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História Hold - One


Escrita por: mcguinessmile

Notas do Autor


História inspirada no livro "Procura-se um marido" da Carina Rissi.
Boa leitura :3

Capítulo 1 - One


Eu estava arrasada. Minha avó, Dona Carmem, minha única família, estava morta. MORTA.

Um terrível infarto havia tirado até mesmo minha avó de mim. Como se já não bastasse a falta de meus pais.

Recebi muitos abraços ao fim do enterro, todos me diziam como vovó Carmem havia sido uma mulher generosa e boa. Lauren, o braço direito de minha avó e sua advogada  na Detroit Eyewear, a famosa empresa fabricante de óculos de Sol e armações, me deu um abraço apertado. 

- Como se sente, querida?

- Cansada, só quero ir para casa.

- Eu entendo, querida. Mas, infelizmente, sua avó deu ordens expressas para que o testamento fosse lido logo após o enterro. - ela disse me lançando um olhar compadecido.

- Não pode ficar para outro dia? - suspirei.

- Infelizmente não. Vamos até a mansão e lá nós lemos o testamento.

Entramos no meu carro e imediatamente o piloto automático foi acionado. Entrei pelos fundos e estacionei o Audi na garagem espaçosa, indo direto para a porta da cozinha.

Encontrei Brittany, minha melhor amiga, conversando com Luli, minha cozinheira e a mais antiga empregada da casa. Ela me conhecia desde bebê e era como uma confidente pra mim. Foi a própria Luli que encontrou vovó desacordada no chão da biblioteca e acionou a ambulância.

- Oi - disse á Brittany, me jogando na cadeira ao seu lado.

- Seu café está quase pronto - ela disse fazendo um cafuné em minha cabeça.

Me lembrei da presença de Lauren quando a própria pigarreou, balançando o testamento de vovó e me lembrando de meus deveres.

- Vem, Britt, vamos ler o testamento e eu não quero estar sozinha nessa hora. - eu disse, puxando minha amiga até a sala de estar.

- Vamos lá, amiga. Vai dar tudo certo!

Nos acomodamos no grande sofá e Lauren se endireitou, fazendo a pose de advogada séria.

- Bom, como você sabe, sua avó deixou um testamento.

Vovó havia instruído Lauren para que cuidasse de tudo até que o testamento fosse aberto.

Eu queria ir para o quarto ouvir as histórias da Brittany, coisas que pudessem afastar aquela saudade que eu sentia de abraçar minha avó, e mais que tudo, de suas broncas.

- Cumpridas as formalidades, vamos à leitura do testamento – Lauren assentiu para si mesmo.

Dei de ombros. Já fazia ideia do que tinha ali. Eu era a única herdeira viva e, Diana, Fred e Luli os empregados mais antigos da casa, também deveriam ter sido deixados em bons lençóis. Os três trabalhavam para a família desde que eu me conhecia por gente. Uma vida de dedicação. Mereciam seja lá o que fosse que vovó tivesse deixado a eles.
             Lauren pigarreou antes de começar.

 

- Eu, Carmem Doroty Shaper, encontrando-me em minhas perfeitas faculdades mentais e emocionais, livre de qualquer coação deliberei fazer este meu testamento – ela iniciou naquela linguagem chatíssima de advogado – no qual expresso minha última vontade, tendo como única descendente viva a senhorita Ísis Rebecca Lopez Shaper, americana, solteira, filha de Dan Carlton Shaper (americano) e Kate Amber Lopez Shaper (brasileira)  – e blá-blá-blá.
      

Minha avó deixara poupanças generosas para seu trio de empregados fiéis, como eu suspeitara, e o restante, ao que parecia, seria destinado a mim. Não que isso tivesse importância. Eu não ligava para a fortuna. Nunca liguei para grana. Eu só queria vovó de volta. Trocaria sem pestanejar todo aquele dinheiro por mais um tempo com ela.

- Contudo, devido à incapacidade da herdeira de cuidar de si mesma, instituo como curadora da totalidade de meus bens a senhora Lauren Hernandez e, como presidente das minhas empresas, o senhor Dylan Sanders, até que a herdeira legítima esteja devidamente casada há mais de um ano.

Lauren fez uma pausa para tomar fôlego. Eu não sabia se havia entendido o que ele acabara de dizer.

- Hã? – resmunguei estupidamente.

- Não terminei ainda, Ísis, se puder esperar até que eu conclua, poderei responder a todas as suas perguntas. – E, voltando-se para o papel, continuou: - Disponho a minha neta um emprego vitalício em uma das minhas empresas até que ela possa assumir o que é seu de direito. Se a herdeira tentar contestar este testamento, a doação do patrimônio a ela será anulada, assim, expressando este testamento particular minha última vontade, requerendo à justiça de meu país que o faça cumprir como este contém e clara... – e mais bla-blá-blá.

