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História Highway to hell - KaiSoo - Can't help falling in love


Escrita por: AsunaaS2

Notas do Autor


Gente, hoje é o dia do Suho voltar! Que saudade mds!!! Tô doidinha pra ver o Myeon de novo :')

Música do capítulo - Can't help falling in love - Elvis Presley (eu amo demais essa música, sério ❤)

Capítulo 21 - Can't help falling in love


Jongin estava paranoico. Leu e releu as páginas do velho livro e cada vez mais suas perguntas pareciam se multiplicar ao invés de sumirem, até que desistiu e os entregou de volta à biblioteca. Nada ali falava sobre amor verdadeiro, nada lhe explicava o motivo de ainda ser perdidamente apaixonado por Do Kyungsoo. A vida do Kim se baseava em ficar no seu dormitório esperando a dor passar e em desenvolver meios de provar sua teoria, ainda que a situação que seu corpo naturalmente lhe colocava não ser a mais adequada para que pensasse racionalmente. Dormia, acordava, comia, escrevia alguns pensamentos e nada! Nada tirava aquela dor insuportável de seu peito e nada fazia o Do sair de sua cabeça. 

Mas se não tinha as respostas nos livros, o que era aquilo que sentia? Será que esteve errado o tempo todo? Será que sua insistência estava retardando o final daquele doloroso processo? 

Se o amor verdadeiro existia ou não, não mais lhe importava. A única coisa que passava na cabeça de Jongin naquele momento é que tinha perdido aquele maldito último teste.

- Que se foda tudo isso! - bradou pegando seu casaco e saindo daquele cubículo antes que ficasse louco. Seu quarto, a um tempo tão bem organizado, agora refletia a bagunça que estava dentro de seu dono - Eu estou saindo.

- Para onde vai? - a recepcionista perguntou, levantando-se para ir atrás do anjo. O Kim se perguntava se ela não tinha nada melhor para fazer do que ficar de segurança na porta do Centro tomando conta da sua vida - você não pode sair até concluir o último teste. 

-  Eu não estou pedindo sua permissão - Foi duro. Seu tempo em um quase confinamento tinha lhe feito perder um pouco mais do seu bom temperamento angelical.

- Se você sair pode acabar indo atrás de Kyungsoo, e então eles vão te mandar para o vazio - ela tentou explicar mas não impediu que o maior fosse até a porta. Não se importava tanto com ele, afinal.

- É pra lá mesmo que estou indo, avise a quem quiser. Eu não me importo - Falou já passando pela porta e rapidamente se pondo a caminhar. 

- Ei, garoto! - Ela gritou do batente largo da porta do Centro de treinamento, chamando sua atenção por breves instantes - eu esperava mais de um anjo da luxúria, eles não costumam perder nesse teste, mas vá em frente! Eu não vou avisar a ninguém que você está indo, o próprio Kyungsoo vai. Ele vai te rejeitar de novo, anjinho, e vai fazer isso aí dentro doer ainda mais! 

Ela não fez questão de falar baixo, atraindo a atenção de alguns transeuntes que passavam e riram brevemente do surto do anjo por causa do amor que sentia. Não era a primeira vez que viam aquela cena e ela sempre terminava da mesma forma: com o próprio general denunciando o anjo apaixonado e mandando-o para o vazio como um perdedor. 

Não seria diferente dessa vez.

- É isso que vamos ver - Jongin sussurrou para si mesmo, dando as costas para aquela mulher e para todos aqueles que lhe observavam.

{...}

A casa de Kyungsoo nunca pareceu tão longe quanto naquele dia. Jongin notava que, apesar de não conseguir enxergar mudança tão grande em seu interior, seu exterior havia mudado bastante, tanto que não chamava mais tanta atenção nas ruas por sua aparência. Talvez fosse por causa da sua feição meio abatida ou pelas roupas totalmente diferentonas que roubou quando estava com Kyungsoo. Não se importava em saber, pois, de qualquer forma, tinha reprovado no teste. Desde que fosse expulso sem aquela dor dilacerante no peito e que pudesse ver o Do uma última vez, estava “tranquilo” com seu destino. Se sentiria mal pela promessa que fez a seu pai e por não poder ficar com Kyungsoo para sempre, mas de qualquer forma já não poderia, então gostaria pelo menos de se despedir (e se declarar) devidamente. 

