História Hogwarts - Uma outra História - Dolohov - Vale dos Ventos

Era o dia da chegada do professor de poções, naquela semana Helena aprenderá não só mais matérias, mas também a preparar chá e até a cozinhar, Lupin não passava bem, por mais que se esforçasse para não demonstrar, então como uma forma de retribuição, a garota tomou conta de algumas tarefas, já que seu professor e tutor conseguia apenas revisar as atividades da mesma. Naquela manhã o homem estava suando frio quase febril o que fez Helena se preocupar, ela estava levando um chocolate quente para o mesmo, logo ia escurecer e ela já tinha feito todas as atividades daquele dia. Por algum motivo Remus trabalhava incansavelmente no porão da casa desde que os dois chegaram. A xícara que levava quase caí das suas mãos quando vê no meio da sala o homem carrancudo de frente ao seu protetor, ele estava com um olhar nada agradável e disse aos sussurros:

-Dumbledore estava louco de deixar logo alguém como você cuidar de uma criança.

Helena se armou e foi para frente, deixou a xícara com um sorriso na mesinha do lado da poltrona que Lupin praticamente jazia, se virou para o outro e entre os dentes lhe respondeu. -Aqui não há nenhuma criança Snape. E Dumbledore não teria escolha melhor a fazer senão Lupin. Se há algo que lhe incomode fale para o próprio...

-Professor Snape para você garota. -Ele disse ríspido a olhando de cima.

-Lhe chamarei de professor quando estiver dentro dos limites de Hogwarts. Mas lembre-se que agora está na minha casa. E para você é senhorita Dolohov, sob este teto.

O outro paralisou com a resposta afiada da mesma, olhou para Lupin que assoprava o chocolate quente com um sorriso nos lábios, fingindo que não estava ali. -Vejo que ensinou bem o modo que você e seus amiguinhos agiam antes. -A garota olhou confusa, mas ainda se manteve-Me pergunto se contou a ela, ou ficou desesperado por ajuda.

-Se qualquer forma eu sei Snape. Como você mesmo disse Lupin me ensinou muito bem a ponto de eu saber sobre a licantropia.

Remus que até agora permanecia quieto se exaltou e pareceu morder a língua -Sabe?!

-Sim! Além dos livros, eu notei desde o início às suas marcas. Por um tempo eu não sabia os dias exatos e me indicava pela lua, então decorei o calendário lunar com as fases. Como, quando chegamos aqui o senhor estava exausto e fazia um dia da lua cheia ter atingido o ponto, e isso me fez deduzir aos poucos.

Ele sorriu, e ainda sentado botou uma das mãos no ombro da garota – Peço desculpas não ter contado. Mas acho maravilhoso ter descoberto por si só, estou realmente orgulhoso. – A garota sorriu junto, enquanto Snape parecia revirar os olhos com a cena.

-Ao todo, trouxe a poção e já ficarei para não deixar você fazer besteira como da última vez. Enquanto isso a senhorita fará a prova.

Desta maneira os três se acomodaram, Remus bebeu a poção que não parecia nada boa e logo revirou a xícara de chocolate quente. A mesa de jantar se transformou numa bancada de poções. Snape deu uma lista com quatro poções sendo essas: poção de cura para picada de aranha, cura furúnculos, poção do esquecimento e poção Wiggenweld. Helena então começou os estudos junto com preparo da lista, tinha ali tudo que precisava, e olhou para a figura que apareceu ao seu lado enquanto Snape estava de costas vendo os ingredientes de sua maleta. Lupin se apoiou com uma mão na cadeira e a outra na mesa e se agachou até o ouvido da garota.

-Vou tentar aplicar um feitiço silenciador na sala, mas caso escute algo ignore e não desça por nada, entendeu? – A mesma confirmou com a cabeça – Ótimo. Snape não vai deixar nada ocorrer se algo der errado, coisa que não vai acontecer. Se concentre nas provas certo? – Ele sorriu e mexeu nos cabelos da mesma, que só acompanhou com o olhar o tutor ir até a porta que dava para o porão.

Já estava na segunda poção quando Snape saiu das escadas que davam ao porão, ele olhou para onde as poções estavam sendo preparadas e notou o olhar da garota para a porta, ignorando que ele estivesse ali. Nada foi escutado, o que queria dizer que um dos dois homens tinha posto o feitiço. Snape foi até a primeira poção, que estava num frasco e a examinou, fez suas anotações e parou do outro lado da mesa observando Helena preparar o segundo, era uma bagunça a mesa, os ingredientes e apetrechos misturados em volta no caldeirão, ela estava demasiadamente próxima as chamas e fazia várias coisas sem medir, aquilo o deixou indignado.

