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História Heterochromia ;; izone - joyuriz;ssamyenyul - I - loneliness


Escrita por: orbitingkje

Capítulo 1 - I - loneliness


Desde que nasceu Jo Yuri sabia que era diferente das outras crianças. Seus pais lhe tratavam como igual e a davam todo amor que precisava na vida, mas isso não alterava os fatos. Amor não faria suas orbes pararem de brilhar cores diferentes.

Sua mãe a amava desde a primeira vez que a pegou no colo e ouviu seu choro baixinho, de fato ela sempre fora quieta demais desde o nascimento, já seu pai havia jurado amar e proteger a filha da primeira vez que ouviu que a esposa estava grávida.

Busan não era a capital, mas ainda assim era uma cidade grande, porém não foi isso que impediu sua fama de espalhar pelas ruas.

"A aberração de olhos coloridos." foi como ficou conhecida localmente, tudo por ter nascido com o olho direito verde e o esquerdo amarelo.

Era muito normal os olhos coloridos, afinal era extremamente raro nascer sem uma alma gêmea, mas cada olho de uma cor?

De fato foi difícil crescer em um lugar que a tratavam como se fosse uma doença contagiosa, principalmente quando perdeu sua mãe ao 6 anos e não possuía nenhum amigo para a confortar, mas não é como se pudesse fazer algo sobre.

Até o dia que estava fazendo seu dever de casa normalmente e seu pai chegou com grandes notícias: se mudariam para Seul.

Mil pensamentos se passam por sua cabeça, mas todos levavam a um principal, o medo da cidade grande.

Tudo que sabia sobre metrópoles era o que via em filmes, lugares lotados com muita poluição e onde crimes corriam soltos, contudo isso não mudaria o fato de ainda ter que se acostumar com sua vida nova. Apenas esperava que algo positivo viesse com a mudança.

As árvores e pessoas passavam correndo por sua vista e aos poucos as casas se transformavam em prédios. Seu coração estava tão acelerado que podia jurar que iria sair do peito.

Como se pudesse ler sua mente seu pai colocou a mão em seu joelho dando um aperto fraco.

- Está tudo bem? - Um aceno não foi suficiente para convence-lo, mas sim para evitar a continuidade da conversa. - Mais alguns minutos e chegamos, espero que goste do lugar.

- Tenho certeza que vou gostar. - Com certeza Yuri preferia dizer algo como "vou ter que gostar, se não é pior para mim.", mas deixou esse pensamento guardado em sua mente.

Quanto mais perto chegavam do prédio mais lentamente o carro corria e de fato era uma vizinhança aparentemente tranquila, algo que relaxou sua mente de preconceitos.

- É aqui. - A freada do carro na frente do prédio que lhe deu certeza que não teria volta, mas quer saber, que se dane, Busan era seu passado, Seul teria que servir como futuro.

Ao descer do veículo se puseram a descarregar as bagagens, que nem eram tantas assim já que a maioria das coisas estava no caminhão de mudança.

Sua mala estava com a alça levemente estragada, por ficar tanto tempo no armário provavelmente, então teve que a segurar no colo para levar até a portaria, mas foi interrompida na metade do caminho por uma garota quase a atropelando com um skate.

- Ei, olha por onde anda. - Disse alto, indignada, mas apenas foi respondida com uma reverência e um "perdão" baixinho antes de a figura ir embora novamente.

Continuou seu caminho para dentro do prédio onde as outras malas já estavam no chão. Seu pai não demorou muito a entrar, já que precisava antes falar com os empregados que ajudavam na mudança.

Vários homens entravam pelo local deixando caixas e mais caixas e seu pai apenas pegou em sua mão a confortando.

- Vem, vou te mostrar o apartamento. - Apenas seguiu o homem, sem soltar de sua mão, até o elevador. Fez questão de lembrar do número do andar e apartamento, no caso 510, para depois não se perder.

Tinha que admitir, por mais que estivesse vazio, o lugar era três vezes maior que sua antiga casa, mal podia esperar para montar os móveis e enfeitar seu quarto.

Finalmente poder chamar aquele espaço vazio de lar.

~❦~

Kim Chaewon passava seu pé pelo chão de asfalto com força dando cada vez mais impulso no skate e o fazendo acelerar cada vez mais rápido.

Ela sabia que isso era muito perigoso e a qualquer momento poderia bater em algo e cair, mas sinceramente essa era a última de suas preocupações.

Parar para tomar sorvete com sua amiga do outro lado da cidade, quando não faltava muito para seu turno começar, não foi uma boa ideia, mas ao invés de passar o caminho todo se martelando por algo que já havia acontecido, sua prioridade era chegar a tempo de não levar uma bronca.

