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História Hey You - Pulled trigger


Escrita por: bae_boo

Notas do Autor


Mas gente...
Ainda não consegui me recuperar desse Mama. Passei 10 horas seguidas com o coração falhando por esses boys, desde a madrugada <3
Tudo isso pra ver, entre várias coisas incríveis, TY chorando, moments JaeYong, Jeno Slay, Jisung focus on me, Yuta dançando com a alma e Mark com seu cabelo de batata Ruffles.
Não posso começar a falar deles que me empolgo. Sorry.
Enfim...

Capítulo 4 - Pulled trigger


Fanfic / Fanfiction Hey You - Pulled trigger

Doyoung cutucava minhas costelas, procurando causar alguma reação que não fosse um resmungo baixo ou outra resposta curta.

Sim. Não. Ok. Talvez.

Eu falava, quando ele me perguntava algo, e pedir uma resposta mais elaborada seria motivo para o fim daquele pacato diálogo que mantínhamos. O ruivo havia aprendido nesses últimos dias que Jung Jaehyun era um cara mais calado que imaginava. Nem eu mesmo sabia como o silêncio tinha o som agradável, antes daqueles dias.

A escola me parecia estar ainda mais barulhenta ultimamente, devido a isso. Os tênis se arrastando contra o chão encerado, unido às vozes altas dos jovens, quase adultos, me incomodava como nunca antes, chegando ao ponto de irritar-me genuinamente. Logo eu, um jovem sempre tão calmo, que tinha observador como o melhor adjetivo a ser referido. Enquanto eu tentava manter a mente quieta, recluso do mundo para não ter outro pensamento sobre coisas que davam nó na razão, o mundo ao redor fazia o total oposto.

Sentado na quadra de esportes, tinha Doyoung ao meu lado. Ambos esperávamos nossas vezes de entrar no jogo de basquete que acontecia. Sendo aula, e não um evento extracurricular, todos os alunos do último ano estavam ali, obrigados. As garotas, dispostas em grupinhos compactos e agitados no alto das arquibancadas, aguardavam o término do turno masculino, enquanto os garotos corriam, lutando pela bola na quadra.

De modo proposital, havia demorado mais para trocar o uniforme regular pela roupa esportiva, na esperança que, chegando atrasado, fosse dispensado da aula. Não estava tendo muito foco ultimamente, percebendo isso logo pelo meu desempenho na escola. Se antes sempre mantinha médias regulares e até altas, agora minhas notas eram vistas como o limite entre o mediano e o deplorável.

Dessa forma, seguir uma estratégia em campo ou lidar com pressão estava fora dos meus planos, pois tudo o que envolvia um pensar mais profundo não conseguia ser bem feito. Mas para o meu azar, Doyoung percebeu meu plano de matar aula e se recusou a sair do vestiário até eu vir com ele. Quando deixei a cabine do banheiro, o ruivo me acompanhou até a quadra, chegando a falar com o professor para entrarmos na partida, apesar do atraso.

Ele parecia muito preocupado comigo nesses últimos dias, próximo como nunca havia se mantido antes. Perguntava se eu estava bem em uma frequência constrangedora, aceitando minhas respostas positivas à pergunta, para logo fazê-la novamente.

Sabia que meu semblante não devia estar o melhor, entendendo do meu modo sua preocupação. Não tinha dormido o suficiente nos dias que haviam passado, um ciclo iniciado na data da simulação que durava até agora, quase duas semanas depois. No começo, o que havia me impedido de dormir eram as lembranças boas, apesar de confusas, do Drop Vision.

Mas a causa da minha insônia atual era outra. A confusão, junto a falta de respostas sobre o possível segundo jogador, me mantinha acordado, formando teorias onde não havia respostas concretas. E agora, mesmo tentando prestar atenção nos alunos a minha frente, tantas outras possibilidades rondavam minhas ideias.

Onde estaria o outro jogador?, pensei enquanto assistia a bola ser disputada entre os capitães dos times.

Por que nossas simulações haviam se cruzado?, analisava, com o olhar seguindo aquele que corria para a cesta.

O que o loiro sabia mais sobre o Drop Vision que eu?, quase falo alto, fitando o aluno fazer uma cesta de três pontos, mas sem realmente vê-lo.

Doyoung remexia no banco, animado com o placar do jogo, assim como meninas na parte superior da arquibancada, que entoavam ritmadas o nome daquele que havia feito o ponto. Vendo ele tão envolvido, decidi me esforçar quando fossemos chamados. Seria uma boa forma de ocupar a mente, mas com as coisas certas dessa vez.

