História High Speed - Zayn Malik. - (Concluída). - Desconfortável.

A R I A

    - Nem um beijo? Vocês, literalmente, começaram a namorar e nem se deram um beijo? - Eu quase penso em me jogar na banheira do quarto de Niall e esperar que água me levasse junto no ralo enquanto Pen não poupava fôlego nos seus pulmões para me perguntar isso alto e claro. 

 Confiro outra vez se a porta estava trancada e torço para ninguém ter escutado, porque por mais que eu fosse contar pro Harry mais tarde e certeza que Niall também ficaria sabendo, por mim ou pelo irmão, não era algo que eu queria sair divulgado aos quatro ventos, mesmo que nem soubesse direito o motivo.

 - Não estamos "namorando". - Faço aspas no ar porque eu definitivamente não conseguia levar a situação como séria. - Apenas concordamos em levar a situação devagar e ver no que vai dar. 

 - Sem nem um beijo? Mais devagar que isso vocês vão fazer o que? Se encontrar para dar as mãos uma vez por semana? - Fico frustrada, indo levar as mãos mesmo sem ter usado o banheiro. 

 - Não rolou porque a gente já tinha chegado em casa e era muito pra processar, tá bom? - Eu tento me defender, mesmo que as vezes nem eu me entendesse e continuo lavando meus dedos quase que de forma agressiva, para me distrair da conversa que de algum jeito, estava me deixando desconfortável. 

 - Eu entendo, não fique brava comigo. Só que vocês estão nesse chove não molha a tanto tempo, é frustrante até para quem está de fora. - Imagino que era, mas sentir como se eu estivesse sendo julgada a cada decisão que eu tomava ou deixava de tomar não ajudava muito na situação. 

  - Mas, então é isso. Terminamos os updates da minha vida amorosa ainda não existe mas que talvez exista no futuro. - Se era confuso para mim que estava dentro, imagine para quem só estava vendo isso de fora. 

  - A minha está na mesma situação que sua, tirando o fato de não ter a possibilidade de existir no futuro. - Ou seja, não tinha nenhuma então. 

 - Não era como se você parecesse muito empolgada em continuar com o meu irmão. - Pelo menos, era o que ela sempre deixava transparecer. 

 - Eu não sei, só vamos deixar isso para lá e voltar, antes que pensem que morremos no banheiro. - Não seria a primeira vez que Harry quase chamaria o chaveiro, se achasse que uma de nós duas morreu e a outra perdeu a voz para pedir socorro. A sua cabeça sempre muito além do que a situação realmente era. 

 Saindo do banheiro e entrando no quarto de Niall, me bate um deja-vu, de quando éramos menores e essa exata mesma cena acontecia. Eu e Pen íamos fofocar alguma coisa besta no banheiro, saíamos e encontrávamos os dois meninos comendo e jogando no, que na época, era um PS2, agora sendo um PS5. 

 - Alguém coloca uma música, pelo amor de Deus. - Harry pede, com metade de um pedaço de pizza dentro da boca, fazendo sua voz sair abafada, ainda que entendível. 

 Enquanto Pen se senta com eles e se serve, eu vou ir fazer o que ele pediu, procurando algo bom nos muitos vinis que Niall tinha e indo por para tocar na sua vitrola, que mesmo sendo um aparelho "antigo", era quase mais moderno que o meu celular. 

 - Backstreet boys? Eu pedi uma música ou uma tortura no inferno? - Bato com a capa do vinil na cabeça de Harry, que ri, porque, obviamente, não doeu. 

 - Se você escutasse backstreet boys depois de morrer, você estava indo pro céu, não pro inferno, tá bom? - Resmungo, mudando a agulha do vinil, já sabendo onde ficava a minha música preferida. 

 - Não estou dizendo que é ruim. estou dizendo que escutar tantas vezes algo é no mínimo tortura. - Deixo o vinil tocando, mesmo que já tivesse escolhendo outro que agradaria melhor todos. 

 - Sinceramente, um vinil da Ariana Grande parece algo tão... errado. - Murmuro aleatoriamente, rodando a capa.

 - Dá um bug mental mesmo. - Era algo atual num objeto tão antigo. Como se não pertencesse ali. Sei lá. 

 Os meninos continuam jogando e quando terminam a partida, colocam os outros dois controles, para eu e Pen se juntarmos, e é o que fazemos, jogando e se xingando por uma boa meia hora até se cansar e resolver ir beber, depois de eu e Penelope acabarmos com eles numa vitória de 8x3. 