Quando avistou a casa tão conhecida, seu peito se encheu de um calor energizante. Andou com pressa até a porta, batendo tão forte que poderia chamar a atenção de toda a vizinhança, mas aquilo não era relevante. Kyungsoo estava no quarto tentando pegar no sono mas não demorou a despertar imediatamente, num sobressalto, após ouvir as batidas, já imaginando do que se tratava. Não que esperasse por uma visita de Jongin, mas se seu amor ainda resistia, talvez o do Kim também estivesse ali, resistindo. Pelo menos era isso que desejava, ainda que não fosse falar abertamente. 

Levantou com pressa jurando que conseguia sentir o cheiro do outro tomar suas narinas (e não era por causa da camisa dele que tanto usava). Correu até a porta quase tropeçando em suas próprias pernas, agindo automaticamente, mas travou assim que tocou em sua maçaneta. A frieza do metal lhe trouxe de volta a vida real e sua mente gritou Que porra estou fazendo?”. Se afastou da porta tão rapidamente quanto se aproximou e sua consciência lhe tomou de imediato. Não poderia simplesmente se entregar ao que sentia.  

Estavam no inferno, haviam regras e punições severas para quem ousasse ultrapassá-las. 

- Vai embora, Jongin! - Falou firme. Sentiu uma pontada no peito ao dizer aquilo, como se seu corpo lhe punisse por sua resistência. O Kim só se sentiu mais decidido a falar com o general depois de ouví-lo.

Ah, aquela voz! Como Jongin sentia falta de ouvi-la falar consigo.

- Eu preciso falar com você - Voltou a bater. Não era preciso falar muito alto já que estavam tão perto, o mais perto em tanto tempo, e era quase uma tortura sequer se enxergarem apesar da pouca distância - Abre a porta, hyung.

- Não posso - Respondeu - você pode avisar a recepcionista caso já tenha passado no teste, e caso não tenha passado, ainda não pode me ver - sentiu seu interior se revirar. Tinha medo do outro já ter lhe superado, no fundo sabia que não, mas não sabia explicar o porquê de sua certeza.

- Hyung…- Falou quase se desesperando. Ouvir a voz do Do já era muito reconfortante, mas precisava de mais, precisava vê-lo! - Eu não consigo passar nesse teste.

- Jongin, por favor… - soou como um apelo. Se Jongin não desistisse do que quer que tenha ido fazer ali, o Do não saberia resistir a ele, mas precisava fazê-lo vencer aquela prova nem que para isso sofresse toda a dor do inferno - Eu não quero ter que te mandar para o vazio. 

- Eu sei que não quer, e eu também não quero ir, mas sinceramente hyung, eu não vou conseguir cumprir essa tarefa, então que seja! - Falou com uma convicção que assustou o general. 

O menor não poderia impedir caso o mais novo quisesse desistir, pois aquela era uma escolha dele, mas jamais conseguiria vê-lo indo embora, e depois de assumir para si mesmo o quanto estava apaixonado aquilo era mais claro do que nunca. No entanto, apesar de se sentir mal por ouvi-lo à beira de um colapso, também se sentia impotente. Se nem a si e a seus sentimentos conseguia controlar, não conseguiria o fazer com os do Kim, e acabaria agindo como no dia em que ele quase foi desclassificado e tudo que fez foi chorar e sair correndo. 

 - Soo, quando eu fecho os olhos eu vejo você, e se eu me concentrar muito eu até consigo sentir seu cheiro, seu toque… Quando eu durmo é com você que eu sonho, e quando eu acordo e você não está lá eu desejo nunca ter existido. Isso não vai passar, hyung! Eu tentei! Procurei respostas mas nada tirava de mim a dor da sua falta e nada me explicava o motivo de eu já te amar antes de toda essa merda. Eu já te amava muito antes, Kyungsoo! Eu não sei como e nem porquê, mas eu te amava e ainda amo. Amo muito mesmo! - Falou com todo seu coração. 