O que infelizmente não deu muito certo, já que quando finalmente estava na entrada da lojinha de conveniência seu relógio batia 2:14.

- Ótimo. - Ajeitou os óculos no rosto e juntou o skate do chão o segurando perto de seu peito. Agora era tarde, teria que ouvir sobre isso por semanas.

Tentou entrar no local o mais silenciosamente que conseguia, mas falhou já que o sensor que seu pai instalou na porta fez o sino tocar avisando que mais alguém entrava no estabelecimento.

- Já está 14 minutos atrasada, posso saber onde estava em horário de trabalho? - Sua mãe saiu de trás do balcão com cara de poucos amigos e os braços cruzados.

- Desculpe, estava tomando sorvete com a Hitomi e perdi noção do tempo. - Foi indo para trás do caixa de cabeça baixa e guardou seu skate atrás do balcão.

- Eu sei que você quer curtir com suas amigas, mas sabe muito bem que tem que ajudar se não quiser que a loja feche. - A mulher parou atrás da filha e deixou um beijo em sua cabeça. - Sabe que eu estaria trabalhando se pudesse.

- Falando nisso, como está o carinha? - Se virou na cadeira giratória e passou a mão na barriga da mãe, que a esse ponto já estava enorme.

- Chutando o dia todo, não aguento mais. - Com uma leve risadinha passou a mão pelos cabelos da filha. - Se não se incomoda vou deitar lá em cima um pouco, seu irmão está me destruindo.

- Tudo bem, vou ter 14 minutos extras hoje mesmo. - A mulher sai deixando apenas a Kim mais nova a postos do trabalho.

Felizmente o lugar não estava tão vazio hoje, para ser honesta nunca estava cheio, não como antes. Abriram muito supermercados e shoppings ao redor e aos poucos foram perdendo clientes, seu maior medo era que o lugar fechasse.

Não precisava mais usar seus óculos, por serem para distância, então os tirou e os largou no balcão revelando seus olhos multicoloridos, laranja o esquerdo e amarelo e direito. Ao se olhar no espelho Chaewon notou que seus cabelos negros estavam bagunçados pelo vento que pegou antes, mas não havia muito o que fazer, então apenas jogou o capuz do moletom por cima da cabeça disfarçando um pouco sua falta de cuidado.

O sino da porta disparou novamente e uma menina com uniforme escolar entrou no lugar, ela olhou por um tempo por entre as prateleiras até encontrar o que procurava.

A morena colocou os óculos e fazendo questão que as lentes escurecidas cobrissem seus olhos diferenciados. O que menos precisava era assustar outro consumidor que estava prestes a lhe dar dinheiro.

- 3000 wons. - Disse a menina ao passar a caixa de ovos pelo scanner. O preço foi pago e a cliente se dirigiu a saída com sua compra em mãos a deixando sozinha novamente na loja.

Agora era só esperar mais alguém entrar para comprar algum item aleatório e o silêncio se quebraria.

Mais um dia de rotina na vida de Kim Chaewon.

~❦~

Choi Yena e suas amigas eram conhecidas pelas redondezas por suas pegadinhas icônicas e histórias lendárias, mas na realidade seu código moral as permitia apenas de revidar quem as irritava.

Para isso sempre estavam prontas para contra-atacar quem ousava cometer um ato injusto com sua amiga.

- E ai Ahn, conseguiu? - A loira estava sentada na calçada em frente a uma loja de conveniência qualquer quando sua amiga retorna de dentro com uma caixa de ovos.

- Consegui, mas minha grana só me deu para comprar uma caixa. - Yujin diz passando o produto para a mais velha.

- É uma janela só, uma dúzia já está de bom tamanho. - Chaeyeon se levantou do chão junto de Hyewon. - Temos que ir agora antes que a aula acabe.

- Certo. - A Choi arruma seu tapa-olho e se levanta também para então as quatro andarem em direção ao campus da faculdade que conheciam tão bem.

De fato, estavam o tempo todo lá desde que a namorada de Chaeyeon, Sakura, havia entrado para o grupo. Claro, por ser uma universitária ela não ajudava nas pegadinhas contra professores e funcionários da escola, mas isso não significava que uma garota podia falar mal dela e sair ilesa, muito pelo contrário.

Mexeu com uma a briga virava pessoal para todas.

Ao chegar na frente do prédio de dormitórios elas largaram suas coisas em um banco que cercava uma árvore bem a frente do que procuravam.

Com um rosto irritado a Lee pegou o primeiro ovo da caixa e foi mirando na janela aberta, que felizmente era baixa por ser no primeiro andar, mas foi parada pela amiga.

