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História Hitotema - Uma vez. - A Tempestade


Escrita por: marianaAbruxa

Notas do Autor


Esse é o primeiro capítulo de outros oito, que postarei em breve.
Primeiramente agradecimentos, não é? Obrigada Débora por ler e me dar dicas, a Vi por ler e revisar meu texto e a Ana e a Aimêe por lerem e me aconselhar, mas meu real agradecimento e por mim mesmo, por não desistir. Por acabar dessa vez, acabar por conta própria e dignamente. Espero que essa seja a primeira de muitas das minhas histórias.
Eu estou realmente muito comovida por acabar minha primeira fanfic bem estruturada. Estou escrevendo desde Abril… bem, eu me sinto orgulhosa.
Como já disse essa história vai ter oito capítulos postados periodicamente sobre a relação de Sajou e Kusakabe e como ela evoluiu durante um ano vivendo em cidades diferentes. É uma história sem ápice, ela não tem um conflito, são apenas o cotidiano de um casal e suas dificuldades.

Por favor, caro leitor, leia com o coração asism como eu escrevi.

Obrigada desde já.
PS: Esse capitulo foi revisado pela gloriosa Vi! Obrigada de novo, Vi. O perfil dela é @Stellardust_sea dá uma olhada lá ;)

PSS: Esse romance foi escrito com o álbum Hitotema na orelha, por isso o nome. Ele é um álbum instrumental do Paniyolo que é super a vibe desse texto.
Fique avontade pra escutá-lo.

Link Spotify: https://open.spotify.com/album/0ZMzw4k6orFVEpA4heVMUB?si=RZAfK_a7SxC3O91-lQi7Xg

Link YouTube: https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kg8GXrUX6bYTzhGgHTUVR-AZd6_VOJaWU

Capítulo 1 - A Tempestade


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 1

Era a noite mais fria de janeiro em Quioto. O inverno mal tinha começado, mas já estava congelando. Tentar qualquer coisa nessa casa sem aquecedor parecia loucura, mas mesmo assim minhas mãos entraram debaixo do suéter e de outra blusa de algodão que Sajou vestia. Sua barriga contraiu ao sentir meus dedos.

— Gelado.  — Ele reclamou, quase que inaudível antes que eu o beijasse. — Hm… eu disse "gelado". — Falou mais alto, movendo a cabeça pro lado. 

— An? — Eu me afastei e ele empurrou minhas mãos pra fora de sua roupa. — Gelado?

— Esquenta suas mãos antes.

— Esquentar?

— É, tipo, friccionar.

Eu as esfreguei um pouco uma na outra e voltei para sua pele, ele se encolheu de novo, mas não protestou. Unimos nossos lábios mais uma vez. A cada suspiro eu me aproximava um pouco dele. Nossa posição não estava muito boa para se beijar... Eu sentado de pernas cruzadas inclinando para alcançar sua boca e ele parado, sentado em cima dos joelhos.

— Melhorou?

Porcaria, porque tinha que fazer frio justo quando eu vinha visitá-lo?

— Está… igual. — Entre um beijo e outro. Ele saiu de cima das suas pernas e sentou mais perto. Consegui puxá-lo e colei nossos troncos.

A louça suja ainda estava sobre a mesa, assim como o resto de álcool que bebemos. Por causa do frio e também para comemorar que finalmente tínhamos nos encontrado, depois de dezembro inteiro. Eu vim de Tóquio pra Quioto de moto, era uma viagem longa, mas já havia me acostumado depois de um ano indo e vindo.

Ele finalmente me tocou com suas mãos — que também estavam frias —, por baixo do meu cabelo e apertou minha nuca suavemente. Sua boca tocou a minha de novo enquanto minhas mãos deslizavam por sua pele.  Subiam e desciam por todo seu dorso, isso fez com que sua blusa subisse pelo menos dois palmos deixando suas costas e barrigas desprotegidas.

Meu corpo empurrava o dele para trás delicadamente, para fazê-lo deitar sobre o chão. Ele apoiou os braços no chão pra não cair de vez e abriu espaço pra minha boca em seu pescoço. Quanto mais eu beijava sua pele, mais inclinados ficávamos.

— AH!  — Gemeu quando sua pele encostou no chão frio. Ele arqueou suas costas e puxou a blusa que outrora eu levantei. — Está muito frio!

— D-desculpa! — eu me afastei e nós dois sentamos no chão de novo. —  Você quer parar?

— Não… — ele arrumou os óculos tortos no nariz — vamos só subir pro quarto.

— Vamos!!! — Eu me levantei e ajudei ele a se levantar também, puxando sua mão.

