História Hi. - Algo que não sabemos?

Anteriormente em  "Hi".

Ele se aproximou de mim e olhava com tanta certeza no olhar. Eu parecia ter o magoado dizendo que não daria certo.

- Somos homens, Dean. Desculpe-me, mas imagina se a nossa família descobrir?

- Por Deus, Cas. Estamos no século vinte e um. A gente não transou e se beijou só porque somos melhores amigos.

- Talvez seja apenas isso.

Dean parecia ter recebido minha resposta como um tiro. Doeu em mim também, mas era verdade. Parecendo não se importar com o que eu disse, ele me beija com toda força que possui. Eu me assusto com o ato, mas acabo correspondendo.

- Eu sabia!

Eu assusto com o grito de uma voz desconhecida e empurro Dean. Ele olha para mim como quem não entendeu nada também.

- Quem está aí?

 Dean POV

- Não reconhece minha voz, Dean Winchester?

Vi uma sombra se aproximando, logo pude ver seu rosto, era Ruby a melhor amiga de Lisa – nunca fui muito de falar com ela. Cá entre nós, ela tinha uma queda por mim. Me levanto indo até ela –  percebo que ela está com um celular na mão, provavelmente gravando tudo.

- Ruby escute, você não pode mostrar isso a ninguém. - Digo mantendo a calma.

- Você sabe que eu vou postar, Winchester. - Diz soltando um sorriso.

- P-Por favor, n-nós fariamos qualquer coisa. - Diz Cas entrando na conversa.

- Qualquer coisa? - Pergunta mostrando interesse.

- S-Sim.

- Bom, eu quero um beijo seu, Dean. - Diz com um sorriso malicioso no rosto.

- O que?  Nem pensar!

- Tudo bem. - Diz Cas com voz triste.

- O que? - Digo me referindo a Cas.

- D-Dean dá logo o que ela quer, já pensou se isso chega nas mãos do pessoal do colégio? Ou até pior, nossos pais. - Sua voz estava meio rouca.

 Solto um longo suspiro.

 - Ruby escute, um beijo e você apaga isso!

 Ruby vem até mim fechando seus olhos e me beijando. Isso era repugnante. Eu queria vomitar, beber um litro de álcool imaginando quantas bactérias eu estaria pegando naquele beijo. – Eu só quero sentir o beijo do Cas, de ninguém mais. Ninguém.  Pude  olhar para o lado e ver Cas com os olhos fechados, aquilo estava doendo, eu sentia como se eu estivesse levando vários tiros ao ver ele daquele jeito. Empurrei Ruby para o lado e limpei minha boca e pude ver em seus lábios um sorriso de satisfação, e mais uma vez quase vomitei. 

- Agora apague o vídeo, por favor. - Podia ver a raiva dilatando cada uma das pupílas de Cas.

 E eu? Sentia mais uma vez o mundo caindo dos meus pés. 

 Ruby logo mostrou seu celular e o vídeo sendo apagado. Cas e eu ficamos nos olhando por alguns segundos, até que eu disse:

- Acho que a tempestade já acabou, vamos?

 Cas apenas assentiu com a cabeça e logo fomos andando um ao lado do outro, sem dizer uma palavra sequer, às vezes nos olhávamos, mas ainda sem dizer uma palavra. Fomos até o carro onde dirigi até a casa de Cas. – Que ainda não falava nada apenas me olhava.  Quando chegamos perto da casa dele, decidi desligar o carro e me virei encarando aqueles lindos olhos azuis. Cas se aproximava de meu rosto, quando me dei conta estávamos com as testas coladas. Cas encarava minha boca e eu olhava diretamente em seus olhos – nunca vou me cansar de dizer o quanto amo seus olhos. Cas de início me dá um selinho e logo invade meus lábios, o mordendo de leve.

 Quando Cas abriu a porta do Impala o segurei pelo braço o fazendo voltar para o banco e voltar seu olhar para mim.

