa e Castigo.

Capítulo 04 – Culpa e Castigo.

 

 

- E esses são todos os grupos de magias que conhecemos em nosso reino – explicava o professor.

 

Ele usava uma varinha para desenhar a informação no quadro, poucos gestos eram o suficiente para todo o texto aparecer, não só texto como figuras, os alunos achavam muito injusto ter que copiar de maneira tradicional para o caderno.

 

- Em nosso reino a magia é dividida nas 8 escolas que vocês conhecem, e dentro de cada uma delas há vários subtipos – dizia ele – as vezes um subtipo faz parte de duas escolas diferentes, como a magia de ilusão, ela faz parte tanto da magia de luz como da magia da mente.

- Professor, não tem subtipos dentro da magia das trevas? – perguntou Darch.

 

Todos olharam para Darch, ele nesses três dias não abriu a boca na sala de aula, ouvir a voz dele fez todos se alertarem, alguns se questionavam como podiam esquecer a presença dele.

 

- Ah bem, eu confesso que não sei nada sobre magia das trevas – dizia o professor meio constrangido – eu até li algumas coisas em livros, mas não saberia explicar, pergunte a quem te ensina.

- Tudo bem, farei isso – disse Darch continuando as anotações.

- A proposito... quem é o seu professor mesmo? – perguntou o mago curioso.

 

Novamente todos olharam para Darch, a identidade do professor dessa matéria era um dos mistérios da academia, agora que havia um aluno para essa matéria todos acreditavam que finalmente descobririam.

 

- É assustador – foi tudo o que ele disse mantendo o mistério.

 

O sinal tocou e os alunos foram dispensados, todos seguiam para o refeitório onde se reuniam, Darch foi para a mesa que costumava usar, ao que parecia as pessoas evitavam essa mesa, achavam que ela tinha muita energia negativa.

 

- Não ter que lutar por um lugar é um dos benefícios das trevas? – perguntou Emílio.

- Em troca de sua reputação você ganha alguns adicionais – respondeu Darch brincando.

 

Os dois riram, Emílio era o seu único amigo em toda a academia, até porque eles dividiam o mesmo quarto, Darch só ficava meio incomodado com a forma que ele lhe olhava quando saía do banho, mas tirando isso ele não via problema algum.

Emílio também não se incomodava com seu colega de quarto, o único inconveniente eram as pessoas fazendo perguntas, todos querendo saber como era o ilustre aluno da academia.

 

- Uma celebridade como você logo vai arranjar admiradores – disse Emílio – talvez quem sabe uma admiradora secreta.

- Eu duvido muito, acho que nenhuma garota seria louca de paquerar um potencial psicopata – disse Darch.

- Não sei não, acho que tem uma que já está bem interessada por você – disse o outro deixando no ar.

- Hã? Quem? – perguntou Darch curioso.

- Digamos que vocês são lados opostos da mesma moeda – ele não disse mais nada sobre isso.

 

Ele discretamente olhou para a mesa onde Ryna estava, ela conversava com a prima mostrando um caderno, ele adoraria conhece-las melhor, principalmente aquela ruiva selvagem e áspera, ele a via como uma orquídea sangrenta cheia de espinhos.

Já na mesa Ryna explicava seus planos para a prima, no caderno ela tinha anotado os nomes dos melhores alunos do 2º ano, e alguns nomes de alunos do 3º ano.

 

- Eu queria me aproximar deles, mas os alunos do 3º ano são muito arrogantes, não falam com nós os novatos – dizia Ryna – os do 5º ano então nem se misturam com a gente, tem refeitório separado lá encima, só falam com a gente para dar bronca como monitores.

- Eles passaram muita coisa aqui todos esses anos, chegar ao ultimo ano os deixa confiantes – dizia Reina – eles já se acham magos formados.

- Mas eu descobri que no 4º ano há mais alunos reprovados do que alunos do 3º que passaram – disse Ryna – aparentemente só 10% dos alunos conseguem o diploma, os testes finais devem ser terríveis.

- Meu professor de magia de combate me revelou algo, que um certo numero de alunos morrem antes de se formar – dizia Reina meio pensativa – por favor tome muito cuidado minha princesa.

