História Histórias de Casal - Especial Valentine's dos animes - Coisa Linda - 01

Ela não conseguia controlar as próprias mãos. Não depois delas começarem a soar naquele frio.

Mas não era só isso. Estava farta de saber, não era nenhuma idiota, só passou tempo demais agindo ingenuamente e tudo que ela via agora parecia ser ele. Quando isso começou foi uma incerteza.

Algo de belo, mas algo de íntimo, como uma brincadeira graciosa nos olhos amêndoas preocupados. E dedicados a ela, só a ela, um encanto no sorriso que só ele sabia dar.

Ele pensava que ela estava divagando novamente sobre karuta ou qualquer coisa e antes que ela pudesse falar qualquer coisa, começou a chover. Uma atípica chuva de inverno. Ele virou-se para ela.

- Chihaya, vamos correr! - Ela assentiu e pegou involuntariamente em sua mão, e ele apertou suas palmas. Se dirigiam para seu apartamento naquele mesmo bairro. Um imóvel pequeno, mas só dele.

- Taichi… para onde estamos indo? - Ele não havia contado a ela sobre o apartamento ainda.

Deixada sem resposta, reagiu aproveitando a corrida em meios às risadas de ambos, que se sentiram novamente as duas crianças que um dia foram. Ah, e como ele amava o som de sua risada. E como ela admirava o movimento de seus cabelos levemente molhados.

Pararam quando já estavam protegidos pelo telhado do prédio. Ele procurou a chave nos bolsos e abriu a porta sem delongas. Depois de dizê-la para se sentir à vontade, ele seguiu para pegar algumas toalhas. Antes que ele pudesse se afastar, ela segurou seu antebraço e pediu num sussurro.

- Fique. Não vá. - Aquilo foi o cúmulo para ele. Não com ela à sua frente, em sua casa, levemente corada com e os olhos âmbares brilhando.

- Não faça isso comigo, Chihaya… sabe que eu- Seus olhos logo escureceram ao falar e ela o segurou mais forte e implorou com os olhos.

- Eu quero. Estou aqui, agora. - Ele não precisou ouvir mais nada. Segurou-a pelos cabelos claros e pousou a mão em sua cintura, que se moldou com o toque, como se fosse feita para ele. Ele baixou a cabeça e com as orbes semicerradas, a ponto de o mínimo movimento encerrar a distância. Não havia como não o querer.

Ela inclinou-se e se tocaram, numa dança silenciosa, e se encaixavam como uma enzima ao seu substrato, como duas peças iguais de uma maneira a envolver como uma música ritmada os dois naquele segundo.

Pare o tempo, ela pedia, enquanto suas mãos faziam carícias nas costas do rapaz, que logo aprofundou o beijo, trazendo ambos para mais perto. Ela podia ouvir as batidas de seu coração, que se igualaram às dela. Logo, os dois travaram uma batalha com as línguas, numa explosão de sentimentos tão única. Como ele queria estar ali, com ela, como ele aquele toque era tudo e nada.

Ele apoiou as mãos na parede atrás de Chihaya, ambos com falta de ar, e se encostaram nela, perdidos um no outro. Passaram-se dois minutos com os dois só trocando mais alguns beijos e afagos, até que ela apoiou a cabeça em seu peito sentindo o cheiro de hortelã, e, pela primeira vez naquele dia, ele corou, a abraçando forte.

- Eu te amo, Taichi. Obrigada por me esperar. - Ela não soube quando nem onde, mas não importava mais. Pois o porquê ela já tinha, e isso bastava.

“... Uma tempestade se aproxima, recomendamos aos cidadãos que não saiam até segunda ordem…” - O rádio pequeno chiou e ela ficou preocupada. Ele passou as mãos pelo cabelo liso dela.

- Diga a sua mãe que vai ficar na minha casa esta noite. - Ela assentiu, mandou a mensagem para a mais velha, que disse um ok diante da situação. Era só o Taichi, afinal, e ao mesmo tempo não era.

Foi o tempo dela voltar que ambos voltaram a se olhar com uma intensidade. Ele sentou ao lado dela, agora já com uma camisa branca e shorts. Como ele ficava lindo assim, ela mordeu o lábio inferior.

Estendeu uma muda de roupas para ela, que se trocou no banheiro, usando um blusão de agasalho e shorts como os dele. Prendeu o cabelo numa trança e seguiu para lá, para o lado do rapaz, que pegou sua mão e brincou com seus dedos finos.

- Chihaya, quer namorar comigo? - Os olhos dele olhavam para tudo menos ela, perdido. Ela sorriu, iluminando tudo ao redor.

- Quero ficar com você até se cansar de mim. - Ela brincou e logo abraçou seus braços, explodindo de felicidade. Como era só vê-lo como amigo? Ela não sabia mais.

Ele a beijou lentamente e saiu para fazer o jantar. Antes que pudesse se levantar e ajudá-lo, algo chamou a atenção. Em cima da cômoda da TV, uma folha amassada. Ela pegou-o esperando qualquer coisa menos isso.

Uma música; ou a letra dela. Foi o momento de seus joelhos tremerem e ele voltar com fatias de pizza.

- Espero que não ligue para pizza congelada, era só o que tinha e sei que deve estar com fome. - Ela virou os rosto para ele, sem se importar com a pizza.

- Quando iria me dizer que escreve músicas? Por que eu estou bem curiosa! - Chihaya encarou-o com os olhos brilhando. Isso seria uma das muitas coisas que, agora, poderia dividir com ele. Uma coisa só deles. Taichi se derreteu por dentro, levemente corado.

- Essa era especial. Eu não costumo escrever sempre, sabe… - Ele pegou um violão e começou, dizendo mentalmente que só faria aquilo uma única vez, pois aquele dia fora muito mais que perfeito. Ela achou a iniciativa surpreendente, pois sabia que seu - agora namorado - pensava muito antes de agir.

Linda do jeito que é

Da cabeça ao pé

Do jeitinho que for

É, e só de pensar

Sei que já vou estar

Morrendo de amor

De amor

Coisa linda

Vou pr'onde você está

Não precisa nem chamar

Coisa linda

Vou pr'onde você está

Foi difícil para qualquer um dos dois desviar o olhar naquele momento e Chihaya sabia, sim, que mesmo que se passassem centenas de anos, aquele momento estaria eternizado em seu coração. Mesmo que sua mente esquecesse completamente, o seu coração ainda bateria ao som da voz de Taichi.

Linda feito manhã

Feito chá de hortelã

Feito ir para o mar

Linda assim, deitada

Com a cara amassada

Enrolando o acordar

O acordar

A voz de Taichi era rouca e calma; comum em alguns tons e desafinava nas partes mais agudas, mas isso não importava nem um pouco para ela. O garoto era lindo de qualquer maneira, assim como ele dizia que ela mesma o era.

Coisa linda

Vou pr'onde você está

Não precisa nem chamar

Coisa linda

Vou pr'onde você está

- Eu te amo, minha pessoa linda.

Fim.