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História Herdeiros do Império - Reylo - O Baile


Escrita por: howardlev

Capítulo 4 - O Baile


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - O Baile

"Sim, sei de onde venho! 
Insatisfeito com a labareda 
ardo para me consumir! 
Aquilo em que toco torna-se luz. 
Carvão aquilo que abandono. 
Sou certamente labareda!"
(Friedrich Nietzsche)

••• 

Aquele dia fora a mesma coisa.

Após uma longa noite de pesadelos consecutivos, e a maioria contando com a mesma narrativa em que uma criança era arrancada de seus braços por Snoke, Rey finalmente conseguiu acordar e agradecer por isso.

Era ótimo estar longe agora. Ela só não entendia o que tinha acontecido. A criança usava um penteado parecido com o dela quando jovem, os clássicos três coques dispostos um por baixo do outro, em ordem como uma espinha dorsal. Perguntou a si mesma se aquele era um vislumbre de seu passado, como se pudesse ver sua criança interior sendo abandonada em Jakku, mas a lembrança desse dia não existia em sua memória.

Ela se lembrava de existir em Jakku, mas não exatamente quando chegou lá, e como chegou.

Em contrapartida, para Kylo Ren a noite havia sido normal como todas as outras. Ele não dormia muito e quando dormia era inundado de vislumbres horríveis de seu passado. Ele passava por todas as suas memórias novamente: O dia em que fora deixado por seus pais para ser treinado com seu tio Luke, um dia marcado em sua memória. O pequeno Ben se sentiu tão sozinho.

Ele se sentiu um monstro, como se todos tivessem medo dele, e, tecnicamente, isso em partes era realidade. Após consecutivos distúrbios com a força, seus pais chegaram à conclusão de que ele precisava de ajuda. Ben era muito sensitivo com à força e, sua mãe, Leia, podia sentir os genes sombrios de Vader circulando por seu sangue.

Snoke também aparecia em seus sonhos, tentando o controlar. Ele também via uma mulher, ela agonizava em dor enquanto ele a via todas as noites, mas não podia ajudar. Tinha vontade de acabar com a dor dela, mas sempre que chegava perto, Snoke aparecia e lhe impedia. Aquela figura feminina o acompanhou por muito tempo. Todas as noites.

Ele não sabia o que ela significava. Eram sonhos preenchidos por dor e terror. Por morte, por chamas, por destruição. Ele via os cavaleiros de Ren, a mulher, seus pais, Snoke, e uma criança... Ele também via uma criança. E mais do que isso, ele sentia uma necessidade avassaladora de protegê-la toda vez que ela lhe aparecia.

Ele se levantou naquela manhã se sentindo diferente, com um tipo de enjoo, tontura. Seus músculos estavam fracos, seus olhos embaçados e sua garganta ardia em conjunto com sua cabeça que doía.

Ele estralou o corpo e se levantou da cama. O jovem vestiu seus trajes escuros após se alimentar em seu próprio quarto. Uma mesa cheia de frutas e todos os tipos de pães lhe aparecia a frente e, ao lado, dois serviçais, enquanto outros dois permaneciam na porta. Ele tinha toda a segurança da qual precisava, mesmo assim se sentia sozinho.

Aquelas pessoas eram como postes, não ousavam falar nem sequer olhar diretamente nos olhos de Kylo. Toda possibilidade de evitar contato era aproveitada, só faziam o que lhes era mandado. Isso de certo modo o incomodava, mas Snoke fora quem planejou tudo. Era bom que Kylo se sentisse isolado, sem contato humano, isso aumentaria a falta de piedade perante a eles.

Um dos poucos contatos que Kylo tinha era com o General Hux que, em partes, era quase invisível também, não acrescentava em nada, suas conversas possuíam, em geral, um sentido técnico. No fundo, já era difícil para ele se relacionar com alguém.

Ele se olhou no espelho. Uma generosa cicatriz lhe atravessava o rosto e toda vez que ele olhava para a mesma se lembrava dela. Da catadora de lixo. Da garota que uma vez o derrotou.

O derrotou! Ele havia mentido para ela. Era obvio dentro dele de que ele estava fraco naquela noite. Aquela noite em especial, à noite em que assassinou seu próprio pai. Era óbvio dentro dele que ele tentou o seu máximo para impedi-la, mas ele não conseguiu, e isso o deixava mais intrigado ainda. O que tinha nela? O que ela era?