O general ficou calado durante o monólogo, se sentindo em pedaços por saber que aqueles sentimentos eram recíprocos mas que não poderiam vivê-los juntos. Era a primeira vez que o Kim dizia que lhe amava e tudo que Kyungsoo sentia era medo, pânico e vergonha. Medo de que aquilo saísse de seu controle (por mais que às vezes acreditasse que nunca esteve em seu controle); pânico de serem descobertos, separados, machucados e, por fim, destruídos; e vergonha - esse, talvez, o maior de todos - por não ser corajoso o suficiente para retribuir aquelas palavras em alto e bom tom. Não poderia dizê-las, pois era errado, mas ainda que pudesse, duvidaria de sua capacidade. Sua carapaça ainda resistia apesar de tudo. 

- Vai embora agora! VAI EMBORA, JONGIN! - Gritou com uma força que nem sabia que tinha - Você está delirando!

- Hyung, eu juro que só quero falar com - Foi interrompido. Kyungsoo chutou a porta com toda sua força, tentando fazer de tudo para tirá-lo dali. O anjo dentro de si clamava para que fizesse o contrário, mas ainda lhe restava um pouco de razão que pairava sobre seus bons sentimentos retraídos. 

Jongin se desesperou por completo e começou a bater na porta incansavelmente com os punhos cerrados enquanto chamava pelo seu nome. O general ignorou o maior, mesmo com lágrimas inundando seus olhos, pois por mais que doesse em si mesmo sabia que seria melhor para Jongin deixar passar aquela euforia e sentimento, afinal era esse o seu último teste e ele tinha que passar para seu próprio bem (e o de Kyungsoo). As súplicas do Kim vieram acompanhadas de choro e palavras doces, as quais diziam baixinho sobre seu amor através da madeira maciça, e a cada lágrima de Jongin era como se Kyung carregasse o peso de mais um pecado em suas costas. Era sufocante ter que mandá-lo ir, ter que ouví-lo tão desesperado, mas KyungSoo sabia que era isso que tinha que fazer. O mais velho estava disposto a tentar viver com aquele amor escondido, mas Jongin precisava esquecê-lo para poder ficar no inferno. O Do sentou-se contra a porta, sentindo as batidas fazerem seu corpo tremer junto a ela e seu cérebro lhe implorar para que desistisse daquela resistência idiota.  

- Hyung, por favor, abre a porta… - uma súplica.

Podia sentir a dor nas palavras do Kim. Sua voz embargada era o som mais sufocante que KyungSoo já tinha ouvido. Ele só queria ser um pouco menos racional e abrir a porta, como no fundo também desejava. Se fosse um pouco mais como Jongin, conseguiria facilmente dar razão aos seus sentimentos, entretanto, KyungSoo sequer se lembrava como era sentir antes de Jongin aparecer em sua vida. O Kim tinha lhe reacendido e lhe dado de volta uma força vital que a muito tinha descartado, e aquele era um grande problema para KyungSoo, que tinha lutado tanto para se desfazer de todos os seus malditos sentimentos. O tão severo General tinha falhado em sua única missão: seu trabalho era moldar o Kim para que ele também não sentisse, mas foi Jongin quem o modificou.

- Eu não me importo se quiser me denunciar, me mandar pro vazio ou simplesmente me mandar embora de sua casa daqui a alguns segundos… - Seu choro se tornou mais baixo e dolorido - Mas eu juro para você que eu não vou conseguir, hyung. Eu não vou suportar ficar longe de você! Eu sinto falta do seu corpo, dos seus beijos, da sua companhia, da sua risada, da sua mão na minha e até dos seus sermões. Tudo que eu olho em volta me lembra de você, desde as minhas roupas até uma garrafa de cerveja, o pôr do sol e o barulho alto daquelas músicas que tocam no bar - falou soltando um riso triste - Você tá sempre em tudo! As vezes eu sinto que já está em mim por inteiro e eu não tenho como escapar de você.

Não era a primeira vez que  Kyungsoo passava por essa situação, mas ter um trainee chorando aos seus pés nunca tinha sido tão doloroso. O Do tinha medo pois cada partezinha de si implorava para que abrisse a porta e sucumbisse àquele amor que sentia. Era cedo demais para já estar amando assim, e por isso sabia que tanto ele quanto o Kim já vinham criando esse sentimento há muito tempo. Sua noite juntos tinha sido apenas o ápice, a confirmação de um amor notório. Um amor que nasceu sem toques, sem malícia ou luxúria. Um amor que nasceu naturalmente, contrariando tudo que o Do conhecia. Um amor que deveria lhe lembrar de ChanYeol e lhe trazer memórias horríveis. Mas, com Jongin, apenas lhe fazia querer sentir mais a cada segundo. 

