História Hidden - Confidencial

Omelas, 1 de fevereiro de 2017

20h19min

Kim Yongsun

Taehyung estava na casa de Jimin ainda o acalmando, segundo a mensagem que ele havia me enviado. Segundo meu irmão, Jimin estava alterado e magoado com outras coisas e mandou-me um pedido de desculpas. Tae disse que talvez não vá dormir em casa hoje.

Meu pai não estava em casa. Faziam dias desde que ele havia sumido e eu e meu irmão sequer havíamos ido atrás dele. Amanhã vou atrás de meu pai. Vai que ele morreu de cirrose em algum desses bares da cidade? Nunca se sabe. E eu não duvido nada do ser humano.

No momento, eu e Yoongi trocávamos mensagens. Estávamos falando sobre coisas aleatórias. Eu havia o contado sobre Jimin e ele disse que entendia o lado do rapaz, já que Omelas é um lugar onde Park havia crescido e vivido. Eu gosto desse lado compreensivo de Min Yoongi, ele é um ótimo amigo. Acho que ele foi a melhor pessoa que apareceu em minha vida desde a morte de mamãe. 

Ultimamente tenho sentido saudades de Wheein. Afinal, ela era a minha melhor amiga e agora nem nos falamos direito. Eu estava bem desgastada, para ser sincera. Não sei se ela gostaria de me ver por chamada de vídeo ou de ouvir minha voz no celular, pelo menos não do jeito em que me encontro. Eu ainda sofro pela morte de mamãe, isso é uma coisa que não dá para tirar de meu coração e fingir que não existe. E o que dói ainda mais é não saber ao certo como ela morreu. Todos parecem esconder algo. Eu e Wheein não escondíamos nada uma da outra. Acho que mais tarde irei mandar uma mensagem para ela.

O silêncio da noite foi cortado pelo som da sirene da polícia. Imediatamente abri a janela de meu quarto para ver do que se tratava. O carro deles estava indo em direção à parte mais sombria da floresta, próxima ao parque. O meu pressentimento de que StashBush atacaria estava certo. Eu sabia que isso iria acontecer. 

Imediatamente mandei uma mensagem para Yoongi, que, por coincidência, havia me mandado outra mensagem ao mesmo tempo falando sobre o ocorrido. Combinamos de nos encontrar no restaurante onde trabalho, já que fica no caminho para o parque. 

***

Nos encontramos no local combinado. E a visão proporcionada de Min Yoongi era algo dos deuses. Ele vestia uma jaqueta de couro preta por cima de uma camiseta branca, a sua calças jeans clara tinham alguns rasgos e ele usava um converse preto. Seu cabelo não tinha mais os fios tingidos de azul, agora eram completamente negros. Falando nisso, seu cabelo estava levemente bagunçados. Ele estava mais lindo do que o normal. Esse era o amigo que eu tinha. 

— Sun? Está me ouvindo? — Chamou-me, tirando-me de meus devaneios.

Pisquei os olhos algumas vezes, para ter certeza se o que eu estava vivendo era real. Brincadeiras à parte, mas era raro ver Min Yoongi assim, já que ele só usava moletons e eu estava acostumada com seus fios azulados.

— Sim, estou. — Respondi sem graça. — O que você falava mesmo?

Yoongi soltou um riso fofo e negou com a cabeça.

— Eu sei que eu sou bonito, mas você poderia ao menos dar uma disfarçada. — Disse, fazendo com que eu lhe desse um leve tapa por consequência. — Bom, como eu dizia... nós podemos ir ver o que a polícia está fazendo!

— Claro. — Disse-o. — Vamos logo.

Caminhamos apressadamente até a floresta onde estavam os policiais. Realmente bem próximos ao parque velho que Jimin havia me trazido há algumas horas atrás. 

Eu e Yoongi ficamos entre as árvores da floresta, em uma parte mais afastada, entretanto conseguíamos ver o que os policiais faziam. Eu podia ver uma garota que tinha mais ou menos a minha idade jogada ao chão. Seus cabelos loiros estavam bagunçados, tapando a visão de seu rosto. Ela tinha metade de suas roupas arrancadas, estava praticamente semi-nua. Os policiais caminhavam de um lado para o outro, conversando entre si, enquanto os peritos batiam fotos da cena do crime e faziam suas respectivas funções. Dois policiais afastaram-se dos demais, ficando próximos das árvores onde eu e Yoongi nos escondíamos. 

— Deveríamos alertar a cidade sobre o perigo, Jeon. — Disse um policial que tinha cabelos negros à um de cabelos castanhos.

— Ninguém pode saber da verdade. — Disse o tal Jeon.

— Gostaria de saber o porquê disso. — Questionou o policial ao seu colega. Ele parecia um tanto revoltado.

— É confidencial. — Foi tudo o que Jeon disse.

Eu e Yoongi nos entreolhamos. Estava tudo cada vez mais estranho e agora sim eu tinha certeza de que eles escondiam algo muito maior do que pensávamos. Se eles não diziam sequer aos policiais, quem dirá para os cidadãos. É capaz de nem mesmo os moradores de Omelas saberem sobre esses segredos e mentiras que a cidade esconde. E, se eu os descobrir, irei mostrar à Jimin. Apesar de que, no fundo, sinto que Jimin talvez já saiba disso.

Observei os policiais e os peritos trabalharem mais um pouco, até que eles passaram uma faixa ao redor do local que tinha os dizeres "Cena do crime, não ultrapasse". 

Repentinamente senti uma nostalgia. Pensei se minha mãe não morreu como essa garota ou essa gente que está por aí. Não sei, mas sinto que há sim alguma relação.

Fiquei atenta à cada movimento dos policiais e dos peritos. Um deles havia pego a carteira da jovem e encontrou seu RG e pude ouvir ele dizer:

— Lalisa Manoban, 17 anos. — Disse o perito. — Ela tinha um ingresso para o show dos Últimos que ocorrerá nesta noite. 

— Jogue isso tudo fora! — Resmungou Jeon. — Coloquem fogo, façam algo! Ninguém pode saber de nada disso.

Tarde demais, querido Jeon. Nós já sabemos disso e iremos saber ainda mais. 

Por um momento, lembrei-me que Jimin disse que StashBush atacava bastante durante os shows dos Últimos e que eu sugeri que esses shows poderiam ser uma espécie de distração dos assassinatos. Acho que a polícia pode estar envolvida com isso também. 

— Vamos desmarcará-los. — Yoongi sussurrou.

— Com todo o prazer faremos isso. — Sussurrei de volta.

Enquanto ainda me recuperava dessas diversas informações que vieram à tona num intervalo de tempo tão curto, pensei ouvir uma movimentação vinda logo atrás de mim e de Yoongi. Congelei rapidamente, pensando na possibilidade de ser StashBush ou até mesmo um policial. Virei-me cautelosamente para ver quem ou o quê era e, quando vi, não acreditei. Espantei-me com a visão que eu tive e senti que precisaria tirar satisfação neste exato momento, mesmo que não fosse a hora. No momento em que arregalei meus olhos, as suas orbes castanhas fizeram o mesmo em sincronia.