- Máscara primeiro, por precaução. - A Kang diz tirando quatro máscaras do bolso e entregando as amigas que as colocam rapidamente. - Pronto, a vontade.

Com o primeiro ovo disparado para dentro da janela, acertando diretamente no chão do quarto, que as quatro esgotaram a caixa jogando tudo para dentro com raiva nos olhos, mas um sorriso no rosto.

Felizmente aquela parte era mais deserta a esse horário, o que elas não contavam era o som de passos chegando mais perto. A aula havia acabado e os alunos estavam se dirigindo aos quartos.

- Fudeu. - Hyewon disse baixinho olhando o prédio com atenção e mexendo a mão no ar, deixando as outras confusas.

- O que foi Kwangbae?

- Contamos errado, esse é o 1-07, não 1-09. - Ela diz olhando para a construção.

- E o que fazemos agora? - Yujin pergunta olhando para a Choi, a sua capacidade de as tirar de problemas sempre era usada nessas horas.

- Agora a gente corre. - As quarto se encararam por um segundo e começaram a correr pelas ruas da faculdade sem se preocupar com a caixa de ovos vazia que deixaram caída na grama ou as máscaras que já não estavam mais cobrindo seus rostos.

Quando finalmente estavam a algumas quadras de distância do campus que pararam para respirar.

Com a testa suando e as roupas grudando no corpo Yena se encosta na parede tentando fazer seus pulmões voltarem ao ritmo normal.

- Essa foi foda, mas infelizmente só vamos descobrir o resultado amanhã quando me encontrar com Sakuchan. - Chaeyeon diz entre respiradas ofegantes, como a mais atlética do grupo não era novidade não se cansar tanto quanto as outras.

- Ainda não acredito que pegamos o quarto errado. - A mais nova do grupo reclama se sentando na calçada com um bico nos lábios se mostrando frustrada.

- Agora já foi, eu não tenho grana pra mais uma caixa e acho que vocês também não. - A loira se desencosta do muro, agora com o coração desacelerado, e arruma o tapa-olho de baixo da franja, logo em seguida tirando a máscara e entregando na mão da Kang. - Tenho que ir para casa, já deu meu horário.

- Até amanhã. - Com apenas um aceno de resposta ela se despede das amigas e ruma a seu prédio, que não era tão distante de onde estavam, já que acabaram por correr para muito longe do campus.

Como sempre sua mãe esperava na porta com cara de poucos amigos, mas, apesar de sempre parecer irritada, Yena a amava incondicionalmente e sabia que ela estava apenas preocupada com seu bem estar, dado seu histórico de "menina problema" da vizinhança.

- Onde estava? Eu disse que depois do almoço era direto para casa. - O tom de voz da mulher era mais apreensivo que raivoso, mas isso mudaria muito rápido se soubesse metade das coisas que a filha fazia.

- Nada demais, Chae queria companhia para ir até a faculdade ver a namoradinha, só isso.

- Entendi... - Ela ainda parecia duvidar, mas não quis contrariar a mais nova sabendo que não tiraria nada mais dela. - Vá tomar um banho e tirar esse uniforme. Vamos fazer algo hoje a tarde, só nós duas. - Com um sorriso acompanhando de um "sim" animado, Yena correu pela escada indo em direção a seu quarto.

Ao chegar no banheiro da suite, sem antes jogar seus tênis e casaco para trás no chão, não que isso fosse um problema a empregada limparia mesmo, se olhou no espelho soltando seus cabelos os deixando cair por seus ombros.

O próximo item com certeza era o mais incômodo, então assim que puxou o objeto cobrindo seu olho direito demorou alguns minutos para sua visão se acostumar com a luz do quarto, mas assim que voltou ao normal pode ver no espelho seu olho esquerdo brilhando verde e o direito laranja.

Parou de olhar dentro do objeto assim que percebeu que sua tontura passou, tontura essa causada por tampar propositalmente a visão por uma manhã inteira. A verdade é que Choi Yena odiava o jeito que ficava com seus dois olhos amostra, com certeza era uma aberração que ninguém deveria ver a não ser ela e seus pais.

As vezes pensava consigo mesma se vale mesmo a pena guardar esse segredo de suas amigas mais próximas, mas desde a infância guarda isso para si e nunca aconteceu nenhum problema antes, porque agora teria de contar a alguém.

Com apenas um suspiro ela começou a se despir, sem antes ligar a água da banheira para deixar encher.

De fato Yena se amava, apenas não amava esse único aspecto sobre si mesma e não tem nada errado em deixar como um segredo.

Nem que isso a faça sentir culpa no final do dia.



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