-O que pensa que está fazendo Dolohov?! Pretende causar o reverso da poção?!

-Não senhor. -Ela respondeu calma sem olhar para o mesmo, ela se sentia naturalmente sabida daquilo. Fazia as coisas no olho, mas ainda checando o livro. Logo ela estava praticamente acabando a segunda poção, enquanto o professor andava de um lado para o outro a observando. Ela coloca em outro recipiente e o entrega. O homem novamente avalia tudo, e ergue uma das sobrancelhas, certo novamente, mas não deixou de anotar sobre a bagunça da mesa.

-Arrume tudo e comece o terceiro. -Ela se virou e foi em direção ao porão.

Helena arrumou e mesa e limpou o caldeirão, amarrou seus cabelos e voltou a mesa, novamente colocou em ordem o material, releu o livro do terceiro ano com as instruções, mas sua atenção foi novamente até a porta do porão que estava com a porta encostada. Talvez Snape não tivesse botado ao descer, e se ela fosse ali só para escutar? Afinal Lupin tinha posto uma segunda porta depois das escadas, então ela teoricamente estaria protegida, era só a carranca viva não a ver, talvez se conseguisse ver poderia ser uma forma dela ajudar o mesmo. Respirou fundo e foi até a porta, a abriu um pouco mais e olhou para baixo, a segunda porta estava aberta e dava para ver metade do Snape, o feitiço silencioso possivelmente tinha sido posto somente na primeira porta, então ela pode escutar, caminhadas pesadas de um lado para o outro. Se lembrou então que talvez a poção não tenha o mesmo efeito, já que o 'mata-cão' deve ser tomado durante a semana que antecede a lua cheia, um aperto no peito surgiu, aquilo não era o suficiente e talvez por isso ele tenha reforçado o local. Sentiu um aperto no braço e foi levada para longe da porta, era Snape, que a olhava com um ar severo.

-O que pensa que está faz...-Antes que ele pudesse terminar foi empurrado para o lado com força e então Helena notou a figura grande perto de si. Era a forma lobisomem de Lupin e não era algo bonito de se ver, ele chegou perto com seu focinho, a garota estava paralisada e olhou para Snape, ele ainda no chão colocou o dedo na boca fazendo sinal de silêncio e puxou sua varinha, ela olhou para a criatura que tocou o braço pelo qual fora puxada, então entendeu.

-Eu estou bem Remus. Está tudo bem. – Quase se tremendo, sorriu e, parecendo entender, se virou para Snape e depois para a garota, ela conseguiu ver os olhos de seu tutor quando as pupilas diminuíram, ele então voltou para dentro. Snape se levantou e apontou a varinha fazendo as duas portas fecharem. Se virou para a mesma e não demonstrava nenhuma emoção normal.

-O senhor está bem? Ele não lhe...

-Terminará as provas amanhã. Vá para seu quarto por hora e descanse.

Helena girou os calcanhares quase que automaticamente, aquilo fora demais para ela também, que entrou em seu quarto e demorou para cair no sono, sua mente não parava a provocando pensamentos e emoções que eram antes desconhecidas. Um temor percorreu seu corpo, mas quase que num estalo, adormeceu.

[...]

Acordou como se tivesse levado uma descarga elétrica, ainda de pijamas desceu as escadas e viu Snape da sala de jantar, já arrumando a mesa para as próximas poções, passou correndo pelo mesmo, escutando um resmungo de que ela tinha acordado tarde, foi até a sala e pelas janelas o viu. Correu para os jardins da frente, Lupin teve tempo apenas de escutar a porta e se virar até ser atingido pelo abraço caloroso da garota, ela estava com o rosto enterrado no seu casaco, ele retribuiu o abraço.

-Não deveria estar aqui fora sem calçados e vestida assim, vai pegar um resfriado.

-Que seja! – Ela levantou o rosto e o olhou, ele sorria como sempre e tinha o mesmo olhar da noite anterior.

-Vamos para dentro antes que Snape consiga soltar raios pelos olhos. – Isso fez a outra rir, Snape estava mesmo observando a cena por uma janela do quanto. Assim que entraram Helena notou que o tutor ainda não estava totalmente recuperado da noite anterior, mas fez o que ele disse, subiu, se arrumou e logo estava terminando o café correndo.

Se pôs em frente à mesa, o caldeirão e demais ingredientes das poções estavam ali, numa das pontas estava alguns pergaminhos e uma pena. Helena não ligou muito e começou a fazer a poção. Snape estava sentado próximo a observando, enquanto Lupin uma vez e outra passava como se não quisesse nada, para poder ver como a garota ia. Depois de horas ela terminou, passou a mão na testa que escorria suor e sorriu para sim mesma, Snape fechou seu livro e foi até a mesa, olhou ambas as poções e fez algumas anotações, então ele encarou a garota por um tempo, mas logo voltou sua atenção as mesmas poções revisando tudo.