Ele nem mais se lembrava do que pensou naquele dia. Era tudo um branco novamente. A lavagem cerebral de Snoke funcionara de novo, principalmente na mente de Kylo Ren. A única memória daquele dia que vinha à sua cabeça estava no formato de um sentimento. Kylo não conseguia de jeito nenhum sentir o ódio necessário por Rey. Ele a venerava tanto internamente que sua morte talvez fosse a única solução, então ele se rendeu aos planos de Snoke: Matar a garota.

Ele a idealizava sem saber o porquê, ele só o fazia. Se achava tão imbecil por isso, e mais imbecil ainda por fingir estar treinando a garota quando, no fim, ela morreria de qualquer jeito. Ele só precisaria de uma oportunidade, de uma única chance de cravar o seu sabre de luz no corpo da jovem garota e então tudo voltaria ao normal, ele seria o mestre impiedoso e forte de antes.

É só questão de paciência e tudo voltará ao normal. Kylo pensou, conversando consigo mesmo diante do espelho. A garota morrerá e ninguém nunca mais ouvirá seu nome, e será como se ela nunca tivesse existido. Quando Kylo olhou finalmente para baixo, para a pia, gotas de sangue caíam sobre a água, em seguida olhando no espelho para constatar que as gotas vinham de seu nariz.

Ele fez um bolo de papéis e limpou a bile vermelha que saía de suas narinas. Seus dedos inundados em sangue. Fazia tempo que aquilo não acontecia. A última vez fora quando mentiu a Luke sobre a tentação ao lado sombrio. Quando fora perguntado sobre os pesadelos e à sedução do lado sombrio. Ele negou com todas as forças e semanas depois Snoke conseguiu entrar totalmente em seus pensamentos.

Do outro lado da base a manhã seguia como de costume. Rey arrumou suas roupas, colocou seu uniforme cinza, se dirigiu ao salão para seu café e seguiu para seu treinamento com Kylo Ren. Eles mais uma vez treinaram a resistência de Rey, tanto física quanto mental.

Kylo lhe ensinava defesa pessoal e como usar a força para derrotar o oponente. Pode-se dizer que eles estavam começando a se entender melhor agora, um entendia os movimentos do outro, a aprendizagem do outro, um se surpreendia com o outro. Rey era apresentada à força e Kylo era apresentado à técnicas de sobrevivência já que Rey vivera no deserto e sabia melhor do que ele modos de camuflagem e defesa física.

Quando o treinamento acabou, Rey passou o resto da tarde dentro de seu quarto. Se olhou no espelho para verificar se estava tudo certo com sua face, se alguma cicatriz a acompanhava e se lembrou que em breve estaria presente no grande salão, para inundar-se na façanha do baile de iniciação que ali aconteceria.

Rey se uniu com outras garotas para se aprontar. As garotas que estavam sendo treinadas por cavaleiros de Ren. Elas tinham mais experiência com maquiagem e cabelo, coisa que Rey nunca sequer havia presenciado. VanHale se aproximou de Rey.

"Você não vai começar a se arrumar?" Ela tocou em uma mecha do cabelo de Rey que lhe caia sob os olhos.

"Eu não sei como fazer." Rey sorriu enquanto segurava em suas mãos um pó compacto. "Eu não sei para que essas coisas servem"

"Você nunca se maquiou?" Hale riu, "você realmente nunca?" Ela foi interrompida por uma expressão frágil em Rey.

"Em Jakku não temos tempo nem ocasião para essas coisas."

"Ah! Você é de Jakku?" Impressionada, Hale perguntou. "O deserto..." E com uma expressão de curiosidade retornou seu olhar para a catadora de lixo. "Então eu vou te ajudar."

Hale começou a pegar vários utensílios do qual Rey não podia identificar. Ela só obedeceu aos comandos da garota e em um tempo considerável ela foi convidada a se olhar no espelho.

Quando abriu os olhos Rey não se reconheceu. Na verdade, ela parecia outra pessoa, e ela parecia identificar essa outra pessoa. A surpresa foi tão grande e enquanto ela se apreciava, imagens distorcidas passavam por sua cabeça. Imagens estranhas.

