História Herdeiros da Magia - Capítulo 19 Ano Novo.

Capítulo 19 – Ano Novo.

 

 

- Mestra!! – gritou Inuka saltando sobre Misty.

- Olha só quem voltou! Minha cachorrinha! – respondeu Misty abraçando a feral toda feliz.

- Você a corta, espanca, queima... e mesmo assim ela volta feliz pra você – dizia Darch indignado – coitadinha da Inuka, que destino cruel amar um monstro.

- Olá você também – disse Misty ao ver Darch – aproveitou bem as suas férias?

- E como, me sinto completamente renovado – respondeu ele satisfeito – estou pronto pra encarar mais um ano, mesmo que tenha que te aturar.

- Vou me lembrar disso nos testes práticos – respondeu ela com um olhar maldoso – mas você trouxe o que eu pedi?

 

Darch pegou sua mochila e tirou um saco de dentro dela, neste saco estava a terra que Inuka cavou e recolheu do lugar onde Darch nasceu.

 

- Pra quem você precisa disso? – perguntou ele.

- Eu lhe disse quando perguntou não foi? É para algo que você vai gostar – respondeu ela.

- Isso é muito vago, e você nunca faz nada de bom pelos outros – disse ele.

- Que ideia errada você tem de mim, eu não estou lhe ensinando magia de bom grado? Não lhe emprestei a Inuka para ajuda-lo? – perguntava ela se fingindo de ofendida – eu posso ser muito legal com aqueles de quem eu gosto.

- Você só está se divertindo as minhas custas – respondeu ele – agora diga, o que vai fazer com isso?

- Você quer encontrar o demônio que tirou tudo de você não é? Eu vou criar algo que pode encontra-lo – explicou Misty se divertindo – esta terra contem o sangue, o rancor e o sofrimento do seu povo, além da aura do demônio que fez isso, posso criar algo que vai reagir à presença dele caso você se aproxime, e talvez ocasionalmente isso lhe dê alguma direção.

- Isso me parece bom demais para ser de graça – comentou ele – não tem nenhum “mas...” nisso?

- Bom, carregar esse item significa carregar um ódio e uma dor insuportáveis – respondeu ela – você vai estar carregando o desejo de vingança de dezenas de pessoas, e a dor deles será a sua, legal não é?

 

A expressão que Darch fez era quase indecifrável, exceto para Misty que já testemunhou todas as facetas da humanidade, ele tinha no olhar o medo de ser amaldiçoado, mas também a certeza de que se não o fizesse ele carregaria uma maldição ainda maior pelo resto da vida.

 

- Faça o que tiver que fazer, eu farei a minha parte também – respondeu ele – eu vou voltar pro dormitório agora.

- Você parece tão tenso agora, tem certeza que não quer levar a Inuka com você? – provocou Misty – ela sabe como fazer um homem relaxar não é? Afinal eu tenho certeza que vocês aproveitaram durante a viagem.

- Fizemos 4 vezes! – disse a garota toda feliz – no começo o mestre...

- Não fique dando detalhes! E pare de prostituir a Inuka sua vadia! – gritou Darch todo vermelho e irado.

- Prostituir? Eu tenho certeza que ela gostou mais do que você – brincou Misty – ou será que você como um rapaz está muito mais feliz por perder a virgindade? Ele faz gostoso Inuka?

- Claro que faz! Ele pegou o jeito depois da primeira vez – respondeu ela – fizemos no hotel, na casa dele, na floresta...

 

Misty deu boas risadas e Darch saiu irado dali, no final ele se arrependia por ter cedido aos desejos masculinos e caído numa armadilha da Misty, enquanto se sentia humilhado ele encontrou o reitor logo após deixar as masmorras.

 

- Se você está com essa cara eu suponho que a Misty está bem feliz – comentou Ardof.

- Pois é, ela se diverte com a desgraça dos outros – disse Darch esfregando o rosto.

- Mas para ela estar feliz hoje é um feito e tanto Darch – disse Ardof – ela sempre fica insuportável nesse dia, graças ao alinhamento.

- Ah sim, eu ouvi dizer que até mesmo os demônios fracos morrem neste dia – disse Darch lembrando – então a Misty deve ficar muito incomodada lá embaixo.