-Pois bem, irei mandar suas notas para Hogwarts. E, diga-se de passagem, que acertou todas.

-Sorte de principiante professor.

-Até demais senhorita.

Helena saiu da sala depois de limpar tudo e foi até os jardins da parte de trás da casa.

-Como foi?

-Passei!  - Lupin abriu um sorriso e riu dos pulinhos que a garota deu – E agora?

-Vamos esperar suas notas das outras provas, e assim que vier vamos comprar o que é necessário.

-Beco Diagonal? Estou muito curiosa para conhecer tudo.

-Pelo jeito tem lido bastante.

A tarde se passou mais tranquila que o normal, em horas os resultados das provas chegaram por carta, Lupin puxou a carta e esticou o braço para cima, não deixando outra pegar, o que fez Helena se aproximar e segurar nele enquanto pulava tentando pegar a carta. No final o próprio abriu a carta, já que Snape olhava reprovando a brincadeira dos dois, ele a leu então, tinha passado com maestria na sua grande maioria, as únicas matérias que não tinha ido tão bem foi Herbologia e Transfiguração, mas aquilo parecia ser o de menos. Ela suspirou aliviada e se enterrou no sofá, estava tudo certo para ir para Hogwarts e sua vida parecia seguir bem até demais.

-Por conta disso vou buscar um jantar especial – Disse Lupin pegando seu casaco e sendo verdadeiro como sempre, ele era péssimo na cozinha. Com isso piscou para a garota e saiu.

Estava somente ela e Snape na casa, Helena comia uma maça ainda relendo a carta, observou Snape sentado do outro lado ainda lendo o mesmo livro, riu sozinha e ficou de bruços no sofá encarando o mesmo, que percebendo a ignorou.

-Não vai me dar os parabéns Snape?

Ele a olhou por cima do livro – O que disse garota?

-Me. Dar. Parabéns. Por. Ter. Passado. –Ela disse pausadamente – Eu sei que não acreditou em mim para as provas.

Fechou o livro com certa força -Nunca disse isso.

-Mas pensou. Admita.

Snape suspirou e se arrumou na poltrona encarando a outra – Como seu futuro professor, não poderia esperar menos de você.

Helena fingiu ficar de queixo caído, e logo abriu um sorriso para Snape, que ao ver a cena deixou o canto dos lábios se levantarem num sorriso de canto, então como se voltasse a si, se levantou se subiu as escadas. A outra não ligou muito, mas reparou numa coruja bicando o vidro da janela, se levantou e abriu, pegou a carta que estava com o animal, que logo saiu voando. Pensou em levar a carta até Snape, mas viu que estava endereçada para a mesma, se sentou no ultimo degraus da escada e abriu a carta.

“Cara Helena

Venho por meio desta lhe dar os parabéns pelas notas extraordinárias que tirastes. Imagino que, se nenhum preparo antes tenha concebido as aprovações, será uma ótima aluna em Hogwarts.

Espero poder te ver e dar boas-vindas no dia tão aguardado.

Do seu amigo e agora futuro Diretor

 

Alvo Dumbledore. “

Ela sorriu e subiu as escadas correndo, sabia que possivelmente Snape estava de saída, e queria lhe devolver as vestes que tinha sido emprestada a ela. Andava rápido relendo a carta em suas mãos, quando bateu de frente com algo, e caiu. Abriu seus olhos com o baque no chão e viu a maleta do homem aberta no chão, junto com o mesmo que balançou a cabeça negativamente. Se levantou mais que depressa, e pegou a carta.

-Precisa de ajuda?

Snape a olhou – Seria ótimo já que foi você que causou isso.

-Tinha certeza que precisava. – A garota deu um olhar divertido e superior que nem o outro fazia.

-Foi para isso que se ofereceu então? – Ele disse entre os dentes.

-Não. Acredite, não sou estupida suficiente em oferecer ajuda se não tenho a intenção de fazer isso. – Ela observou o outro que só faltava lhe lançar alguma maldição, com um sorriso nos lábios se agachou e começou a recolher algumas coisas, mas em menos de um segundo, o que estava no chão sumiu, e escutou o barulho da maleta se fechar, ao levantar a cabeça viu o outro guardando a varinha, com um ar debochado.

Helena se levantou e foi à frente do mesmo, o encarou feio ao notar que o outro par de olhos lhe percorreu. – Já não está na hora de ir, professor?