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História Heterocromia - Capítulo I


Escrita por: Lorduki

Notas do Autor


Olá, pessoas!
Aqui quem fala é o Duki e depois de muito tempo eu finalmente estou trazendo uma long (Que dessa vez pretendo concluir). Devo agradecimentos à Lily e as meninas do Nyah Club que me apoiam desde sempre (Slay Squad).
Esse é só o primeiro capítulo e eu pretendo postar pelo menos a cada duas semanas, mas não prometo nada.
Enfim, enjoy...

Capítulo 1 - Capítulo I


Vincent e Marie sabiam desde pequenos que o destino reservado aos dois era muito mais do que o esperado para a maioria da população mundial. Não se esperava deles curso superior, emprego bem remunerado e nem mesmo que construíssem uma nova família. Esperava-se que eles superassem todos os obstáculos em seu caminho, isso incluindo pessoas, e reivindicassem seu reinado.

Durante dezessete anos, os irmãos Rossetti planejaram suas vidas em torno de uma coisa: poder. Apesar de viverem o mais perto possível do que poderia ser chamado de uma vida normal, a pele sob os panos das roupas e feitiços escondia marcas profundas, algumas até mesmo permanentes, de um duro treinamento que realizavam desde o dia que conseguiram se sustentar em seus próprios pés.

Durante dezessete anos, os gêmeos treinaram arduamente, tanto fisicamente quanto mentalmente. Esperaram ansiosamente para o dia que seus esforços fossem compensados. Eles só não esperavam que o destino chegasse tão cedo.

Porém, eles estavam preparados.

***

O som dos assobios de Vincent preencheu todo o ginásio enquanto o garoto fechava o zíper de sua calça e arrumava o melhor possível sua camisa branca. Apesar de saber que estava atrasado para o evento importante que começaria dentro de algumas horas, o garoto parou seu trajeto até a porta do ginásio e se fixou com as costas encostadas na arquibancada enquanto esperava outra pessoa sair pelo mesmo banheiro que estivera alguns segundos antes.

Pouco tempo depois, o barulho de sapatos ecoando contra o piso de madeira do ginásio ecoou contra seus ouvidos sensíveis e o garoto logo se colocou no caminho do outro. Com um sorriso no rosto, segurou com força os ombros do homem a sua frente conduziu-o com facilidade até a arquibancada que estivera encostado.

― Você sabe que isso precisa acabar aqui, Vincent... ― A voz grossa e trêmula do homem soou pelo ginásio vazio. ― Isso é errado.

Apesar da quase total escuridão do ginásio, iluminado penas pelas luzes do lado de fora, o sorriso do garoto era perfeitamente visível e um pouco desnorteante, o homem precisava confessar. Quem via aquele sorriso, muitas vezes dizia que era um dos mais bonitos que vira na vida.

― Por favor, Gregório, não me faça rir ― Vincent soltou uma gargalhada forçada. ― Essa seria a décima vez que você me fala uma coisa dessas?

― Vincent...

―Ah, você não imagina como eu amo quando escuto você sussurrando meu nome. Às vezes eu me pergunto quantas vezes sua mulher já te ouviu sussurrando ele. Posso te contar um segredo? Sua filha também já sussurrou. Pobre Gabriela, nem imagina que come do mesmo lugar do pai.

― Por que não me surpreende você e minha filha? ― Empurrou Vincent com raiva.

― Porque você sabe que sua filha aprecia um ótimo sexo como você ― respondeu o garoto enquanto se afastava e encarava de braços cruzados o homem a sua frente. ― E, sejamos sinceros, nós dois sabemos o porquê disso tudo, você quer se sentir o mais perto possível do inferno.

― Eu já me neguei a admitir isso? Isso só não pode chegar aos ouvidos de pessoas erradas, eu tenho um nome a manter. Você sabe a desgraça que isso traria para Gabriela e a mãe dela. Nunca ninguém pode saber do que nós fazemos.

Vincent riu e passou a mão pelo cabelo enquanto caminhou lentamente em direção à saída do lugar. Antes de chegar ao portão, parou e se virou para Gregório que o encarava na escuridão do ginásio. Vincent precisava admitir que o homem tinha seu charme, porém o garoto só conseguia enxergar um desespero para conseguir algo que jamais teria completamente. Rossetti algumas vezes também se perguntava se havia certa paixão no olhar do mais velho, mas preferia deixar aquilo de lado, afinal, para ele tudo se resumia a duas coisas: Sexo e poder.

― Sabe o preço do meu silêncio ― Vincent disse com um sorriso de canto. ― Mantenha sua parte no acordo que eu manterei a minha. Ah, Gregório, recomponha-se, pelo amor de Deus. Preciso de um aliado forte a partir de hoje à noite, e não de um velho desesperado por algo a mais que sexo.