- Alunos morrem aqui!? É a primeira vez que ouço isso! – disse Ryna assustada.

- Eu fui me informar sobre isso depois, parece que 5% dos alunos que entram não chegam vivos à formatura – explicava ela – e não é só isso, cerca de 20% dos alunos abandonam a academia após reprovar uma ou duas vezes, o mesmo numero de alunos são expulsos por algum motivo.

 

Ryna ficou perplexa, esses números indicavam que praticamente a metade dos alunos que entravam não tinha chance de chegar ao fim, a outra metade disputava por notas para pegar o diploma, os que falhavam regrediam.

 

- Estão falando sobre a taxa de aprovação daqui? – perguntou uma garota que chegava.

 

Ela era a colega de quarto da Reina, uma aluna do curso de magias mentais, eles estudavam os efeitos da magia sobre a mente, dizia-se que os magos de alto nível desta escola podiam manipular emoções e até criar almas.

 

- Eu ainda não lhe apresentei, esta é minha prima Ryna – dizia Reina – está é minha colega de quarto, a Emadora.

- Muito prazer, parece que a Reina tem um lado que não vi ainda – dizia Emadora – ela parecia bem a vontade com você.

- Fomos criadas juntas, então é natural – explicava Ryna – mas não se preocupe, com o tempo ela vai ficar a vontade com você também.

- Eu espero que sim, desvende-la tem se tornado meu material de estudo – disse a outra rindo – quando eu aprender magias vou testar nela.

- Eu te desafio, mostrarei que sou forte tanto física como mentalmente! – disse Reina em desafio.

- E falando nisso, tomem cuidado com os alunos dos anos superiores – avisava Emadora – existe um motivo para a taxa de repetência ser tão alta: os alunos de nível superior sabotam os de nível inferior, para diminuir a concorrência.

- Que horror! Que coisa baixa de se fazer – dizia Ryna.

- Se você passar por isso eles te aceitam mais facilmente, mostra que você está no mesmo nível que eles – continuava a outra – ou ficam mais motivados a te derrubar, tem todo tipo de maluco por aí.

 

O sinal tocou anunciando o tempo restante até a próxima aula, aqueles que já terminaram seguiam para as salas, os outros comiam mais rápido, mas Darch tomou um caminho diferente, ele foi para fora da torre, mais especificamente para o bosque atrás da instituição, era lá onde ocorriam as aulas de magia da natureza.

 

- Já que eu tenho o resto do dia livre eu deveria dar uma olhada nas outras turmas – dizia ele.

 

Seguindo por dentro do bosque ele notou coisas incomuns, muitas árvores estavam retorcidas em formas estranhas, na verdade parecia que elas tinham crescido nestas formas, logo ele chegou a uma cúpula feita com essas árvores, vinhas estavam entrelaçadas formando paredes e pedras esculpidas na forma de mesas e cadeiras, algo só possível com magia.

 

- Hoje eu mostrarei algo muito interessante: a capacidade de guardar magia em sementes – dizia o professor – a técnica de “plantar magia” requer alguns procedimentos, mas ela tem uma enorme vantagem, usando o Mana que há na terra seus efeitos são muito maiores que usando o Mana do corpo.

 

O professor derrubou uma semente brilhante no chão, ela se enterrou sozinha logo em seguida, quando ela se enterrou o professor fez um gesto com a mão, e logo a terra tremeu, um broto cresceu e depois foi formando raízes que se enrolavam e cresciam, ao final uma figura humanoide surgiu ao lado do professor, a figura era feita de raízes entrelaçadas e folhas formando uma capa.

 

- Isso é um golem de raiz, uma magia de alto nível – explicava ele – eu coloquei a magia de sua criação na semente e depois a nutri com meu Mana por um tempo, ao planta-la a semente absorveu o Mana da terra, e fez em instantes o que levaria dias para um mago.

 

Todos ficaram impressionados, criar um golem requer dias de trabalho mesmo para o melhor dos magos, mas aparentemente um mago que saiba a magia de sementes pode usa-la, o professor explicou que as sementes eram especiais, e que gravar uma magia nela não era tão fácil assim.

 

- A técnica de “plantar magia” é mais útil para magias que requerem grande poder e tempo – explicava o professor – agora vamos praticar a magia básica da natureza: geminação precoce.