- Eu sei que você se importa muito com que os outros pensam, isso talvez seja seu único problema, mas eu quero ir até o fim com isso Cas e eu não quero que isso acabe tão rápido, eu não gosto de você Cas, e-eu te amo. Eu beijei uma das piores pessoas do mundo por você, por nós. E eu percebi enquanto beijava Ruby que eu não quero estar com mais ninguém. Teu beijo me marcou como se fosse brasa.

 Cas apenas se solta do meu braço e sai do carro com a cabeça baixa.

 As coisas nunca dão certo pra mim, eu nunca gosto de nada, eu nunca quero nada, e Cas, ele me encanta com cada mínimo detalhe, e eu estou determinado a tê-lo. Eu quero você Castiel Novak. 

Castiel POV

 Corri até meu quarto, passei pelos meus pais que dormiam no sofá – provavelmente pegaram no sono enquanto assistiam alguma maratona. Tranquei minha porta e me joguei na cama, eu só conseguia pensar.

"Como um dia pode começar tão perfeito e acabar com um desastre desses?"

 Comecei a pensar nas palavras de Dean, posso dizer que ninguém nunca me disse algo parecido, algo bonito daquele jeito, bom... ninguém nunca se apaixonou por mim. Dean queria tanto algo a mais comigo, não nego que não queira, mas eu me importo muito com o que os outros pensam, eu queria estar deitado nessa cama junto a ele o abraçando, trocando beijos e conversando sobre coisas aleatórias, ou até mesmo sobre nosso futuro. Sabe aquele tipo de pessoa que você quer acordar e quer que ela esteja do seu lado para dizer bom dia? Dean era essa pessoa pra mim. Desde que eu estava em Lawrence percebi o quanto ele me fazia falta, aquela semana longe dele quase me matou. Quando eu vi Ruby beijando Dean senti como se eu estivesse levando uma facada no peito, eu tive que fechar os olhos para não chorar, não sei como não me desabei enquando Dean me dizia tudo aquilo.

 Minha cabeça já estava quase explodindo de tanta coisa que se passava nela, e mais uma vez tudo envolvia Dean, me lembrei da noite passada e sorri –  foi meu único sorriso pelo resto da noite. Me levantei indo até o banheiro, tomei meu banho e logo fui escovar, mas deitei ainda com as palavras do Dean em minha cabeça, aquelas palavras conseguiam me rasgar como uma faca cega apenas serrando para frente e para trás e ao mesmo tempo eram tudo que eu queria ouvir. 

 Já era 7:05 A.M e eu não estava com a mínima vontade de ir à aula, coisa difícil já que hoje eu teria a minha aula preferida – sociologia – , porém é segunda-feira e ninguém gosta de segunda-feira, pode ser a pessoa mais nerd do mundo. Depois de escovar vesti a primeira roupa que eu encontrei no guarda-roupa, na maioria das vezes eu faço isso. Desci até a cozinha e vi meus pais sentados na mesa comendo e olhando diretamente para mim com um olhar de preocupação. Sem entender nada apenas digo:

- Bom dia.

- Bom dia... Castiel sente-se por favor. - Disse minha mãe ainda com o olhar de preocupação.

 Sem entender nada apenas me sentei.

- Castiel, você quer nós contar alguma coisa? Dizer algo que não sabemos? Não tivemos tempo de conversar ontem, vi que chegou e foi direto pro quarto. - Disse meu pai.

- N-Não, p-por quê? - Perguntei confuso.

- Por nada, apenas faz algum tempo que não conversamos direito. - Respondeu sorrindo.

 Eu quase tive um infarto, acredito que eles estejam começando a desconfiar de algo. Meu Deus, jurei que meu pai estava dormindo com minha mãe no sofá, se ele estava acordado provavelmente me viu chegando com os olhos vermelhos, ou até mesmo deve ter visto o beijo. –  Gelei até a alma. Fui em direção ao carro sem dizer uma palavra sequer a minha mãe. Infelizmente Gabe não estava lá para quebrar o gelo, já que teve que ir mais cedo porque tinha que passar na casa do Sam pra sei lá o que. Peguei meu celular e vi cerca de 49 notificações e não estava nem um pouco afim de vê-las, então apenas as ignorei e fiquei observando a paisagem do lado de fora do carro. Também observava os estragos da tempestade. 