― E como tem tanta certeza de que vai ganhar? Eu não ficaria tão surpreso se a sua arrogância te tombasse.

Vincent sorriu e piscou para o homem antes de se encaminhar para a saída do lugar em direção ao carro no estacionamento. Deixou, porém, uma resposta gravada no fundo da mente de Gregório: Você já viu um Rossetti perder?

 

Na cobertura de um luxuoso edifício na tão prestigiada Upper East Side, Marie andava de um lado para o outro de seu quarto. Os pensamentos excessivos que vinham em sua cabeça faziam com que checasse várias vezes em um mesmo segundo a lista mental que fizera para aquele dia. Falava para si que não podia deixar um só detalhe passar.

Olhou uma última vez para o relógio que marcava 19:45 antes de suspirar e deixar o quarto em direção às escadas, carregando consigo uma máscara preta e uma bolsa de mão de mesma cor. Procurou no fundo de sua mente algum sinal do irmão e revirou os olhos ao capturar as imagens do mesmo.

― Marie, precisamos ir, querida! ― a voz feminina no andar de baixo trouxe a garota de volta à realidade. ― Não me faça subir até ai para puxá-la pelas assas!

― Já estou descendo, mamma!

Apressada, a garota desceu com pressa as escadas que davam para o primeiro nível da cobertura.

Parada em frente às escadas havia uma mulher de estrutura mediana, cabelos curtos e ondulados e de pele bronzeada vestindo um longo vestido branco tomara que caia acompanhado de uma máscara bege sustentada pelo cabo que segurava em sua mão. Usava brincos em forma de gostas d’água e tinha uma argola presa ao ombro. Os olhos tinham certa sedução perigosa e o sorriso branco, aberto ao ver a menina alguns degraus a cima, lhe davam a imagem de alguém perigosamente linda.

― Em nome dos céus, mamma, a senhora está maravilhosa!

― Estou, não? ― Sorriu a mulher dando uma rodada. ― Mas nada comparado a você, meu amor? Lilith estaria com inveja agora. Concorda comigo, querido?

― Se Lilith for do jeito que você tanto fala, Nina, acho que Marie estaria morta, na verdade. ― o homem parado ao lado da mulher sorriu de lado e subiu alguns degraus para ajudar Marie a descer os que faltavam. ― Minha querida, você está magnífica!

Com um vestido preto que ia até o chão, Marie estava deslumbrante. O tecido de cetim cobria os seios da menina e deixava um provocante decote entre eles. Era aberto na lateral de uma das pernas e cravejado de pequenos diamantes que brilhavam conforme a luz batia. Os cabelos da garota estavam cheios e os cachos pretos caiam além dos ombros. Em um dos braços, Marie usava pulseiras prateadas que combinavam com os brincos argolas e o anel de ouro que nunca tirava do dedo. A roupa combinava perfeitamente com a pele escura e a maquiagem que destacava a selvageria nos olhos da garota.

― Não seja exagerado, Lilith no máximo faria questão de torturá-la até sua beleza esvair. Mas considerando a situação, você sabe que ela nunca o faria.

― Considerando a situação, acho que ela estaria muito mais do que orgulhosa ― Marie sorriu nervosa ao perceber que a conversa estava se encaminhando para um lado que ela não gostava. ― E devo dizer que você também está elegante, Paul. Pelos pensamentos da senhorita Nina aqui, ela está tão excitada com você nessa roupa que prefere subir agora para o quarto.

― Estávamos tendo essa conversa há poucos minutos atrás, na verdade. Aparentemente, Nina não consegue resistir a um Paul de terno preto e mascarrado. Aposto que essa é a nova fantasia dela.

Nina revirou os olhos enquanto ouvia os outros dois falando sobre ela. Porém, por mais que não estivesse nem um pouco envergonhada com o assunto em questão, sabia que se continuasse ali se atrasariam e qualquer tipo de atraso estava fora de questão. Logo tratou de interromper o marido e a filha enquanto os arrastava até o elevador.

― Por um acaso você sabe me dizer onde seu irmão está?

― Ele estava ocupado com algumas coisas, você sabe o que ― A resposta não pareceu surpreender Nina. — Vincent vai nos encontrar as oito e quinze em frente ao edifício. Se não fizer nenhuma merda até lá, claro.

Por favor, esteja lá no horário! Não faça com que eu me arrependa de ser sua irmã! Marie mandou uma nota mental para o irmão.