 

Darch viu que ia ficar complicado e decidiu abandonar o local, ele precisava descansar para a aula que teria a noite, quando estava indo ele percebeu alguém atrás dele, ao se virar viu o professor que estava dando aula agora a pouco, Darch não entendia por que ele estava ali.

 

- Eu percebi que estava assistindo minha aula – dizia o professor – está interessado em magia da natureza?

- Desculpe, eu estava atrapalhando? – perguntou Darch.

- De forma alguma, eu é que estava curioso sobre você – disse ele – não se parece em nada com o ultimo mago das trevas que eu conheci.

- Talvez porque eu não seja um mago das trevas ainda – dizia Darch – eu nem aprendi a magia básica ainda.

- Eu estou mais surpreso por você ter sobrevivido à Misty, aquela succubus é impiedosa – comentou o outro.

- Você a conhece? – perguntou Darch interessado.

- Ela está aqui a uns 200 anos, desde a ultima grande invasão – respondeu ele – eu trabalho aqui há 30 anos, nesse tempo eu já vi vários professores que caíram em suas garras, qualquer um que se aventurou em seu território.

 

Ele alisava a barba lembrando de quando começou a trabalhar como professor, ele ouviu falar da misteriosa succubus das catacumbas, ele e outros professores novatos resolveram explorar o lugar e assim conhece-la.

 

- Ei velho, essa sua cara diz que você a conhece muito intimamente – disse Darch vendo a cara de pervertido dele.

 

Ele deu duas tossidas e virou pro lado, ele e mais dois professores se aventuraram com a succubus e passaram a noite toda com ela, em troca de manter o segredo ela pediu por mais visitas, eles voltaram mais algumas vezes, até que um deles não sobreviveu á noitada.

 

- De qualquer forma tome cuidado com ela, se ela se cansar de você vai mata-lo – avisou ele – ou vai fazer algo muito pior, vai transforma-lo em seu escravo.

 

O corpo do professor ficou verde e se desfez em folhas, ele tinha usado uma magia para criar uma copia sua enquanto o verdadeiro dava aulas, Darch continuava se impressionando com o que a magia podia fazer.

 

********************************************

 

- Seu pai disse que sua mãe estava chorando – comentou o reitor servindo uma xicara de chá.

- Minha mãe é tão dramática... – disse Ryna envergonhada.

- Eu ensinei magia ao seu pai, logo ele me fez o seu padrinho – dizia ele – então no momento eu estou te recebendo em minha casa como família.

- Eu também queria vê-lo com essa condição, mas eu tenho perguntas sobre a academia – disse ela – como por exemplo o porque de ter um curso das trevas aqui.

- Ah sim, a pergunta que incomoda a todos – disse ele ficando a vontade no sofá – o curso de magia negra foi criado durante a ultima grande invasão, o objetivo era aprofundar o conhecimento sobre a magia negra, naquele tempo para combatê-la.

- Mas por que manter isso? Magos das trevas só fazem o mal – dizia ela – isso é uma vergonha para a academia.

- Eu gosto de pensar que os que se formaram aqui eram menos ruins do que os outros – disse ele cruzando os dedos – esta academia ensina ética junto com a magia, então eles meio que não fazem tantas maldades.

 

Havia mais um motivo para forma-los, os magos das trevas formados na academia eram monitorados, além disso se a identidade e capacidade eram conhecidas eles ficavam mais fáceis de lidar, muito pior eram os magos das trevas que se formavam em guildas clandestinas ou aprendiam a magia com os próprios demônios.

 

- Eu soube de um mago das trevas formado aqui, ele usou seu poder para controlar os criminosos de uma região – dizia Ardof – ele se tornou o chefe do crime, mas ele instituiu regras que controlavam os bandidos, pode-se dizer que a presença dele controlou o crime da região.

- Então ele é um mal necessário? Que lamentável – dizia ela – a regência deveria se responsabilizar por acabar com o crime.

- Isso é impossível minha afilhada, parte do crime acontece com a indiferença ou até aprovação dos nobres – explicava Ardof – você não vai acabar com algo que é lucrativo para eles.