 Ao chegar no colégio as pessoas me olhavam mais do que o normal , estranhei já que a  "fase" do mal entendido do beijo já tinha passado, fui andando pelos corredores onde todos ainda me olhavam e davam risadas. Agora é oficial, eu não sei o que está acontecendo. Senti uma mão me puxando para dentro da sala de limpeza, estava escuro, mas pelo perfume pude sentir que era Dean. Eu por algum motivo comecei a tremer, Dean percebeu minha mão tremendo e logo a pegou me fazendo parar de tremer imediatamente. Dean ligou a luz.

- Cas. - Disse com a voz rouca.

- S-Sim?. - perguntei gaguejando.

- A-Ah Ruby não apagou o vídeo, ela enviou pro colégio todo. - Disse tropeçando nas palavras.

- O que? 

- Ela enviou pra escola toda Cas, mesmo depois do beijo. - Tropeçava cada vez mais nas palavras.

 - Cas não importa o que essas pessoas vão dizer, eu quero ficar com você, eu quero você bem pertinho, eu prometi para você que ia fazer isso dar certo que eu não ia te abandonar, então é isso que eu vou fazer. - Disse soltando o sorriso mais lindo de todos.

- Eu não acredito nisso, meu Deus que nojo de vocês, disso que vocês chamam de amor isso não é amor não, eu não acredito que fui capaz de namorar você Dean Winchester, você ficava olhando para  homens enquanto namoravamos é ? Você são dois cretinos, gays... - Gritava Lisa que surgiu do nada, abrindo a porta do pequeno ambiente em que antes só havia Dean e eu. Eu queria morrer. Observei que Dean a interrompeu colocando a mão sua boca.

- Cala. A boca! Quem você é pra falar de mim e do que eu sou? Quer que eu espalhe seus segredinhos? Continua me provocando. - Ele olha para mim e depois volta o olhar para Lisa - Continue nos provocando pra ver o que vai te acontecer. - Disse Dean a empurrando para fora.

 Dean logo saí me puxando pelo mão, podiamos ver muitos curiosos olhando para Lisa que estava caída no chão e ao mesmo tempo nos olhava com olhares de desaprovação.

 Eu não queria saber de estudar nem nada, então pedi para Dean me deixar em casa, já que ele também não estava com cabeça para estudar. Ao chegar na porta de me despeço de Dean, quase peço pare ele ficar ali comigo, era o que eu mais queria, porém apenas entro em casa indo em direção ao meu quarto.

Gabe POV

 Como Sam e eu desconfiávamos, havia coisas rolando entre meu irmão e o dele, e descobrimos pela pior maneira possível, por um vídeo que foi postado pela Ruby –  daqui uns dias ou horas ela vai ter sérios problemas. Charlie já estava procurando ela feito louca para dar uns tampas na cara dela, se eu fosse mulher faria o mesmo. Não vi meu irmão nem Dean na primeira aula achei estranho. Passou-se a segunda e nada de ver meu irmão pelos corredores nem na aula. Perguntei ao restante do grupo com esperanças de que eles tivessem visto um dos dois e nada. Meu irmão nunca falta a escola.

 Na terceira aula fui para casa, se meu irmão não está no colégio ele certamente está em casa, abro a porta da frente e vejo sua mochila jogada ao lado da porta. Sem demora vou até seu quarto e abro a porta e o vejo deitado virado para a parede. Logo o chamei:

- C-Cas? 

 Não tive nenhuma resposta. 

 - C-Cas, eu quero te ajudar. - Digo me deitando ao seu lado.

 Cas se vira com os olhos vermelhos e me abraça. Ficamos por alguns minutos abraçados até que Cas quebra o silêncio.

- G-Gabe, v-você viu o vídeo? - Gagejou.

-Sim eu vi Cas.