Depois de algumas cestas, o jogo havia chegado a um empate e, mesmo faltando tão pouco tempo restando, o treinador chamou a mim e a Doyoung. Nem chegou a ir até nosso banco da arquibancada para isso, somente ergueu a mão e soprou o apito, mas, como o ruivo estava tão ligado com o que acontecia em quadra, entendeu de imediato. Saiu me puxando até onde o professor nos esperava no limite do ginásio, já segurando os coletes dos times nas mãos.

Todos os garotos em campo usavam um, divididos entre eles nas cores azul e vermelha. Quando alcancei o professor, Doyoung já vestia o dele sobre a camisa branca do uniforme, o vermelho contrastando bem com a peça de mangas curtas por baixo. Ao vê-lo, me veio um sentimento desagradável, algo semelhante a raiva. Ele sabia que aquela era a cor que eu gostava, então vi seu ato de escolher por ela uma afronta.

Não via em suas ações nada que provasse a intenção de me insultar, mas com todo aquele desconforto causado pelo barulho, minha mente não trabalhava de forma congruente. Peguei com certo desgosto o colete azul, olhando o placar igual enquanto descia a peça pelo meu tronco.

Corri até um ponto mais vago da quadra, parando sobre a linha que dividia as duas metades e sabendo que, estando ali, longe do garrafão, teria que lidar muito menos com a confusão de jogadores. Apesar de gostar muito de basquete, reconheci que não estava em um bom dia, preferindo não atrapalhar.

Próximo à cesta, vários alunos saltavam em busca da bola após um ponto dos vermelhos, inclusive meu amigo mais próximo. Via de longe as tentativas de outro ponto ou de roubar a bola, agora um pouco mais animado que anteriormente, quase me envolvendo na disputa, quando um dos coletes azuis saiu da aglomeração com a esfera tão desejada em posse.

Me vendo ali sozinho, com uma cor igual a sua, e, quando sentia sua blusa ser puxada pelos outros alunos tentando pará-lo, fez a coisa mais lógica para sua cabeça. Jogou a bola para mim.

Vendo o objeto chegando, quando vários tentavam o alcançar no ar, também fiz a coisa mais lógica. Agarrei a bola antes que ela fosse ao chão, quicando-a logo que recebi e virando para a cesta livre atrás de mim.

Via acontecer ali um momento que havia imaginado diversas vezes. Eu fazendo o ponto da vitória de forma espetacular, correndo enquanto ouvia meu nome ser gritado pelos telespectadores e escutava os passos dos adversários atrás de mim, mas sem conseguirem me refrear. Gostava de basquete e aquele era um destaque que nunca havia tido entre os outros alunos. Era ainda melhor que eu havia imaginado.

Tão melhor que, prestes a lançar a bola, estando já com os pés sobre a linha dos três pontos, notei como aquilo era uma chance única. Rara demais até. Talvez pela pressão, unida a eu ter percebido que as garotas na arquibancada entoavam meu nome em uma altura que nunca havia sido chamado, meus braços foram um pouco mais baixo que deveriam. Quando senti a bola abandonar meus dedos, já sabia que tinha errado a jogada.

Os adversários a pegaram, correram até o lado oposto da quadra e fizeram um ponto sem muito esforço, enquanto todos os azuis pareciam meio incrédulos com a minha falha. Esse ponto foi seguido de vários outros e, quando o meu time começava a voltar ao ataque, o treinador soprou o apito, anunciando o fim do jogo no momento que o cronômetro zerava. O placar era 30x45, favorável para o time vermelho.

Parei no mesmo lugar que havia me posicionado no começo da partida, observando os dígitos luminosos que marcavam a derrota. Com a cabeça erguida para os números no alto, fui surpreendido com um empurrão no ombro, vindo das minhas costas. Pouco foi meu tempo para virar quando já sentia outro, seguido e ainda mais bruto. Quando busquei o rosto do agressor, ele já vinha novamente com as mãos na direção do meu ombro. Enraivecido e tendo a braçadeira de capitão no braço, Ji Hansol, a quem eu conhecia apenas pelo nome, era segurado pelos companheiros de time. Usavam o colete azul, assim como eu.

— Que merda foi essa cara? — falou alto para mim, enquanto tinha seu corpo seguro por outros dois alunos pelos braços.