 

Ela não queria acreditar nisso, sabia que os nobres não eram santos, mas ela queria acreditar que os que tinham poder usavam para o bem dos que não tinham, pelo menos ela acreditava que era assim.

 

- Para acabar com o crime você precisa resolver todos os problemas do reino, mas você acha que consegue? – perguntou ele – acha que pode criar uma utopia?

- Eu não posso desistir de acreditar que posso, é a esperança que ilumina as trevas não é? – perguntou ela.

- Boa colocação, realmente a esperança dá força para os perdidos nas trevas – dizia ele – talvez seja isso o que move o Darch...

- O Darch? O que ele tem a ver com isso? – perguntou ela.

- Hã? Ah sim, eu estava pensando alto – disse Ardof rindo – apenas saiba que nem todas as pessoas seguem o mesmo destino.

- Eu também queria perguntar sobre as mortes das quais ouvi falar – disse Ryna – é verdade que alguns testes matam alunos?

- É verdade sim, nós avisamos isso antes de coloca-los nessas situações – disse Ardof – como um mago vocês enfrentarão situações de vida ou morte, se não experimentarem tal perigo na academia não estarão preparados para o mundo lá fora.

 

Ardof explicou que eles tomam todas as precauções, o objetivo é minimizar os riscos e consequências, mas a academia faz testes perigosos intencionalmente, se eles não fizessem testes reais não haveria sentido aprovar os alunos, e as mortes são lamentáveis mas necessárias.

 

- Não é como se tentássemos matar os alunos, apenas aplicamos testes que sabemos que podem matar – dizia ele – se vocês estiverem realmente preparados vão supera-los.

- Eu estou aqui só a três dias, e mesmo assim muito do que eu acreditava caiu por terra – disse ela – mas eu vou seguir em frente, se é assim que é então eu vou superar, e quando me tornar imperatriz mudarei o que estiver errado.

- Torço por você, para que possa reconstruir nosso reino após a grande invasão – dizia ele – agora vá minha querida, já está ficando tarde.

 

Ryna agradeceu pela conversa e levantou-se, a secretaria (que também era a governanta da residência) a levou até a porta, a casa do reitor ficava praticamente no topo da torre da academia, mas um sistema fazia uma câmara subir e descer rapidamente por entre os andares.

 

- Tem muita coisa que eu ainda preciso aprender – dizia ela olhando para a porta fechada.

 

A câmara parou e a porta abriu-se, Ryna tomou o caminho para os dormitórios, mas algo chamou a atenção dela, alguém virando o corredor e indo para uma outra área.

 

- Aquele era o Darch? – perguntou-se – eu tenho certeza que era.

 

Ela não sabia por que, mas tomou o mesmo caminho que ele, ela queria ver com seus próprios olhos o que ele fazia a essa hora fora dos dormitórios.

 

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- Pode me explicar o que é isso? – perguntou Misty.

- heheheh enquanto não aprendo aquela magia eu preciso me virar – disse ele triunfante.

 

Além da lamparina Darch trouxe mais uma coisa do deposito, era um capacete com uma pedra luminosa na frente, mineiros usam isso para trabalhar sem ter que segurar fontes de luz, foi a forma que ele encontrou para superar a escuridão sobrenatural daquele lugar.

 

- Pare de apontar isso pra minha cara, ou eu vou enfiar isso na sua bunda – ordenou ela.

- Desculpe, eu me distraí – disse ele coçando a cabeça – seus olhos são bonitos, parecem rubis.

- “O pior é que ele diz isso sem malicia” – pensava ela com a mão na cara balançando a cabeça – “eu não acredito que ele consegue fazer uma succubus ficar constrangida!”

- Oi Inuka, como estão seus ferimentos? – perguntou ele ao ver a meio-feral.

- Eu já estou curada – respondeu ela.

- Que bom, eu trouxe isso pra você – disse ele mostrando um saco com biscoitos – eu peguei do refeitório.

 

Ao ver o saco de biscoitos ela quase pulou sobre ele para pega-los, ela estava feliz como um filhote adorável, Darch riu da empolgação dela enquanto comia.

 

- Agradeça-o direito Inuka – disse Misty rindo.