 - Não quer chamar seus irmãos, não? - Harry pergunta, como quem não quer nada, enquanto abre o frigobar de Niall, começando a servir as coisas nos copos. Niall tinha quase uma casa no quarto, então tudo o que poderíamos precisar estava a nossa disposição ali. 

 - Quanta bebida tem? - Não entendo como isso tem a ver, mas eu respondo que tinha pelo menos uns 4 litros de vodka, além de outras garrafinhas pequenas de shot variados. - Ah, então chama. Os dois bebem igual duas opalas, só estava conferindo se ia ter. - Se a gente acabasse com aquele frigobar iria ser dali, pro coma. 

 - Mas a gente não quer beber tanto assim. Podemos só conversar. - Se Harry começasse a levantar uma placa por ai dizendo do seu interesse em algo a mais, não ficaria tão óbvio, a única coisa boa era que mesmo não sendo irmãos de sangue e Niall ser um pouco mais ligado, ainda assim, a lerdeza parecia correr nas veias daquela família. 

 - Tá certo... Falou a pessoa que já serviu as seis doses de vodka. - Niall murmura, divertido, mas concordando. 

 - Vamos logo pra sala, aqui bom mas eu ainda gosto de manter a minha família longe do meu quarto. - Pequenos costumes que custavam a morrer, compreensível. 

 *

  - Você quer ter um coma antes de chegar na sala? - Harry me pergunta, sendo hipócrita, julgando o fato de eu estar bebendo na boca da garrafa até chegar na sala, e ele também. 

 - Se eu for, você vai junto. - Resmungo, devolvendo a garrafa para ele, que dá um gole e me passa. 

 - Quando isso bater vocês vão estar fodidos. - Pen fala, divertida, porém seu diversão acaba, quando assim que pisamos no cômodo principal da casa, vemos que tem três cabeças no lugar de duas. Liam estava ali. - Me passa isso aqui. - Ela pede a garrafa, virando e apesar de eu achar a situação engraçada, era crítica também. 

 Eu não tinha pensado nem por um segundo em como contar pro meu irmão ou em como ele iria reagir e pela expressão de Zayn quando ele nos vê, também não. Que incrível. 

 - Aria? É incrível como eu sempre só te encontro nos lugares, já que ir me visitar você nunca vai. - Um mais hipócrita que o outro naquela sala. 

 - Pois é, né. - Pego a garrafa da mão de Harry, sentando do lado de Zayn, mesmo que mantendo uma distância necessária. 

 - Vocês estão bebendo isso puro? - Niall pergunta, admirado, vendo que a garrada que saiu do seu quarto cheia, agora estava na metade, de apenas eu, Harry e Pen tomando entre si. - Legal que a menos de dez minutos você disse que não queria beber. - Ele fala divertido pro Harry, ainda que surpreso e aceitando quando eu ofereço para ele. 

 - Então, vocês vieram aqui fazer o que? - Aparentemente, estávamos todos não contando com a presença do meu irmão e ele ali mudava os planos. 

 - Conversar? Beber? - Harry ia acrescentar mais alguma coisa, mas, felizmente, vejo Pen acertando a sua canela antes do "se pegar", que eu poderia apostar todo o meu dinheiro que era isso que ele iria falar. 

 - Entendi... - Uma boa palavra para descrever o momento seria "desconforto". 

 Escuto um suspiro do meu lado e não demoro para oferecer uma das garrafas menores para Zayn, que aceita de bom grado, bebendo o que eu achava ser uma mini garrafa de whisky, como se fosse água. 

 - Vamos jogar logo. - Louis resmunga, indo ligar o videogame e pelo menos colocando algo para fazer naquela cena, distraindo e quebrando o silêncio. 

 Niall, Liam, Pen e Louis vão primeiro, fazendo que eu e Zayn fossemos mais pro canto do sofá, dando espaço para eles jogarem. 

 Confiro se Liam está distraído e vendo que sim, muito até, olho para Zayn, que parece ter a mesma ideia que eu. Levantando sem fazer barulho e chamar atenção, ele me oferece a mão, nos guiando para a cozinha, afinal, ali teríamos a desculpa de ter ido buscar água ou algo para comer, já no seu quarto, não teria muita coisa que nos salvasse ou nos desse uma boa mentira. 

 A última coisa que eu vejo da sala e Harry levantando o soquinho ar, fingindo estar torcendo pro videogame e sorrindo para mim. Pelo menos eu sabia que se dependesse dele, ninguém iria naquela cozinha por um bom tempo. Tempo o suficiente, melhor dizendo.