— Basquete não é muito meu forte. Desculpa — menti, passando pelo grupo em direção a porta de saída da quadra, tentando fugir de sua ira.

— Desculpas são para os perdedores — quando disse isso, conseguiu liberar um de seus braços do aperto.

Passava do seu lado no instante, mas mal entendi suas palavras. Meus olhos estavam em outro ponto, vidrados, e meus pensamentos, congelados, não percebiam mais o mundo em volta. Encarava a porta da quadra, mais especificamente a janela pequena que havia nela.

Pelo vidro quadrado e pequeno, menor que um palmo aberto, já tinha olhado vários jogos antes, sem entrar na quadra. Quando as arquibancadas estavam muito cheias, eu costumava olhar por uma das janelinhas da porta dupla e assistir a partida dali de fora, sem ser notado, pois toda a atenção era direcionada para aquilo que acontecia no centro. Agora, eu que era observado, e pelo par de olhos mais improváveis.

Os olhos escuros encontraram com os meus, as mechas loiras quase os cobrindo.

Ninguém parecia ter percebido, apesar de, para mim, aquele ser o ponto mais notável de toda a quadra no momento. Os outros alunos estavam ocupados, se dirigindo ao treinador para devolverem os seus coletes, restando apenas eu e os outros três jogadores ao meu lado com a peça ainda. Com eles de costas para a porta, era o único a olhar na direção da saída.

O loiro sem nome, o qual eu havia passado cada minuto dos últimos dias pensando, me olhava com tanta atenção que questionei a quanto tempo ele deveria estar ali. Nem piscou ao me ver notá-lo, apesar de eu reparar seus olhos se fecharem um pouco. Ele estava sorrindo.

Um calafrio desceu pela minha coluna. Queria tanto ir lá, tocá-lo e ver como ele era real. Finalmente confirmar o que sabia, porém tentava me convencer do contrário nessa última semana. Aquele garoto fazia parte do meu mundo e tudo o que queria era poder saber mais sobre ele e entender mais daquela ligação que já sabia que tínhamos. Poderia parecer precipitado afirmar que tínhamos algum vínculo, mas, depois da simulação, essa era a única certeza que eu tinha.

Porém esperei demais parado ali, afundado nos pensamentos, assim como nos olhos sorridentes do loiro na pequena janela. A mão liberta de Ji Hansol, em contraste com minha inércia, não esperou nada para atingir, fechada e firme, o meu queixo quando estava parado próximo a ele. Veio de baixo para cima no maxilar pelo lado esquerdo, levantando minha cabeça com a força do golpe e passando rente aos meus lábios por último.

A visão escureceu de forma repentina. Se eu encarava o loiro antes, agora tudo que captava eram pontos piscando na escuridão, apesar de ainda ter os olhos abertos. O som do impacto explodiu nos meus ouvidos, deixando-me mais desnorteado que a dor que o seguiu, tanto no ponto atingido quanto no pescoço, por ter tido a cabeça virada de forma tão brusca.

Minha primeira reação foi levar a mão para lugar da agressão. Meus dedos nem chegaram a encostar na pele e já olhava para a porta, procurando ver o jogador anônimo na janela ainda. Contudo, ele não estava mais lá.

As garotas, assustadas com a cena entre mim e o capitão, saiam apressadas pela porta dupla. Quando os grupinhos, cheios cochichos, findaram sua passagem, os olhos do loiro não voltaram a aparecer na janela pequena. Esperei por alguns segundos ele retornar, começando a sentir um líquido morno descer pelo queixo e encontrar a blusa branca.

Não pode ter sido imaginação. Pode? Não...Ele estava aqui! Eu sei. Mas...será mesmo?

Então todos os sentimentos foram acumulados. A raiva por não ter certeza de mais nada.

A dor do soco inesperado.

O arrependimento por ter errado a jogada.

A vergonha por estar sendo assistido no meu deslize. Todos eles culminaram em meu cotovelo encontrando o rosto de Hansol.

Senti a cartilagem estralar à medida que meu braço chocava-se contra o nariz do capitão, o barulho dele quebrando sendo omitido pelo xingamento na voz grossa de Hansol. Seus dois companheiros o soltaram, assustados, e, enquanto um tirava o colete azul e o pressionava contra protuberância torta e gotejante que era o nariz de Hansol, seu outro amigo vinha em minha direção. Seu queixo quadrado estava contraído em uma expressão de extrema raiva.