 

A garota foi até Darch e colocou as mãos em seus ombros, ele ficou todo vermelho quando viu ela aproximando-se, Darch pensou que ela iria beija-lo, mas na verdade ela deu uma lambida em sua bochecha.

 

- Isso é muito mais erótico que um beijo!! – gritou ele assustado.

- Seu pervertido, tendo ideias erradas? – perguntou a outra para provoca-lo – vá já pra mesa, ou precisa se aliviar primeiro?

 

Ele resmungou sobre as provocações dela, depois Darch foi para a mesa, com a luz extra ele finalmente conseguia ler sem problemas.

 

- Nas aulas básicas você já aprendeu a formar a escrita arcana não é? Então eu quero que você aprenda esta magia – disse ela apontando para a pagina – hoje você vai se concentrar só nisso.

- É a magia para enxergar no escuro não é? Será que eu já consigo usar? – perguntou-se.

 

Darch leu os caracteres mágicos, nos últimos dias ele treinava para decorar seu significado, mesmo assim era difícil transformar aquilo em uma frase de ativação, ele pediu para Misty ler a magia e assim ele entender a pronuncia.

 

- [mostre-se para mim ó escuridão] – recitou ela na língua arcana – não é tão difícil assim.

 

Darch imitou a pronuncia dela enquanto escrevia as letras arcanas no ar, Misty via que ele estava indo bem, mas as letras sumiam antes que ele pudesse completar a frase, nesse ritmo ele ia levar mais três dias para dominar a técnica para completar a frase.

 

- “Aquela safada estava certa, eu gosto de ensinar” – pensava Misty lembrando da reitora anterior – “mas eu sinto mais prazer em ver o que meus alunos fazem lá fora, eu quero ver o que este vai fazer”

 

Misty olhou para o lado e viu Inuka rosnando enquanto olhava para um canto, ela então voltou sua atenção para o canto, Misty viu uma garota encolhida atrás de uma estante, ela parecia tentar ver o que Darch estava fazendo, Misty sorriu ao imaginar o seu novo brinquedo.

 

- Inuka, pega – ordenou ela.

 

A garota fera saltou por cima dos moveis indo em direção a sua presa, a garota gritou de pânico e começou a correr em direção a porta aberta, Darch gritou para Inuka deixar essa pessoa em paz mas ela não deu ouvidos, estava agindo como um cão de guarda agora.

Ryna corria desesperadamente em direção a saída, a luz do corredor parecia a salvação dela, enquanto ela era perseguida pela fera estava um passo de conseguir sair, mas Inuka agarrou sua perna derrubando-a no chão.

 

- Não! Me largue! – gritou Ryna agarrando-se à porta.

- O que nós temos aqui? Uma garotinha que se perdeu? – perguntava Misty caminhando na direção dela.

- Você! Você é um demônio! – dizia Ryna chorando.

- Isso mesmo, e está na hora de comer – disse ela lambendo os lábios – que gosto terá a sua alma? Eu não como uma garota a anos!

 

Ryna gritou e se debateu, chutou Inuka que respondeu com uma mordida na perna dela, Misty gargalhava enquanto ia atrás de sua presa, foi quando Darch ficou entre elas.

 

- Deixe-a em paz, não precisa fazer isso – disse ele.

- Não é uma questão de precisar, é o que eu quero fazer – respondeu Misty – eu quero abusar dela, sugar cada gota do seu Mana e vê-la definhar lentamente.

- Eu estava quase esquecendo que você é um demônio – disse ele – muito bem, eu fico no lugar dela.

- Você já é meu, eu posso fazer o que quiser com você – disse ela – e você não pode me impedir de fazer o que eu quero.

- Então pense desse jeito, se ela sumir vai causar comoção – dizia ele – nossas aulas mal começaram, você quer esse tipo de problema logo de cara?

 

Ryna ia falar algo mas Inuka apertou seu pescoço, ela a imobilizava para que a presa não fugisse enquanto sua mestra decidia, Darch não desviava os olhos encarando sua professora.

 

- Garoto, você não argumenta com demônios, e definitivamente não vai manipula-los com argumentos tão ridículos – respondeu Misty – mas já que se ofereceu para isso eu vou fazer os dois sofrerem, você vai levar a punição por ela, e ela vai assistir.