***

O luxuoso carro dos Rossetti estacionou em frente ao Edifício Dalton no exato momento em que o relógio marcava oito e quinze. Trajando um elegante e caro terno branco acompanhado de uma máscara e seu habitual sorriso de canto, Vincent aguardava pacientemente pelo restante da família apoiado em sua Huracán Avio prateada enquanto flertava com uma jovem.

Marie revirou os olhos ao ver que o irmão estava, provavelmente, arrumando uma sessão de sexo para mais tarde e aceitou a mão do porteiro para deixar o carro. Sabendo que Nina e Paul estariam falando algo irrelevante com o porteiro, a garota rumou até o carro do irmão que acenou rapidamente enquanto a via se aproximar.

― Sabe, irmãzinha, se não fossemos parentes, eu com toda  certeza estaria caidinho por você ― Vincent se afastou do carro para beijar a mão da irmã.

― Você não está nada mal também, embora eu continue achando que branco não é sua cor. Ah, e olá para você, Gabriela. Está incrivelmente bonita.  ― Marie sorriu para a garota que até a poucos instantes conversava com o irmão. ― Estou um pouco surpresa de vê-la por aqui. Você não deveria estar em Washington?

Gabriela Ramirez era tão bela quanto o pai. Trajando um longo vestido branco de tomara que caia com um pequeno decote, a garota estava exuberante. A pouca maquiagem ressaltava seus traços latinos e os olhos que eram uma mistura de verde com castanho. O cabelo caído de lado lhe dava uma aparência mais velha e poderosa. A máscara que carregava na mão era bege e Marie tinha quase certeza de que a garota ficaria belamente intimidadora.

― Você também está maravilhosa ― Gabriela sorriu vermelha por não saber lidar com elogios. ― Na verdade, eu estava em Washington, mas meu pai decidiu que era melhor para ele que a família toda comparecer hoje à noite. Ao que parece eu tive um trabalho bem sucedido em Washington tentando convencer o resto da família a apoiar vocês. E vocês sabem como Gregório é, mesmo sem força do jeito que ele está, continua acreditando que a família precisa estar unida para convencer a todo mundo que ele é o mesmo de antes. Patético, se quer saber.

― Eu estava falando com ela disso agora mesmo. Parece que Gregório arranjou uma nova forma de manter pelo menos parte do poder.

Ainda se fazendo de cínico? Marie mandou uma mensagem mental para o irmão. Quando vai contar pra ela o que fez Gregório finalmente nos apoiar?

Pra que? Ela está tendo sexo, o pai está tendo sexo, eu estou tendo sexo. E o mais importante: Você está tendo o maldito apoio de quase metade do Conselho sem ao menos se esforçar. Todos estão felizes. Vincent retrucou.

Marie sabia que uma discussão se iniciaria dali e agradeceu aos céus quando viu Paul e Nina se aproximando deles. Não que não tivesse argumentos para brigar com Vincent, mas tinha plena consciência que se estressar ali, principalmente na frente de Gabriela, não daria em nada, apenas resultaria nela batendo com a cabeça dele no asfalto e estragando a noite toda.

Os três jovens pararam a conversa e seguiram os dois adultos para dentro do edifício. Adentraram rapidamente no elevador que já estava parado no saguão e aguardaram enquanto o mesmo subia até o andar onde o evento aconteceria. Não houve muita conversa, talvez porque todos ali sabiam que aquela noite seria muito importante e havia uma tensão no ar quanto a tudo.

O som alto da música logo chegou aos ouvidos quando o elevador parou no 16º andar. As portas se abriram e os quatro convidados logo deram de cara com um curto corredor que levava ao salão espaçoso. Decorado de preto e branco, a área tinha um piso de mármore branco e de paredes pretas com cortinas de cetim pretas decorando as paredes. No canto direito havia uma mesa com as mais diversas comidas e uma enorme cascata de chocolate. O centro era reservado a dança e a parte central do teto era ornamentada por um lustre antigo que refletia a luz pelos espelhos no teto.

Ao fundo ficava uma varanda que dava vista para o Central Park e o resto da região. Já o lado esquerdo era preenchido por mesas, cadeiras e poltronas luxuosas que ficavam em frente a uma enorme porta de carvalho, que era ladeada por dois homens vestidos com a habitual roupa de seguranças.

Homens e mulheres com roupas caras sempre em tons preto e branco andavam de um lado para o outro no lugar. Todos estavam mascarados, mas conversavam entre si sem o menor problema. Apesar de toda a beleza, havia certa tensão no ar, evidente no modo como os convidados se olhavam por meio de seus jeitos nervosos.

Marie se afastou do resto do grupo quando chegaram ao local e rumou em direção à mesa de comida, onde se serviu de pequenos salgados enquanto analisava o perfil de todos os presentes. Seus olhos corriam de um lado para o outro, tentando enxergar através das máscaras potenciais inimigos. Precisava ser cuidadosa com a maioria dos presentes naquele lugar.