Queria poder dizer que, por mais impossível que parecesse superar aquele sentimento tão grande quanto nenhum outro que já sentiu, era isso que tinha que ser feito, por Jongin e por si mesmo, já que precisavam aprender a viver no inferno. O problema é que nem Kyungsoo acreditava ser capaz de superar Jongin, e a cada declaração do mais alto seu coração ficava mais apertadinho. Olhou para a sua mesa de centro cheia de livros sobre o amor dos anjos e anotações desconexas que havia feito enquanto estudava os exemplares, mas não havia nada sobre amor de verdade ali. No fim das contas, amor natural não existia naquele mundo e não seria o Do ou o Kim a inventá-lo, pois de nada adianta amar se não estiver vivo para sentir o seu amor.

- Eu não quero que me ame. Eu sei que você é um demônio e que não poderia me amar nem se quisesse. Eu só quero poder te ver uma última vez. Quero me despedir de você... - sua voz estava tensa, mas as palavras saiam perfeitamente. O Do sentiu-se gelar. - Eu desisto, General Do. Eu não quero mais passar por essa tortura.

O mais velho foi tomado por uma ardência desesperadora, como se o Kim estivesse escapando por suas mãos e estivesse ali, covardemente sustentado pela sua impotência diante daquela situação. Foi impulsivo, disposto a tentar de tudo pra fazê-lo ficar. Abriu a porta de súbito, mas nem conseguiu se mexer ao olhar para o mais alto. Jongin estava tão abatido quando o próprio general, mas nem por isso Kyungsoo deixou de vê-lo como o ser mais lindo que conhecia. Seus olhos tinham olheiras profundas e ele estava consideravelmente mais pálido, o que fez o Do se lamentar por amar tanto a pele dourada do outro. Seu rostinho cansado fazia Kyung ter vontade de afagar seus cabelos até que ele dormisse, e seus olhos tristes fizeram o general se sentir culpado por tirar deles o brilho característico. 

Jongin também lhe observou de volta. O rosto um pouco amassado por ter acabado de levantar da cama, os cabelos meio emaranhados e o corpo esguio escondido atrás da camisa que conhecia muito bem e que no outro quase parecia um vestido, mas aos olhos de Jongin aquele era o caimento perfeito e o Do estava impossivelmente lindo. Não entendeu muito bem o motivo do anjo a estar usando, entretanto, jamais iria reclamar daquela cena. Kyung notou seu olhar tão analisador e quando o Kim viu sua camisa, sentiu-se totalmente tomado pela vergonha. Teria fugido para trás da porta se o mais novo não tivesse lhe agarrado antes num abraço apertado. 

Foi instantâneo. Só de sentir de novo o calor e o toque um do outro seus corações pararam de lhes torturar, como se novamente estivessem batendo numa mesma sintonia. Um frio na barriga tomou ambos e as dores no corpo sumiram à medida que apertavam ainda mais o abraço. Kyungsoo escondeu o rosto no pescoço do Kim, quase se emocionando ao sentir seu cheiro tão de perto, e Jongin afagava os cabelos de Kyungsoo com um carinho desmedido, como se ele pudesse quebrar, mas apertava os braços em volta de sua cintura como se tivesse medo dele fugir de si novamente. 

- Eu desisto - falou novamente - Eu não consigo, General Do. E se eu não posso ficar com você nesse mundo, por favor, me tire dele. 

Kyung queria respondê-lo, mas o que diria àquilo? Sentiu um medo tremendo de não ver o maior de novo subir por sua espinha, e fez que "não" com a cabeça sucessivas vezes e se afastando para olhar Jongin nos olhos.  "Porque ele está sendo tão formal comigo?" , pensava, tentando achar uma explicação para o outro anjo não enxergar tamanho amor que também sentia por ele. O Kim não sabia que Kyungsoo já tinha sido como ele um dia, mas o general mantinha uma estranha esperança de que ele notasse a reciprocidade de seus sentimentos. Não poderia culpar Jongin já que nunca havia sido claro com ele sobre seu passado, porém, lhe incomodava saber que seu amor não era visto pelo outro. Desde o dia em que Jongin lhe mandou “parar de fingir” aquilo não saia de sua cabeça, pois se ele não enxergava seu amor significava que não formaram laços firmes. 