- Que raio de conversa é essa? – reclamei. – O que todo esse papo quer dizer?

Lauren respondeu calmamente.

- Que, até que você se case, não poderá tocar em nada que pertenceu a sua avó

- O quê? Isso é ridículo! – Britt e eu gritamos juntas. - Me deixa ver isso! – pedi, arrancando o papel das mãos dela. Estava mesmo tudo ali, assinado e registrado. – Mas... por quê?

- Sua avô temia que, se toda a fortuna ficasse em suas mãos incapazes, você acabaria numa...falência.

-Minha avó não faria isso. Ela nunca me obrigaria a casar.

- E não está obrigando agora – disse ela calmamente. – é uma imposição sem data. Você é quem decide quando, como e com quem.

- Quanta consideração – murmurou minha amiga.

- Isso não está certo! – exclamei. – Por que tenho que me casar? Eu só tenho vinte e um anos. Quem se casa nessa idade? Eu não quero me casar. Não vou me casar nunca.

- Você conheceu os princípios de sua avó. Ela achava que um marido talvez fizesse você adquirir um pouco de maturidade, de sensatez. E, caso você nunca venha a contrair matrimônio, eu serei para sempre a curadora, a tutora de sua herança. Infelizmente, você não terá acesso ao dinheiro ou aos lucros. Deverá se manter apenas com seu trabalho.

- Eu não vou me casar – repeti teimosamente

- Não agora, mas um dia, quem sabe... – ela deu de ombros. – Até lá, continuarei fazendo o que fiz nos últimos anos. Cuidarei de seu patrimônio.

- E vou viver do quê, Lauren? Como vou pagar as despesas dessa mansão?

Ela contornou a mesa e se sentou lentamente na beirada. Não gostei daquilo. Tive de me controlar para não voar em seu pescoço. Aquela era a mesa da vó Carmem. Ninguém encostava a bunda na mesa da vó Carmem!

- Ísis, essa casa é parte da herança – ela disse num muxoxo.

- E...?

- E quer dizer que você foi despejada – concluiu Brittany, que assistia a tudo com os olhos muito abertos. Olhei para Lauren horrorizada.

- É isso? Estou sendo expulsa da minha própria casa?

Aquilo não podia estar acontecendo. Não depois de tudo que eu tinha passado nos últimos dias.

- Não, claro que não – ela respondeu, ainda muito calma. – Mas como sua tutora, eu vou cuidar de tudo, das despesas, dos empregados, já que vamos viver sob o mesmo teto.

- O quê?! – exclamei mortificada.

Não que eu não gostasse de Lauren – tudo bem, eu não morria de amores por ela desde que sugerira a minha avó que me mandasse para um colégio interno -, e, com a quantidade de cômodos naquela casa, talvez eu nem notasse sua presença. Mas não era isso que me incomodava. Eu sabia o que aquilo significava. Minha avó havia me deixado uma babá.

-Isso é um absurdo! Eu não preciso de babá coisa nenhuma.

- Tutora, querida.

- Dá no mesmo, Lauren!

- Eu sinto muito. Dona Carmem deu as ordens, eu apenas executo – ela respondeu sucinta.

- Oh, Deus! Isso não pode estar acontecendo. Quer dizer que eu não vou herdar nada?

- Não até se casar.

- Mas como... Onde... E as minhas despesas? Eu preciso de dinheiro pra abastecer o carro, comprar minhas coisas.

- Por isso sua avó lhe deixou um cargo em uma das empresas do grupo. Para que você tenha dinheiro para se sustentar. Ela jamais te deixaria a míngua – ela sorriu.

Ah, não. Só me forçava a trabalhar! Mas, pensando bem, não parecia tão mal assim. Provavelmente um 
cargo de chefia ou gerência seria razoavelmente bem remunerado. Daria para me virar por um tempo, até que eu conseguisse contestar aquele testamento absurdo.

- Devo alertar que, se você tentar contestar o testamento, perderá o direito legal à herança. Sua avó imaginou que você faria algo do tipo – Lauren disse reunindo a papelada, como se tivesse lido meus pensamentos.

- Ah, ela pensou em tudo – Britt respondeu, ecoando o que se passava na minha cabeça.

- Tudo vai continuar como sempre foi – a advogada explicou, paciente. – Você só vai ter que se adaptar à sua nova situação financeira. Você tem um teto e um emprego. O resto é por sua conta.

- Se vou ter que me casar pra ter direito à herança da vovó, pode esquecer. Não tenho namorado, não acredito na instituição do casamento, não vou me casar só porque Dona Carmem quer. Se ela quisesse me ensinar alguma coisa, que ficasse viva pra isso!

.

 

 

 



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