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História Hey, Domme - Em Seus Domínios


Escrita por: MrsLaviolette

Notas do Autor


**Atualizando**

Como foi a semana, galerê?

Glossáriozin - domspace: condição onde ê Top, tendo vários fatores e condições alinhados, traz à tona toda a sua natureza de dominante. É um estado em que ê Top e seu parceire alcançam uma conexão perfeita, ainda que esta ocorra por um breve momento. Tudo apenas flui, sem que em nenhum momento, ê Dominante perca a razão e o controle sobre toda a situação.

Boa leitura! ^^

Capítulo 3 - Em Seus Domínios


.....

Mara mirou a sua Senhora recostada à varanda como lhe dissera que estaria, à sua espera. Scarlet segurava por entre os dedos da mão esquerda uma cigarrilha com tabaco Marlboro DoubleMix cujo aroma inundava parte do ambiente, trazendo o odor adocicado tanto de cereja quanto de uva às narinas da advogada semi-molhada, cabelos presos em um coque no alto da cabeça e completamente nua. Evitava se olhar, e embora sua nudez não fosse necessariamente um limite para si, sob ordem da lady, parecia um pequeno preço a pagar pelo nível de excitação que seu corpo se encontrava naquela hora. Respirou fundo, notando que ainda não havia sido percebida pelos olhos predatórios dela.

Scarlet fumava no alongador, aquele era outro, o seu próprio resolvera deixar como mimo para sua futura sucessora, Senhora Felina, além de Etérnia propriamente dito. Contra a parede, tragava lenta e deliciosamente o tabaco doce com as costas desnudas pela camisola, as pernas entrecruzadas e em pé. Seus olhos bordô subitamente encontraram a visão que exigiram: Mara Grayskull, à dois passos afora da porta do banheiro, o cabelo preso em coque e sem roupa alguma. Arqueou o cenho ao percebê-la tentar esconder a nudez com um braço por cima dos seios e o outro tampando seu sexo. Riu um pouco debochada, os lábios salivados e com o dedo indicador fez o sinal para que ela viesse até si.

Devorou-a a cada passo tímido que ela dava contra o chão, e agora com a mulher parada diante de si a poucos centímetros de seu corpo, Scarlet simplesmente ignorava o quão excitada estava, priorizando olhá-la por completo, de cima a baixo, como quem analisa um produto recém-chegado.

Despendeu a cigarrilha pelos dedos opostos, torturando-a em uma análise detalhada de sua nudez frontal com a advogada completamente em silêncio. Sorriu sádica com o lábio mordido, correndo-a com lascívia o olhar bordô.

 — Não esconda seu corpo de mim. – Imperou na voz firme.

Mara a obedeceu um pouco a contragosto deixando cair os braços que, inutilmente, cobriam suas partes e ainda silente, olhava-a nos olhos procurando não os desviar, invocando aquela memória de dias atrás. Seu corpo incendiava.

A satisfação da antiga dominatrix converteu-se em mais um ditame enérgico, porém gentil, direcionado à parceira.

— Vire-se.

Ela girou o corpo lentamente ficando de costas para a lady, Scarlet respirou perto de seu pescoço, beijando-o delicadamente e trouxe a mão esquerda livre até sua nuca, alisando-a e com a palma em arco, envolveu-o completamente com certa pressão, escutou-a gemer baixo.

— Consegue respirar normalmente, senhora advogada? – falou em seu ouvido direito e aumentou a constrição no local. — E....gosta disso?

— S-sim… – respondeu-a um pouco trêmula.

— ...Senhora. – Scarlet completou, firme.

— Como é? - Mara perguntou em certa inocência. Afinal de contas, ela só conhecia elementos soltos daquela vivência.

Usou do aperto em seu pescoço e trouxe o rosto dela lateralmente para o seu próprio, obrigando-a a olhá-la meio de lado.

— A partir de agora, refira-se a mim como sua Senhora, e utilize esta palavra ao final de cada sentença sua. Fui clara?

Seu tom imperioso a fazia a tremer de excitação.

— Sim, Senhora. – Mara lutou contra o desequilíbrio nas próprias pernas ocasionado pela reação fisiológica ao ouvir aquela voz sedutoramente grave e imponente, além de estranhamente delicada.

— Bonne fille. (Boa menina). – Scarlet brincou em sua orelha esquerda com uma pequena mordida na ponta do lóbulo, soprando calidamente em seguida, livrou-se da cigarrilha jogando-a no cinzeiro ali ao lado e enroscou as palmas das mãos nas da namorada, trazendo-as para trás de suas costas, prendeu seus pulsos em uma pressão controlada. — Me acompanhe, senhora advogada.