 

Darch não protestou e nem recuou, ele viu Misty indo até uma mesa e pegando um chicote, Inuka levantou Ryna do chão que implorava para que eles parassem.

 

- Você vai levar 10 dessas, é bem menos do que a Inuka leva toda semana – explicou Misty – e você garota, você vai assistir tudinho, e se fechar os olhos eu vou arranca-los, ficou claro?

 

Ryna começou a chorar mais enquanto Darch tirava o uniforme, quando ele levou a primeira chicotada gritou como um animal caindo no chão, Ryna gritava o nome dele e isso excitava mais a Misty, ela continuou com as chicotadas gargalhando como uma louca.

 

**********************************

 

- Por favor! Alguém me ajude!! – gritou Ryna no corredor.

 

O enfermeiro tomou um susto e engasgou com o sanduiche, ele rapidamente saiu para fora da enfermaria e olhou o corredor, o que ele viu foi aterrorizante.

Ele viu Ryna carregando Darch que sangrava muito, o uniforme dela já estava todo manchado de sangue, ela derramava lagrimas enquanto usava toda a sua força para carrega-lo, o homem então foi até eles e pegou o jovem nos braços.

 

- Meu deus! O que aconteceu com ele!? – perguntou o homem.

- Eu não posso falar agora! Por favor salve ele! – implorou Ryna.

 

O homem carregou Darch para dentro da enfermaria, em vez de coloca-lo em uma maca o colocou num pano no chão de bruços, ele rapidamente correu para uma bola de cristal e chamou o médico, levaria um tempo até ele chegar, por isso o enfermeiro pegou um balde d’água e o usou para lavar as feridas.

Darch gritava cada vez que seu corpo se movia, o enfermeiro via a profundidade das feridas, ele imaginou que este jovem havia sido açoitado varias vezes, tentou perguntar para a garota mas ela estava em choque, levou 10 minutos para o médico chegar.

 

- Que porra é isso!? – disse ele tamanha a surpresa que teve.

 

O médico rapidamente começou a conjurar uma magia atrás da outra, primeiro usou uma para anestesiar o paciente, depois uma que criou uma seiva que entrou nos ferimentos como se estivesse tampando os buracos, por ultimo uma magia que criou uma “capa” protetora e acelerava a recuperação.

Magia de cura era parte das magias da natureza, os magos de alto nível podiam até mesmo recolocar membros amputados ou restaurar órgãos internos, mas a magia de cura não era tão conveniente assim, o usuário e o paciente não podiam sair do lugar, e o usuário precisava manter concentração constante, mesmo que o tratamento levasse horas.

 

- Agora você vai me contar o que aconteceu! – ordenou o enfermeiro enquanto o médico trabalhava.

 

Ryna estava totalmente perdida e em choque, Misty avisara que se ela abrisse a boca mataria o Darch da próxima vez, e ela mesma não sabia como explicar, o enfermeiro a interrogou de novo quando o reitor apareceu.

 

- Não precisa perguntar mais, eu sei o que aconteceu – disse ele – deixe esse assunto comigo, como o tratamento vai indo?

- Quem fez isso com ele fez com muito gosto, nunca vi feridas tão profundas assim – disse o médico – sem tratamento ele teria morrido em pouco tempo, se bem que ele parece ser bem forte.

- Foi minha culpa... – dizia Ryna chorando de cabeça baixa.

- Foi sim, por sua culpa ele quase morreu – dizia o reitor inflexível – eu apenas tenho uma ideia do que aconteceu lá, mas você é a única responsável.

 

As palavras dele foram duras, mas era necessário para que ela compreendesse seu erro, o médico continuou tratando de Darch que sofria muito, já que ele não podia ser movido o reitor usou magia para eleva-lo do chão numa plataforma de energia, depois usou outra para transferir parte do seu Mana para o médico, tudo para acelerar o tratamento.

 

- O tratamento vai levar a noite toda, e ele não poderá assistir aulas amanhã – dizia Ardof – e você também não, pois vai ficar cuidando dele.

- Eu sei, é o mínimo que eu posso fazer – disse Ryna apertando as mãos.

- Você já deve saber, mas não vai falar disso pra ninguém, não importa quem perguntar – insistiu ele – você vai carregar esse fardo pra sempre.