-

  Saindo de cima do meu colo, Sajou caiu leve sobre o futon, quase flutuando de tão devagar. Eu deitei ao seu lado em seguida. Seu tórax subia e descia ofegante, junto comigo, mas só meus olhos estão abertos. Eu podia fazer tudo de novo agora mesmo, mas ele parecia bem cansado. Via seu cabelo grudando na sua testa suada mesmo com o frio da madrugada, seus olhos fechados contraídos, sua face rubra…

Fazia um ano que vivíamos em cidades diferentes. Ainda era estranho pra mim. Quando ele foi embora eu tinha certeza que não aguentaria, mas aí se passou um mês depois, dois meses, depois um ano inteiro. Eu já vim visitar ele, uma, duas, três, cinco, dez vezes... e agora é normal morar longe.

 Nos falamos quase todo dia por ligação. No início era estranho porque o Rihito ficava muito tempo calado, mas depois virou uma parte da rotina. Ele fala e ri comigo na linha, quando está de bom humor.  Esse novo normal é assustador, porque nos adaptando até que bem demais. Parece tudo bem estar longe. Só quando estamos longe, porque quando eu venho visitá-lo e posso sentir o calor da sua pele parece tão impossível viver outra cidade.

— Rihito…

Agora somos Hikaru e Rihito e não mais Kusakabe e Sajou. Confesso que no início eu me esforçava pra falar "Rihito", sempre acabava falando "Sajou" uma vez ou outra, mas agora já me acostumei.

— Hm?

— Eu… — eu não sabia o que dizer. Eu só falei o nome dele porque senti a necessidade de dizer seu nome, mas não tinha nada pra falar realmente. — Eu… estava lembrando muito da nossa época no colegial. — Improvisei. Seus olhos se abriram e encontram os meus, sem seus óculos ficavam diferentes do habitual. Ficavam menores e mais brilhantes, e mais castanhos.

— É? — Ele levantou seu tronco procurando seus óculos ao redor do futon. — Onde eu os deixei?

— Quer que eu ajude a procurar?

— Não, tá tudo bem. — Ele desistiu de procurar, cobrindo os nossos corpos nus com o edredom. Eu me aconcheguei aliviado, mesmo que minutos atrás estivéssemos suando. Era só parar de se mexer que o frio se instalava. Acho que nevaria amanhã ou depois.

— Eu passei na frente do nosso colégio semana passada. Está idêntico... Eu fiz o caminho até seu cursinho de moto para lembrar quando a gente ia a pé...— eu sorri e ele também. Foi assim que começamos, não foi?

Aproximo-me e enrosco nossos pés, que fugiram do edredom, nós os encolhemos de imediato. Minha mão foi para em sua orelha, delicadamente acariciando com as costas dos meus dedos.

— Lembra a gente na sala de música…

— Argh… — soltou uma lamúria e esfregou o rosto no travesseiro. Acho que não gostava de falar sobre a nossa primeira vez e eu não entendia o por quê.

— Foi um momento bom. — Meu corpo subia sobre o dele devagar e eu esparramava minhas mãos sobre seu tronco.

— É verdade. — Ele disse enquanto esperava eu tomar uma atitude.

— Quando você se apaixonou por mim?

— Quê? 

— Quando você se apaixonou por mim?

— No segundo ano… — Disse o óbvio.

— Tá, mas quando?

Ele respirou e desviou os olhos pensando.

— Acho que… só percebi nas férias de verão. Nas primeiras férias. — Falou depois de um tempo.

— Eu me apaixonei quando te vi a primeira vez.

— Isso é impossível. — Ele respondeu, talvez estivesse meio constrangido.

— Rihito, me beije. — Pedi e ele suspirou. Hesitou antes de se erguer e me beijar. Seus lábios eram muito secos e descascados, deve ser o ar de Quioto, fazia cócegas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 3

 

O ar soprava e o chão rangia. A arquitetura da casa fazia o vento assobiar. Seria bem aterrorizante se já tivesse escuro, mas não eram nem 16h ainda. Sajou nem parecia se importar com os barulhos, cochilando sereno nos meus braços.

Eu trouxe um futon para o andar de baixo e deitei ao lado da mesa que Sajou estudou a manhã toda. Nós almoçamos e ele veio se deitar junto comigo.

Já estávamos deitados aqui fazia horas, sem dizer nada, sem fazer nada. Dormíamos, acordávamos e dormíamos de novo. Estava três graus lá fora, não tinha como fazer qualquer outra coisa. Sajou se virava de costas e eu mudava meu braço de posição, porque formigava. Ele se espreguiçava e eu me deitava de bruços. Apenas isso.

Acariciei seus cabelos macios pra cima e pra baixo, enquanto ele dormia. Seus fios se assanhavam pelos meus dedos. Era um cabelo fino e sem muito volume. Cheirava bem, tinha o cheiro normal do Sajou.  Gostava da sensação do cabelo dele na minha mão, era suaves e dava pra enfiar os dedos sem enroscar.

O vento carrega alguma coisa, que bate no telhado da casa. Foi um barulho alto. Espantei-me e Sajou acordou assustado (seus cabelos bagunçados estavam engraçados). Ele levantou seu tronco e caçou seus óculos.