- Eu não confiaria na Misty nem sendo pago, mas ela tem uma estranha maneira de se ligar aos outros – comentou Ardof – enquanto você for interessante pra ela a Misty será razoável com você, então mantenha-a sempre interessada em você.

- Isso pode ser ruim de diversas maneiras – disse Darch rindo – eu tenho que ir agora, preciso ir arrumar as coisas no dormitório.

- Boa sorte com o próximo ano, que as coisas sejam melhores para você agora – desejou Ardof.

- Eu estive pensando nisso, dar o primeiro passo foi a parte mais difícil – respondeu Darch – mas quanto mais longe você vai maior a sua determinação não é?

 

Ardof concordou com as palavras do Darch, dar o primeiro passo era sempre a parte mais difícil, por isso o velho mago despediu-se do aluno e seguiu para seu escritório, já Darch foi para o seu quarto no dormitório.

Chegando ao quarto ele notou a porta aberta, em primeiro momento ele estranhou isso, mas logo ele lembrou do seu companheiro de quarto, Darch sorriu quando lembrou do Emílio a quem não via já a um mês.

 

- Você não devia ser tão descuidado assim com a porta... – Darch reparou que Emílio estava pelado – que porra é isso?

- Oh é você? Eu me descuidei um pouco – disse Emílio – como foram as suas férias?

- Estavam boas até eu voltar e encontrar você pelado aqui – respondeu Darch – me faz querer voltar pra masmorra da Misty.

- Foi mal, eu estou sozinho aqui há algumas semanas, por isso relaxei – respondeu ele se cobrindo com uma toalha.

- Eu nem quero saber o que você andou fazendo enquanto eu estava fora – disse Darch.

- Só o de sempre, nada que você já não tenha visto – respondeu o outro.

- Esse seu lado eu ainda não tinha visto – respondeu Darch – e não queria ver.

 

Os dois começaram a rir, apesar da estranha circunstancia eles apertaram as mãos como amigos que são, Emílio foi para o quarto vestir uma calça enquanto Darch colocava sua mochila no sofá e descansava.

 

- Você disse que está sozinho há algumas semanas, voltou mais cedo? – perguntou Darch.

- Problemas com a família, era melhor ficar aqui do que lá – respondeu Emílio – e por falar nisso eu já limpei e arrumei tudo, podemos entregar o lugar para a próxima dupla.

 

Ele se referia ao fato de que ao avançar de turma eles também mudariam de quarto, antes disso era preciso deixa-lo em perfeito estado para quem fosse ocupa-lo, Emílio contou que já foi visitar o quarto novo para alunos do 2º ano.

 

- Não tem nada de diferente nele, é a mesma coisa – explicava ele – mas eu soube que do terceiro ano em diante a qualidade vai melhorando.

- Vamos pensar no quarto amanhã, por enquanto eu quero aproveitar a festa de ano novo – disse Darch – ah sim, a Ryna nos convidou para uma festa particular.

- Estou ansioso por isso, vai ser a nossa primeira festa como uma turma – respondeu Emílio feliz.

 

Darch contou tudo o que fez durante as férias, ele descobriu que a mulher que cuidou dele era uma maga do 3º nível e por isso estudou com ela nesse tempo, Darch aprendeu o básico da magia da natureza e está confiante de que poderá usar magias desta escola em breve.

 

- Que bom, a Varatane vai ficar muito feliz em ouvir isso – comentou Emílio – principalmente se você pedir por aulas particulares com ela.

- Por que isso parece ter um duplo sentido? – perguntou Darch arqueando a sobrancelha.

- Que tenha o sentido que você achar mais atraente, mas eu gostaria de sua opinião – disse Emílio – é sobre uma escolha que eu fiz.

- Eu já lhe disse que não tenho preconceito, vou ser seu amigo de qualquer jeito – brincou Darch.

- Opa, isso significa que eu ainda tenho uma chance? – perguntou Emílio esperançoso.

- Não, perca a esperança de uma vez – respondeu o outro rindo.

 

E mais uma vez os dois riram juntos, Darch realmente não tinha problema com as preferencias do seu amigo, mas não pretendia cair desse lado da cerca como ele mesmo dizia, mas deixando as brincadeiras de lado ele ouviu o que seu amigo tinha a dizer.

