Pov’s Maya
A campanhia tocou e eu caminhei ate lá arrastando os chinelos. Meu pai me acompanhou com o olhar retirando a bolsa de gelo do nariz.
_Quem é? –ele perguntou.
_Já abri a porta pra saber? –ele revirou os olhos e eu ri. Abri a porta e dei de cara com Brooke.
_Oi. –ela disse sorrindo.
_Oi. –falei.
_Aqui, o endereço do Chandler. –ela me entregou o papel e eu li.
_Ah, obrigada.
_Hey Brooke. –meu pai falou aparecendo na porta atrás de mim.
_Oi Sr.Hale. –ela disse acenando. _O que aconteceu com o seu nariz?
_Ele deu de cara em uma arvore. –ele me deu um empurrãozinho e ela fez uma careta.
_Nossa...sinto muito.
_Hey Brooke! A Hana esta te ligando. –a mãe dela gritou do jardim.
_Eu já vou indo. Bom trabalho Maya. –ela saiu andando e meu pai me olhou,
_São amigas?
_No. –eu disse e subi as escadas para o meu quarto.
**
Meu pai me deixou na porta da casa do Chandler na mesma hora que Hana terminava de falar seu nome na campanhia.
_E Maya. –eu disse e a porta foi aberta.
_Oi. –eles disseram.
_Oi. –eu e Hana falamos juntas. Nós ficamos nos entreolhando e eu suspirei.
_Vamos? –perguntei os olhando.
_Vamos, claro. –Cory disse saindo andando na frente.
Nós entramos na biblioteca e eu olhei em volta. Tinha um monte de estantes com livros por toda parte. A biblioteca não era tão nova, e tinha um cheiro insuportável de mofo e velhice.
_O que é esse lugar? Nunca entrei em algo parecido. –Hana falou.
_Esse é o lugar em que os antigos armazenavam toda a sua sabedoria. –Cory disse olhando em volta.
_Olha todos aqueles... –comecei.
_Livros. –Chandler terminou. _olha. –ele pegou um livro e o jogou em cima da mesa. _Contos de interações humanas.
_E o que a gente faz com isso Cory? –perguntei.
_Quer dizer “ler”? –nós nos sentamos na mesa e ele abriu o livro. _Capitulo 1...
_Chega, estou entediada. –falei. _Vamos ver um filme.
_Shh! –uma senhora atrás do balcão falou e nós nos assustamos.
_Há um daqueles antigos agora. –Cory disse. _Olá senhora, somos viajantes de outro tempo e lugar.
_Segundo ano, ensino médio. –Chandler disse.
_Queremos partilhar essa informação no seu grande salão de sabedoria. –Cory continuou.
_Por acaso aluga celulares? –perguntei.
_Shh. –ela fez novamente.
_Porque esta fazendo shh pra mim? Não tem ninguém aqui alem de nós cinco. –falei.
_deixa que eu falo com ela, mini-gente. Ela obviamente gosta de gente tranqüila. –Chandler falou me empurrando para o lado. Eu o olhei com raiva e ele continuou. _Olá senhora.
_Bem olá. –ela disse. _Quem é você?
_Chandler.
_E você me faria um favor Chandler?
_Claro.
_Por que você e seus amigos não se sentam lá e shh. –eu ri e sai andando.
_Toma. –falei pegando o livro e entregando para Cory.
_Certo, este capitulo se chama: “Desconexão para se conectar”. “Ate não pararmos de usarmos nossos telefones, desligarmos nossos computadores e olharmos uns nos olhos dos outros, seremos incapazes de tocar o coração de cada um”.
_Como se isso funcionasse com qualquer um. –falei pegando o bloco de notas e a caneta.
_Eu vou procurar por mais livros. –Chandler falou saindo andando e subindo as escadas para o outro andar.
_Eu ajudo. –Hana disse.
_Tomem cuidado com os fantasmas. –falei.
_Shh. –a senhora fez novamente.
_mas que velha chata. –eu disse. Comecei a desenhar enquanto Cory continuava a ler para mim.