A morena engolia em seco, tremia arrasadoramente e até podia sentir-se escorrendo por entre as coxas. Provavelmente Scarlet também já havia percebido sua excitação gritante, mas era uma mestra em provocar, e Mara sofria com seu sexo pulsando fortemente, chegaria até a doer caso não recebesse a atenção que precisava. Foi gentilmente guiada de costas, descalça, até a cama onde a cacheada parou e sentou-se, sem ainda libertar suas mãos.

— Sente no meu colo, Grayskull. – falou libertando-lhe os pulsos, descruzou as pernas para que ela obedecesse e se pusesse em cima de suas coxas.

A vergonha também tomava conta de si, mas era apenas quase como uma cócega diante de todo o prazer dolorosamente imposto e negado que vinha sofrendo desde o primeiro toque mais incisivo na varanda. Ela acatou pondo-se sobre as coxas da mais velha, e deixou escapar um gemido com o contato da pele.

— Controle-se. – Scarlet riu maldosa, parecia não se importar com o fato de que ela acabara de melar suas pernas com a libido viscosa.

— Desculpe, Senhora.... – A outra tratou de se defender em voz baixa, estarrecida por seu corpo entrega-la tão facilmente.

— Para um primeiro momento, desculpas aceitas. – Acomodou-se debaixo de seu corpo, arrastando-se para a cama, recostou no lado oposto com a cabeça no travesseiro e as pernas relaxadas entrecruzadas quase na altura do torso. Deu um tapinha no lençol de cor clara, apenas incitando a próxima ordem sem a necessidade de palavras, o que fazia a advogada antecipar seu próximo gesto. E raios, aquela angústia era até boa em certo ponto.

Ela a fitava ainda calada, seguiu com o olhar o ditame silencioso e sentou-se ao seu lado. Cheia de perguntas e louca para que aquele prazer latejante fosse saciado. Passou a olha-la com certo protocolo e Scarlet meneou a cabeça, vidrada em seus olhos cor de mar.

 

— Me diga. Como foi a experiência para você?

Mara pestanejou, seu olhar era um pouco perdido.

— Fale. Responda com palavras, a menos que eu não tenha lhe dado permissão. - Repreendeu-a de leve.

— Certo, Senhora... – iniciou, ainda tensa e excitada. — Então...era só isso? - questionou com certa curiosidade e tensão no nervo íntimo, que não a deixava em paz.

— Pfff...já quer correr a maratona sendo que ainda não aprendeu a andar, senhora advogada? – Scarlet debochou. — Preciso que me diga as suas impressões. O quanto disso gostou, a incomodou, a excitou... A palavra agora é sua, ma chérie.

— Okay…a-acho que não preciso declarar que me excita... – ela mirou rapidamente a coxa brilhosa dela, marcada de seu prazer líquido e corou. Eu...gostei, é um fato... só é um pouco estranho, porque me senti.... – Hesitou, com a voz tímida.

— Prossiga... - a dama ergueu o cenho e pôs a mão no queixo, atenta.

—…Bem…me senti como uma escrava medieval...nesta configuração...ter de acatar ordens... – acabou rindo um pouco desconcertada, suas bochechas tremelicavam.

Scarlet soltou um sorriso aberto e respirou leve. —…com o diferencial de ser bem tratada e ter o seu prazer considerado, certo? – arqueou o cenho, ávida pela positiva.

— Sim…! ...mas quando me prendeu os pulsos, foi.... Ahn...estranhamente...gostoso... Jesus, Mara Hope Grayskull, olhe o que está dizendo! — E-eu só queria entender a raiz disso.... – Corou absurdamente. Estava admitindo certos fetiches que não conhecia e sequer aceitava muito bem, até conhecê-la.

Scarlet a fitou com aquele meio sorriso ardiloso e abriu os lábios firmes em mais uma ordem sutil, dessa vez tão persuasiva quanto romântica.

— Me beije.

Mara traçou o trajeto visual de seus olhos até seus lábios, cortou a distância entre os rostos e a beijou, logo suspendeu a mão para complementar o selo e teve-a fortemente agarrada, interrompendo o clima. Franziu o cenho, confusa e um pouco frustrada.

— Eu disse “beije”, não “toque”. – Scarlet pressionou-lhe o pulso com certa força, o que fez correr nas veias da advogada um pico de adrenalina que a fez pulsar novamente por dentro, inconsistente com a sua estranheza ao lembrar-se da sensação ao ver aqueles corpos amarrados, restritos, e totalmente condizente com o prazer momentâneo que sentiu com aquela dose mínima de dor.

Apertou um pouco os olhos, ainda encarando-a com os lábios colados e engoliu em seco, retraindo-se. Havia sido ousada demais?

— P-por que faz isso? Não entendo...Senhora... – completou, com certo temor e disciplina.