 

- Quando chegarmos ao 3º ano eu pretendo estudar magias de combate – começou Emílio – eu pretendo ser uma classe de heróis que lutam para trazer esperança ao povo.

- Olha cara, eu sou completamente leigo sobre isso, então não sei se essa sua escolha é boa ou ruim – respondeu Darch – mas de uma coisa eu sei: se é o que você quer fazer eu sempre te darei uma mão.

 

A resposta que Darch deu era tão melhor que a da sua família que Emílio quase chorou, não era uma resposta de consolo ou de ilusão, ele simplesmente disse “te ajudarei quando precisar”, era a resposta de alguém que estaria ao seu lado de qualquer jeito.

 

- Você tem certeza que é um mago negro? – perguntou Emílio emocionado.

- Dá um tempo, eu ainda estou aprendendo – respondeu Darch rindo.

 

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- Você parece bem Tane – disse Ryna após ver a amiga.

- O que estava esperando? Foi só um mês – respondeu a outra – não é como se desse tempo pra sentir saudades ou... o que estou dizendo? É claro que senti saudades!

 

As duas se abraçaram como verdadeiras amigas, Varatane chorava emocionada e Ryna acabou rindo do quanto ela era emotiva, depois de se cumprimentarem elas sentaram pra conversar.

 

- Passei o mês inteiro trabalhando e estudando, estou confiante que vou progredir – dizia Varatane – eu praticamente decorei um catalogo inteiro de ervas comuns e magicas.

- Isso é ótimo, você vai se dar bem durante o 2º ano – dizia a outra – já eu não fiz muita coisa, tirei o mês para repor as energias e relaxar um pouco.

- É natural, é o que todos deviam fazer – respondeu a outra – além disso você sempre esteve à frente dos outros, então pode descansar nas férias.

 

O que Ryna não podia dizer é que ela não ficou exatamente relaxando, enquanto estava no palácio Ryna precisava por em dia seus estudos com relação ao reino, ela estudava o dia todo e só tinha uma parte da noite livre, só uma vez a cada 10 dias ela ganhava uma folga pra descansar o dia inteiro.

 

- Mas você não parece tão relaxada assim, você na verdade parece muito cansada – reparou Varatane – eu já sei, eu vou preparar um chá que vai revigorar suas energias!

- Sim, por favor – pediu Ryna – “eu realmente estou precisando”

 

Varatane correu para pegar seu kit químico, mas logo ela lembrou que podia usar a cozinha do quarto, rindo um pouco ela começou a esquentar a água enquanto preparava as rapas do tronco da planta necessária, ela usaria três ingredientes para preparar um chá revigorante.

 

- Aqui está, tem o pó da casca da árvore babisa pra relaxar, uma fruta kurun pra dar energia e uma folha de aojira pra tirar o terrível gosto azedo – explicava Varatane ao dar a xicara para a outra.

- Tem gosto de nada... – disse Ryna fazendo uma careta ao provar.

- Bem, a folha de aojira literalmente apaga todo o gosto – dizia a outra meio sem jeito – eu ainda estou descobrindo uma combinação que tenha um gosto agradável.

- Mas se isso funcionar eu nem me importo com o gosto – disse Ryna – mesmo assim vá em frente, eu tenho certeza que você consegue.

 

Durante todo esse mês Varatane sentiu saudades desse tipo de relacionamento, sem amigos na academia ela não tinha ninguém com quem conversar, mas agora ela se dedicaria a algo mais além de estudar.

 

- Eu estive pensando durante este mês, eu queria a sua ajuda para algo – dizia Varatane – eu queria que você me ajudasse a me aproximar das outras pessoas, eu quero tentar me socializar mais.

- Sabe, normalmente eu diria que você não precisa de pessoas que não te aceitam como você é – dizia Ryna – mas você realmente quer isso, então é claro que vou ajuda-la, na verdade eu já tenho um plano que pode ajuda-la com isso.

- É mesmo? E o que seria? – perguntou a outra curiosa.