_Isso, quer ler suas notas? –ele perguntou se sentando no banco mais próximo e me olhando.
_Que notas? –perguntei não sabendo do que ele estava falando.
_Você não estava anotando?
_Não.
_O que estava fazendo? –ele pegou o bloco da minha mão e olhou uma moça desenhada com um vestido longo. _uau Maya, eu não tinha idéia. É incrível. –eu sorri sem mostrar os dentes e ele me devolveu o bloco.
**
_Eu sempre acreditei que a tecnologia poderia nos ajudar a cumprir nosso potencial como espécie. –Cory falou na aula de historia seguinte. _E quando eu governar o mundo, não importa quais dispositivos venham com ele, nunca devemos esquecer o que podemos fazer com um papel e um lápis. –ele pegou meu desenho e mostrou para a sala. _Eu mantenho esse desenho no bolso em que ficava meu celular. E eu estou bem com ele.
_Thanks Cory. –eu disse o olhando.
_Eu pensei que tinha minha vida inteira no meu celular. –Chandler falou. _Mas você não precisa dele para se conectar com seus amigos reais. Um bom amigo, só precisa saber ouvir.
_Dizer “Hi” as vezes muda tudo. –Hana falou.
_Hi, Im Maya. –eu disse estendendo a mão para o Lucas.
_Oi Maya. Eu sou Lucas. –ele disse a apertando. Eu sorri e me sentei. _Parece que aprenderam a lição. Aqui os telefones. –ele disse abrindo a caixa.
**
Eu caminhei ate o banheiro e ouvi um choro escandaloso. Caminhei ate o balcão da pia e vi Brooke sentada no chão chorando feito uma criança. Hana estava andando para lá e para cá com as mãos na cintura.
_Qual é o problema dela? –perguntei.
_Drama com namorado. –ela disse e Brooke chorou mais ainda.
_ele terminou comigo sem motivo. –ela disse soluçando. _O Nick terminou comigo. Eu não consigo viver sem ele.
_Filha, eu espero do fundo do meu coração que você esteja se referindo ao oxigênio. –ela enxugou as lagrimas e me olhou.
_Eu gostei de você. Eu pensei que você era chata, mas você não é. Você é legal e eu me sinto melhor agora depois que disse essa sua frases idiota. –ela se levantou e se olhou no espelho passando a mão no rosto.
_Ai amiga, sua blusa esta rasgada. –Hana falou e ela se virou de costas. Vi um rasgo nas costas e ela arregalou os olhos.
_Tudo isso culpa dele. –ela falou. _e agora? Como eu vou embora?
_Se quiser eu posso te ajudar com isso. –falei apontando para a blusa.
_Serio? Como? –eu abri minha bolsa e peguei minha tesoura. _Será que pode... –ela tirou a blusa e me entregou. Eu cortei as mangas e a parte de trás enquanto elas me olhavam assustadas. _Pronto. –Brooke vestiu a blusa e sorriu.
_Eu amei. –ela falou.
_Legal. É meu pai já deve estar me esperando então... eu tenho que ir. –falei.
_Hey, a minha mãe abriu uma cafeteria perto lá de casa. Eu e a Hana estamos indo para lá agora. Não quer vir com a gente? –ela perguntou.
_Serio?
_É, porque não?
_Tudo bem então. –nós saímos andando e eu olhei em volta procurando pelo meu pai. Percebi que ele não estava lá e aproveitei para mandar uma mensagem avisando que eu iria demorar. Descemos a rua da escola por uns dois quarteirões.
_E então Maya, onde aprendeu o negocio das roupas? –Brooke perguntou.
_Hum...meu pai tem uma empresa de roupas. –falei as olhando.
_Ah é, darrr. Eu esqueci completamente. –Brooke disse e eu ri.
_eu sempre estou por lá e acabei pegando gosto. –expliquei.
_Vai querer cursar moda na faculdade? –Hana perguntou
_Provavelmente. Quero assumir a empresa do meu pai um dia, mas com as minhas próprias roupas. –falei.