Sem parar de segurar-lhe o pulso, Scarlet sorriu em seus lábios sadicamente lhe descendo o punho restrito até o colo dela e respirou breve. Pretendia mostra-la na prática o porquê ela gostava de certa restrição corporal.

— O corpo implora por toque. Quando eu a disse para me beijar, ditei uma ordem simples e direta. Um beijo. O toque das mãos não estava incluso, mas você o desejou. O que você não sabe ainda é que o desejo pode se intensificar por meio da privação sensorial. Provocar e restringir o toque te compele a lutar para obter o objeto de seu desejo, de maneiras que normalmente não estaria predisposta. O proibido excita a sua mente à necessidade de alcançar aquilo, e incita a quebra da regra baseada no princípio da luta por recompensa. Só precisamos delimitar esta recompensa. E também os meios pelos quais deseja obtê-la. – Passou a aumentar a constrição em seu pulso, apertando-o ainda mais enquanto a mirava com certa perversidade no olhar.

— A dor te é um preço válido para obter o seu prêmio, hum? Lançara a semente magistralmente. Descobriria se para o seu espírito sádico, sua companheira a complementaria com alguma dose de masoquismo.

“Dor”. A palavra fez com que seus pelos todos se arrepiassem em uma sinfonia única de temor e anseio. Já sabia que a lady era sádica, que tinha experiência com aquilo, sobretudo, que a respeitava. Logo, Scarlet não lhe faria nada que quebrasse a barreira dos limites. Ela suspirou confusa e ainda oscilante na decisão de aceitar ou não a proposta de sofrer deliberadamente mais incômodo físico do que aquele aperto leve em seu pulso. Respirou fundo e forte, fitando os olhos inclementes de sua Senhora e balançou a cabeça indicando a resposta que agradaria à ex-domme.

Viu um sorriso cruel brotar de seus lábios avermelhados, quase como se a permissão que lhe dera fosse mais uma prova de confiança.

— Parfait. Lhe darei uma dose mínima de dor... me determine o quanto dela a agrada, a assusta e não pode suportar. De início, nosso pequeno código de segurança será acordado entre os termos: verde, para que eu possa seguir sem maiores preocupações, amarelo se sentir-se desconfortável em algum momento, e vermelho caso estejamos nos aproximando do insuportável, então eu pararei imediatamente e cuidarei de você. Estamos entendidas, senhora advogada? Aquele arquear de cenho sutil aliado à sua voz canora a fazia praticamente impossível de ser desobedecida.

Mara engoliu a saliva com força, ainda trêmula e sentiu aquele apertão se intensificar, fazendo correr sangue em suas veias, ela quase podia senti-lo vibrando quente sob a pele e olhou nos olhos de sua Senhora, como se pedisse por mais.

— Verde…- assentiu com a cabeça mordiscando o lábio, excitada.

Scarlet salivou e imprimiu mais força na pressão do pulso moreno, buscando-lhe os lábios avassaladoramente, sentindo o corpo estremecer e o beijo tornar-se mais ávido da parte dela. Aumentou ainda mais o enlace erótico, notando seus olhos semicerrarem sem uma única palavra. Hesitou um pouco, mas forçou-lhe a circulação um pouco a mais, testando sua capacidade e Mara balbuciou um pouco sôfrega.

— A-amarelo... - falou meio gaguejante, ofegante, seus olhos e lábios se moviam quase que involuntariamente assim como suas pernas, que friccionavam-se uma contra a outra.

Scarlet cuidadosamente pôde ter uma breve noção de sua tolerância à dor e foi soltando-a aos poucos, controlando a própria excitação que vinha de seu domspace particular com aquela pequena mostra de cena.

— Então pararemos por aqui hoje, okay, mon amour? – beijou-lhe a testa carinhosamente, afastando-se de seu corpo.

Mara levantou o pulso quase dormente, sequer havia marcas daquela pressão feita pela mão hábil da lady dominatrix e assentiu com um gesto de cabeça em concordância para que encerrassem ali o teste primário com a dor. Ela ainda estava torturada pelo prazer pungente entre as próprias pernas, queria dizer para ela o quanto desejava fazer amor naquele momento ou que simplesmente Scarlet fizesse algo a respeito daquilomas foi duramente cortada pela última fala da ex-domme que ainda a lia tão bem.

— Quanto a você, ma chérie, eu sei o quão excitada está. Eis aqui a segunda ordem de sua Senhora. Não faça nada consigo mesma. Não se toque, nem mesmo no banho, e muito menos agora.

Aquele maldito sorriso vil se formou em seu rosto, ela parecia tão malvada, não só negando-lhe o alívio de seu prazer contido como proibindo-a de buscar a satisfação ela mesma. Pensou em questiona-la, e embora ainda não tivesse havido acordo sobre um protocolo de possíveis punições por desacato ou desobediência, havia um lado seu que lutava contra toda aquela submissão absoluta aparentemente esperada da ex-domme sobre si; Mara não se fez de rogada, lhe lançou um olhar meio descrente, subversivo e pôs em palavras a própria indignação.