- Uma festa, eu vou dar uma festa em comemoração ao ano novo – explicou Ryna – então você pode convidar quem você quiser, chame pessoas com quem você se relaciona melhor.

 

Varatane começou a pensar sobre isso, havia umas três pessoas no seu curso com quem ela se dava bem, então ela considerou chama-los para a festa, Ryna aprovou o pedido dela e a segurou pela mão.

 

- Ainda estamos no inicio da manhã, então dá tempo de comprar roupas novas! – disse Ryna animada – e você vem comigo, eu quero ver você no melhor visual possível.

- Parece que o chá fez efeito, você está incrivelmente empolgada – disse Varatane um pouco surpresa.

- É mesmo? Então não percamos tempo e vamos aproveitar essa energia toda – disse a outra arrastando-a para fora.

 

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- As coisas não são as mesmas sem você aqui – comentou Emadora.

- Por incrível que pareça eu quase senti saudades de você – respondeu Reina.

- Porque eu consigo tira-la do seu tédio habitual? – provocou a outra.

 

Reina nunca admitiria mas sentiu falta da Emadora, ela era imprevisível e sem nenhuma vergonha na cara, era o tipo de garota que só causa problemas, ainda assim tê-la por perto realmente quebrava a monotonia, além disso Reina costumava aprender com ela os efeitos das magias mentais.

 

- E aí? O que fez durante o mês todo? – perguntou Emadora.

- Nada demais, eu voltei pra casa com a Ryna, e lá voltei ao meu treinamento – respondeu Reina.

- Você só faz isso? Não saiu pra namorar ou se divertir? – perguntou a outra frustrada – e eu pensando que ia ter bastante material.

- Material? Material para o que? – a outra não entendeu nada.

- Material pra estudo é claro, eu sou uma estudiosa do comportamento humano – respondeu Emadora – eu observo e estudo todas as facetas da personalidade e comportamento humano, e de outras criaturas também.

- Você é definitivamente muito estranha – disse Reina – mas sendo assim você está convidada para a festa da Ryna, ela quer você neste lugar até a 8º hora do dia.

 

Reina entregou o papel com o endereço para Emadora, a garota o guardou no bolso e acompanhou sua colega de quarto, as duas iriam ver se alguma coisa tinha mudado durante a ausência.

 

- Nada mudou mesmo, mas algumas pessoas saíram, outras entraram – explicava Emadora – temos alguns professores novos, parece que um novo professor para magia de luz chegou.

- Outra vez? Coitada da Ryna, vai mudar de mestre pela terceira vez – lamentava Reina.

- Estou ansiosa pelo inicio das aulas, será que vamos ter alguma crise este ano? – perguntava a outra.

- Nem pensar! Eu definitivamente quero um ano tranquilo! – disse Reina nervosa – “até por que se mais alguma desgraça acontecer a Ryna vai ser mandada pra casa”

 

A preocupação da Reina era bem séria, o imperador deu o alerta de que não haveria uma nova chance, Ryna precisava terminar este ano ilesa e longe de qualquer problema, por isso Reina a aconselhou muito, aconselhou que ela se contivesse e não se metesse em tantos problemas.

 

- Olha só quem está vindo ali – comentou Emadora satisfeita – o aluno do ano, vai continuar chamando atenção este ano também?

- Espero que não, as ultimas pessoas que se interessaram por mim causaram muitos problemas – respondeu Darch que vinha na direção dela – olá garotas, feliz ano novo para vocês.

- É bom revê-lo, você parece bem – disse Reina – você também Emílio.

- E você floresce mais a cada dia – elogiou ele – prender o seu cabelo em uma trança caiu muito bem em você.

- Parece que ficar um mês sem apanhar de mim o deixou mais atrevido – disse Reina suspirando.

- Por falar nisso, eu quero me tornar oficialmente o seu discípulo – disse ele se curvando – o caminho que escolhi vai ser árduo, mas com você como mestra eu sei que conseguirei.

- b-be-bem, se você insiste... eu posso pensar no caso – disse a outra sem jeito sem conseguir encarado.

- Emadora, o que nós estamos vendo aqui? – perguntou Darch.

- Estamos vendo o orgulho e dignidade de um ser humano indo pro lixo – respondeu ela.