_Eu gosto de sapatos. –Brooke disse e nós rimos. Chegamos na cafeteria e eu olhei o lugar. Parecia uma casinha de boneca.
_Qual é a do 1598? –perguntei me referindo ao nome do lugar.
_Ah minha mãe é meio doida. –ela disse e segurou na minha mão me puxando para dentro. _Mãe cheguei! –ela gritou.
_Não precisa gritar bitch! –Hana falou tampando os ouvidos.
_Oi filha. –a moça loira falou saindo de trás de um balcão e a abraçando.
_Oi tia. –Hana disse e a abraçou.
_Oi Maya! –ela falou e me abraçou forte. _Como você esta?
_Hum...bem. –falei.
_Trouxemos ela para conhecer aqui. –Brooke falou se jogando no baquinho azul do balcão.
_E fez bem. E cadê o Nick? –Brooke fechou o sorriso e Hana fez um sinal para cortar o assunto. _Já entendi. Sente-se aqui Maya. –ela falou me empurrando para o baquinho ao lado de Brooke.
_Nem vem mãe, estamos indo lá para cima. –elas me puxaram e nós subimos uma escada. Tinha um monte de adolescentes na parte de cima rindo e se divertindo. Nós nos sentamos em uma mesa e uma bandeja com Milk-shakes foi colocada na nossa frente.
_Olá gatinhas... –Jake falou se aproximando da mesa com outros dois caras do time de futebol.
_Oi Jake. –elas disseram.
_Posso me sentar com vocês? –ele perguntou e elas assentiram. Ele colocou a cadeira ao meu lado e sorriu para mim. _Oi Maya. –dei um sorriso falso e revirei os olhos. _Não sabiam que eram amigas.
_Não somos. –eu disse.
_É, estamos apenas nos conhecendo melhor. –Brooke falou. _Não somos igual a você que se enturma com o primeiro que aparece.
_Porque você não cuida do seu namorado? –ele perguntou. _Ah é não pode.
_E porque você não cuida da sua vida? –perguntei o olhando e ele riu.
_Calma ai tigresa.
_Para de falar comigo. –eu disse seria.
_A boca é minha, eu falo quando eu quero. –eu peguei o copo de Milk-shake e virei em cima de sua cabeça.
_Pronto, o cérebro foi congelado e agora você não fala mais besteira. –eu disse me levantando. _Diga a sua mãe que eu adorei o lugar Brooke. –falei e ela engoliu o riso.
_Ah pode deixar.
**
Eu cheguei em casa e olhei em volta.
_Pai? –o chamei. _Ô pai!
_Quarto! –ele disse e eu subi as escadas.
_Ai você não vai acreditar com quem eu estav... –eu o vi experimentando um terno e olhei para Patricia que segurava outros dois na mão. _Onde você vai? –perguntei.
_Sair. –ele respondeu e eu olhei para Patricia.
_Sair para onde? –perguntei e ele saiu andando. _Para onde? –eu perguntei seguindo ele pela casa.
_Para um restaurante. –ele disse procurando alguma coisa.
_Que restaurante?
_Eu ainda não sei.
_E com quem você vai? –perguntei e ele entrou no quarto novamente.
_A Patricia ficará com você hoje a noite. –ele disse.
_Eu não preciso de babá. Com quem você vai sair?
_Com a Lauren. –eu arregalei meus olhos.
_Com a Lauren?
_É e eu preciso me arrumar. Eu já estou atrasado. Se ela aparecer, abra a porta e seja gentil.
_O que é ser gentil? –perguntei indignada.
_Isso não tem graça Maya. Serio. Seja boazinha. –ele fechou a porta do quarto assim que colocou Patricia para fora.
_Como assim ele vai sair com ela Patty? –perguntei.
_Eu já devia ter pensado nisso. Ele não costuma a cantar de manhã. –ela falou pensando alto.
_Meu pai não canta, a voz dele não é de gente que canta. –eu semicerrei os olhos e coloquei as mãos na cintura. _Ele esta gostando dela.