Pelo menos em teoria, mas o Kim era especialista em contradizer todas elas.

- Eu não vou te tirar de lugar nenhum - disse firme, se afastando para olhar fundo nos olhos do anjo e esperando que ele lesse suas íris. Não saberia usar palavras para dizer a Jongin que também estava perdidamente apaixonado por ele - Por favor, não vai… - dessa vez soou como um pedido.

O maior estava meio atordoado, já sentindo falta do menor em seu abraço. Ele estava um pouco distante e lhe observava como se sua vida dependesse daquilo. Seus olhos tinham um brilho triste e choroso, o que fez Jongin segurar seu rosto entre as mãos e acariciar sua bochecha com o polegar, completamente perdido na imensidão das pupilas negras e dilatadas de Kyungsoo. Se um dia perguntassem a Jongin o tamanho do universo, ele buscaria a resposta naquelas pupilas escuras. Saindo do transe, o anjo olhou em volta. A casa de cores amenas, antes tão bem organizada, exibia uma bagunça meio desesperadora, como se o dono estivesse ficando louco. As almofadas estavam espalhadas, o sofá lotado de papeis rasurados, bem como a mesa de centro, que além de tudo tinha várias canetas e 3 livros abertos, os quais o anjo imediatamente reconheceu. Eram os livros que falam do amor dos anjos. 

O que Kyungsoo, alguém já tão conhecedor desse assunto, queria com aqueles livros e rabiscos confusos, não foi muito difícil de adivinhar, ainda que fosse difícil de acreditar. Jongin já havia pensado em algum momento sobre isso, mas achava petulância de sua parte supor que seus sentimentos fossem correspondidos pelo demônio (que era seu superior, além de tudo). Era fantasia demais da sua parte, certo? Mas tudo naquele lugar dizia exatamente o contrário. Imediatamente a imagem clara do general em sua primeira noite juntos veio à tona: seus cabelos graciosamente embaraçados sobre o travesseiro, a forma como ele segurou sua mão com carinho e firmeza, o rubor de seu rosto que quase alcançava suas orelhas, a pele leitosa e lisa… Kyungsoo era a perfeita imagem do paraíso, mas quando pensou isso naquela noite não havia se atentado ao fato de que ele realmente poderia ter vindo de lá.

- Hyung… - voltou a fitar os olhos de Kyungsoo. Ele fugiria do olhar se seu rosto não estivesse sendo segurado pelo outro  - O que aconteceu aqui? 

O general morde os lábios como se impedisse que as palavras saíssem de sua boca. Ele quebrou o contato de seus olhos, mas foi incapaz de desfazer o carinho de Jongin em sua bochecha. Kyungsoo não sabia se queria se declarar ou chutar o outro porta afora e exigir dele que nunca mais repita que vai embora, mandando-o concluir o desafio a qualquer custo. Sabia que se escolhesse a primeira opção, estaria os condenando a uma vida criminosa, mas duvidava que a segunda sequer fosse uma opção, pelo menos da sua parte. 

- E-eu não sei… - foi o que conseguiu dizer - eu acho que estou enlouquecendo. 

- Enlouquecendo? - o mais novo falou e não censurou um sorriso soprado - Eu acho que sei o que você tem.

- Você… sabe? - uma ponta de esperança surgiu.

- Eu não tenho certeza, e se eu estiver errado você vai querer a minha cabeça, mas… você está usando minha camisa, essa casa está parecendo meu dormitório e você está lendo livros sobre o amor dos anjos que dizem tudo que você já sabe, porque foi você quem me ensinou - Disse se aproximando mais do menor, colocando as duas mãos em sua cintura e encostando suas testas. As pontas frias de seus narizes se tocaram e Kyungsoo não se afastou, ainda prendendo o lábio entre dentes. O Kim deu um longo suspiro antes de prosseguir, sua cabeça confusa como nunca antes - Por favor, me diz que é o que eu estou pensando.