— Por que faz isso? Se sabe como estou aqui... – deu de ombros nervosa, sutilmente olhando para os membros inferiores, em uma tentativa visual de implora-la por toque íntimo.

— É exatamente porque sei como está, que estou fazendo isso. – Scarlet acendia novamente a cigarrilha, sentada ao pé da cama, com olhar indiferente quanto ao pedido da namorada naquele sofrimento particular. — Lembre-se. A privação gera o acúmulo do desejo, no momento certo, a libertação do tormento te levará a um prazer acima da média. Confie em sua Senhora. – Sorriu de canto de lábio, ainda malévola. — Agora pode banhar-se, não é muito saudável dormir nas condições em que está, haha. - Finalizou o ditame, dando o primeiro trago.

Mara crispou o lábio frustrada, encaminhando-se até o banheiro mais uma vez, inconformada com aquela ordem tão impiedosa. Quanto tempo será que teria de esperar para ter o devido alívio? Sabia, por fim, que já que o desafogo físico não lhe era permitido, muito provavelmente acabaria sonhando com algo, e já não tinha certeza se conseguiria obedecer piamente...

....

 

O castigo, portanto, de passar dias a fio sem poder dar alívio à si própria para, no momento determinado, entregar o prazer nas mãos da domme com propósito de fazê-la gozar como nunca antes, seria pois, para Mara, um aprendizado doloroso porém recompensador que sua irmã já havia dominado bem com a sua apaixonada e sádica Senhora Felina. Discípula direta de Scarlet.

Os dias em Etheria passavam quase despercebidos para aquelas duas, as noivas chegavam à grande cidade tecnológica para a viagem de rotina à Mansão Grayskull solicitada por Mara; Adora tinha como objetivo ir rapidamente no prédio comercial da família verificar como estavam as coisas. Catra, por outro lado, pretendia visitar o clube da amiga. Estava em seus planos desde a noite do jantar em família após a francesa oferecer-lhe Etérnia como presente de casamento. Os trâmites burocráticos seriam resolvidos com o tempo, uma vez que dispunham da melhor advogada da cidade. No entanto, Catra precisava conhecer de fato o lugar que comandaria em um futuro próximo e para isso trocara algumas mensagens com a ex-domme nos seus períodos de folga de Horde e também da faculdade. Scarlet lhe havia pedido para ir até Etérnia aonde faria um tour detalhado sob orientação do ex-escravo da lady dominatrix.

Por hora, sua maior preocupação era justamente essa. Se simplesmente falasse com Adora o lugar para onde iria e o motivo, qual seria a reação de sua noiva? Apesar da brincadeira semanas atrás em que suscitara seguir tal carreira, embora a reação da professora tivesse sido mais madura, Catra sabia que na prática, as coisas tendiam a ser um pouco diferentes e isso poderia ser um novo ponto de ruptura no relacionamento. E justo agora que estavam em perfeita sintonia! Suspirou, revirando os olhos por um momento enquanto adentrava no conhecido casarão.

 — Adora, você se incomoda se eu tiver que dar uma saidinha agora? Tem umas coisas que preciso resolver fora, sabe.... – Iniciou, com certo temor.

Sua noiva arqueou o cenho de leve, coçou o queixo.

— Nós mal chegamos, Babe. Tá tudo bem?

— Tá sim.... É que eu fiquei de ir num lugar, coisa minha. – Coçou a nuca, tensa. Falar que era Etérnia, no mínimo, Adora perguntaria o porquê. Catra não saberia argumentar de forma indireta sem deixar escapar que o clube era presente de casamento de Scarlet para elas, haviam acabado de noivar e isso ainda não era uma preocupação vigente. Queria a todo custo evitar uma discussão, já que estavam tão em paz.

— Okay...anyways, precisa de carona ou que eu vá te buscar mais tarde quando voltar..., você pretende demorar quanto tempo? – perguntou-lhe curiosa, deixando a pouca bagagem em cima do sofá.

Catra engoliu em seco, respirando meio forte com aquele pequeno sufoco dela sobre si e umedeceu o lábio, ansiosa.

— Não sei quanto tempo vou demorar, mas não...relaxa...não precisa ir me buscar, tá? Qualquer coisa, se eu precisar, sei que a minha escrava vai me atender prontamente, não é?

Adora segurou o item de contrato por um instante e pôs-se em silêncio respeitosamente, assentindo com a cabeça em um sorriso de lábios fechados.

— E antes de deixar-me, a minha Senhora noiva permitiria um beijo de despedida?