Ela via um lugar claro, pétalas brancas passarem por sua mente, caindo do alto. À sua frente várias pessoas, e no centro algo parecido com uma fogueira. Ela fechou os olhos. No fundo havia um rapaz trajado em roupas brancas, que caiam levemente sobre seu torso. Era um dia de primavera.

Ela se sentiu feliz, imersa de compaixão, sorriu. A suavidade das flores que caiam tocavam em sua pele e um enjoo começou a tomar conta dela. Ela cambaleou e quase caiu quando finalmente abriu os olhos e Hale a segurava pelos braços. Rey se deparou novamente com sua figura no espelho, trajada em seu vestido preto com flores púrpuras. Ela se achou tão incrível. Tão bonita...

"O que aconteceu? Você está bem?" Hale perguntou.

"Está tudo bem, é só que..." Ela fixou o olhar em seus olhos no espelho. "É como se eu já tivesse visto esse rosto em algum lugar..."

"É claro que já viu, é o seu rosto menina!" Hale caiu em risadas. "Agora vamos, não quero me atrasar." Hale entrelaçou seu braço no de Rey e então no meio do caminho paralisou. "Aliás, quem é seu par essa noite?"

Um calafrio subiu pela espinha de Rey.

"Par?" Ela sussurrou.

"Sim! Ninguém te convidou?" Ela se espantou. "James, o garoto de olhos puxados, me convidou para ser seu par essa noite, foi ele quem me enviou o meu vestido."

Quando Hale soltou aquela frase, Rey se deu conta de que quem enviava os vestidos era quem seria o par para a noite.

"Pela Força!" Ela exclamou, "Então quem manda os vestidos são os rapazes que irão nos acompanhar?"

"Mas é claro! O que você achou?" Hale sorriu, "É a forma pela qual eles fazem o pedido. Pela Força!!!! Quem te enviou?"

"Kylo Ren!" Rey falou baixo.

"O que??? Kylo Ren? O mestre Kylo Ren???" A empolgação de Hale era extremamente visível, o que tirou o conforto de Rey.

"Fale baixo!" Rey a repreendeu.

"Não acredito que o mestre finalmente resolveu ter um par! Ele nunca escolhe ninguém." Ela disse. "Toda vez ele vai sozinho ao baile. É o que se comenta..."

Rey ficou tão confusa naquela hora, tão horrorizada e amedrontada. Tinha medo do que aquilo poderia significar.

"Eu espero que isso não seja ruim." Disse quase sussurrando.

"Isso é ótimo!" Ela ria e não conseguia se conter. "Você não imagina a quantidade de garotas que todos os anos dariam tudo o que fosse necessário para ser o par de Kylo Ren, não imagina o tamanho da frustração que é quando ele aparece sozinho na festa." Ela olhou fixamente nos olhos de Rey. "Parece que hoje será seu dia!"

Kylo Ren não se sentia nada convencional naquela noite. Talvez por culpa do traje social ou pelo efeito da bebida que atingia seu sistema nervoso antes mesmo de comparecer ao salão. Um copo fora o suficiente. Ele já se sentia melhor. Acabou usando a bebida para justificar a imagem distorcida que via no espelho apesar de saber que a quantidade de vinho ingerida não era, até aquele instante, suficiente para mudar seu comportamento.

Sua imagem era convidativa, possuía uma certa pureza da qual ele tentara se esquivar por bom tempo.

Ver-se trajado daquela forma o trazia lembranças da vida calma – de modo irônico – da grande Coruscant, em vezes que acompanhara sua mãe em encontros de negócios, como ela mesma intitulava. Ele sabia que eram assuntos da Nova República, mas fingia não querer se meter.

Ele tentou matar as imagens de sua cabeça, se livrar de todos aqueles sentimentos e impulsos para o lado da luz. Se lembrou dos tempos em que ele ainda era apenas o jovem Ben Solo. Sua cabeça martelava a medida em que se lembrava o quanto seu pai se maravilhava com suas conquistas e como tio Luke se orgulhava em relação aos aprendizados do jedi.

Ben Solo era um jovem promissor, o mais novo jedi, o percursor de uma nova era.