O mais velho se sentiu derretendo com tamanha proximidade. Eles já dividiam o ar, mas não se olhavam nos olhos. Kyungsoo envolveu os braços no pescoço de Jongin, se sentindo totalmente entregue e despido de qualquer resistência que possa ter tido. Não foi preciso muito para Jongin abaixar sua guarda. Se sentia incapaz de dizer a ele com palavras, mas poderia dizer com ações, então juntou seus lábios num beijo calmo. Seus pelos se arrepiaram e não demorou até sua mão se enroscar nos fios castanhos de Jongin, apertando mais seu rosto contra o dele. O mais novo acariciava sua cintura e dava leves apertos que lhe faziam sentir borboletas no estômago e ardor em suas bochechas. Jongin sorria entre o beijo e sentia que todas as suas perturbações sumiram e seus pensamentos se reordenam como peças de quebra-cabeça, fazendo tudo ficar tão claro que se achava bobo por não perceber antes: Kyungsoo deixando ele se aproximar, cuidando de sua bebedeira, tocando sua mão, lhe levando a seu lugar especial, chorando quando quase foi eliminado e dizendo que gostava de si, se entregando a ele de corpo e alma quando dormiram juntos e, no outro dia, parecendo tão mais receptivo e sensível aos seus toques. Era tão óbvio agora!

Suas línguas se tocavam com intensidade, carinho e saudade. Aquele toque tinha gosto de primeiro beijo. Era puro demais, somente amor sendo compartilhado como uma inocência tamanha que era impossível notar que se tratava de dois anjos caídos. Kyungsoo desceu a mão pelos ombros largos do Kim e levantou um pouco os pés, apertando seus corpos e querendo se fundir a ele, e o maior respondeu ao pedido dando uma leve mordida nos seus lábios e passou a acariciar seu quadril por debaixo da camisa larga, onde podia sentir a pele quente do general contra a sua. O beijo lento lhes dava a ideia de estarem recuperando um pouco do tempo perdido, mas ele não deixava de ser necessitado, então logo já estavam separados e ofegantes.

- Você era um anjo, não é? - perguntou, vendo o outro acenar positivamente e abraçar seu corpo com força, escondendo o rosto. O Kim não saberia medir o quanto aquilo seria um problema para eles futuramente, naquele momento seu coração só sentia felicidade, pois isso significava que o Do era capaz de retribuir seus sentimentos - Isso é tão louco! É incrível! - falou dando uma risada leve que o general não entendeu. 

- Isso só torna tudo mais difícil - falou. 

- Não, hyung, isso mostra que a gente se ama de verdade e que somos maiores que tudo isso! - disse em resposta - Nós dois, anjos expulsos e excomungados, se encontrando como amantes numa terra de proibições. Me soa como um livro de romance e fantasia. E eu te amo tanto, Do Kyungsoo! Amo mais que todo o universo! E se você me amar de volta, nem que seja só um pouco, eu vou ser obrigado a mudar todo o mundo só para ver nosso final feliz na eternidade.

- Jongin… - falou com a voz um pouco embargada, sentindo um nó crescer em sua garganta. 

Romance e fantasia: 2 gêneros literários que tendem ao sucesso eterno ou ao fracasso fatal. Não que fosse pessimista, mas Jongin não era o único que tinha tido acesso à literatura terrena, e jamais desejaria que seu final com ele fosse com os dois mortos sob um vidro de veneno (metaforicamente, é claro). Não sabia exatamente o que dizer, mas observou os olhos do maior recuperarem o brilho com aquela declaração, e seu coração palpitou tão forte em resposta que jurou sentir sangue realmente pulsando por suas veias. Jongin tinha lhe feito um pouco mais humano, e aquilo nem era tão ruim assim. Kyungsoo sentiu tanto medo! Mas aquilo foi suficiente para decidir que lutaria contra tudo e todos se fosse para vê-lo assim, feliz, pelo resto dos dias da sua eternidade. Em sua mente, uma música que costumava ouvir no céu tomou seus pensamentos. Chanyeol, uma vez, a tocou num piano.