 

Ela acenou com a cabeça e ficou sentada num canto, depois de um tempo uma enfermeira veio, ela levou Ryna para o banheiro e a ajudou a se lavar e se livrar do uniforme ensanguentado, deu a ela uma roupa como as dos pacientes e um chá para relaxar.

Como Ardof havia dito, o tratamento foi quase até o amanhecer, o médico exausto foi descansar e o enfermeiro arrumar a bagunça, a enfermeira transferiu Darch para uma maca e o levou até o quarto ao lado, era onde ele ficaria para se recuperar.

 

- Normalmente este é o meu trabalho, mas o senhor Ardof disse que sua punição seria cuidar dele – explicava a senhora – eu não sei quando ele vai acordar, você precisa trocar este pano a cada 3 horas, você vai encontrar vários dentro daquela gaveta.

 

Ela pegou um pano e colocou nas costas de Darch, o pano tinha um complexo símbolo arcano estampado nele, ao ser colocado nas costas começou a brilhar, era uma magia que imitava os efeitos de um remédio cicatrizante.

 

- Quando ele acordar trarei algo para ele comer, agora vamos avisar seus colegas de quarto – explicava ela – e seus professores sobre a falta que terão, quais são seus cursos?

- Eu curso a aula de magia da luz – respondeu Ryna ainda abatida – e ele... magia das trevas.

- Ai meu deus... – ela começou a rezar baixinho.

 

Ela logo saiu do quarto com medo daquele jovem, Ryna sentou-se numa cadeira ao lado da cama, Darch inconsciente e deitado de bruços seguia com o pano nas costas se curando.

Ryna olhou para o relógio, ele marcava a 10º hora da noite, o sol logo nasceria com a chegada de um novo dia, ela perderia uma aula mas no momento era sua menor preocupação, o que realmente a preocupava era o que viu naquela masmorra, o que ouviu do reitor e o rapaz ferido a sua frente.

 

- Por quê? Por que alguém se submete a isso? – perguntou-se.

 

Ryna continuou vigilante até a hora de trocar o pano curativo, como a enfermeira instruiu ela tirou o anterior que já perdera poder e substituiu por um novo, olhando a ferida ela estava mesmo cicatrizando rápido, mas ainda era carne viva se fechando, sem pele para cobrir.

 

- Essa vai deixar marca – resmungou Darch gemendo de dor.

- Você acordou? Como está se sentindo? – perguntou Ryna preocupada – tá doendo muito?

- Como acha que estou me sentindo? Aquela vadia esfolou minhas costas – respondeu ele – aiaiaiai nem consigo me mexer.

- Eu sinto muito! Foi tudo minha culpa! – disse Ryna limpando os olhos – eu jamais deveria ter ido até lá!

- Isso mesmo, e o que você estava pensando afinal? – perguntou Darch.

 

Ryna teve vergonha de dizer que estava desconfiando dele, ao vê-lo andando pelos corredores a noite achou que ele ia fazer algo errado, por isso o seguiu, se ele realmente fizesse algo que não devia ia denuncia-lo para o reitor.

 

- Minha professora dorme de dia, então eu mudei minhas aulas para a noite – explicou ele.

- Eu sinto muito, por minha causa você sofreu tudo isso! – ela não conseguia se conter – e tudo porque eu queria te prejudicar!!

- Esquece, você é que quase morreu lá – disse ele deixando o assunto de lado – não, conhecendo aquela maldita ela ia te torturar até você implorar pra morrer.

- Mas por que você me ajudou? – perguntou ela – você não tinha nenhuma obrigação de fazer isso, e até aceitou ser esfolado...

- Eu já vi um demônio brincando com pessoas, eu só não queria ver aquilo de novo – respondeu ele – não foi por você ou por altruísmo.

 

Ela imaginou que Darch passou o inferno em algum momento da vida, ela queria saber mas achava horrível perguntar, já bastava a dor física e ele não precisava de dores no coração.

 

- Eu acho que vou precisar de sua ajuda... – disse ele meio sem jeito.

- Hã? Qualquer coisa! – disse ela se levantando.

- Não diga isso, dá ideias erradas – respondeu ele – eu preciso de ajuda pra virar, tá difícil respirar assim.