_Provavelmente. –ela disse descendo as escadas.
_Que ódio! –falei fechando a cara.
_Que isso menina? Você não amava ela?
_Acabei de descobrir que eu sou bipolar. –eu cruzei os braços. _Ela sabe que ele tem uma filha.
_Eu não sei, ele é meu patrão, eu não sei da vida dele.
_Claro que sabe, você é praticamente minha avó. –falei a seguindo.
_Eu só tenho 48 anos. –ela disse.
_Isso não pode estar acontecendo de novo. –falei. _Se lembra da Holly né? A louca?
_Lembro. E você a deixou mais louca ainda. –eu sorri de lado.
_Achei pouco. Ela era uma vaca, e fez meu pai de bobo. Ninguém além de mim faz meu pai de bobo. Ele é meu pandinha. –eu disse.
_Ele te deixou cair do berço quantas vezes? –ela perguntou e a campanhia tocou. Eu me assustei e fechei a cara.
_A ladra de pais chegou. –falei.
_Desfaça essa cara Maymay.
_Esse apelido é de criança Patty. –falei caminhando ate a porta. Eu a abri dando de cara com Lauren.
_Oi! –ela disse e sorriu.
_Oi. –falei fingindo um sorriso. _Meu pai esta no banho. Pode entrar. –ela entrou e eu fechei a porta revirando os olhos. _Se quiser se sentar pode, não precisa ficar em pé. –Lauren assentiu e se sentou.
_Então, é Maya né? –ela perguntou e eu me sentei no sofá de frente para ela cruzando os braços.
_É.
_Onde você estuda?
_Na Madson.
_Sério? Meu amigo estuda lá também. O Chandler, você conhece?
_Conheço. E odeio ele. –ela arregalou os olhos antes de sorrir de lado. _Vai sair com meu pai né? –ela assentiu e eu também. _Ele já te contou dos meus irmãos?
_Que irmãos?
_Os outros sete. E só tem eu de menina, é um saco. –falei e ela arregalou os olhos engolindo em seco.
_São...oito filhos?
_Na verdade são doze, só que eles não moram aqui. Somos quase a família dos “Doze é demais” e vamos adorar ter você como madrasta. –ela assentiu meio assustada e eu sorri. Meu pai desceu as escadas e ela se levantou sorrindo.
_Oi. –ele disse fechando o terno.
_Oi. –ela falou.
_Vejo que ficaram conversando. –ele disse nos olhando.
_É, Maya estava me contando dos irmãos. –ela falou o encarando.
_Que irmãos? –ele perguntou.
_Os outros sete filhos que você tem. –ela falou parecendo obvio e ele semicerrou os olhos sem entender nada.
_Eu não tenho mais filhos. –ele entendeu a piada e me olhou bravo. _maya...
_Era brincadeirinha. –eu disse. _Foi mal. Eu não tenho irmãos. Graças a deus, muita gente é um saco.
_Ah sim. –Lauren falou e riu mais aliviada. _Ufa...eu achei...enfim...
_É. –meu pai disse. _Ela te contou que assiste The Walking Dead?
_Serio? Que legal. –Lauren falou me olhando.
_É, ela tem um monte de coisas. –ele continuou e eu o olhei tipo “pai, menos”.
_Eu adoraria ver.
_É, eu ate te mostraria, só que agora as coisas estão no “cantinho da vergonha” no meu quarto. –meu pai soltou uma risada exagerada e colocou as mãos na cintura.
_Esta brincando né Maya?
_Não estou não.
_Eu acho melhor a gente ir. –ele disse segurando a mão dela e a guiando pela casa. Ele me lançou um olhar mortal e eu acenei sorrindo sem mostrar os dentes.
_Tchau Maya, foi um prazer de conhecer. –ela disse.
_Eu adorei. –falei.
_Eu te mato! –meu pai sussurrou e fechou a porta. Eu liguei a TV e me joguei no sofá de braços cruzados.
_Odeio quando ele arranja uma namorada.
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