- Vocês dois, querem que eu os use como bonecos de treino? – perguntou Reina com um olhar assassino.

 

Os dois rapidamente se calaram, Emílio achou essa situação engraçada mas ele ainda tinha coisas para fazer, já Darch pediu para acompanhar Reina, pois ele tinha algumas coisas para tratar com Ryna, eles saíram juntos e Reina lembrou aos outros dois da festa.

 

- Parece que o Emílio brigou com a família dele e foi deserdado – comentou Darch ao lado da Reina – foi legal você ter aceitado ensina-lo.

- Eu aceitei porque ele está se esforçando, eu acredito que uma pessoa determinada merece uma chance – respondeu Reina – foi o mesmo com você, sua determinação é que te trouxe até aqui não foi?

- Algumas pessoas chamariam de obsessão – disse Darch.

- Eu não sei o que te faz persistir nesse caminho, mas se a Ryna te aprova significa que não é algo ruim – disse a outra – então eu posso dar uma mão se um dia você precisar.

- Você gostaria de saber o que eu tanto almejo? – perguntou Darch.

- Não preciso saber, acho que se souber vai afetar meu julgamento – respondeu ela – quanto mais claro for o meu julgamento mais afiada será a minha lâmina.

- Você é uma militar até os ossos não é? – Darch quase ria – então muito obrigado, estarei contando com você.

 

Depois de uma boa caminhada eles chegaram ao jardim da academia, lá Ryna e Varatane viram os outros chegando, Varatane ficou extremamente feliz por ver o Darch e este a cumprimentou animado, depois dela foi a vez de falar com a Ryna.

 

- Aqui está o seu selo, muito obrigado pelo empréstimo – agradeceu Darch entregando a peça cristalina – e aqui uma copia de todos os recibos das coisas que comprei com ele.

- hahaha você é bem precavido não é? Mas só comprou isso? – perguntou ela dando uma olhada – você poderia ter aproveitado mais sabia?

- De jeito nenhum, eu já estou sentindo que vou trabalhar pra você a vida toda com isso – disse ele – no fim eu acabei comprando algumas roupas para mim e para a Inuka, então valeu a pena.

- E você aproveitou suas férias? – perguntou Ryna – estava me preocupando se voltar para sua terra natal seria doloroso pra você.

- Eu vivi aquele inferno por 5 anos, voltar lá não foi nem um pouco difícil – respondeu ele.

- Você teve algum problema com sua terra natal? – perguntou Varatane criando coragem pra perguntar.

- É uma historia que estragaria o clima de hoje, então outro dia eu te conto se quiser – disse ele – a festa ainda está de pé?

- Mas é claro! E como faltam duas horas para o meio-dia que tal ir logo pra lá? – perguntou ela.

- Espera, eu ainda tenho que me arrumar – disse Varatane um pouco nervosa.

- Isso mesmo, você comprou roupas novas para impressionar alguém, então deve caprichar – dizia Ryna provocando-a.

 

Ela ficou um pouco vermelha e logo correu para seu quarto, Darch agradeceu por tudo e também foi trocar de roupa, já Ryna e Reina seguiram para o lugar onde a festa seria realizada.

 

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Faltava uma hora para o grande evento, todos que ainda estavam ocupados foram liberados de seus deveres, muitas pessoas corriam para casa pra se prepararem para as festividades ou para se reunir com alguém, logo o alinhamento aconteceria.

A luz de cristal já estava bem próxima do sol, e devido a isso ela já irradiava um rastro de luz multicolorido como um arco-íris, a medida que se aproximava do sol o rastro ficava mais largo até que finalmente recaísse sobre o mundo.

O ano já começara mas ninguém ficava satisfeito sem este evento, as pessoas só consideram o ano como iniciado após o alinhamento solar, era nesse momento que o Mana de luz inundava o mundo, pequenos demônios morriam e os grandes se recolhiam em seus abrigos, a maior festividade do ano trazia a esperança a todos.

 

- A Ryna realmente esbanja não é? – comentou Darch ao ver o local da festa.

- Pessoas ricas costumam perder a noção de humildade – respondeu Emílio ao seu lado – mesmo que as vezes façam isso sem querer.