— O que foi isso?

— Foi só o vento.

— Será quebrou alguma coisa?

— Vamos subir amanhã no telhado pra ver. — Sugeri. Ele esticou as braços e pernas, se espreguiçando, e soltou um murmuro arrastado. Voltou a se deitar. — Se o tempo continuar ruim eu vou ter que ficar mais uma semana.

— Eu não quero que você vá pra Tóquio. — Respondeu. Eu não gosto de vê-lo assim. Eu sei que ele não gostava de me ver ir e isso é tão nítido. Ele não dizia e raramente chorava, mas sua expressão era inconfundível.

Tirei o seu cabelo da sua testa e me aproximei de seu rosto, despretensioso. Senti o ar quente de sua boca... Ele fechou os olhos devagar e inclinou seu queixo pra cima. Toquei seus lábios secos com os meus úmidos. Meu selinho não durou muito, mas sua expressão amuada desapareceu.

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 4

— Eu acho que uma telha soltou. 

— Será? — Ele me perguntou. Ele se enrolava na própria blusa, se protegendo do frio.

— Acho que sim, isso sempre acontecia na minha casa, quando eu era pequeno. — Eu olhava pro telhado na ponta dos pés no quintal dos fundos de Sajou. O vento só parou hoje cedo, então pudemos ir olhar. Hoje estava mais quente que os outros dias também. — Têm martelo e pregos aqui? E uma escada também?

— O quê? Quer dizer, não precisa subir lá. Eu posso chamar o seguro.

— Não é tão difícil como parece. Se não arrumar isso, seu quarto vai encher de goteiras.

Eu acho que ele não se agradou muito com ideia, mas vamos lá... Eu gostaria de poder fazer algo assim por ele.

Sajou acabou cedendo. Pegou uma escada, tábuas e ferramentas. Colocamos a escada apoiada em um parede da casa. Eu tirei meus tamancos de madeira para escalar os degraus enquanto Sajou segurava ela para ficar firme,  não era uma casa tão alta. Eu consegui ver as telhas soltas, arrancadas brutalmente, algumas tinham quebrado, mas outras conseguiria martelar no lugar.

— São as telhas mesmo! — Disse satisfeito. Ele me passou as tábuas e o martelo, era difícil pegar as coisas e se equilibrar. Tinha que me mexer muito para pegar. Por isso a escada se inclinou para trás.

— Kusakabe! — Gritou Sajou empurrando firme a escada.

Exclamei e movi meu corpo contra o sentido da queda agarrando no telhado. Estava estabilizada novamente.

— Haha, Consegui! — comemorei.

— Por deus, tome cuidado!

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 6

 

Estávamos sentados na mesa tomando café, já era noite. Nós não falamos nada por um tempo, Rihito não parecia se importar. Eu também não me importava, acho. Eu li em algum lugar que você sabe que ama alguém quando pode viajar por horas de carro e não sente a necessidade de conversar. Eu não sei se sentia necessidade de conversar, mas não estávamos num carro, nem viajando, de qualquer forma.

Estiquei meu pé e procurei a perna dele. Ele estava sentado em cima dos seu pés com as pernas cruzadas no chão. Toquei seu joelho com a sola de meu pé, era a única coisa que estava disponível.

— É amanhã. — Disse.

Ele olhou para baixo, hesitou um breve momento. Sua expressão era triste, eu sabia o que era. Ir embora era a pior parte. Eu preferia brigar do que ir embora, quer dizer… brigar também era bem ruim.

 — Que horas você vai?

— Depois no almoço.

— Não vai passar frio na estrada? — Ele levantou a olhar tirou os pés de baixou de sua coxa. Eu guiei o meu pé para o dele, ele estava de meias. Esfreguei nossos pés carinhosamente.

— Vou me agasalhar. — Seus olhos brilharam, dava para ver mesmo com seu óculos meio embaçados por causa do vapor do café que subia. Eles pareciam que transbordariam a qualquer momento.  — Você vai chorar?

— Não.

— Pode chorar comigo.

— Mas não vou chorar.

Não desviamos o olhar por um tempo, nem piscamos. Eu sabia que ele queria chorar. Eu queria que ele chorasse. Eu quero que ele seja vulnerável. É mais fácil consolar do que olhar pra sua cara seria.

— Eu venho mais rápido da próxima vez... Eu vou aproveitar qualquer brecha para vir para cá mesmo que seja por apenas uma tarde.

— Kusakabe... — fechou os olhos e massageou sua própria nuca enquanto eu fazia promessas que não podia cumprir.

— Fale Hikaru. — Pedi. Ele estava acostumado demais a falar meu segundo nome.

— Hikaru.

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Obrigada por ler ;)))))))
Me diga o que achou! Criticas? Elogios? Estou ansiosa para ouvi-los.


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