Então surgiu Doyoung entre nós dois, uma mão em cada ombro, nos afastando, e, logo depois, veio o professor, que me ignorou e foi direto para Hansol. O capitão estava sentando-se no chão, tendo sua cabeça segura pelo colega sem colete enquanto a inclinava para trás. Com o pano azul, que ganhava uma mancha carmim cada vez maior, tapava o nariz enquanto acalmava seu amigo. Este aparentava estar mais nervoso que o Ji, pois nem coreano falava mais, pronunciando todas suas preocupações em um chinês rápido.

Doyoung me puxou dali, ignorando o outro companheiro enfurecido do capitão, que ainda me encarava. O ruivo tinha um braço já fora do colete vermelho, mas o outro ainda nele. Em todos esses anos sendo amigo de Doyoung, nem conseguindo recordar mais como essa amizade havia iniciado, nunca soube que ele se envolveu em uma briga. E, pensando nisso, não mostrei resistência, buscando não o envolver em uma. Deixei que me guiasse até o canto mais oposto à confusão, assistindo pela curva do seu ombro quando o treinador levantou do lado do capitão e nos seguiu.

— Você está com sérios problemas, Jung — falou o homem mais velho quando nos encontrou posteriormente na arquibancada. — Mas, por hora, você tem que ir pra enfermaria. Devia mandar Ji também, mas posso ter mais problemas ainda com os dois juntos. Você vai, e agora, ok?

Em silêncio, curvei a cabeça em sinal de respeito. Não tinha como me desculpar pelo ocorrido, só restando aceitar as consequências. Quando abaixei, pude ver a briga gravada no meu uniforme. Na camisa, antes alva, haviam vários pontos vermelhos. Com diferentes tamanhos, eles estampavam toda a frente da blusa. Ao levantar a cabeça, cobri a boca com a gola camisa, sentindo todo meu queixo e boca umedecerem o tecido ao tocarem nele.

— Você briga bem — sussurrou Doyoung quando o treinador se afastava. Tinha o sorriso de sempre, amigável e alegre, depois que ficamos sozinhos.

— Bem para um nerd, você quer dizer — respondi, com a voz abafada pela camisa.

— Um nerd na suspensão. O que foi aquilo?

— Hansol teve dificuldade pra aceitar o resultado, e quando fui... — iniciei, sendo interrompido pelo outro

— Isso eu percebi, mas por que foi parar justo ao lado dele? — perguntou, com um vinco entre as sobrancelhas tensionadas.

A verdade pareceria muito mais dolorosa se dita em voz alta. Porque estou imaginando coisas que não existem, Doyoung.

— Porque fui burro — disse, forçando a risada mais despreocupada que poderia. Apontando para minha boca, completei — Acho melhor ir ver isso.

Nesse instante Doyoung me abraçou, colocando seus braços calorosos em volta de mim e me deixando completamente surpreso com sua ação, além das mãos presas nas laterais do corpo em seu abraço. Nunca havia feito isso antes, e, quando me soltou, devagar, como se não quisesse me deixar ir, abaixou o olhar constrangido.

— Tente não quebrar nenhum outro nariz no caminho — disse por fim, retornando para os outros alunos enquanto retirava o outro braço de dentro do colete.

Seu ato foi inusitado de tantas formas que demorei a sair dali, vendo ao longe ele ajudar o professor a guardar os materiais da aula. Só quando senti o queixo latejar, espalhando o incomodo até o início do pescoço, deixei o ginásio seguindo as ordens do treinador. Ainda haviam muitos alunos ali dentro, mas, do lado de fora, os corredores estavam vazios.

Por ser uma aula fora do horário regular, o prédio estava quase deserto. Os estudantes, após saírem da quadra, iam para suas casas depois de um dia cansativo e, assim como eles, desejei pegar minha mochila e também ir. No entanto, se saísse sem ter a última conversa com o professor, na qual ele provavelmente assinaria minha suspensão temporária devido a briga, o castigo poderia ser ampliado.

Depois de passar pela porta e me encontrar sozinho no corredor, não pude deixar de esmorecer. Por mais insignificante que fosse a possibilidade de encontrar o loiro ali, ela existia até aquele instante. Ouvindo apenas o som do meu tênis contra o piso, caminhei pela escola despovoada segurando a blusa úmida contra minha boca machucada, indo em direção a enfermaria, várias salas longe da quadra.


Notas Finais


Taeyong, o fantasminha camarada XD
Aquele que acertar quem são os dois amigos do Hansol ganha uma balinha de iogurte \o/


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