- Gabe eu amo o Dean, mas eu acho que não consigo viver com todo esse peso em minhas costas, e se ele me decepcionar? E todo mundo? - Perguntou.

- Cas, você sempre se preocupou muito com que os outros pensam, esquece isso. Se você ama mesmo ele, e se ele ama você não tem o porque de ficar sofrendo. Ainda mais sofrer por isso. É amor, e que se foda o que os outros pensam, não importa se eles vão criticar você, se eles vão criar textos, argumentos homofóbicos ou citar textos da bíblicos sabe o por quê? Porque todo amor fala mais alto, fala mais alto que qualquer crítica e qualquer opinião. E sobre ele te decepcionar eu não conheço muito bem o Dean, mas sei que se ele fizer isso não vai ser por querer. - Respondi soltando um sorriso.

 Cas soltou um sorriso em seu rosto o que me fez sorrir mais uma vez, nunca pensei que veria meu irmão nessa situação e ainda por cima poder ajudá-lo. 

- Obrigada Gabe, obrigada por sempre se preocupar comigo. Não sei o que seria de mim sem você. Se você não estivesse do meu lado agora, eu nem sei.

 Depois de alguns minutos Cas se levantou e começou a se arrumar para sair. Imaginei que ele iria se encontrar com o Dean.

Dean POV

 Fui até o McCoy's beber algumas cervejas, sempre que eu tenho problemas eu recorro ao álcool, mas o que eu queria mesmo era estar deitado ao lado de Cas o abraçando. Eu posso dizer que minha vida se resume em merda, quando eu acho que vai acontecer algo bom, eu me surpreendo cada vez mais com os problemas que aparecem.

 E sobre o vídeo a maioria do pessoal da cidade já tem ele – as coisas se espalham rápido. E o garçom que veio me atender, me atendeu com um certo tom arrogante, bom eu só espero que esses homofóbicos de merda morram queimados no inferno. Depois de um tempo bebendo e pensando no quão minha vida estava uma merda fui até o banheiro lavar meu rosto, meus olhos já estavam vermelhos. – não sou muito de chorar, mas às vezes sinto que segurei demais. Quando estava saindo do banheiro, parei na porta e me lembrei de ontem, de como Cas e eu nos beijamos e nos amamos aqui ontem, acho que se eu pudesse voltar no tempo, eu iria voltar apenas para me dizer:

"Aproveite bastante, porque só deus sabe quando vocês vão voltar a se beijar assim".

 Resolvi fazer a mesma trajetória de ontem, ou seja, agora eu iria ao parque.

                                                                      ~

 Cas foi até o parque e se sentou no banco em que Dean e ele estavam na tarde de ontem, ele olhava para as folhas caídas no chão por culpa da tempestade que ocorrera na tarde anterior, logo viu John indo em sua direção, e sentando ao seu lado e dizendo-lhe:

- Olá Cas, eu vi seu vídeo. - Disse sorrindo.

- P-Por que está sorrindo? - Perguntou Cas confuso.

- Todos agora sabem sobre você, todos sabem sobre seu amor, todos sabem que você ama Dean Winchester. Não tem coisa melhor? Não me diga que está chorando por culpa do vídeo. - Disse John. 

- Sim, é por culpa do vídeo. Sinto que tem algo de errado comigo, sabe? - Disse Cas.

- As pessoas gostam de destruir tudo que é bom, matenha para sí tudo que é bom, e esqueça o que os outros estão a pensar de você, sobre você, apenas seja você e seja feliz. E não há nada de errado com você. Ah Cas... Você ainda veio até aqui na igenuiadade e nem imaginava que veria o Dean.

- Do que você tá faland....  - Cas interrompido foi por John que apenas disse:

- Olhe quem está vindo. 

 Cas olhou para sua frente e viu vindo Dean que fazia o mesmo trajeto de ontem.

 Ao ver Cas, os olhos de Dean que estavam vermelhos brilharam  por vê-lo a poucos metros de distância.

 Correu até o banco e se sentou ao lado de Cas.

- Acho que precisamos conversar.