Ele fechou os olhos e os apertou. Um nó se fez em sua garganta. Logo ele teria de buscar Rey e ele precisaria estar melhor apresentável. Contudo, quando chegou aos aposentos da jovem, deparou-se com a ausência da garota.

"Mestre Ren!" A voz de Hux o alcançou.

"Diga, General." Ele respondeu e Hux o olhou nos olhos.

"A garota já está no grande salão. Ela foi acompanhada por uma das aprendizes de Mera Ren."

"Qual o nome?"

"Segundo minhas informações, Eleonora VanHale."

"Desconheço." A imparcialidade na voz de Kylo era perceptível.

Ele então seguiu em direção ao grande salão com Hux o acompanhando. Quando chegaram uma grande porta cor chumbo se abriu, revelando a luxuria da decoração.

Haviam grandes lustres de cristal, reluzindo. O salão possuía uma mistura de prata que provinham da decoração.

Havia bastante gente: Cavaleiros de Ren, seus aprendizes, representantes dos sistemas que apoiavam a Primeira Ordem e guardas.

A música cessou e todos pararam para olhar Kylo Ren, todos o reverenciaram. Kylo cumprimentou todos por que passou, até que a música voltou a tocar e eles retomaram sua atenção à seus acompanhantes. Haviam diversos pares, diversos homens, moças, mas em meio a toda aquela multidão ele procurava por uma só pessoa: Rey.

No centro do salão a garota estava acompanhada de Hale e James. Eles conversavam e pela expressão facial deles, estavam se divertindo bastante. O olhar de Rey então se direcionou para o outro lado do salão, se encontrando com os olhos de Kylo Ren. Rey se assustou ao perceber que sua intuição estava certa. Pouco antes de vê-lo ela sentiu sua presença, e era de certa forma estranho constatar que estava certa. Ao mesmo tempo que era incrível conhecer a força e confirmar seus sentidos, ela preferia que não fosse verdade. Temia mas conseguia sentir uma conexão fluir.

A expressão facial de Rey deslizou de um sorriso perfeito a um semblante fechado, mas o olhar permanecia fixo nos olhos sombreados de Kylo Ren.

Ele estava divino, pensou. Rey se perguntou como aquele homem por debaixo de todas aquelas vestes e semblante imperial poderia ser tão humano, como ela. Naquele momento ela viu nada menos que Ben Solo.

Ele andou em sua direção e o coração de Rey começou a acelerar. Ela não sabia o que fazer, não sabia se permanecia parada no lugar ou se andava em sua direção. Ela acompanhava cada passo de Ren, fixamente, segurando a respiração a medida que ele chegava mais perto.

Finalmente ele chegou. Kylo não disse nada, ele apenas continuou seu olhar fixo na garota e então com um gesto delicado beijou as costas de sua mão. Os olhos avelãs de Rey contavam com um toque esverdeado naquela noite, como esmeraldas, verdadeiras joias. Ele sentiu um pulsar mais rápido passar por sua jugular. Engoliu em seco e desviou seus olhos dos da mulher. Ela respirou fundo.

"Vejo que fiz uma ótima escolha para seu traje." Ele falou com certa calma na voz. "Você está deslumbrante, purpura lhe cai bem. É bom mesmo que todos vejam o quão fascinante minha aprendiz é, que será melhor que qualquer um daqui."

Hale estava ao lado de Rey, paralisada, quando Kylo lhe lançou um olhar tão penetrante que ela entendeu o recado e saiu de perto deles. Kylo Ren se aproximou um pouco mais da garota a oferecendo seu braço para que ela pudesse o cruzar com o seu. Os dois começaram a andar pelo salão em movimentos lentos enquanto Kylo Ren acenava com a cabeça para aqueles que os cumprimentavam, Rey se limitou a não imita-lo.

"Estou me sentindo um pouco desconfortável." Confessou num tom baixo, a garganta seca, seus olhos perdidos no chão.

"Não precisa se preocupar." Ele a respondeu em um tom que apenas ela poderia ouvi-lo. "Não minto quando digo que está bela, a mais bela deste salão. Então, não há motivos para se sentir desconfortável."

Continuaram a andar lentamente, o sangue da garota borbulhando a sentir o braço embalado pelo de Ren.

"Olha só que ironia, como o tempo é algo engraçado. Há meses atrás você estava tentando me matar, agora você está de braços cruzados comigo e corando a cada elogio que eu te faço."