 

Ryna havia alugado todo um restaurante para a festa, um restaurante de luxo com uma área superior para eventos assim, após darem seus nomes na entrada os dois foram conduzidos ao terceiro andar, lá encontraram as meninas já prontas e esperando por eles.

 

- Espere um pouco, como foi que vocês chegaram aqui antes da gente? – perguntou Darch estranhando.

- Eu fiz o favor de dar uma carona para as meninas – respondeu Ardof sentado em uma mesa – já que eu também fui convidado.

- Além disso tradicionalmente os homens devem ficar surpresos em encontrar as garotas não é? – disse Emadora – o que acham de nós agora?

 

Darch e Emílio não sabiam o que dizer, elas estavam usando vestidos bem exóticos e coloridos, suas estampas lembravam flores, animais e outras coisas felizes, todas elas pareciam ter combinado o que vestir e cada uma usava uma cor diferente.

 

- São trajes do país do leste, eu ouvi dizer que eles fazem um enorme festival nesse dia – comentou Ryna – eu vi numa revista e achei que ia ficar ótimo em nós, o que acharam?

- Eu só posso dizer que vocês ganharam a festa – respondeu Darch – comparado a vocês estamos horríveis.

- Concordo com ele, vocês vão brilhar mais que a luz hoje – elogiou Emílio.

 

Os elogios derreteram as garotas, já os rapazes logo foram se enturmar com os outros convidados, além deles estavam os alunos do curso de magia da luz e alguns que as outras garotas convidaram.

 

- Que bom que veio, nós fizemos uma pequena aposta – disse Arik – estamos apostando que você vai queimar quando o alinhamento começar.

- Na verdade eu já estou sentindo uma coceirinha estranha – brincou Darch.

 

Todo mundo riu da piada, mesmo que Darch fosse maligno até hoje não se soube de um mago negro queimando no alinhamento, mas todos já o conheciam o suficiente para saber de sua índole, ao vê-lo se dar bem com os outros Ryna ficou bem satisfeita.

 

- Nunca pensei que veria isso mesmo, um mago negro amigo de todos – comentou Reina – que bom que ele não foi expulso não é?

- Sim, e pensar que eu pretendia prejudica-lo naquela vez – disse Ryna lembrando-se do primeiro incidente – alias, nós magos da luz fomos muito cruéis com ele, por isso precisamos rever nossos conceitos.

 

Faltando 20 minutos para o meio-dia, Emílio pegou um violão e começou a toca-lo para um showzinho particular, os garçons começaram a encher as mesas com diversos pratos saborosos, todos os 30 convidados celebravam o ano novo que se aproximava, com a luz quase cobrindo o sol chegou um dos eventos típicos da data.

 

- Meu voto para todos vocês é um ano de sucesso e boas notas – dizia Ardof erguendo a taça de champanhe.

- O nosso voto é de pura dedicação e agradecimento por tudo – dizia um dos alunos.

- O meu voto de por um ano sem uma psicopata atrás de mim – dizia Darch.

- E que graça tem isso? – brincou Emadora.

 

Todos começaram a trocar votos uns para os outros, como nem todos ali eram amigos a confraternização foi simples, mas olhando para o relógio todos se juntaram para iniciar a contagem regressiva.

Os 10 segundos finais acabaram e a lua alinhou-se perfeitamente com o sol, com isso uma cortina de luz multicolorida caiu sobre o mundo tornando tudo iluminado e belo, os convidados da festa bateram palmas e assobiaram em alegria ao momento, e logo depois todos olharam pra Darch.

 

- O que é? Eu estou bem ok? – disse ele rindo.

- Então ninguém ganhou a aposta? Que droga – brincou Ryna.

- O mais importante é que o ano finalmente começou, e amanhã é a abertura do novo ano letivo da academia – dizia Ardof – todos vocês meus jovens, aproveitem bem hoje e deem o melhor de si daqui em diante.

 

Todos brindaram a isso e assim a festa começou pra valer, pares foram se formando para ficarem juntos, alguns dançavam com as musicas tocadas por outros amigos, alguns sumiam pra ir namorar em algum canto, quem ficou sozinho acabou sentando à mesa para almoçar, o alinhamento durava meia-hora e durante este tempo a festa rolava pela cidade toda.

