História High - Embriaguez Inerente. - Capítulo VIII - Choque.

CAPÍTULO VIII — Choque.

“Você e o seu oponente são um só. Há uma relação de coexistência entre vocês. Você coexiste com seu oponente e torna-se complemento dele, absorvendo-lhe os ataques e usando a força dele para vencê-lo.”

                                                                                                                                                                      — Bruce Lee.

Condado de Oxford, Inglaterra.

Município de Pinewood*.

04/06 - Quinta-feira.

05:20 P.M.*

Quase todos os estudantes do Instituto Ólympus, tirando os poucos desinteressados, pacientemente aguardavam no estacionamento aberto do campus. O céu limpo trazia consigo um sol forte, e alguns reclamavam pelo lugar não ter uma cobertura para protegê-los. 

A frente dos alunos, se encontrava a diretora, Athena Megalos, juntamente com o corpo docente, e os membros do Grêmio Estudantil. Todos esperavam pela chegada do colégio convidado, de prontidão para bem recepcioná-los. Athena já adiantou-se com um pequeno discurso sobre isso, lembrando os alunos de serem amigáveis com os colegas que logo estariam entre eles, sendo ovacionada, naturalmente.

Finalmente, dois ônibus apareceram diante do internato, logo atravessando seus imensos portões dourados. De imediato, a aparência deles causou estranhamento. Estavam acostumados a ver veículos de luxo, confortáveis, e bem cuidados. No entanto, aqueles eram amarelos, cheios de arranhões, com pneus velhos e janelas sujas. Alguns reconheceram-os como sendo os meios de transporte públicos que circulavam na cidade, o que levantou ainda mais dúvidas.

Os ônibus finalmente estacionaram. Seus passageiros não demoraram a descer, e o choque passou eletricamente por entre todos os Olimpianos, como uma onda.

Pois tanto os adolescentes que surgiam pelas portas enferrujadas (cerca de quarenta pessoas), quanto os adultos, que provavelmente se tratavam dos professores responsáveis por eles, vestiam os uniformes do maior rival de Ólympus: Pinewood High School.

Muitos queixos caíram, e um burburinho de espanto circulou entre os estudantes do internato que, incrédulos, encaravam seus novos convidados, e assistiam às diretoras de ambos os colégios apertarem as mãos amigavelmente. Os alunos do PHS* exibiam expressões debochadas, fechadas ou maliciosas, demonstrando logo de cara suas péssimas intenções para com o evento. Ainda sim, Athena, fingindo ignorar o que via, começou a dizer:

—Apresento a vocês, queridos alunos, os nossos convidados: Pinewood High School! — Ela disse. Em situações normais, o ambiente seria preenchido com uma salva de palmas calorosa. No entanto, tudo permaneceu em silêncio, com exceção dos sussurros impiedosos que continuavam a circular. —Esta é Brenda Collins, a diretora do colégio que estará conosco durante esse verão. — Continuou, sem demonstrar um pingo de desconforto diante da reação da sua frígida plateia. —Brenda... — Virou-se para ela, com um sorriso intacto. —...E estudantes do Pinewood High School... — Tentou conectar-se com o olhar dos jovens recém-chegados, sem sucesso, pois estes desviavam-se dela fervorosamente. —Desejo a todos que tenham uma ótima estadia em nosso Instituto, e sejam muito bem-vindos! — Finalizou, inabalável. Aplausos desanimados foram dados, puxados pelos alunos do Grêmio Estudantil, que não sabiam ao certo como reagir diante daquilo.

Os mesmos alunos do Grêmio, em uma tentativa de quebrar o clima constrangedor, se puseram à frente dos demais para cumprimentar a diretora recém-chegada. Também ofereceram-se para ajudar com a retirada das bagagens de dentro do ônibus, já que haviam muitas malas a serem transportadas, e o local em que os convidados se hospedariam, uma área com vários chalés construídos especificamente para tal função, era bastante afastado dali. Entretanto, existiam funcionários por perto para prestar tal serviço, tornando a gentileza um tanto inútil.

Jacob White tentava ser charmoso, como sempre. De fato, atraía olhares interessados para si pela sua aparência, confiança e sorriso galanteador. Mas, por dentro, sentia-se uma pilha de nervos. Quase teve um ataque do coração. Se os Jogos M.C.K. por si só configuravam um evento difícil de administrar, jogar contra seus piores inimigos seria ainda mais desastroso.

Mesmo pressentindo acontecimentos catastróficos que estavam por vir, ele jamais seria capaz de prever o caos pelo qual todos seriam arrastados dali em diante.