"Não estou corando." Na verdade estava. "Pouco me importa o que acha. Quando essa palhaçada irá acabar? Sou sua aprendiz, não um boneco de exibição." Respondeu áspera e revirando os olhos.

Era de se esperar que o estômago de Rey revirasse várias vezes durante a conversa. Kylo estava sendo mais gentil do que o de costume, e a inimizade interior que sentia por ele a fazia desconfiar de cada palavra, até mesmo temer qualquer ação dele. Os dois continuaram caminhando. Era tanta gente. Rey ficou desconfortável com a beleza forçada das pessoas que passavam, com a quantidade exótica de genes. Eram pessoas de todas as partes da galáxia, todas apreciando o momento e venerando à Primeira Ordem afim de benefícios.

Uma mulher alta com cabelos louros e pele pálida se aproximou dos dois e começou a conversar com Kylo Ren. Rey ficou escutando tudo, parada. Não se atreveu a interromper a conversa. Eles falavam sobre negociações, sobre os benefícios que a Primeira Ordem estava trazendo para a galáxia, sobre como os apoiadores da república precisavam ser destruídos e sobre como a Ordem de Ren estava crescendo cada vez mais.

"Apesar dos rebeldes terem explodido a antiga base, nós sabemos que aquilo não fez nem cócegas perante ao Império que estamos construindo." Kylo Ren concordou gentilmente e os dois esboçaram risos. Rey engoliu em seco. "Ora, mas e quem é você?" Ela perguntou se dirigindo à Rey.

"A me desculpe, essa é Rey, ela é minha..."

"Temos uma futura imperatriz?" Ela o interrompeu antes que pudesse completar a frase e Rey corou de raiva. "É uma bela moça, uma bela escolha, rapaz." Ela deu um leve tapa no ombro de Ren.

"Ah, não, a senhora está enganada." Ele sorriu constrangido. "Esta é Rey, minha aprendiz. Muito apta e futuramente um membro da Ordem De Ren!" Ele sorriu olhando para a garota e ela estendeu sua mão para a senhora a cumprimentando.

"Muito prazer, Madame." Disse forçada.

"Me desculpe, que constrangimento." Ela ria mas Rey percebera que ela estava um pouco alterada devido à quantidade de bebida que devia ter ingerido. "Se me dão licença."

Ela seguiu em frente deixando os dois sozinhos novamente. Era perceptível o constrangimento na face de Rey.

"Eu lhe peço desculpas."

Depois de um tempo e muita bebida, dança e alguns aperitivos, o salão recebeu um ar de escuridão. Toda aquela claridade fora substituída por um sentimento estranho dentro de Rey. Kylo percebeu quando ela perdeu as forças nas pernas e cambaleou, ele a segurou, preocupado.

"Está tudo bem?" Perguntou com atenção.

"Sim, é só uma tontura..." Ela dizia com a mão na testa. Ele sentiu a temperatura dela com as costas de sua mão, mas constatou que ela estava normal.

O problema mesmo era a presença de Snoke. Ele apareceu a partir de um holograma presente no salão, todos o reverenciou. Ela fez o mesmo com um certo incômodo.

Ele não estava fisicamente presente. Ele não se sentia seguro para tal, apenas Kylo e General Hux sabiam da localização real do líder supremo.

Rey não sabia o motivo, mas em todas as vezes que ela estava na presença de Snoke ela sentia um desconforto enorme.

Ela lembrava de seus sonhos, do quanto aquele ser a assombrava e trazia sentimentos de morte para dentro dela. Ela já o repulsava mais que qualquer coisa na vida.

"Bem-vindos, iniciados!" A voz distorcida de Snoke se propagou sobre aquele meio. "Bem-vindos a mais um ano de treinamento." Ele estava sentado em seu trono, sua projeção era bem grande e Rey se perguntou se o homem tinha realmente aquela estatura, não era possível.

"Se estão aqui é porque concordam que a república já não é mais o sistema de governo adequado à nossa galáxia. Se estão aqui é porque de tal forma sabem dos benefícios que o lado sombrio traz à paz galáctica. Se estão aqui é porque de tal forma querem devotar sua vida ao novo Império e se tornarem membros da Ordem de Ren e dar continuidade e honrar a luta de Palpatine e Vader, impedidos por aqueles assassinos e rebeldes." Todos aplaudiam e gritavam, eufóricos.