— AlwaysCome here, Mrs. Grayskull... (Sempre. Vem aqui, Sra. Grayskull…) – sinalizou com o dedo indicador em concha para si.

Beijou-a com as mãos em seus cabelos, soltando-os e lhe tocou o rosto.

— Nada de brincar na minha ausência, okay? – desceu com a mão até o meio de suas pernas e apertou ali, provocando-a eroticamente e ouviu um grunhir excitado, porém obediente, de sua escrava.

....

 

Etérnia,

16:36

 Um suspiro longo e seco na garganta acompanhou seus primeiros passos pelo clube que lhe trazia tantos tipos de memórias, umas mais quentes do que outras, e aquela fatídica, onde enquanto punia e gozava com sua namorada, fora intercalada pela dama do clube, sorrateira como uma serpente e que arrancara de si muito mais do que um beijo triplo; uma conexão imediata, o reconhecimento mútuo, o respeito e uma amizade que ela levaria para toda a vida. Scarlet Laviolette, a “puta velha safada francesa, perfeita sem defeitos”, que perdera a luta pelo domínio naquela noite em Whispering Woods após ajudá-la a superar seus preconceitos consigo mesma.

Devia muito a ela, e embora tremesse nas bases vislumbrando como seria quando tivesse de fato de assumir Etérnia, sabia que seria capaz. A ex-domme havia lhe reconhecido e como um de seus dons únicos, lhe incumbira de atender ao chamado que era tornar-se sua sucessora. Por um momento, desejou tanto que ela estivesse ali, a seu lado, mostrando-lhe cada cômodo, cada postura, o manejo correto de alguns equipamentos que ainda não conhecia direito. Caminhou um pouco mais até chegar à ala das bebidas e jurou que podia sentir a presença dela ali. Scarlet vivera tanto tempo em Etérnia e como uma flor violeta, deixava seu aroma místico por onde quer que passasse. Seus sentidos se atiçaram com o ruído de passos e Catra virou-se de onde estava, rápida como um gato, sentada à uma das banquetas vinho para mirar o par de olhos negros de Albert.

Só trocaram um breve olhar de reconhecimento, irrompido pela reverência dele ao abaixar a cabeça depois de observá-la com certa minuciosidade. Ela franziu o cenho, olhando para todos os lados do ambiente, se perguntando o porquê daquilo tudo. Sabia que o homem havia sido escravo de sua tutora. Será que Albert havia sido lhe dado de presente também? Questionou-se internamente.

 

— Ô, Alberto, vem aqui. – Ela disse ainda temerosa.

Ele se aproximou respeitosamente, e logo se pôs de mãos atrás das costas e postura ereta, além da cabeça baixa. — A Senhora é a Madame Felina, certo? – pronunciou.

HUMM, MADAME, GOSTEI.

— Eu mesma, Alberto. É um prazer te conhecer, toca aí. – Catra estendeu o punho, Albert arqueou o cenho, confuso.

— É para eu cumprimenta-la dessa maneira, Senhora?

A garota revirou os olhos, vendo-se totalmente alheia àquele protocolo executado pelo rapaz.

— Eu tô falando grego por um acaso…? – revirou os olhos mais uma vez e insistiu com o punho fechado estendido, e tocou-lhe o punho no cumprimento oferecido. — Beleza, macho, agora me mostre o clube todo. A Scarlet mandou fazer o pente fino aqui...

— Como quiser, Madame. Por aqui, por favor. – Albert passou um pouco à frente, com a mão direita estendida para que ela o seguisse naquele tour.

.....

 

Flashback ~

— Tem certeza de que ela é mesmo adequada para o cargo? – perguntava o moreno levando cuidadosamente a pequena xícara de chá aos lábios, de frente para a sua ex-Senhora.

Scarlet manteve as mãos repousadas no queixo, olhando-o com apego e amor.

— Decerto, La Conti. E tenho plena certeza de que vocês dois se darão bem. Posso entregar-lhe Etérnia na consciência de que cuidarão tão bem como a um filho. – Riu, trazendo a cigarrilha aos lábios vermelhos.

Albert desviou um pouco o olhar, colocando a xícara na mesinha com certa pressão no toque, suspirou.

— Eu me lembro de tê-la visto naquela noite, e me pareceu um tanto quanto.... – Ele parou em busca do termo correto. — …rústica.

— O mais belo diamante já teve seus dias de pedra bruta. Esqueceu-se, Albert? – a lady o questionou, segurando um trago e soltando-o em seguida.

— Perdão, Madame. Não foi minha a intenção desautoriza-la tampouco questioná-la. É que…estou me acostumando com a liberdade total. E é estranho para mim…- Albert tocou-se no pescoço onde costumava residir o item de contrato, e já saudoso, respirou forte, tentando controlar a emoção pela partida vindoura de sua Senhora, que se aproximava a cada minuto.