Wise men say

Only fools rush in

But I can't help

Falling in love with you

- Eu sei que não tem nada naqueles livros que prove nosso amor, mas eu sei que o que eu sinto por você é mais que verdadeiro - Jongin disse, desistindo de esperar mais que uma palavra partir do outro anjo -  E se os sábios desse lugar dizem que só os idiotas se apaixonam, me chame de idiota, porque eu não consigo evitar me apaixonar por você. 

Shall I stay?

Would it be a sin

If I can't help

Falling in love with you?

- Eu sei que se eu ficar com você vou estar cometendo um pecado, um crime, mas mesmo sendo errado eu não consigo evitar me apaixonar por você. 

Take my hand

Take my whole life too

For I can't help

Falling in love with you

- Eu só quero que você diga que me ama, que pegue minha mão e tome a minha vida inteira. Que a gente fique juntos para lutar por um amor que não está nos livros, ou nas escrituras sagradas, muito menos nas profanas, mas que eu sei que existe porque eu sou uma prova viva dele, e acho que você também é. 

Like a river flows

Surely to the sea

Darling, so it goes

Some things are meant to be

- Por que algumas coisas, hyung, simplesmente vão acontecer e a nossa existência é como o fluxo de um rio que sempre corre na mesma direção. Tudo está destinado e eu tenho certeza que você é o meu destino. Ainda que você não acredite nisso, eu sinto que estar aqui com você, nessa sala, é algo que vai nos fazer ser capazes de mudar tudo!

Kyungsoo sorriu, percebendo naquele momento o quanto ele era um bobo completamente apaixonado por Kim Jongin. Enxugou uma lágrima emocionada que quase alcançou seu queixo.

- Você é irremediável - finalmente falou - Você sabe o quanto isso é perigoso? 

- Eu não me importo! 

- E quanto aos riscos?

- Fugimos deles.

- E qual seu plano? 

- Eu não tenho um plano.

- Olha, Jonginnie - suspirou meio frustrado. Seu romance-fantasia havia iniciado do sem um roteiro. Péssimo presságio! - não podemos sair por aí de mãos dadas, exalando paixão, e esperar que as autoridades infernais aceitem nossa clemência que diz "nos amamos de verdade, eu juro!"

- Podemos continuar pesquisando - disse como se fosse óbvio.

- Não tem nada nos livros - rebateu.

- Não tem nada nesses livros - replicou.

- Tudo bem - falou somente para encerrar aquela discussão - Eu preciso de um tempo pra pensar. Que tal passar a noite aqui? Podemos decidir alguma coisa, ver o que faremos com… tudo isso - engoliu em seco, meio sem saber como chamar aquilo.

- Não posso, eu não passei no teste, lembra? - O Kim pontuou. Kyungsoo deu um riso soprado e roubou um selinho que arrancou um sorriso lindo e arrebatador do mais novo.

- Eu dou um jeito nisso - garantiu - mas não vou dizer que sim a seu plano doido e revolucionário antes de pensar bastante, okay? Precisamos pensar direito.

- Tudo bem, eu concordo - o maior respondeu com um sorriso enorme, satisfeito com o seu quase-sim. Agradecia a tudo por ter alguém tão racional ao seu lado. Eram o equilíbrio perfeito. - Mas será que já podemos dormir abraçados e trocar beijos? Não acho que sou capaz de te soltar nunca mais.

Kyungsoo riu. Uma risada boba, leve e verdadeira que, na verdade, só Jongin lhe arrancava. 

- Claro que podemos - respondeu, roubando mais um selinho e se prendendo mais ao abraço carinhoso - eu também não sei se sou capaz de te soltar. 

E então ficaram ali, parados e abraçados no meio da sala, demonstrando uma calmaria que divergia de seus interiores em chamas. Sentiam medo, euforia, raiva daquele mundo, mas acima de tudo sentiam amor. Depois de trocarem alguns (muitos) beijos, algumas (muitas) mãos e alguns (muitos) sorrisos, Kyungsoo se deu conta de que seu coração novamente havia lhe colocado numa armadilha subversiva.

Quem sabe fosse a revolução a sua maior semelhança com Jongin. 

{···}


Notas Finais


FINALMENTE esses dois juntos (ou quase juntos kk) VEIO AÍ!

Até uma próxima, pessoal~ ❤


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