― O que uma jovem tão bela quanto você faz sozinha? ― Ouviu uma voz masculina e rouca se aproximar.

― Apenas apreciando o quanto se gasta em eventos como esse para que velhos possam beber livremente sem que ninguém lhes diga para parar.

― Já ouvi falar do fabuloso humor dos irmãos Rossetti, mas eu nunca acreditei que viveria para testemunhá-lo.

Marie então decidiu virar-se para ver quem era o homem ao seu lado. Sua surpresa foi grande quando soube que se tratava de um menino, beirando talvez os vinte anos. Vestia um terno preto e usava uma máscara simples que deixava seus olhos negros à amostra e combinavam com os cabelos negros e rebeldes.

― Como sabe quem eu sou? ― A garota segurou com mais força a bolsa de mão que carregava consigo.

― Todos aqui conhecem Marie Rossetti. Talvez a maioria tenha medo, para falar a verdade. Mas eu tenho curiosidade. Você não imagina minha surpresa ao descobrir que a tão falada Marie tem apenas dezessete anos. A propósito, sou Francis Smith.

― Saiba que a tão falada Marie Rossetti fez mais em seus dezessete anos do que você em toda a sua vida. ― Marie começou a se afastar em direção à mesa onde Nina e Paul se encontravam.

― Acredito, mas será que está pronta para o que está por vir?

Marie endureceu o rosto e parou no meio da pista. Se tinha algo que odiava era ter sua capacidade posta em prova. Confiava completamente em si mesma para saber que era capaz de passar por cima de qualquer obstáculo, e tinha em mente que todo mundo deveria ter esse conhecimento.

Sentiu então as mãos de Francis sobre sua cintura e sua carteira de mão sendo entregue para um garçom que passava na hora. Antes que pudesse ter qualquer reação, Marie já estava dançando ao som da valsa que saia pelas caixas de som e preenchiam seus ouvidos. Distração. A garota sabia muito bem o que era aquilo, mas, apesar de tentar escapar dos braços do garoto, seu corpo parecia seguir no ritmo da música.

― Conte-me um segredo: Como é ser idolatrada? ― Francis pediu enquanto rodava a garota.

― Conte-me um segredo: Como é estar em uma sala sabendo que você é um alvo?

Francis riu e puxou o corpo da garota mais para si quando a música foi para um ritmo mais lento. Marie não fazia ideia do que estava acontecendo, apenas queria sair dali. Mandou uma mensagem telepática para Vincent e torceu para que o garoto a recebe-se.

Foi quando teve sua dança interrompida por um dos homens que guardavam a porta de carvalho que avistara assim que chegara.

― Senhorita Rossetti, queira me acompanhar, por favor.

A garota sentiu a atração de Francis sendo quebrada e agradeceu mentalmente ao homem por ter, mesmo sem saber, lhe ajudado. Nervosa, a garota levantou uma das sobrancelhas em questionamento, mas o homem apenas deu de ombros e começou a andar em direção a porta. Antes de apertar o passo atrás do homem, Marie sentiu uma respiração quente em sua nuca e olhou para trás deparando-se com Francis sorridente.

― Nos vemos logo, Marie Rossetti. Antes mesmo do que imagina.

A garota sentiu um arrepio na espinha, porém manteve sua compostura enquanto dava as costas ao garoto e rumava em direção ao homem que lhe chamara. No meio do caminho, Vincent se aproximou e segurou suas mãos, em um gesto que sempre fazia quando sentia que algo importante estava para acontecer.

― Nina? ― A garota perguntou para o irmão.

― Nos desejou boa sorte.

Os dois passaram pela porta de carvalho sem olhar para os guardas de caras amarradas que a ladeavam. A passagem se fechou com um barulho e o som do outro lado não passava. Os Rossetti se viram em um corredor branco incrivelmente iluminado que dava para uma única porta no final, onde o homem que chamara Marie estava parado a espera dos dois.

Andaram com determinação até o final do corredor e a um sinal do homem esperaram enquanto este entrava no quarto fechado. Depois do que pareceram horas, o mesmo voltou e deu um sorriso amarelo aos irmãos.

― Os Regentes estão a sua espera.


Notas Finais


Se você chegou aqui, eu só quero agradecer mesmo! Não esqueça de comentar o que achou (Até mesmo críticas são bem vindas, óbvio), vai me deixar ainda mais motivado para continuar a história dos Rossetti (Esses lindo, mas que a Marie é mais maravilhosa. Desculpa, Vincent).
Até o próximo.


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