— Não é uma partida, La Conti. É um até logo. – Ela piscou para ele com um sorriso emocionado no rosto alvo. — Entretanto, como sei o que o preocupa, asseguro que a Senhora Felina o reconhecerá e lhe dará o devido trato. Somos como um espelho. Vejo muito de mim nela.

O jovem esboçou um sorriso submisso comportado, reverenciando-a uma última vez antes de Scarlet deixa-lo naquele restaurante chique. — Eu vivo para servir, Senhora.

— Servez-le bien. Nous nous reverrons bientôt. (Sirva-a bem. Nos encontraremos novamente em breve.).

E assim os olhos de Albert miraram uma última vez as orbes bordô que o compeliam a ajoelhar-se com um mero comando visual. Será que a Senhora Felina o faria sentir da mesma maneira?

End of Flashback~

.....

 

Catra passeava com os olhos e às vezes dedos pelas paredes de Etérnia, precisava sentir o lugar, já que este faria parte de sua vida algum dia. Um pouco de ansiedade a consumia e ela logo pensou em nicotina, balançou a cabeça em negação, suas mãos suavam um pouco. Cada passo que dava pelo solo avermelhado e espelhado a fazia mergulhar em um misto de percepções e quando menos deu por si, experimentava uma insegurança gritante. Distraída, notou que estavam em frente àquela porta rústica e preta, gelou porque o ambiente era mais escuro que os outros cômodos de Etérnia e, por alguma razão, lhe dava um calafrio. Estacou ali na frente, os pés negando-se a dar um passo a mais. Albert notou sua ansiedade, e como um bom criado, apesar de engolir em seco por tamanho respeito e protocolo quanto àquela sala onde Scarlet o fazia se sentir sublime, pigarreou e lhe entregou em mãos a chave de cobre.

Catra o mirou seriamente.

 — Que lugar é esse? – perguntou com certo temor e os olhos híbridos latejando de curiosidade.

— Veja com seus próprios olhos, Senhora.

A garota quebrou a própria ansiedade por um segundo e encaixou a chave na fechadura. Seus olhos capturaram a visão rápida da barra vertical por entre as cortinas e olhou com certo pavor e água na boca as argolas pendentes. QUE CARAI DE BOTA É ISSO AQUI, MANO?

— Alberto.... – Ela virou-se com o olhar em brasa. — Okay...onde é que a gente tá?

Ele já estava incomodado por ela errar-lhe o nome tantas vezes, e como ainda não estava devidamente familiarizado, resolveu por certa audácia lhe corrigir polidamente.

— Perdão, Senhora...é “Albert”. E nós estamos na masmorra. – disse ajeitando a gravatinha no pescoço.

Catra arqueou o cenho, com os lábios entreabertos em surpresa.

— Masmorra? PUTA QUE PARIU, SÓ VI ISSO EM FILME E NUNS LIVROS....

A sensação de poder enfim, ver uma com seus próprios olhos era angustiante e ao mesmo tempo, deliciosa. A ansiedade voltou a incomoda-la fortemente. — Merda, que vontade de fumar. – Soltou deliberadamente.

— Seu desejo é uma ordem, Madame. – Albert pediu licença por um minuto e saiu pela porta.

Catra sentou numa cadeira que lembrava um pouco o trono de Scarlet, só que com menos detalhes, parecia apenas um assento medieval e notou que havia uma espécie de braçadeira de metal por entre os braços, e percebeu que ali era um local para restrição dos membros superiores. Cada item naquela sala trazia um brilho único aos seus olhos heterocromáticos. Sua imaginação voava para longe...

Fantasiava coisas sensualmente terríveis com a amada e quem sabe, algum futuro escravo ou submisso, tendo como a próxima visão aquele rapaz com a cigarrilha de Scarlet em mãos.

— I-isso é....? – ela apontou trêmula para as mãos dele com as palmas expostas, o cigarro devidamente encaixado no alongador e um isqueiro rubro. Ele não podia deixar de esboçar uma pequena covinha de riso.

— Sim, Madame. É a cigarrilha da Scarlet. Ela ordenou que deixasse especificamente como um presente. – disse com respeito e baixou o olhar.

Catra tremeu-se por inteira com o mimo particular, tomou-a de suas mãos com certa avidez, Albert retirou-se para o lado, a ficar em pé. Ela acendeu a ponta do alongador e hesitou minimamente em colocá-lo na boca, sentindo de leve um gosto adocicado e o cheiro de cereja.

— É Zomo Strong Cherry de cereja, Madame. A preferida da Madame Laviolette. – Albert arriscou em falar-lhe diretamente.