"Vocês serão treinados pelos melhores para que apenas os melhores continuem a linhagem de cavaleiros de Ren! Devemos ampliar barreiras. Vocês serão testados o tempo todo, tanto física quanto emocionalmente. Precisamos dos mais fortes ao nosso lado, o resto..." Ele sorriu ironicamente, "vocês sabem! Serão descartados." Rey sentiu um frio a barriga, o que ele quis dizer com descartados!? "Façam bom proveito dessa comemoração pois raramente presenciarão novamente momentos como esse!" Ele se levantou e por fim, terminando o discurso, falou: "Não há ordem sem a Primeira Ordem!" Todos urraram e repetiram a frase, inclusive Kylo Ren.

Kylo puxou Rey para seu lado novamente a conduzindo até o centro do salão, onde todos dançavam e conversavam. A música era lenta e Kylo Ren se aproximou de Rey com cuidado, ela não hesitou.

"Me permite?" Ele perguntou fazendo um gesto de dança.

Rey não entendeu muito bem, mas antes que pudesse responder sua cintura já estava nas mãos de Kylo. Ela corou novamente e seu coração acelerou. O rapaz a aproximou suavemente de seu corpo.

"O que é isso?" Ela perguntou baixo se afastando imediatamente do rapaz.

"É valsa." Ele a respondeu.

"Precisa de toda essa proximidade?" Ela rosnou.

"Olhe ao seu redor, todos estão dançando como normalmente duas pessoas dançam uma valsa." Respondeu tentando se reaproximar. Rey também se aproximou com uma expressão mais leve em seu rosto. "Às vezes eu esqueço que você vem de Jakku, catadora de lixo."

Rey respirou fundo e a mão de Kylo repousava em sua cintura. Quando finalmente suas mãos se tocaram, Rey sentiu um calafrio, uma sensação estranha subir por seu corpo. Kylo pegou a mão esquerda de Rey e colocou sobre seu ombro, retornando logo após a segurar na cintura da moça, agora com um jeito mais delicado a aproximou de si.

Seus corpos se encostaram suavemente. Ela perdeu o ar. Estava tão próxima dele. Ela olhava em seus olhos enquanto ele fazia o mesmo, a fulminando e sorrindo timidamente. Rey aos poucos foi se soltando e se entregando àquele sentimento bom que estava dentro dela.

Rey quase nunca tivera contato humano antes, era difícil pra ela essas coisas agora. Ela não pôde evitar em analisar toda a face de Ren. Ela deslizou sua visão dos olhos do rapaz até sua boca. Analisando o caminho da cicatriz.

Rey ousou tocar nela, com um toque muito suave, a desenhou.

"Dói?" Perguntou num impulso.

"Só lembro dela quando me olho no espelho. Ou quando olho para você."

Ela continuou a delinear a linha avermelhada e por fim seus dedos estavam tocando os lábios do rapaz.

Ele ardia por dentro, fechava os olhos ao toque dela. Ele não sabia o que estava sentindo, mas estava. Aquilo parecia tão surreal, mais uma vez tão familiar.

Ao fechar os olhos imagens distorcidas de Rey dando gargalhadas passavam por sua mente. Ele sorriu. Ela sentia o mesmo. Tudo desaparecera, em um segundo não havia mais Primeira Ordem, Snoke, as pessoas no salão. Só havia o próprio salão, mais claro do que nunca, e pétalas brancas caindo sobre os dois. Mas, repentina e infelizmente, Rey voltou a seu estado sóbrio e se afastou do rapaz e continuou a dança tentando desviar seu olhar do dele.

Ele não esboçou nenhuma reação, ficou apenas quieto, fazendo todos os movimentos que os outros também estavam fazendo.

A noite continuou com várias outras tentativas de aproximação entre os dois. Todas com cautela e muita ternura. Uma certa intimidade estava começando a ser construída e, a partir daí a vida de Rey e Kylo Ren se tornaria um verdadeiro caos.


Notas Finais


Kylo achando que tem toda essa liberdade com a catadora, quem ele pensa que é? hahahah espero que tenham gostado.
Beijos de sua autora, Lévola Hill. ❤️


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