 

- Hei Varatane, eu gostaria de aproveitar para aprender um pouco de magia da natureza com você – dizia Darch sentado ao lado dela – se não for um incômodo para você é claro.

- d-de forma alguma! Eu posso lhe ensinar quando quiser! – disse ela surpresa e empolgada – quero dizer, eu não sei muito e talvez eu não seja uma boa pessoa pra ensinar, mas...

- Você vai fazer o seu melhor não é? Não se preocupe com isso – disse ele – eu apenas quero aprender o conteúdo do primeiro ano.

- Que inveja, quando vou ganhar meu próprio discípulo? – perguntou Emadora.

- Você? Qualquer pessoa que queira estudar com você só pode ser louca – disse Reina – agora vamos deixa-los em paz.

 

Reina saiu puxando Emadora pela orelha, depois que elas se foram Darch e Varatane continuaram conversando, a meio-elfa pediu para o outro chama-la pelo nome abreviado como Ryna fazia, de longe Ryna assistia satisfeita com eles dois.

 

- Você parece um cupido que cumpriu sua missão – comentou Emílio do lado dela.

- A Tane gosta dele, e ele precisa de alguém para ajuda-lo – dizia Ryna – eu acho que é um par perfeito.

- Em outros tempos pessoas chorariam se alguém que conhecem se apaixonasse por um mago negro – dizia Emílio.

- Então acho que vou me esforçar para que no futuro surjam mais magos negros como o Darch – comentou ela – mas o que você acha de tocar mais uma musica? Ainda temos animação para o resto do dia.

 

Aceitando o convite dela Emílio dessa vez pegou uma flauta e se juntou a outros amigos, eles mesmos iriam providenciar a diversão no melhor estilo de uma taverna, enquanto eles tocavam as pessoas se sentavam nas mesas para comer e apreciar o show.

E sentado em sua mesa Darch olhava aquela cena, todos comendo e rindo enquanto ouviam uma boa musica, era um clima que o deixava tão tranquilo que ele derramou uma lagrima, vendo isso Ryna que estava próxima perguntou se tinha alguma coisa errada.

 

- Não é nada, é que essa festa me lembrou a minha vila – respondeu Darch – acho que voltar de lá refrescou as memorias.

- Vocês também comemoravam o ano novo assim? – perguntou ela.

- O Ross caçava um javali enorme da floresta e assávamos no centro da vila – relatava ele – era tão grande que dava pra todo mundo, os adultos bebiam uma coisa esquisita que eles deixavam fermentando o ano todo, e a Kanda e seu mestre faziam brotar umas frutas pra fazer suco pras crianças.

- Deve ser muito divertido, mesmos as festas do palácio não chegam a isso – dizia ela lembrando dos bailes de ano novo.

- Você deve ter uma vida bem chata pra dizer que a festa de uma vila é melhor que de um palácio – brincou ele – nós farreávamos o dia todo, e quando anoitecia nos escondíamos em casa, era aquela noite sem lua onde você não via um palmo a sua frente.

 

As noites sem lua viam logo após este espetáculo de luz, era um sinal de mau agouro que colocavam as pessoas comuns para se trancar em casa, mas Ryna não passava por esse tipo de medo, em seu palácio com iluminação magica eles podiam ter tanta luz quanto o dia, por isso ela se perguntava o que as pessoas comuns sofriam.

 

- Quando tudo acabar e você encontrar sua irmã, o que vai fazer após isso? – perguntou Ryna.

- Eu não penso tão a frente assim, eu provavelmente vou continuar trabalhando pra sustentar a nós dois – respondeu ele – eu tenho certeza que ela vai estar destruída por dentro e por fora, então eu quero dar a ela uma vida tranquila.

- Quando a resgatar eu quero conhece-la – pediu Ryna – podemos festejar todos juntos assim um dia.

- Sim, faremos isso – disse ele com um sorriso.

 

E então ele pensou que finalmente estava recuperando sua vida, a vida que ele tinha perdido naquele fatídico dia amaldiçoado, por isso Darch colocou entre suas metas proteger esta nova vida que ganhou, junto com aqueles que a preenchiam agora.

 

 

Continua.