Como esperado, ela não sabia como agir com ele. Ter Adora como escrava sexual, divertir-se com ela, punindo ou lutando por controle na relação, era infinitamente diferente de ter para si um escravo do sexo masculino que não a atraía em nenhum aspecto e parecia estar ali apenas para servir-lhe de secretário, embora pudesse ler com um pouco de dificuldade algo no olhar dele. Desejava dar-lhe uma chance, ele parecia tão devoto à Scarlet, e o fato de ele a bajular tanto massageava seu ego de futura dominatrix em um certo nível.

— Albert, me responde uma coisa. – disse em tom sério.

— Pois não, Senhora?

— Foi a Scarlet que te mandou...me servir, é?

— Certamente, Senhora. Foram as últimas ordens diretas dela. - Ele umedeceu os lábios para pôr em palavras.

— Humm...tô ligada que você era um tipo de escravo dela, né?

— Sim....

Catra suspirou fundo, liberando mais um trago livrando-se de um pouco de ansiedade, analisou visualmente a masmorra mais uma vez.

— Você fica olhando praquelas argolas e se tremendo todo.... Era aqui que vocês “brincavam”, né? - Buscava quebrar o gelo com ele.

Albert mordiscou o lábio com as lembranças.

— Correto...esta masmorra era de uso único dela para comigo. - Foi o momento onde ela percebeu exatamente o que ele esperava dela como sua nova Senhora e passou a sofrer com insegurança de novo.

Suspirou carregada daquela sensação de insuficiência, além da inexperiência que trazia como bagagem e perdeu-se na própria mente, bufou frustrada.

— Não sei se vou dar conta de tudo isso aqui…nem de...você. – Apontou para ele, com o olhar temeroso.

— Se eu tiver permissão para falar mais abertamente, Senhora, gostaria de pontuar algumas coisas. - O ex-escravo buscou confortar a nova Senhora.

— Tem sim....

— Bem... se ela disse que a senhora é a única que pode comandar Etérnia, então é porque a senhora é....

— Como pode ter tanta certeza, Alberto? – rebateu-lhe de cenho franzido.

— A Madame Laviolette tem um olho clínico para pessoas. Na verdade, para tudo na vida...eu confio cegamente em cada palavra saída daqueles lábios.... Foi meio inevitável ele esfregar os dedos enquanto falava. Catra percebeu o desejo em seus olhos e inquiriu-o com certo tom imperioso.

— E o que você não tá me contando, Albert, hein? – pressionou-o.

Ele suspirou mais uma vez, como se revivesse alguma memória que lhe dava prazer.

— Ela me reconheceu como um submisso nato. E soube me tratar como desejo e mereço. – Completou com saudosismo no olhar.

A morena ergueu o cenho, trocou de posição as pernas cruzadas ali naquele trono medieval e enrugou um pouco os lábios, olhando-o de canto de olho. Abriu os lábios lentamente com o olhar autoritário que o fez estremecer, fazendo-o se recordar de sua antiga Senhora.

 — Vem aqui, Albert. – falou em tom austero e autoritário.

Albert engoliu em seco, caminhou à passos curtos, se pôs à sua frente com as mãos à frente do tórax.

Ela o mirou por um instante, olhando-o lentamente de baixo para cima e o fitou em seus olhos negros.

— De joelhos. - Disse calma, porém firme em sua entonação rígida. Imediatamente o viu se abaixar de pernas dobradas, riu convencida, cutucou seu queixo com a ponta do dedo indicador, suspendendo-lhe o rosto. — É. Você é sim. – Abriu um sorriso sádico enquanto o subjugava de leve com o dedo trocando-lhe as faces de lado para olhá-lo melhor.

Albert não ousou pôr os olhos nela diretamente em momento algum, manteve-se ali sobre os próprios joelhos, amando a conexão que acabara de ter com aquela que seria sua nova Mestra.

— Me olhe nos olhos. – Deu a ordem, firme.

Ele levantou o olhar e a fitou em suas orbes de cores diversas, se maravilhando com a brincadeira da natureza em sua genética.

— Good boy. – respondeu-lhe com o mesmo olhar penetrante de sua antiga Mestra, e ele tremeu-se por inteiro em uma onda quase orgástica.

— Obrigado, Senhora...

— Senhora Felina. - Catra completou, com o olhar vidrado no dele.

— Perdão. Obrigado, Senhora Felina. – Ele disse com um sorriso interno quase difícil de conter externamente.

— Agora se levante e me leve ao escritório dela. – Continuava a falar com o tom que sabia que o agradava.  

— Servi-la é o meu prazer, Senhora Felina.