- Mas as suas costas...

- Se eu ficar assim vou ficar com as costas e o peito doendo – disse ele – eu aguento, o pior já passou.

 

Mesmo achando errado ela o ajudou, primeiro com dificuldade o colocou sentado, depois ela esticou o pano curativo na cama e foi o ajudando a deitar devagar, ele gemia de dor com o corpo arqueado, mas ainda assim ele continuou, ao encostar as costas na cama ele fez uma expressão de dor, mas depois foi aliviando.

 

- Bem melhor assim – disse ele.

 

Ryna olhou para o peito dele, no alvoroço de antes ela não tinha reparado, mas agora ela via a cicatriz em seu peito, ela já tinha visto cicatrizes parecidas em soldados feridos, a marca de que algo o perfurara.

 

- Ela também fez isso? – perguntou Ryna.

- Não, isso é coisa antiga – respondeu ele.

- Eu acho que estou indo longe demais, mas eu quero muito saber – disse Ryna com a mão no peito – por que você quer aprender a magia das trevas tão desesperadamente?

- Tem algo que eu preciso fazer, não importa que meios eu tenha que usar – respondeu ele – mesmo que eu tenha que sujar as mãos eu vou cumprir meu objetivo.

- Mas você me protegeu, uma pessoa tão boa assim não deveria cair nas trevas – argumentou ela.

- Eu não sou uma pessoa boa, se a Misty não aceitasse a proposta não haveria mais nada a fazer e eu deixaria o assunto de lado – disse ele – enquanto eu não tiver poder não posso proteger ninguém, sangrar em seu lugar foi a única coisa que eu pude fazer.

- Isso é mais do que eu teria feito se fossem posições invertidas – confessou ela.

 

A enfermeira veio e por isso os dois pararam de conversar, Ryna continuou cuidando de Darch ajudando-o a comer e (com pano e balde) lavando seu corpo, quando anoiteceu Ryna foi liberada do seu dever pois Darch já estava muito melhor.

 

- Ainda assim eu recomendo que não vá a aula hoje – disse o reitor que veio vê-los ao anoitecer – seu corpo está curado mas você está fraco, ela pode querer fazer mais alguma coisa.

- Desculpe por isso, mas eu já perdi um dia, não tenho intenção de atrasar mais – respondeu ele – além disso eu sinto que se eu a fizer esperar vai ser pior.

- Senhor Ardof, não pode fazer nada quanto àquela criatura? – perguntou Ryna preocupada – ela ia me matar sem pestanejar, e torturou o Darch na minha frente.

- Ela abusou sim, mas não há muito o que eu possa fazer, não há outros para substitui-la – disse ele – na verdade ela vem fazendo essas coisas a séculos, meio que seria errado para-la agora...

- Deixa pra lá, eu vou ficar bem – disse Darch vestindo seu uniforme – e quando eu me formar talvez dê uma surra nela, se bem que ela pode gostar...

- Eu farei isso! Quando eu me formar na magia de luz vou dar uma lição nela! – disse Ryna batendo no próprio peito – e em você também se sair da linha, por isso comporte-se!

 

Darch riu, ele nunca imaginou que acabaria ficando amigo dela, ainda mais pelo fato dela ser uma usuária de luz, no fim a surra que levou trouxe algo de bom.

 

- Então... se você continuar na linha, eu prometo que te ajudo com o que precisar – disse ela – por isso não se esforce tanto para ser um mago das trevas tão bom assim.

 

Darch riu muito disso e seguiu para a aula, Ryna foi para os dormitórios acompanhada de sua prima, já Ardof estava satisfeito, apesar do susto ele viu algo interessante acontecendo ali.

 

 

Continua.


Notas Finais


Na capa temos a Inuka, embora na fic ela não tenha braços e pernas peludas, outras imagens serão postadas em breve na minha pagina.
Ryna e Darch passaram por uma boa dessa vez, mas graças a isso eles se tornaram amigos.
Eu sei que foi um pouco rápido para isso acontecer, mas é que eu não quero enrolar demais nas coisas básicas, aos poucos eu vou adiantando o aprendizado deles e tal (afinal são 5 anos), outros personagens também serão melhores explorados com o tempo.


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