 

Catra deixou aquela sala assustadoramente bela ao lado de seu até então recém adquirido escravo, tomou a direção do escritório da Dama de Etérnia e parou estática na entrada da porta após ter passado por dentro do bar, mirando rapidamente a adega estupendamente brilhante e organizada refletindo em seus olhos, soluçou tomada novamente da sensação de incapacidade de fazer jus ao nome de Scarlet Laviolette. Ia perder-se em meio à hesitação, Albert imperou em abrir a porta para ela, evitando o contato direto com seus olhos e com as bochechas trêmulas e o ar recatado convidou-a adentrar a saleta média de tons vermelhos.

Ela repreendeu as próprias pernas que a faziam parecer como se fosse a primeira vez que pusesse os pés ali. E, metaforicamente, era a sua primeira vez. Agora não como cliente ou a namorada ciumenta da Adora a enfrentando diretamente e lhe dando o apelido mais descabido e desrespeitoso que imaginou na hora, mas sim como aquela que sentaria em seu trono, e quem sabe; um dia teria a própria fotografia ali naquela parede, digna de admiração como agora ela a fitava dentro das orbes bordô em um retrato. Largou um suspiro, com as mãos atrás das costas adorando ao quadro da ex-dominatrix em silêncio por um bom par de minutos.

— Devo mandar retirá-lo, Senhora Felina? – o slave perguntou, receoso de uma resposta que o desagradasse fortemente. Ele queria o retrato ali. Era a única recordação mais ou menos vívida de sua eterna Senhora.

— O quê? De jeito nenhum! – Catra respondeu enérgica, sem tirar os olhos da moldura inerte. — Isso tudo aqui só é possível graças a ela! Se não fosse pela Scarlet, Etérnia nem existiria! – defendeu com orgulho. — Quero manter o retrato… como uma homenagem e inspiração!

Albert assentiu positivamente com a cabeça, ligeiramente emocionado.

A Madame tinha razão, ela é a única....

.....

 

No hotel francês...

 A lady acabara de deixar o celular ao lado da mesinha de centro na varanda com um sorriso satisfatório no rosto e estava ali a mirar o movimento da metrópole francesa com gosto, virou-se ao menor sinal de aproximação da companheira. Scarlet recebeu seu afago com um copo de vinho Château Demazel Bordeaux Supérieur. A mais velha sorriu ao pegar a taça, bebericando-a com classe.

 — Aprecio que esteja aprendendo a degustar um bom vinho de verdade! – Salientou.

Mara deu um sorrisinho embora por dentro estivesse incomodada com o fato de estar há alguns dias sofrendo privação como uma espécie de “teste” imposto pela ex-domme, mas guardou para si a aflição e concordou.

— Yes. Não é à toa que Bordeaux tem o título de capital do vinho francês, não é?

— Oui, ma chérie. Ah, Mara...lembre-me de quando chegarmos à First Ones, rever aquela documentação de Etérnia, certo?

A advogada franziu o cenho ingenuamente. — Se você precisar, creio que devo ter uma cópia aqui no meu notebook ou em uma pasta física nas malas.

Scarlet inclinou a cabeça, sobrancelha levantada e um ar característico se formou em sua face, ela mordiscou o lábio de leve encarando a morena seriamente.

— Trouxe trabalho para uma viagem de férias, senhora advogada? – inquiriu-a, séria.

Mara deu de ombros, surpresa com o tom ameaçador que a feição dela adquiriu.

— Bem, eu…tenho que ter alguma noção de como anda o escritório.... – Pigarreou.

— Mara Grayskull... – Scarlet deu um passo à frente, encostando-a na parede fria. — Non. Isso é desobediência, senhora advogada. Eu a trouxe para a França a fim de faze-la esquecer o vício em trabalho. – Avançou sobre seu corpo tão rápido e como uma serpente sagaz, sedenta da presa, a virou de costas e envolveu seus braços atrás das costas com uma mão enquanto a outra segurava a taça.

Ela só pôde suspirar diante daquele contato cálido e incisivo. Era a Senhora interior de Scarlet se fazendo presente novamente. E puxando suavemente o rosto da namorada quase tocando em seus lábios, Scarlet a torturou com a expectativa do beijo que não deu, foi soltando-lhe os pulsos devagar, cínica.

— Ouça-me bem, senhora advogada. – Iniciou com a voz suave, porém rígida. — Apenas desta única vez...irei perdoar o deslize. Estamos entendidas?

— S-sim, S-Senhora.... – A mais nova respondeu com o coração descompassado, totalmente suscetível àquela provocação.

 

 


Notas Finais


P.S Alguém me dá o endereço da Scarlet Laviolette, pour l'amour de Dieu? ;-;

AEEE, Senhora Felina conhecendo Etérnia como sua futura sucessora e sim....fiquei boiola que chorei lágrimas de arco íris XD

Inté logo mais! E apreciem a capa linda e maravilinda! <3


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